Capítulo 5. A Feiticeira

Nota: esse capítulo contém cenas de violência. Assassinato, morte, homicidio.

Merheia preparou algumas poções e também sua cabana. Por fora era bem simples, parecendo até abandonada, mas por dentro não deixava nada a desejar a uma casa confortável. Tinha uma sala com dois ambientes, uma cozinha completa e ela criou um quarto com banheiro, para abrigar a nova moradora.

No andar de cima, ficava seu quarto e o lugar onde guardava suas ervas, especiarias, pedras e livros. Quando necessário, convidava algumas bruxas para prepararem poções para ela e usavam aquele lugar. Por isso tinha todos os apetrechos necessários, com caldeirões de diversos tamanhos.

Ouviu o aviso dos elementos, de que algo importante estava acontecendo e seguiu o chamado. Apareceu em frente a mansão de um político importante e ficou à espreita, invisível a olhos humanos. Ouviu, mais do que viu, a risada de homens lascivos, planejando uma orgia especial, precisava agir rapidamente.

Mas outro som lhe chamou a atenção, eram ossos se quebrando, só podia ouvir, graças a magia sonar que colocou na casa, visando ouvir os planos malignos dos homens depravados.

" Então, há um lobo na casa." Falou para si mesma.

Esperou mais um pouco e ouviu gritos. Gritos masculinos e rosnados.

No porão, oculto nas sombras, estava o lobo à espreita e quando o homem desceu e levou seus amigos para sua orgia, que com certeza, mataria a jovem.

O lobo agiu.

Com um salto, saiu das sombras e enfiou as presas na garganta do segundo homem, sacudindo e arrancando metade do pescoço. Soltou o pedaço que arrancou e pulou sobre o que estava tentando sair e arrancou-lhe a panturrilha, fazendo-o cair sangrando, se virou para aquele que deixou por último. Foi andando devagar, encurralando o homem que tremia de medo, em um canto.

Começou a voltar à forma humana, mas só pela metade, mostrando o lobisomem que era. Muito maior que ele, apesar de ser uma fêmea, com garras e presas afiadas, babando de ânsia por matá-lo. O homem se urinou e ficou apavorado ao perceber que aquele monstro era a jovem de quem tanto abusou.

Não teve tempo de pensar em mais nada, ela rasgou seu peito com suas garras, arrancou sua genitália, fazendo-o gritar muito alto, então o calou com uma mordida em seu pescoço, mas deixando-o vivo, ainda. Lambeu a ferida e sua carranca parecia sorrir. Apertou seu rosto, fazendo-o abrir a boca e enfiou seu próprio pênis na abertura.

Cortou com as garras as duas pernas, fazendo-o se ajoelhar e arrancou-lhe os poucos cabelos, levando junto a peruca, lançando longe e quando se satisfez, enfiou as garras em seu peito e arrancou seu coração, jogando-o longe e deixando o corpo cair, se virou e saiu. Ainda tinha dois homens para matar, que prendeu na casa com sua dominância.

Merheia se aproximou da porta e percebeu o lobisomem se aproximando e o som de dois corpos se quebrando e quando o animal correu em direção a ela, abriu a porta com magia e conjurou um portal, assim que o monstro passou, ela jogou os frascos que preparou, passou pelo portal e com um gesto, fez o líquido incendiar e se propagar por toda a casa.

Ao passar pelo portal, fechou-o e avistou o corpo da jovem caído no chão. Ela não aguentou todo o estresse e esforço e desmaiou. Estava suja e ferida e a feiticeira a fez flutuar e levou-a para a banheira cheia de água, ervas e flores. Pousou seu corpo e escorou-a na beirada. Esfregou-a com cuidado, enquanto as ervas ajudavam as feridas a cicatrizarem e as flores substituíram o odor, por perfume.

Como, agora, June era uma lupina, se curava mais rapidamente e logo estava bem. Porém, cansada, continuou desacordada. Merheia elevou-a e secou-a com magia e a fez flutuar até sua cama, cobriu-a e deixou que descansasse. Ligou para Malek e avisou:

— Está feito, já estou com ela e o cativeiro, incendiado, onde os bombeiros tentam apagar o fogo e não conseguem, era onde ela estava.

— " Eu vi daqui o fogo. Aquela casa é de um político importante."

— Sim, um homem pôdre, que além de a usar, ofereceu-a aos amigos. Mas ela matou a todos.

— " Como assim? "

— É, meu querido, sua filha é uma lobisomem poderosa. Creio até que seja uma Alfa. Como se transformou pela primeira vez e matou logo vários homens, adquiriu a força de um Alfa.

— " Como ela está, agora? "

— As feridas já se curaram, mas está dormindo de cansaço. Dei-lhe um bom banho e quando acordar, a alimentarei.

— " Posso ir vê-la? "

— Pode e deve. Acho bom que conte logo a ela que é seu pai. Não quero que tenha mais dúvidas em sua cabeça, quero que se concentre em tudo que irei lhe ensinar, talvez não consiga ser uma feiticeira, mas uma bruxa já está de bom tamanho.

— " Você está louca, ela será uma loba bruxa? "

— Não se preocupe, ela dará conta e terá poder para combater qualquer um que quiser lhe fazer mal.

— " Não sei por quê, mas acho que você tem planos ocultos a usando e se for isso, não vou permitir. "

— Você não está muito enganado, na verdade, quero prepará-la para defender a Alcateia, das coisas ruins que virão.

— Menos mal. Será tão ruim assim?

— Nosso Alfa está enlouquecendo, pois está enfeitiçado e não consigo livrá-lo, porque ele não aceita e recebe o mal de bom grado.

— Isso é sério…

— Muito e se não nos prevenirmos, viveremos dias tenebrosos.

— Não me diga mais nada, conversaremos quando eu for aí.

— Ok.

*

Na casa do Alfa, sua Luna estava na sacada, observando a fumaça negra quase imperceptível pela escuridão da noite e sabia que era efeito de magia. Sabia que era a feiticeira, aprontando alguma coisa. Estava chateada, pois pediu ajuda à feiticeira para engravidar e teve uma resposta desagradável. Fez ela mesma uma poção, mas ainda não deu certo.

Se não tivesse um filhote com urgência, o Alfa ficaria louco com o feitiço que estava usando para o enganar. Não era sua companheira de verdade e logo ele descobriria, se não engravidasse. Aprisionou a verdadeira Luna, mãe de Rude e coletou seu suor para produzir o aroma correto e ser reconhecida como verdadeira. Mas o tempo estava passando e seu plano de o fazer se apaixonar por ela, não estava dando certo, perderia tudo se não tivesse um filhote.

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