Capítulo 02 • Especial

...Victoria & Thomas...

Seria só mais uma história de amor entre dois amigos de infância se o amigo em questão não tivesse nascido com uma vagina e a amiga aqui não fosse uma garota cega(pelo menos quando se tratava de amor).

Minha mãe contou que quando o Thomas nasceu ela olhou para o rostinho dele e disse que parecia o joelho do meu avô Simão. Mais tarde, juntas nós o apelidamos secretamente de knee(Joelho em inglês) para ficar mais bonitinho.

Mamãe era como se fosse irmã da mãe dele que morava de frente para a nossa casa e isso contribuiu para que eu e ele nos tornasse amigos.

Temos apenas um ano de diferença e crescemos com muitas coisas em comum além do nome da rua, o amor incondicional por chocolate e o vício naquela música do filme Footlose.

O primeiro nome do Thomas foi Flora. Deus sabe o quanto ele detestava aquele nome desde os oito anos de idade e por esse motivo nós pesquisamos até encontrar um que fosse mais a sua cara. Só que eu não esperava que ele fosse escolher "Thomas".

Como achei super estranho tentei diversas vezes convencê-lo a mudar, mas foi inútil, desde então ele só queria ser chamado daquela forma.

Como posso chamar minha amiga por esse nome? Pensava comigo mesma na época.

Ele tinha traços delicados, lábios finos, cabelos bagunçados, loiros e encaracolados. Seus olhos eram verdes e expressivos, o sorriso chegava a encher os olhos mesmo às seis e meia da manhã quando abriamos a porta de casa na mesma hora — em perfeita conexão telepática — para irmos à escola.

A primeira menstruação de meu amigo foi assunto na rua Flor de Lis durante uma semana inteira devido o alarde que ele fez. A mãe de Thomas era uma mulher divorciada e por isso rolavam fofocas sobre ela fazer programas e todos os tipos de trabalho de procedência duvidosa, mas isso era segundo os moradores da pequena cidade de Irenoi, então eu não poderia afirmar com certeza.

Talvez minha mãe soubesse a verdade sobre os trabalhos de Sara, mas nunca me diria.

Sendo Sara a única a sustentar a casa e tendo além de Thomas, também Hugo e Beatriz — os gêmeos de dezoito anos que viviam mais fora que dentro de casa — acabava não dando atenção aos filhos.

Flora, aos doze anos tudo o que sabia sobre a puberdade era devido as conversas que tinha comigo.

Minha mãe por outro lado sempre esclareceu tudo antes mesmo de acontecer.

Voltando a primeira menstruação de Thomas que gritou tanto e tão alto fazendo até mesmo eu que estava em casa me assustar. Foi o começo de uma parte difícil na vida dele, pois foi a partir daí que o nome "Thomas" começou a fazer sentindo para nós. Ele começou a se questionar sobre o motivo de não ser como os garotos ou sentir-se como as pessoas esperavam. E alí se iniciava a tortura por ter nascido com aquele corpo.

Isso poderia passar despercebido por qualquer garota, afinal todas nós pelo menos uma vez na vida desejamos ter nascido homem para não ter que passar por aqueles dias vermelhos, mas para mim que era tão próxima a ele cheguei a conclusão que de fato ele "queria ser um homem".

Com certeza errei diversas vezes devido a minha forma de pensar, mesmo que fosse por ser jovem e faltar informação.

Meus conselhos eram sempre para ele esquecer aquilo, pois seu corpo era lindo e que um belo rapaz o amaria e o faria feliz como qualquer outra pessoa. Era uma fase.

Seu primeiro amor aconteceu aos quatorze anos e me chocou, não pude negar. Foi motivo para nossa primeira briga em anos. Eu queria tirar aquilo da cabeça dele de algum jeito.

Não era possível que minha amiga estava apaixonada por uma menina, assim como li acidentalmente na última folha de sua agenda.

Sim, eu era tola o suficiente para achar que seria possível mudar sua cabeça.

— Você não entende que eu só quero o seu bem? —  gritei tomando a agenda da mão dele, jogando num canto do quarto.

— Não! — gritou de volta. — Porque você não me entende! E nunca vai me entender!

Estava preocupada por vê-lo sofrendo ao sentir-se diferente devido ao corpo — entre outras coisas — e não queria que também sofresse por causa da sexualidade. Queria que ele se apaixonasse por um garoto assim como eu que naquela época estava apaixonada por um menino da minha sala e era correspondida.

Infelizmente na minha cabeça Ele, ainda era Ela e ponto, por mais que entendesse o desejo dele ter nascido com um outro corpo, eu não era capaz de vê-lo de outra forma, nem respeitar suas escolhas e quem realmente era.

A partir daí nós começamos a nos afastar, então percebi que ele andava com um grupo de garotas que todos no colégio chamavam de sapatão.

Quando ele começou a de fato namorar uma garota percebi que realmente estavamos distantes, tudo o que sabia era que ela tinha quatro anos a mais que ele. Mas no fim o namoro durou apenas seis meses e quando eu soube que eles terminaram tentei me reaproximar e acabou que o consolei por ter sido trocado.

Assim nossa amizade seguiu firme e forte. Ele não voltou a namorar. Quanto a mim, tive algumas lições e decepções com garotos, mas nada que me afetasse o suficiente para sofrer.

Éramos tão inseparáveis que não sobrava tempo para mais nada, nem havia necessidade de mais ninguém.

Aos dezoito eu já de fato estava acostumada a chama-lo por Thomas e ele tinha um visual tomboy — com a aparência totalmente de um menino — bem bonitinho por sinal.

Mas aos dezenove quando consegui fazer intercâmbio em outro país, fui pega de surpresa por ele que simplesmente do nada declarou seus sentimentos por mim em meio a loucura de um aeroporto, rodeados por pessoas indo e vindo enquanto eu não sabia como reagir.

— Thom eu... — As palavras fugiam de minha mente, eu estava prestes a entrar em pânico.

— Não precisa dizer nada, eu entendo — falou sem conseguir olhar em meus olhos. — Só não aguentava mais guardar isso e queria que você soubesse.

Minha mãe surgiu na hora e nossa despedida ficou vaga, pois eu não soube o que dizer e nem como dar adeus depois daquilo.

Mesmo trocando mensagens não toquei no assunto do aeroporto e nem ele. Meses depois fiquei sabendo que Sara o colocou para fora de casa por causa de um novo marido com quem ele vivia brigando e foi minha mãe quem o acolheu.

Mamãe era uma mulher a frente do seu tempo e com um grande coração. Ela era do tipo que quando não entendia algo buscava pesquisar sobre o assunto mesmo que fosse em livros na biblioteca da cidade. E só dava um veredito sobre o assunto depois de estar bem informada. Era assim em qualquer área de sua vida. Foi ela quem ao ter acesso a Internet tentou entender sobre a transexualidade de Thomas e juntos eles tomaram a decisão sobre a transição.

Minha vida mudou muito e tomou um rumo que eu não imaginava. Quando dei por mim os anos já tinham passado e eu não voltei ao Brasil uma vez sequer em cinco anos. Tomei a iniciativa apenas quando Ryan —  um amigo desde que cheguei aos Estados Unidos e com quem namorava a quase um ano — me pediu em noivado e estava disposto a ir pessoalmente pedir minha mão aos meus pais.

Animada com a idéia de voltar pra casa, programei a viagem e avisei a todos bem antes.

Thomas ainda morava com meus pais e a única coisa que eu sabia sobre a transição era que sua voz estava bem mais grossa. Conversávamos bem pouco por ligação, talvez uma vez a cada um ou dois meses. Não sei porquê era estranho falar ao telefone e como não tinha redes sociais sempre que eu pedia fotos ou chamada de vídeo ele dizia para ir vê-lo pessoalmente.

Voltar para Irenoi depois de anos foi muito bom. A rua Flor de Lis era a mesma, a antiga casa de Thomas ainda era na cor amarela, só que desbotada, mas as crianças já não brincavam correndo pelas ruas como nós costumávamos fazer, provavelmente estavam em suas casas devido ao vício em internet.

Quando fechei a porta do carro vi minha mãe praticamente correndo para abrir o portão. Ryan entrelaçou os dedos aos meus e nós dois seguimos de encontro a mulher que me pegou em um forte abraço cheio de saudade. Logo também meu pai agarrou-me com força, quase me deixando sem ar e quando me soltou meus olhos caíram sobre ele; Thomas. Estava muito diferente e até mesmo tinha no rosto uns pelinhos loiros que podiam ser considerados barba.

Eu nem conseguia acreditar que era a mesma pessoa de anos atrás.

Nós não tivemos nenhuma reação inicial, apenas nos encaramos enquanto me perdia naquela imensidão verde que eram seus olhos, os únicos que pareciam exatamente os mesmos, lindos e capaz de prender qualquer pessoa alí.

Tive certeza de que a saudade que antes não parecia se fazer presente queria se manifestar em forma de lágrimas, mas Ryan chamou minha atenção, eu precisava apresentá-lo aos meus pais, afinal ele não falava nem entendia nada de português, mesmo assim demos um jeito e seguimos para dentro.

O almoço não foi tão agradável por eu ter que ficar intermediando a conversa que meu pai queria ter com meu noivo e enquanto isso Thomas não tirava os olhos de mim.

Sentia-me estranhamente desconfortável.

Fui salva durante a tarde quando Angela — minha prima — chegou para me ver e como ela sabia inglês aproveitei para escapar deixando-a entre eles na sala, indo conversar com minha mãe na cozinha.

Quanto ao Thomas depois do almoço pediu licença e saiu sem dizer para onde ia ou falar comigo uma vez sequer.

— Você ainda tem o mesmo rosto de cinco anos atrás — dizia minha mamãe passando os dedos suavemente em minha pele.

— Tudo graças a genética. — Sorri retirando a mão dela de meu rosto e segurei entre as minhas mantendo-as sobre a mesa.

— Por que você e Thomas não se falaram? — perguntou ela que era muito observadora.

— Não somos os mesmos, acho que não é como se fossemos sentar e falar sobre a vida como sempre, mas podemos conversar um pouco depois.

— Por que não? São como irmãos praticamente desde que ele nasceu. Agora fala como se alguns poucos anos os tornassem estranhos. — Baixei a cabeça, pensativa. — Ele esta passando por uma fase difícil. Na verdade a vida dele é difícil, desde o convívio com a mãe até às questões que você já sabe muito bem — continuou. — Para completar, as pessoas na cidade são preconceituosas é complicado para ele arranjar emprego. Seu pai as vezes paga a diária para ajudá-lo na loja, mas não é grande coisa.

— Ele não está bem? — perguntei não escondendo a preocupação em meu tom de voz.

— Vai lá, fale com ele — incentivou. — A essa hora deve está ajudando a Sônia na padaria.

Eu tinha esperanças de que assim como aconteceu quando tínhamos quinze anos, poderíamos nos reaproximar novamente. Não seria tão difícil, afinal nos falavamos uma vez ou outra pelo menos, mesmo que fossem poucas palavras sempre perguntavamos como estava a vida um do outro.

Ainda existia interesse e preocupação.

Atravessei a porta da padaria de dona Sônia que como sempre me recebeu com um sorriso de boas vindas. Ela tinha alguns notáveis fios brancos me fazendo perceber o quanto o tempo passou desde a época em que eu e Thomas entrávamos lá depois da aula para comprar sonho. Meu amigo não demorou a surgir usando um avental e carregando uma sacola de pães que entregou a uma freguesa que o esperava.

— Meu filho, você já me ajudou o suficiente por hoje — disse dona Sônia colocando dois sonhos dentro de uma sacola. — Vá e coma com a Victoria. — A mulher sorriu de forma terna para ele e depois para mim.

Senti-me feliz por estar alí, no lugar onde estive tantas vezes durante a vida, diante de uma senhora que fez os sonhos que eu e meu amigo comíamos quando ele ainda era tão incompreendido por mim. E era lindo ver que a mulher o tratava tão bem, pois eu sabia que não eram todos na cidade que costumavam ser assim.

Thomas agradeceu e após tirar o avental fez a volta no balcão, só então seus olhos encontraram os meus e sem dizer nada nós dois saimos em direção a praça, permanecendo em silêncio até sentarmos em um banco.

Ele abriu a sacola e entregou-me um sonho.

— Qual é o seu sonho? — perguntou.

Aquela era a mesma pergunta que faziamos quando crianças e comiamos um sonho para casa sonho, digamos assim. Peguei o doce em minhas mãos e ao colocá-lo diante dos olhos franzi o cenho.

— Hmm, não tenho nenhum — respondi virando o rosto para encará-lo.

— Como não? Você sempre teve muitos. — Encolhi os ombros. — Já realizou tudo nos Estados Unidos? Até mesmo aquele de ser uma dançarina de boate? — Dei uma risada jogando a cabeça para trás ao ouvi-lo lembrar daquilo.

— Não lembra disso, eu tinha onze anos! — Dei um tapinha no ombro dele que sorriu. Um sorriso lindo, mostrando todos os dentes perfeitos, o mesmo sorriso animador de sempre.

— A garota de onze anos mais pervertida daquela época.

Semicerrei os olhos fuzilando ele que encolheu afastando-se no banco, mas depois com uma risada gostosa voltou a se aproximar.

— E você, qual o seu sonho? — Levei o sonho a boca e dei uma mordida esperando que ele dissesse alguma coisa, mas ficou em silêncio baixando a cabeça, então moveu negativamente.

— Não é algo que o precioso sonho da dona Sônia possa ajudar a realizar. — O observei suspirar cabisbaixo do jeito que eu mais odiava vê-lo no passado e naquele momento não foi diferente.

— Ei, não fique assim. Vamos, faça um pedido silencioso de todo o seu coração e dê a primeira mordida, assim ele irá se realizar — repeti as palavras que costumávamos dizer.

Thomas me encarou, seu olhar indecifrável me deixou confusa o suficiente para desviar o meu rapidamente e ele fez exatamente o que eu disse. Fechou os olhos e fez o pedido antes de morder.

Passamos poucos minutos conversando. Eu contei um pouco sobre o meu trabalho em uma editora e ele sobre como foi o início da transição. Não conversamos sobre relacionamentos, apenas sobre nossas vidas de forma que não incluíssemos ninguém além de nós mesmos, mas eu sabia que Ryan devia estar desconfortável em minha casa então decidi não demorar muito.

Os três dias que passei no Brasil foram suficientes para que eu desejasse ficar de vez, mesmo assim fui embora depois de me despedir de minha família e de Thomas com quem pude conversar apenas algumas vezes devido ao fato de não querer deixar Ryan sozinho. Antes de voltar eu o incentivei a não desistir da busca por emprego e mesmo que fosse difícil ele jamais devia baixar a cabeça para ninguém naquela cidade. Pelo pouco que falamos percebi que ele gostava de ajudar na padaria e tinha aprendido a fazer muita coisa por isso incentivei que investisse nesse ramo.

Naquela semana eu não consegui trabalhar direito, sempre pensando no quanto desejava estar em Irenoi com minha família e meu amigo.

Foram dois dias até eu pegar o telefone e ligar para ele que atendeu com a voz rouca, só então percebi que no Brasil era um pouco mais tarde.

— Você nunca atrapalha — disse ele ao me desculpar pela hora. — Algum problema?

— Não, eu apenas... — Fiquei muda, nada saiu, afinal eu não tinha nenhum motivo aparente para ligar naquela hora.

E dizer apenas que senti saudade, pela primeira vez pareceu estranho por isso senti-me ainda mais nervosa.

— Sentiu saudades?

Sorri ao ouvi-lo pronunciar exatamente o que eu estava pensando.

E não foi um sorriso qualquer, foi um sorriso bobo e envergonhado. Não me sentia falando com meu velho amigo e não era devido as mudanças em sua aparência e na voz, afinal sua essência era a mesma.

Foi naquele breve momento entre um sorriso, o silêncio a seguir e o som de sua respiração, que percebi algo. Provavelmente sempre esteve ali e eu quem sempre fui péssima quando se tratava de sentimentos, mas naquele momento tive certeza de que o amava e não era apenas como irmão, era um amor muito além de todos aqueles motivos bobos que insistiamos em permitir nos afastar.

Percebi que todos aqueles anos que me mantive afastada foi devido ao medo por sua confissão. Eu tive medo de ser pega me questionando sobre minha própria sexualidade. Evitando entender tanto sobre gênero, quanto sobre os meus sentimentos.

Mas a partir dali eu não quis mais correr o risco de perder a única pessoa que me fez feliz de verdade, mesmo que como amigo. Era com ele que eu dava minhas melhores risadas, com quem eu poderia passar 10, 30 ou 100 anos sem falar ou até mesmo discutir, sempre seria o mesmo, sempre fariamos as pases, teríamos aquelas conversas bobas e os bons conselhos.

Em todos os meus relacionamentos eu acabava sendo fria e distante, isso era motivo para brigas e términos. Com Ryan estava durando não por nos amarmos loucamente, mas porque a personalidade dele se encaixava perfeitamente com a minha e aquilo de quando um não quer dois não brigam era a melhor definição para nós. Mas um relacionamento sem brigas não significa ser perfeito, nem que ambas as partes estão completamente felizes. Era comodismo apenas.

Voltei para o Brasil naquele mesmo mês, após dar um fim ao meu noivado.

Eu não tinha avisado sobre minha volta e ao chegar na rua Flor De Lis senti meu estômago revirar, minhas mãos ficaram geladas e o coração acelerado.

Quando o táxi parou respirei fundo e saí, mas ao invés de entrar no portão de minha casa ouvi a voz de Thomas vindo da direção de sua antiga residência e logo o avistei saindo de lá usando uma camisa branca suja de tinta amarela. A casa atrás dele tinha uma cor viva, iluminada assim como seu sorriso ao me ver.

Meu peito parecia a ponto de explodir e a vontade de abraça-lo era imensa.

Eu sabia que não havia sido uma boa amiga nos últimos anos. Me sentia péssima por saber que por um medo bobo não estive ao lado dele em um dos momentos mais importantes de sua vida; a transição. Devido a distância não tinha idéia de tudo o que ele havia passado, como se sentiu dia após dia em que viu as mudanças no próprio corpo, como foi lidar com os olhares e comentários, além dos desentendimentos com a família.

Era compreensível que ele já não sentisse o mesmo de antes e que eu levasse um grande fora, mesmo assim não pensei em nada disso quando larguei as malas na calçada e corri ao encontro do homem mais lindo que meus olhos já viram.

Nossos corpos se chocaram com tanta força que ele deu alguns passos atrás enquanto passava os braços ao redor de minha cintura.

— Que surpresa boa — falou sorrindo sem me largar.

E eu também não o largaria, não conseguiria antes de dizer o que estava entalado em minha garganta.

— Thom... —  Funguei, estava com os olhos cheios de lágrimas e me segurando para não chorar. A saudade que senti dele naquele último mês pareceu ainda maior que a de anos. — Eu amo você.

Ele nada disse.

Ficamos em silêncio enquanto eu mantinha o rosto escondido em seu pescoço até ele quebrar o silêncio.

— Eu também amo você. Sempre amei, você é minha melhor...

— Não! — Afastei o rosto para encará-lo. — Não como amiga. Eu amo você como mulher! Amo o homem, a pessoa que você é. — Ele pareceu sem voz e logo atrás percebi que minha mãe nos olhava, mas a ignorei voltando a fitar aqueles lindos olhos verdes que estavam cheios de lágrimas. — Diz alguma coisa! — Praticamente implorei tamanho  nervosismo e ele sorriu.

— Meu sonho se realizou. Meu pedido era você, sempre foi você e ainda é. — Suas mãos seguraram meu rosto e fechei os olhos a espera de sentir seus lábios que não demoram a unir-se aos meus.

Seu beijo lento, doce e cheio de sentimento me causou a melhor das sensações.

Durante a adolescência eu dei no máximo um selinho nele, mas não chegava nem perto daquele beijo que foi capaz de me levar ao céu. E eu nunca imaginei que, o que me levaria até lá estivesse sempre tão perto de mim.

Como a mãe dele tinha ido embora e os irmãos já tinham suas próprias vidas bem longe dali, Thomas ficou com a casa. Eu não demorei muito tempo para levar minhas coisas para lá, desde então estavamos casados. Meus pais — principalmente minha mãe — foram completamente a favor de nossa relação.

Em seis meses juntos nós abrimos o Flores, Livros e Um Café, já que sempre amei as flores e os livros e ele fazia ótimos pães e salgados, assim podíamos vender tudo em um só lugar.

Com Thomas coloquei minha vida nos trilhos. Seguimos fazendo coisas simples, mas que amávamos, mesmo que grande parte da pequena Irenoi fofocasse a nosso respeito. Vivemos nossas vidas da forma que queríamos, juntos sendo amigos, irmãos e eternos namorados.

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...Próximo capítulo volta a “programação normal” de Irenoi....

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Comments

Jérsica Santos

Jérsica Santos

gostei da história de amor do Thomas e a Vitória

2024-05-21

0

Adriana Gomes

Adriana Gomes

as vezes a nossa pessoa está ao lado e não enxergamos o óbvio.
temos tantas amarras...

2023-07-18

2

Carvalho

Carvalho

gente..... eu amei a história deles, muito perfeita 😍

2023-06-02

0

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