Capítulo 17. Luna

June estava com a cabeça girando, se livrou de um cativeiro, depois de outro e ainda de um terceiro e agora se sentia sendo levada para um novo cativeiro. Se perguntava quando conseguiria decidir sua própria vida e pelo que sabia, a companheira de um Alfa, precisava acasalar com ele e receber a marca do lobo.

Saiu das mãos dos homens pedófilos e estuprados, para cair na de um lobisomem, que tem garras e presas.

— " Tô indo para uma nova prisão, não é possível que isso seja normal."

— " Não fique assim, sofrendo por antecipação, conheça tudo primeiro e depois decida o que quer. "

— " Agora recebo conselhos de uma loba."

— " Sou sua melhor amiga, sua tola e ademais, você sempre foi forçada a ceder, agora você pode escolher, pode até gostar."

— " Não sei, não."

— " Querida, você é uma loba e herdou poder de algum ancestral, pode manipular fogo e terra. Ninguém mais te domina."

— " É mesmo, você tem razão."

— " Isso aí, menina, cabeça pra cima e siga em frente sem olhar pra baixo."

O lobo de Rude esbarrou nela e ela despertou de seu colóquio com sua loba. Não entendia o que ele queria  até que mordeu seu ombro e uma dor terrível a acometeu. Então, ouviu:

— " Loba tola, pare de devanear, estamos quase sendo atacados, preste atenção."

A raiva de June só não foi maior que a de sua loba. Ela voltou a forma humana e olhou ao redor, avistou quatro lobos, vindo em direção a eles e o lobo de Rude empurrou ela e ficou a sua frente.

— Lobo tolo, eu te protejo.

Ela bateu o pé no chão e ordenou:

— Terra!

A terra ondulou a partir dos pés dela e se abriu, quando a ondulação chegou aos lobos, engolindo-os e se fechando. Tudo se acalmou, mas o lobo Alfa estava enraivecido, pois a terra também o derrubou, rosnou para June, que nem ligou, deixou sua loba sair e correu, com Catleia ao seu lado. 

Logo chegaram ao carro e o lobo de Rude teve que correr mais rápido,para ultrapassar as fêmeas e chegar primeiro ao carro. Voltaram à forma humana e vestiram as roupas que deixaram ali, Catleia tinha trazido a sua, pendurada no pescoço. Entraram no carro e seguiram viagem em direção a Alcateia de Rude.

Foram mais duas horas de viagem pela estrada e enfim chegaram. Diferente da Alcateia Flor de Lótus, a Alcateia Fogo Lunar era cercada por uma muralha de toras de madeira, com um portão alto, que dificultava a invasão. Os porteiros e guardas do portão, esperavam por eles e abriam o portão, sem que precisassem parar e esperar.

Seguiram por entre cabanas terreas e áreas, construídas entre e sobre as altas árvores.

— Que estranho isso, lobos morando sobre as árvores, como macacos. — comentou June, olhando tudo e guardando para si.

O chão era limpo e as cabanas no alto das Árvores tinham um sistema de cipós que utilizavam para subir e descer. Havia também, uma vila de casas, separadas por árvores e não tão próximas, onde vários habitantes estavam nas portas para ver o Alfa chegar. Viu um conjunto de lojas e uma praça, que Rude rodeou com o carro e seguiu em frente.

Depois da praca, andaram ainda por mais quinhentos metros, adentrando uma clareira, onde em uma elevação, haviam casas bem maiores, em parte madeira, em parte alvenaria, onde a maior, ficava no topo e no centro e foi onde Rude parou o carro. Ele desceu e ajudou sua mãe a descer, deixando June descer sozinha.

— Essa é minha casa e as vizinhas são de meus betas. Vamos entrar.

Aquela área era mais descampada, mas também tinham árvores altas entre as casas, mas na frente da casa do Alfa, havia um salgueiro chorão.

— Como está grande a minha árvore chorona. Está linda!

— Eu sabia que um dia iria voltar mãe.

Algumas pessoas vieram das casas laterais, cumprimentar o Alfa.

— Bem vindo de volta, Alfa. — cumprimentou seu beta direto.

— É bom voltar, meu amigo, principalmente trazendo minha mãe de volta. 

June se manteve um pouco afastada, assistindo a interação de todos e até alegre por ver que eram todos muito amorosos. Outra família se aproximou e fez festa ao ver Catleia e uma jovem que estava com eles, muito bonita e bem cuidada, abraçou Rude.

— Esta é nossa filha, Catleia, creio que não chegou a conhecê-la, Lucinda. Está e a mãe de Rude, filha. — Apresentou o segundo beta, chefe da segurança.

— " Você tem sangue de barata, menina, ele é nosso companheiro, afaste ela dele." 

Todos ouviram o rosnado da loba e Rude pareceu acordar e empurrou a jovem de perto de seu corpo. Todos perceberam então que havia outra pessoa ali, uma jovem pequena, meio desalinhada, mas que rosnara para eles e deixaram seus lobos virem a tona, mas só para aparecer, sem uma transformação completa.

— Perdoem o meu filho, ele ainda não está acostumado em ter uma companheira, — Catleia foi até June e a puxou para frente — esta é June, foi ela quem me salvou, uma loba forte e cheia de poder, que espero que perdoe o meu filho sem noção do perigo.

Todos se aquietaram e a jovem Lucinda se aproximou de seus pais, notavelmente aborrecida. June ouviu ela resmungar:

— Mas ele era meu, o que veio fazer aqui?

Sua vontade era dizer que ficasse com ele, pois até agora, ele não havia sequer confirmado o que sua mãe disse, mas sua loba não permitia. Teria matado a jovem, se deixasse ela sair. Então fez o impensável:

— Fogo — estalou os dedos e uma pequena chama se acendeu e se alongou até o Alfa, brincando em sua frente.

Ele despertou de sua inércia e foi como se o gogo lhe falasse:

— B R U X A R I A

Ela não teve dúvida e mandou o fogo procurar onde estava e o fogo seguiu até o salgueiro chorão e June o seguiu e percebeu que estava debaixo da terra. Ela se abaixou e enfiou os dedos na terra.

— T E R R A, me dê o que está infectando.

A terra à volta da árvore começou a se mover e a mae da Lucinda, fêmea do beta gritou:

— Pare, sua bruxa! Está destruindo a árvore de Catleia. — ao mesmo tempo que falava, se aproximava rapidamente de June, mas encontrou Catleia no caminho.

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