16. Adam – Redimindo

Depois do que falei vi a Amanda realmente muito chateada. Queria poder entender o que significava tudo aquilo. Fiquei feliz quando ela falou que me via como um homem atraente, porque de certa forma, mesmo eu lutando contra, meus sentimentos estavam mudando em relação a ela. Mas sei que não tinha chance alguma, porque continuava preso a uma cadeira. Depois de nosso pequeno embate vi que ela se fechou, então apenas a observava. Quando bateram à porta, ela simplesmente foi lá e a abriu e vi minha mãe falando com ela.

– Ele permitiu que você fizesse o procedimento? – Ela perguntou preocupada a Amanda.

– Sim, Carla, pode ficar tranquila! Estou saindo, vou para meu horário de almoço, assim que acabar eu retorno.

Ela saiu sem nem me dirigir a palavra e aquilo doeu muito mais do que imaginei. Tinha acontecido algo grave em sua vida para ela ficar tão chateada comigo a esse ponto.

– O que você fez com ela, Adam? Por que a Amanda estar tão chateada? – Minha mãe perguntou. Até ela havia notado isso.

– Eu apenas disse ser fácil ela falar certas coisas já que teve uma vida aparentemente perfeita. – Olhei para minha mãe que me olhava surpresa.

– Alguma vez você conversou com ela sobre sua vida pessoal, Adam? – Neguei com a cabeça. – Você por acaso gosta de ser julgado? – Novamente nego – Então por que você faz exatamente isso com a pessoa que mais tem te ajudado, meu filho? A vida da Amanda nunca foi fácil, só tenha certeza disso.

– O que aconteceu com ela, mãe?

– Não sou eu que tenho que falar para você, Adam. Quando tiver a oportunidade de conversar com ela, você mesmo pergunte. Mas você ágil como um idiota com ela, isso eu posso te dizer.

– Quero ir para a cadeira, mamãe. Você pode me auxiliar? Estou com fome e quero almoçar na sala hoje.

Sei que aquela atitude surpreende minha mãe, que me olha sem entender nada. Porque sempre e recusei a sair desse quarto, mesmo ela modificando todos os moveis da casa para que eu pudesse me locomover com a cadeira sem problema algum. Após ir para a cadeira observei que com a pouca sensibilidade e pequeno movimentos que havia conquistado era bem mais fácil fazer aquela cadeira se locomover. Não iria permitir que um dia que pensei que seria triste e depois teve toda essa mudança da minha evolução, terminasse com a Amanda chateada comigo. Sei que a havia magoado de alguma forma, mas queria me redimir disso, nem que seja fazendo o que ela propôs e eu não havia concordado.

Assim que a cadeira chega a sala observo que ela não estar ali. Percebendo que meus olhos a procuram, minha mãe simplesmente fala “na cozinha”, então sigo para lá. Todos se surpreendem com minha aparição, eles estavam debatendo algo sobre comida, mas logo se calam. A Amanda me olha, mas não fala nada, minha mãe logo vai preparar meu prato e aquele silêncio estar ficando incomodo.

– Vocês não precisam se calar porque cheguei! Podem continua o que estavam conversando. Sei que tenho agido feito um idiota com muito de vocês e peço desculpa por isso. Prometo que tentarei controlar melhor meu humor. Amanda, quero me desculpa com você também, não fui justo e você estava certa em tudo que falou.

Nesse momento ela para o garfo a caminho da boca e me olha me analisando. Rezo para que ela não seja rancorosa e nem me dê um gelo depois do que fiz. Mas depois de alguns segundos que para mim pareceram horas, ela abriu um lindo sorriso, então voltei a respirar, sem nem me dar conta que havia segurando o ar, esperando sua resposta.

– Tudo bem, Adam, mas vou dizer aqui na frente de todos, para que eles sirvam de testemunha que da próxima vez que você agir feito um idiota eu vou te bater.

Nesse momento a Madalena tem uma crise de tosse, fazendo todos ali rir, e o clima volta a ser como antes da minha chegada, todos falando ao mesmo tempo, debatendo sobre pizza e lasanha, o que era melhor no jantar.

– Acho que não existe nada melhor que uma boa pizza de banana! – Falo e todos me olham.

– Não acredito! Jura que você também gosta? – Amanda me pergunta e eu apenas confirmo olhando todos ali de volta. – Tão vendo, não é apenas porque sou brasileira, o americano aqui também gosta, então como vocês disseram que se eu conseguisse mais alguém que gostasse desse sabor, vocês pagariam para mim, então promessa é dívida, vou cobrar minha pizza.

Nesse momento, todos estão rindo, então minha mãe senta ao meu lado com meu prato e começa a me alimentar, e todos começam a observar, o que começou a me deixar incomodado. A Amanda percebendo envolveu todos em outra conversa animada, o que tirou o foco de mim. Tenho que confessar que foi bom estar ali com eles, por um momento me sentir normal novamente. Será que tudo realmente estava na minha cabeça ou simplesmente a Amanda conseguia transformar tudo ao seu redor de forma especial?

Naquela cozinha, com todos ali reunidos, dei ótimas risadas, coisa que há muito tempo eu não sabia o que significava. Meu olhar foi atraído para a Amanda que brincava com o jardineiro, Sr. Manoel, e ela tinha um sorriso encantador, seus olhos eram lindos e quando ela sorria eles meios que fechavam, o que a deixava ainda mais bela.

– Mais um pouco terei que pegar um babador! – Minha mãe falou no meu ouvido de forma que só eu escutei.

– Não sei do que a senhora estar falando. – Desvio meu olhar.

Sei que fui pego em flagrante, mas nunca conseguir esconder nada da minha mãe, ela sempre teve o poder de me ler nas entrelinhas e aquilo às vezes era insuportável. Sei que meu rosto também não consegue esconder o quanto estou envergonhado. A Madalena entrega a Amanda um copo contendo algo dentro, o que a surpreende.

– Não acredito que você guardou isso para mim!

Ela se levanta e abraça a Madalena, fazendo a senhora sorri. Então ela leva a colher a boca e logo depois gemeu com o sabor, e aquilo foi muito erótico. De repente sinto algo no meio das minhas pernas, e me assusto, isso não é possível, de forma alguma, acho que é apenas psicológico, mas também não tenho como comprovar.  Ela percebe que a estou encarando, o que me deixa ainda mais constrangido, então ela vem para meu lado.

– Você não pode negar que quer um pouco também, estar me olhando com esse olhar de pidão. – O que faz minha mãe dar uma gargalhada.

– Não quero, obrigado! Não gosto muito de chocolate.

– Mentira! Quem não gosta de chocolate? Acho que você só provou os piores chocolates, mas prova esse aqui, aposto que você vai gostar.

Ela leva a colher até minha boca e aguarda eu abrir a boca e me olha de uma forma engraçada, então não resisto e abro a boca e quando sinto o sabor adocicado do chocolate com os outros cremes ali, tenho que dizer que realmente é muito bom.

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