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Aesmir e eu ficamos na cozinha para ajudar as outras garotas com o almoço e a bagunça do café da manhã, enquanto Skoll cuida das passagens de avião que vão nos deixar em Roma e Hati ajuda os outros rapazes a cuidarem do jardim, que é a principal defesa da propriedade.

Todo mundo está muito animado e esperançoso, e com as notícias de que visitaremos Lupa e receberemos ajuda de uma valquíria, a moral do grupo está lá nas alturas. Isso faz com que o dia passe bem rápido. Quando me dou conta, o Sol já está se pondo, e todos estão se reunindo ao redor de uma fogueira que os meninos montaram.

Vendo todos reunidos, brincando, rindo e ajudando uns aos outros, meu coração se aquece dolorosamente. Mesmo entre os deuses e valquirias que foram simpáticos comigo, não era nem de longe parecido com o que existe entre esses lobos. É esse o tipo de coisa pelo qual eu daria minha vida e protegeria a qualquer custo. Acho que é essa a sensação de encontrar um propósito, no fim das contas.

Estou pensando se devo ou não participar da reunião, quando Skoll e Aesmir seguram minhas mãos, me puxando para fora alegremente na direção do grupo que acena e sorri para mim, me convidando a ficar com eles.

— Sem chance que você vai ficar isolada lá dentro!! - Aesmir diz determinada, me lançando um olhar severo.

— O Hati contou tudo pra gente, Heletria. Nós não vamos rejeitar você... - eles param assim que chegamos ao grupo, que me recebe animadamente.

— Você não estava mesmo pensando em ficar lá dentro sozinha, não é? - uma das moças questiona, vindo até mim com uma manta azul de tricô que ela ajeita gentilmente nos meus ombros.

— Você é uma heroína bem estranha. - um dos rapazes diz aos risos.

— Com certeza! Ela se sacrifica para nos ajudar, mas foge quando nos aproximamos para agradecer. - outro concorda.

— Nós não vamos te morder, Lady Heletria, eu garanto. - outra das moças brinca, mostrando suas presas em um sorriso brilhante.

Diante de seus sorrisos e brincadeiras, como se eu fosse parte do grupo, e não qualquer parte, mas uma indispensável, eu não sei como reagir. Fico petrificada na frente de todos, sentindo as lágrimas inundando meus olhos de forma a embaçar minha visão.

— É... Obrigada, pessoal. - Sorrio para eles, apertando o manto quente envolta dos meus ombros enquanto as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas. - Eu estou realmente feliz por ter conhecido todos vocês e...

Não consigo continuar, interrompida pela pressão sufocante dos braços de Aesmir, Skoll e Hati, em um abraço coletivo pelo qual eu nunca esperaria.

— Loba, raposa ou feiticeira, você é parte dessa alcatéia agora, Heletria Akaihime. Você têm e sempre terá um lugar para onde voltar, de agora em diante. - Hati diz com convicção e em voz alta, para todos ouvirem.

Quando os três finalmente me libertam da demonstração de afeto, sou derrubada por outro abraço coletivo, dessa vez com o triplo da potência, o resto do grupo se transformando em suas formas de lobos e vindo ao meu encontro um após o outro.

— Desse jeito vocês vão matar a nossa Emissária, pessoal!! - Ouço Aesmir dizer em meio as gargalhadas ao me ver no chão com um monte de lobos ao meu redor abanando as caudas.

......................

Me acomodo no chão em um espaço ao lado de Hati, que passa um dos braços envolta de mim e me puxa para junto de sí. O calor agradável das chamas e a atmosfera aconchegante me faz desejar que o momento dure para sempre.

Durante as próximas horas, nós compartilhamos histórias, lembranças boas e nossas esperanças para o futuro. Também cantamos algumas músicas e aproveitamos para conhecer melhor uns aos outros. Eles também me apresentam vários de seus costumes e me contam sobre os membros da matilha que ficaram na Vila dos Lobos.

Ninguém parece incomodado ou receoso por saber que eu sou na verdade uma mestiça de lobo e raposa encantada. Pelo contrário, a notícia só parece aumentar a confiança de todos na minha promessa de devolver sua liberdade e eliminar Licaão.

É inevitável pensar que eu posso ter me precipitado em ficar escondida durante tanto tempo, mas eu sei que não é verdade. As coisas são como devem ser, e prefiro acreditar que existe um razão por trás de tudo que está acontecendo, mesmo que provavelmente não faça sentido algum na realidade. Apenas uma vez, escolho deixar meus pensamentos para trás e aproveitar o momento, até porque pode ser minha única chance de viver algo assim.

Vendo o pessoal formar duplas para dançarem animadamente ao redor das chamas, me levanto, olhando para Hati com um sorriso animado. Estendo minha mão para ele após deixar o manto que ganhei de presente em um local seguro.

— Dança comigo? Eu não sei quando teremos a oportunidade de fazer isso de novo, e não quero perder a chance... - vejo as chamas dançarem nos olhos do moreno por um instante antes que ele finalmente segure minha mão.

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