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Os lobisomens avançam perigosamente na nossa direção, com as garras pingando veneno e as bocas cheias de presas afiadas espumando. A cena me faz estremecer, e antes que eu perceba, Skoll, Hati e Aesmir estão ao meu lado, rosnando em ameaça, prontos para lutarem.

Aperto com mais força ainda meus punhos, sentindo o sangue quente molhar meus dedos e escorrer. Fecho os olhos, e sinto como se o mundo ao redor parasse de girar. Foco todas as minhas forças e energia mágica na marca gravada no meu pescoço. Me lembro da sensação de queimação no local da marca quando enfrentei essas mesmas criaturas dias atrás.

Quando finalmente me sinto pronta, eu abro os olhos e grito. Grito o mais alto que consigo, e como se uma onda de choque saísse de mim, todos são jogados para trás, incluindo meus aliados que gritam o meu nome, mas não ouso olhar para eles ainda. Não antes que todos estejam seguros outra vez.

Gotas do meu sangue pingam na terra úmida, escorrendo dos meus punhos, e videiras selvagens se formam, chicoteando furiosamente contra os licantropos. Eles recuam com pressa, desviando das plantas mágicas cheias de espinhos. Tento agarrar alguns deles com as videiras, mas uma dor aguda me impede, forçando uma tosse.

Quando ergo a cabeça novamente, percebo que tossi sangue, e que há fitas do líquido viscoso escorrendo pelo meu nariz e pelo canto da minha boca. Solto um palavrão baixo, ouvindo a voz de Fenrir zombando do quanto eu sou frágil, nas minhas memórias.

— Lobo idiota... Eu não sou frágil! - Digo a última parte alto e claro, endireitando minha postura para encarar o líder dos licantropos com um sorriso orgulhoso.

— Você não parece mais ter tanto poder agora, feiticeira. - ele diz em tom de zombaria, mas sua confiança não alcança seus olhos, e nem o resto do corpo, já que ele não se move.

— Aí é que você se engana. Eu ainda estou bem viva, e enquanto eu respirar, ainda tenho poder sobrando em mim. - Passo o polegar firmemente por meus lábios, limpando o sangue para disfarçar enquanto recupero o fôlego. - É sua última chance de sair daqui com vida. Já está bem claro que vocês não têm poder suficiente para me desafiar.

Aponto o queixo na direção dos licantropos que mancam para fora das sombras na direção do chefe, alguns segurando ferimentos, outros apoiados em seus companheiros, mas todos com olhares aterrorizados. O líder os encara em silêncio por alguns instantes antes de me olhar com uma fúria contida. Seu tom de voz é amargo, mas estranhamente arrogante.

— Muito bem... Você têm até o eclipse da próxima Lua Cheia para se despedir dos seus preciosos amigos. Porquê eu vou voltar aqui e matar todos eles bem na sua frente.

— Vamos estar esperando, quando essa noite chegar. E então veremos quem vai sair vivo dessa... Mas até lá, você não fere e não ameaça nenhum dos meus amigos, e eu não arranco as cabeças e as garras de nenhum dos seus subordinados. Temos um acordo.

Licaão rosna para mim e concorda com a cabeça antes que ele e seus seguidores recuem para fora de vista, retornando do lugar de onde vieram.

Apenas quando a ameaça desaparece de vista é que me permito cair sobre meus joelhos, sufocando um gemido de dor. Mais que depressa, Hati, Skoll e Aesmir voltam para o meu lado, com alguns arranhões nos braços e pernas, mas parecendo bem.

— Você é idiota ou o quê, hein?! - Aesmir me olha de forma repreensiva, mas seu tom de voz é baixo e controlado. - Poderia ter morrido, sabia?!

— Você se machucou para defender a gente, de novo... - Skoll suspira, parecendo em dúvida entre me dar uma bronca e me agradecer.

— Já passou pela sua cabeça que nós não somos cachorrinhos domésticos? Nós sabemos lutar, mas que merda!! Você poderia apenas ter nos deixado lutar. - Hati resmunga irritado, se abaixando até ficar na minha altura. Ele respira fundo, mordendo o lábio. - Você parece péssima.

— Ah, não encham! Pelo menos eu consegui algum tempo para todo mundo. - me apoio em Hati e fico de pé, dando as costas para os três. - E eu não estou tão mal quanto parece. Ainda estou consciente, então ainda estou no comando... Agora vamos para casa. Temos que pensar sobre como trazer Fenrir para cá antes da próxima Lua Cheia.

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