Momentos depois, eu a olhava com ternura, enquanto ela dormia.
Ajeitei melhor o travesseiro sobre a sua cabeça. Ela se movimentou e meus olhos foram atraídos para os seus pés pequenos e bem feitos. Subi um pouco mais e ela estava com o vestido que foi à festa.
Não tive coragem de retirar a roupa e colocar algo mais confortável.
Não era apropriado.
Lembrei de que momentos antes a obriguei a tomar um café forte porque ela recusou o chá e tomou bastante água. Depois, ela me disse antes de dormir:
— Deita comigo. Prometo que não vou beijar você.
Eu respondi:
— Fico aqui, até que durma! Vou pegar uma cadeira ...
— Não, por favor! Pelo menos sente-se aqui.
Ela bateu com a mão o espaço na cama que eu devia sentar, bem próximo a ela.
— Ok. — Sentei-me, hesitante e deixei meus olhos azuis nos olhos castanhos dela.
— Passa a mão no meu cabelo... Pra eu dormir...Lost.
Suspirei profundamente. Eu me contentaria apenas com um gesto suave em seus cabelos?
Não lembrava do meu passado, mas algo me dizia que eu não era o tipo de homem que faria tal coisa.
Era pouco para mim, mas Kelly não era uma mulher qualquer. Merecia meu respeito e proteção.
Eu passei a mão nos seus cabelos lisos e dourados. Tudo nela me fascinava.
Alguns instantes depois, os seus olhos fecharam. Minha mão continuou se movendo sobre o seu cabelo e não demorou muito percebi que ela adormeceu.
Ainda assim continuei com as mãos, com movimentos indo e voltando, observando os traços delicados do seu rosto.
"Oh, Deus! Estou tão apaixonado por ela! Faça com que Kelly corresponda ao meu amor!"
Contra a minha própria vontade, levantei-me e cobri-a com o lençol.
— Boa noite, minha princesa linda!— Sussurrei.
Antes de sair, fitei-a mais uma vez e saí do quarto.
Ao deitar-me fiquei várias vezes pensando no nosso primeiro beijo e estava difícil conciliar o sono, pois não conseguia esquecer como tudo aconteceu.
Até que depois de me remexer na cama de um lado para outro, acabei dormindo.
( Na manhã seguinte)
Enquanto eu tomava café, ouvi a voz de Kelly do quarto.
— Ah, que dor de cabeça!
Corri até o seu quarto e a vi contorcendo-se de dor, com a mão na cabeça.
— Bom dia, Kelly, posso entrar?
—Pode, Lost! Péssimo dia , você quer dizer! Que gosto horrível na minha boca!
Eu me aproximei e perguntei:
— Está sentindo tontura?
— Não... Só essa insuportável dor de cabeça!
— Ok, Kelly! Fica quietinha aí, já volto.
Quando retornei, ela aguardava obediente. O comportamento bem distinto da noite passada.
— Toma esse analgésico...— Dei o comprimido com a água. — Ah, e como você vai precisar de bastante líquido, trouxe água de coco pra você.
— Onde conseguiu água de coco? —Ela perguntou enquanto engolia o comprimido e tomava a água.
— Pedi pra Marina.
Nesse momento ela se engasgou e fiz menção de acudí-la, mas, enquanto tossia, levantou o braço para que eu não me aproximasse e fez um gesto que ia ficar bem.
Fiquei olhando-a fixamente.
O rosto dela ficou todo vermelho pelo esforço de se recompor. Logo em seguida, ela falou:
— Não gosto de água de coco. — O tom de voz era birrenta. Porém eu a adverti:
— Se quer se recuperar mais rápido, precisa ser mais boazinha. Ontem você não quis o chá que preparei e agora vai recusar também a água de coco? Vai custar se recuperar desse jeito!
Os olhos dela cresceram para cima de mim, surpresos. Será que fui muito duro com ela?
Kelly ficou calada e abaixando a vista, respondeu, sem graça.
— Desculpa, você tem razão... E obrigada pela paciência... Dá aqui a água de coco.
Amaciei a voz de novo
— Não tem porque agradecer. Você também cuida de mim, não é mesmo?
Dei o copo a ela e sentei-me na beira da cama.
Ela se ajeitou na cabeceira da cama e passou tomar o líquido, fazendo caretas até terminar. O sorriso dela era de cumpricidade.
— É verdade ... Somos uma dupla dinâmica!
Ficamos quietos. Eu a observei encostar os lábios no copo e senti o desejo de ser aquele objeto. Que loucura! Para afastar esses pensamentos, interrompi o silêncio:
— Puxa, Kelly, você está proibida de tocar em bebida!
Ela enrubesceu.
— Tô me sentindo horrível! Não sei onde eu estava com a cabeça...
Ambos sorrimos. Então com uma dúvida na cabeça desde o momento que acordei, fiz uma pergunta:
— Você lembra o que aconteceu ontem quando chegou em casa?
O sorriso de Kelly morreu. Ela desviou o olhar para a parede, enquanto pensava. Fiquei aguardando apreensivo. Já não sabia se era bom ou não se ela lembrasse do beijo.
Por fim, ela disse, olhando-me confusa:
— Lembro de ter me jogado no sofá muito bêbada... Depois disso não lembro de nada... Foi você que me ajudou a chegar até à cama?
— Sim... — Respondi, lutando contra a tristeza que tomava conta de mim. Ela não lembrava do beijo. Que pena!
— Obrigada, você é muito gentil, Lost.
— De nada.
— Agora que estou com essa dor de cabeça, lembrei do seu ferimento... Como está, Lost?
— Já sarou. A pomada que você me deu é ótima...
— E sobre suas memórias?
— Pouca coisa... Mas ultimamente tenho lembrado de algumas situações... Eu me vestindo com um terno escuro, ou brigando com pessoas... Lembro de minha infância correndo num imenso jardim e falando outra língua.
— Pelo seu sotaque,imagino que você seja inglês ou americano... Será por isso que não há ninguém à sua procura? Vai que você seja desses gringos malucos que somem no mundo à procura de aventura?
Sorri com mais uma ideia mirabolante de Kelly, mas bem que fazia sentido.
— Estou vendo que está melhorando...
— Conversar me faz bem...
Ficamos nos olhando. Ela então tomou a palavra
— Diga-me, Lost, o que tanto aprontei ontem...Quando cheguei?
Meus olhos alcançaram seus lábios, mas respondi:
— Você fica bem teimosa! Não queria lavar nem o o rosto... Ia dormir no sofá se não fosse eu.
— Fico te devendo essa! A última vez que dormir no sofá fiquei quebrada.
Sorri de leve e ainda em dúvida, voltei a perguntar:
— Kelly, tem certeza que não lembra de nada?
Os seus lábios tremeram de leve e o olhar baixou para não me encarar. Antes que ela falasse alguma coisa, fomos surpreendidos por batidas na porta.
— Vou ver quem é... — Falei sem tirar os olhos dela.
— Tá... — Ela me respondeu, visivelmente aliviada.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 98
Comments
Elizabeth Fernandes
Espero que não seja Marina
2024-11-22
1
Anilda Alves da Cruz
é Marina que chegou ,?
2024-08-09
2
Adriane Alvarenga
Que lindo ele morrendo de ciúmes.. e ela também....kkkkkk
2023-10-25
7