#11

Isadora

Quando se levantou no dia seguinte, estava sozinha no

quarto. Para dizer a verdade, nem sabia se o homem dormia ali ou não.

Sentou-se na cama e imaginou aonde iriam, quando José entrou

correndo no quarto e a arrancou dos pensamentos.

- Tia! Tia! – falou empolgado\, trajando um short estampado e

uma camisa regata azul. - Vamos, nós vamos para a praia!

Isadora olhou para a criança um pouco assustada, não tinha

roupa para aquele evento, aliás, não tinha roupa nenhuma, uma vez que

continuava usando as roupas da falecida esposa do patrão.

Gabriel entrou no quarto trajando uma calça preta de corrida

e uma camisa preta. E, ao que pareceu para ela, aqueles eram os trajes

despojados do homem.

- José\, desça\, logo em seguida vamos tomar café. - o menino

obedeceu e o homem continuou – Aqui tem algumas roupas de banho da Letícia. –

ele pegou uma caixa que estava na parte de cima do guarda-roupa – A maioria é

roupa nova, nunca usada. Por favor, esteja pronta o mais rápido possível. - e

saiu.

Isadora examinou os trajes e a maioria eram biquínis bem

ousados. Depois de procurar minunciosamente, achou um maiô verde-escuro que

ainda estava com a etiqueta. Aquele era o escolhido. Pegou as coisas e correu

para o banheiro. O homem e o menino tinham pressa.

#

Gabriel

Ele e José tomavam um café leve, acompanhados por Rafael,

Irene e Estela. A cunhada percebera a movimentação não habitual de pai e filho,

estava curiosa.

- Vocês estão indo passear\, Gabriel\, querido? - a cunhada

perguntou.

- Sim. - o homem respondeu\, sempre economizando palavras.

- Estela\, por que você não vai com eles? - a mulher convidou

a irmã, sem nem mesmo pedir permissão.

- Bom dia. - a moça com quem ele estava casado chegou

rapidamente e sentou ao lado de José. Ela trajava um dos vestidos de praia de

Letícia, um vestido longo estampado de flores, os cabelos estavam soltos e

Gabriel perdeu um pouco a noção do tempo, observando a moça.

- Então vocês vão para a praia! - Irene disse – Vá\, Estela\,

vá com eles.

Gabriel estava tão hipnotizado pela massa de cabelos da moça

que nem respondeu, ele estava fascinado por aquela visão. E ela só estava

passando manteiga em um pãozinho.

- Gabriel? - ouviu alguém chamando ao longe – Gabriel? -

sentiu um leve sacolejo e olhou para o lado, seu irmão o chamava e então Rafael

iniciou um monólogo sobre sementes e plantas que ele tinha adquirido

recentemente.

Enquanto irmão falava, ele olhava para a moça pelo canto do

olho. Ela parecia tão diferente, jovem, cheia de vida. Parecia iluminada.

Estela voltou logo depois, trajando um chapéu enorme, óculos

escuros e um vestido vermelho de praia acima do joelho.

- Pronto\, podemos ir. - falou como se eles estivessem

esperando por ela. Gabriel olhou para a mulher tentando adivinhar em qual

momento tinha convidado a irmã da cunhada para o passeio em família. Suspirou

resignado, não implicaria, por enquanto e, então, partiram.

#

Isadora

A viagem desde o início foi problemática. Logo antes de sair

da Mansão, Estela quis ir com Gabriel na frente, mas o homem não queria.

- Estela\, vá para trás. - ele disse baixinho\, mas Isadora

ouviu – Minha esposa vem na frente. – falou baixinho, para que o filho não

ouvisse.

- Mas Gabriel… - a moça falou fazendo beicinho\, embora os

lábios da criatura fossem enormes em virtude de procedimentos estéticos.

- Tudo bem\, vou com José aqui atrás. Não é\, querido?

José concordou e assim partiram. Cerca de vinte minutos

depois, o carro estacionava. José desceu feliz, pegando as boias, enquanto

Isadora pegava a bolsa com toalha e algumas coisas para o menino.

Viu o momento em que Estela enlaçou o braço de Gabriel com o

seu e pensou o quanto aquela mulher era afrontosa. Tudo bem que o casamento

deles era falso, mas só os dois sabia, então por que aquela mulher agia de

forma tão desrespeitosa? Em apenas dois dias, já tinha percebido que conviver

com ela não seria nada fácil.

Gabriel parecia mais sombrio do que nunca, o rosto estava

oculto pela aba do boné e os olhos protegidos com óculos escuros.

Chegaram na praia e logo Estela foi se esconder em um local

com sombra, ela não queria queimar no sol.

José queria ir imediatamente para a água, mas antes, Isadora

passou bastante protetor na criança que tinha a pele muito branca.

-Vamos, tia! – o menino saiu puxando a moça que ficou parada

no mesmo lugar.

- Querido\, eu não sei nadar. Vamos ficar ali só molhando os

pés. - apontou para a beirinha.

- Tiaaaa!! – o menino falou triste.

- Vamos\, José. - o homem disse segurando a mão da criança –

E você também. - falou enquanto segurava a mão da moça e saiu puxando os dois

para o mar.

- Sen...quer dizer\, Gabriel\, eu não sei nadar. - ela tentou

argumentar, olhou para o homem e ele nem estava de traje de banho – E o

se...quer dizer, você nem está de traje de banho.

O homem a observou com um sorriso cínico e logo os três

estavam no mar. José tinha as boias no braço, por isso Gabriel soltou um pouco

a criança, mas continuava segurando firmemente a mão da esposa.

Ela não sabia o que sentia com aquele contato, mas sua mão

parecia quente com a mão dele na dela. E a quentura subia da mão para o braço

até... bem, até o meio do peito.

A verdade é que Isadora tinha crescido de forma simples,

muito protegida pelo pai e nunca tinha entrado no mar, por isso não sabia

nadar. Ela segurava a mão de Gabriel como se fosse uma âncora, nem queria saber

se estava apertando forte. Depois do que pareceu horas, o homem resolveu voltar

para a areia, mesmo sob os protestos de José.

- Papai! Eu quero ficar no mar! - o menino choramingou.

Estela olhava a cena com um certo ar entediado, mas disse:

- Eu te levo\, José querido\, vamos. - ela tirou o vestido e mostrou

que trajava um biquíni minúsculo de cor vermelha. Passou por Gabriel, quase

encostando o corpo nele, mas o homem continuava sentado olhando para o celular,

aquele show da mulher só causara nojo em Isadora.

Isadora não gostou nada de ver aquela criatura com seu

menino, apesar de conhecê-la há pouco tempo, não conseguia confiar nela, sentia

uma vibração estranha vindo dela. Então decidiu acompanhá-los. No início, os

três ficaram na beirinha, apenas sentindo a água nos calcanhares. Mas, de

repente, Estela e José se afastaram um pouco mais. Isadora olhou para o local

em que Gabriel estava, mas ele não prestava atenção, tinha o telefone na orelha

e estava virado de costas para o mar.

Quando olhou novamente para o local em que Estela e José

estavam, só viu José com os braços agitando no ar. Sem nem pensar no que estava

fazendo, foi em direção ao menino, conseguiu alcançá-lo e puxá-lo, mas como a

criança se debatia em virtude do nervosismo e ela não sabia nadar, os dois

começaram a se afogar juntos. Olhou para as pessoas na praia e ainda viu Estela

de braços cruzados observando a cena e Gabriel correndo, antes de perder os

sentidos.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***