6. Amanda – Convite forçado

No olhar de Nayara consigo enxergar um pouco de medo. Como ela mesmo falou o Bernardo não é o tipo de cara que escuta um “não” e se conforma com ele.

– E aí princesa, conseguiu descansar depois que saímos? – Bernardo pergunta.

– Conseguir descansar por duas horas, depois que organizei a bagunça que sua turma deixou em minha casa. – Respondo sem titubear.

– E ainda assim você veio para a faculdade, vejo que ela é muito importante para você.

– Não duvide disso. Meus pais batalharam muito para que eu pudesse entrar aqui e vou concluir meu curso em honra a memória deles.

Nayara estar em completo silêncio. Não consigo entender porque ela tem tanto medo do Bernardo, se ela não fez nada de errado

– Vim te buscar para almoçar hoje comigo! – Ele fala

– Preciso ir para casa Bernardo, tenho cliente agendada e não posso me dar ao luxo de não a atender.

– Calma, princesa, prometo que você não vai se arrepender, qualquer coisa pago o valor que você ganharia e você reagenda sua cliente.

– Não quero seu dinheiro, Bernardo, quero ganhar meu dinheiro de forma honesta.

– O que você quer dizer com isso? Que meu dinheiro não é honesto para você? – Bernardo pergunta de forma alterada.

– Não é isso que minha amiga quis dizer, Bernardo. A Amanda só não gosta de dever favor a ninguém. Isso acontece até comigo que sou como irmã para ela.

Nayara se pronunciou para minimizar a situação acalorada entre mim e o Bernardo.  Ele a analisa e depois volta seu olhara para mim, eu não me intimido com ele, apenas o encaro também.

– Você me surpreende com seu jeito, marrentinha!

– Meu nome é Amanda, e adoro o nome que meus pais me deram.

– Bem, não vou dar viagem perdida, vocês duas entrem aí no carro e depois deixo vocês em suas casas.

A Nayara segura minha mão, e faz um movimento positivo com a cabeça, e entramos no veículo. Quando o carro para diante de um terreno que mais parece abandonado, fico temerosa pela nossa segurança, mas depois que o portão é aberto, nos deparamos com uma mansão belíssima dentro de nossa comunidade. Por fora você não dar nada por ela.

– Nayara fica tranquila, que vamos ficar bem, eu prometo.

– Amanda, eu te falei que ele não aceitava não como resposta, só não aconteceu nada até agora porque ele estar realmente interessado em você, isso é nítido, tenho medo por você.

– Vou tirar nós duas dessa, fica tranquila.

– As princesas vão descer ou vão continuar de conversinha aí?

Abro a porta descendo e revirando os olhos para o Bernardo, que apenas me olha tentando esconder um risinho no rosto. Começo a perceber que ele gosta de me provocar e quanto mais eu retruco, mas ele me provoca. No terraço encontra-se duas de suas boqueteiras, que nada mais são, que garotas que satisfazem os caras sexualmente. Elas nos analisam de cima a baixo. Percebo o olhar de desprezo de ambas para mim e para a Nayara, mas nós duas as ignoramos.

– Oi meu rei, sentimos sua falta! – A loira platinada fala.

– Que tal aquela seção de massagem agora? – A morena peituda fala toda manhosa.

– Não tenho tempo para isso, Lorena! – Vaza que agora estou com visita importante.

Eu e a Nayara nos olhamos, e ela me lança aquele olhar de que diz "eu te avisei". Nesse momento sinto um frio na espinha, e me pergunto como vou sair dessa enrascada. As garotas nos olham com um olhar que se pudesse nos matava ali mesmo, e isso também me deixa apreensiva, porque sei o que esse tipo de mulheres faz para dispensar a concorrência e isso pode me causar problemas.

– Estamos aqui te esperando faz tempo, aposto que essas daí nem sabe o que você gosta. – A loira mais uma vez fala.

– Já mandei vazar, e outra, respeita as damas que elas não são do nível de vocês. Da próxima vez que desrespeitar as minas, mando raspar a cabeça das duas. Agora some daqui, ou vão querer um incentivo. – Ele nem precisa falar mais nada. – Desculpa as vadias aí, elas acham que tem o que preciso.

Ele fala olhando especificamente para mim, que o encaro sem dizer nada. E ele nos conduz para dentro da mansão muito linda e bem decorada. Não acredito que ele entenda de decoração, mas com toda certeza aquela sala foi muito bem planejada. Ele pede para a gente sentar e ficar à vontade, e diz que vai confirmar se tudo estar certo para nosso almoço. A Nayara senta ao meu lado no sofá e assim que ele sai ela fala.

– Eu te disse que ele estar interessado em você!

– O que devo fazer agora amiga, não vou me envolver com ele, essa não foi a vida que escolhi para mim, não estudei tanto para acabar como mulher de bandido. – Falo nervosa.

– Vamos ter que sair completamente da comunidade. Ele não vai gostar de ser rejeitado, Amanda, e não preciso dizer o que pode acontecer a nós duas por conta disso. A voz dele é lei, aqui onde vivemos. Precisamos ganhar tempo com ele.

– O que você estar querendo dizer com isso? Você quer que eu aceite ser mulher de bandido?

– Não, Amanda! Quero dizer que você vai precisar levar ele a banho-maria até podermos sair daqui. Se você não quer ficar com ele, você vai ter que ir comigo para os EUA.

– Meu Deus, Nayara, vou ter que deixar minha vida inteira para trás?

– É isso ou virar a primeira dama da comunidade, ou coisa pior, você sabe do que falo.

No momento que eu ia responder minha amiga, Bernardo entra na sala, e ao perceber minha cara assustada logo pergunta se estar tudo bem, e eu confirmo com a cabeça. Ele pede para o acompanhar até a sala seguinte, e nos deparamos com uma sala ainda maior com uma mesa enorme. Antes mesmo de nos sentarmos, meu irmão adentra na sala e se surpreende por nos ver ali.

– E aí, Bernardinho, vejo que trouxe convidadas ilustres para o almoço. – Ele fala com um sorrisinho no rosto. – Bom te ver irmã! Como vai Nayara?

– Estou bem, Felipe! Obrigada!

– Vamos se sentar e comer, estou morrendo de fome! – Bernardo fala.

Realmente a comida estava ótima. Mas aquilo estava me assustando. Normalmente caras como o Bernardo simplesmente pegava o que queria, a outra parte deveria ser sentir orgulhosa por ter a atenção dele. Foi um almoço silencioso, eu e a Nayara estávamos tensas, loucas para sair daquele ambiente. Então quando pensei que tudo tinha acabado e que finalmente eu iria para minha casa, o Bernardo falou que precisava falar em particular comigo, então deu ordem ao meu irmão para levar a Nayara para casa e pediu para mim o acompanhar até o escritório.

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