Maura estava tão enraivecida que poderia matar toda a Alcateia. Sentiu o momento exato em que sua irmã morreu e o feitiço de ocultação, feito com sangue de recém nascido, foi desfeito. Justo agora, que ela havia conseguido engravidar. Seu plano tão perfeito e trabalhoso estava por um fio de ruir e não podia deixar que acontecesse.
Ela correu para conseguir todos os itens que a bruxa pediu e colocou sonífero no vinho do Alfa, ele estava muito selvagem e não suportava chegar perto dela. Ele saía à noite para os bares e se deitava com qualquer mulher ou fêmea que o aceitasse, então ela começou a dopá-lo.
Assim que conseguiu tudo, esperou anoitecer, o Alfa dormir e correu para a casa da bruxa. Bateu na porta de madeira com vigor e a bruxa abriu reclamando.
— Já não falei para você disfarçar sua vinda aqui?! — a bruxa puxou a falsa Luna pelo braço e fechou a porta.
— Minha vida está uma desgraça, uma bruxa de fogo, desfez o feitiço de ocultação e matou minha irmã. O Alfa me despreza e dorme com outras mulheres e você quer que eu seja suave, sua bruxa maldita.
Maura agarrou o pescoço da bruxa com as duas mãos e apertou. A bruxa conseguiu pegar sua runa e com muito sacrifício, conjurou um feitiço de transformação e Maura se transformou em um corvo mas não um animal irracional, continuando a atacar com seu bico, a cabeça da bruxa.
A solução foi desfazer o feitiço, mas aí, Maura já estava mais calma e parou de atacar a bruxa.
— Estou desesperada, preciso de ajuda, ou você já sabe…
— Tá bom, tá bom, trouxe o que pedi?
— Está tudo aqui. — entregou o saco para a bruxa, que se mexia sozinho, pois havia um bicho vivo ali dentro.
— Ótimo, espere.
A bruxa usou um bocado de um pó fedorento e jogou sobre uma vassoura velha.
— Vamos, sente-se ereta.
Maura ouviu falar que bruxas voavam em vassouras, mas nunca pensou que fosse verdade. Olhou o objeto disforme e teve receio.
— Anda logo, precisamos fazer isso e voltar antes do nascer do sol! — brigou a bruxa.
Maura sentou na vassoura, que já flutuava e as duas subiram, passando pelo teto que se abriu. Voaram por um tempo e quando chegaram a um determinado lugar, desceram em uma montanha e entraram pela floresta, encontraram duas pedras grandes, paralelas, formando as laterais de um portal. A bruxa esticou o braço, segurando a runa e segurou o pulso de Maura. A passagem sugou sua mão, levando as duas para o outro lado.
Passaram pelo portal fixo, no platô do círculo de pedra e no mesmo instante Merheia foi avisada e foi para lá também, mas saindo do portal, afastada do local onde as outras duas estavam. Se ocultou por trás de um arbusto e ficou olhando o que a idiota bruxa fazia. Uma perda de tempo, pois só quem podia usar aquele lugar, eram feiticeiros.
Reconheceu a Luna e se ela estava ali, a outra era uma bruxa de sangue e talvez conseguisse algo, mas com ela alí, não. Merheia não deixaria nada do que aquela velha asquerosa fizesse, prosperasse. Ficou um bom tempo, esperando a bruxa terminar e entendeu o que ela estava fazendo e riu, nunca que o sangue do filhote mudaria o cheiro.
Mas quando ela viu que a bruxa usaria o próprio sangue sobre toda aquela misturada que fez, ficou assustada e com um gesto, segou a faca, mas a velha não desistiu e tentou um caco de vidro, mas Merheia também conseguiu impedir, então os próprios dentes foram usados, o sangue escorreu do rasgo, mas a feiticeira desviou-o e não deixou o sangue cair no lugar certo.
— O que está acontecendo, por quê seu sangue não cai no lugar certo? — perguntou Maura.
— Eu acho que este lugar não está aceitando esse tipo de bruxaria.
— Não seria você que não quer fazer?
— Não, não sou eu. Eu fiz tudo e até me rasguei com meus próprios dentes, mas o sangue não cai lá.
— Olha aqui, bruxa maldita, eu vou ao conselho e delato você, ouviu bem, termina isso, ou você já era.
— Tá bom, tá bom.
A bruxa tentou de novo e Merheia entendeu que a ela estava sendo chantageada, alguma coisa muito errada ela fez e queria tempo para descobrir, então, ajudou-a, mas o sangue que caiu, completando a bruxaria, não era o da bruxa, foi trocado pelo do da doninha sacrificada.
As duas terminaram e se foram apressadas e a feiticeira foi lá e desfez tudo, depois seguiu as duas para o outro lado e seguiu, voando, a vassoura, até a casa da bruxa e se deu por satisfeita, por enquanto e voltou para sua cabana. Notou, porém, que aquele lugar era próximo a casa de La Cruz, que só restavam cinzas. Pensaria nisso outra hora, por enquanto, voltaria para a cabana e se limparia do cheiro daquelas duas.
*
Amanheceu e June voltou para a casa do Alfa, com Catleia. Chegaram pela porta dos fundos e Rude estava esperando e envolveu, com carinho, June em um roupão. Catleia já tinha o seu, que deixou ali e vestiu sozinha, pois o momento era deles. Ela entrou, passando por eles sem chamar a atenção.
Rude falou com June, tentando amenizar o clima do dia anterior.
— Desculpe por ontem. Eu fiquei desnorteado com tudo aquilo e me preocupei com minha mãe.
— Não precisa pedir desculpas, nem justificar seus atos, conheço bem o comportamento dos homens. Mas se quer se redimir, me dá um bom café da manhã.
— Esta bem. Esta é a nossa casa e não sou um homem, sou um lobisomem, não sou nada igual ao que você conhece. Quer tomar um banho primeiro?
— Não, quero comer primeiro e não me chame de fedida novamente.
— Dá pra dar um tempo, poxa! Estou tentando ficar bem com você, custa cooperar? — quase gritou, se afastando dela para preparar o café.
— Não confio em quem não conheço, principalmente homens ou machos. — Respondeu ela abaixando a cabeça e sentando-se em um banco no balcão.
— Gosta de panquecas?
— Sim.
Ele trabalhou com agilidade na cozinha, fazendo café, suco, panquecas, torradas e ovos mexidos.
— Pra quê tanta comida?
— Para mim também, é claro. — disse Catleia, entrando na cozinha, de banho tomado. — Que saudade desses ovos mexidos. Faz tempo que não como muita coisa, na verdade.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Joelma Oliveira
espero que esses dois se acertem logo. vem uma guerra por aí
2025-01-10
1
Joelma Oliveira
aaaaah por isso o ódio dela. a vaca, ops, a loba q virou pó era irmã da catraia kkk desculpa mas tu te lascasse de vez
2025-01-10
2
Angela Valentim Amv
Kkkkkk bom vamos ver como as duas vão se entender kkkkk
2024-11-09
1