A Vida Nova Do Ceo Apaixonado
( História retratada em 1989...)
Perspectiva de Kelly
Apressada, observei o pequeno restaurante da minha tia, lotado de turistas que vieram apreciar o final de semana na praia da União.
Ao entrar pela porta dos fundos, larguei a bolsa, lavei as mãos e preparei-me para ajudar na cozinha.
Tia Lena, uma senhora de cinquenta e dois anos, branca, cabelos loiros e curtos, ao me ver cortando a salada, exclamou:
— Graças a Deus! Você chegou, Kelly! Hoje o movimento está a todo o vapor!
— Que bom, tia! Desculpe a demora... Tive que levar uns produtos de beleza para umas clientes e acabei me atrasando.
— Não faz mal... Ainda bem que você veio cobrir a Luna.
Luna, era a cozinheira do restaurante, mas estava doente. Na alta temporada, seria um caos se a minha tia ficasse sozinha, especialmente no final de semana.
Independente disso, eu, o filho dela Felipe e a sua nora, Marcela geralmente ajudávamos quando precisava.
— Como ela está? — Perguntei.
— Continua com gripe forte e febre.
— Que pena... Então, volto amanhã para ajudar.
— Mas você não vai ficar trabalhando até de madrugada num evento com Marcela?
— Ah, tia, depois recupero o sono! Vai dar certo!
A tia Lena, sorridente, abraçou-me e beijou a minha bochecha esquerda.
— Você é uma menina de ouro, sabia? É trabalhadora, generosa e linda demais
— Eu queria era ter ouro, tia!
Ela riu da minha observação.
— E o pessoal da Companhia Lancaster? Soube que vieram aqui ontem. — Questionei, curiosa.
— Ah, Kelly, aqueles consultores apareceram sim. Droga! Ficam assediando a todos os comerciantes daqui... Alguns estão tentados a ceder e vender os seus imóveis... Sabe, do jeito que estão as coisas, é provável que só eu fique , mas não vendo este lugar por nada! Eles que fazem o hotel deles em outra freguesia!
— Que ódio! Precisamos persuadir os comerciantes a não fazerem isso, tia! A praia vai ser ofuscada por esse hotel e vai se tornar praticamente particular, já pensou?
Nasci e me criei neste lugar... Não é justo que a prefeitura permita que esse tal Lancaster tome de conta das praias para beneficiar apenas os ricos.
— Verdade, por isso não abro mão deste lugar! — Ela suspirou. —Bom, já volto! Vou anotar os pedidos dos clientes e você vai montando os pratos a serem servidos.
— Ok!
Nesse instante, Felipe vinha com a esposa Marcela.
— Mãe, a mesa três está aguardando. — Ele reclamou.
— Tô indo.
Felipe ficou parado, me olhando com desgosto. Ele era alto, moreno e tinha olhos castanhos como o meu.
— E aí, satisfeita por furar com a gente?
— Finalmente, Kelly ! — Marcela, que era magra, traços orientais e baixa, falou com ironia.
Observei-os, desafiante.
— Não vem vocês dois com esses olhares de juizes.
Marcela deu de ombros e explicou:
— A trilha foi uma aventura incrível! Depois descemos para a Praia das gaivotas!
— Naquela praia gelada? — Questionei. — Deus me livre! Final do mês está chegando. Tenho que vender os meus produtos e trabalhar em eventos se eu quiser ter renda para pagar as minhas contas.
— É, mas estávamos contando com você! Não vai furar conosco na próxima vez!
Ele pegou a bandeja com a refeição e saiu, sem esperar resposta.
Marcela continuou:
— Felipe ficou chateado. Você conhece melhor as trilhas.
— Amiga, desculpe mesmo. Sei que preciso me distrair como antes, mas tenho que manter o foco se eu quiser ter um dinheiro extra para arrumar minha casa, antes que chegue o inverno.
—Você está assim desde que terminou com o Luís!
— Nada disso! Terminei com ele porque estava saturada! Não estou depressiva nem nada... E quer saber? Estou aliviada! Três meses de paz!
Marcela, incomodada com minhas palavras, resolveu estender o assunto delicado.
— Você não consegue manter um relacionamento, Kelly ? Qual é o seu problema?
Suspirei, agoniada com tanta interferência.
— Ah, amiga, não encontro alguém que seja interessante, o que posso fazer? Você sabe que sou exigente! Ele era irritante, convencido e mandão!
—Esse é o seu problema! Você quer homem perfeito! Não existe isso, Kelly!
— Quem disse que quero homem perfeito? Basta, que seja no mínimo carinhoso, prestativo, romântico... Não sei como você aguenta meu primo! É outro babaca!
— Não acho!
— Você é cega, Marcela!
Minha amiga, balançou a cabeça em discordância e pegou da minha mão, a bandeja com petiscos e foi servir os clientes lá fora.
Horas depois, quando o movimento de banhistas diminuiu no restaurante, juntei-me a Felipe e a Marcela, que estavam em uma mesa. Eles conversavam, descontraídos.
— Ei, vocês. Posso sentar?
— Claro! — O meu primo respondeu, desviando o olhar.
Sentei-me e resolvi me justificar:
— Felipe, Não fique chateado comigo. É que não estou tendo dias fáceis após terminar com Luís, pois, mesmo sendo um mão de vaca, ele me ajudava com as contas e agora tenho que me virar sozinha.
— Pô, Kelly, já disse que se precisar de mim, eu ajudo. — Meu primo, me disse, ressentido.
— Sei disso, vocês são minha família, mas tô conseguindo, é sério.
Ele suspirou, sem acreditar.
— Você é quem sabe.
Um silêncio se estabeleceu entre nós. Ainda bem que tia Lena veio logo.
— Já vão almoçar, crianças?
— Sim, estou com uma fome de leão, mãe! —Felipe respondeu de imediato.
Marcela, então para amenizar o clima, passou a falar sobre o evento do dia anterior em que eu e ela estávamos trabalhando.
Enquanto o casal dialogava, distraí-me com os banhistas, que circulavam no lugar.
Num dado momento, a silhueta de um mendigo chamou a minha atenção.
Era bem alto, maltrapilho e com a mão esquerda segurava uma sacola e com a outra mão, pedia comida.
Com dó no coração, vi que assim que se aproximava, as pessoas o rejeitavam.
" Coitado! O mendigo parece perdido e assustado."
Essa a minha impressão sobre ele. Fiquei comovida.
— Tia, prepara mais um prato, tá? — Gritei, com os olhos no pedinte.
Ouvi a voz da tia confirmando da cozinha. O primo e a esposa ficaram intrigados , mas não perguntaram nada.
Meus olhos se voltaram para o misterioso mendigo.
Ele desistiu de pedir e sentou-se na areia.
Vasculhava algo na sacola.
Não consegui ver direito, no entanto, imaginei que devia estar procurando algo para se alimentar.
— Kelly?!
Virei em direção à Marcela.
— Você não está ouvindo a sua tia? Ela está perguntando se é pra você a comida…
Hesitei em responder, mas acabei revelando.
— Para aquele mendigo ali... Tadinho, ninguém quis ajudá-lo.
Minha amiga estava incrédula:
— Você é louca mesmo, não perde essa mania de boa samaritana.
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Atualizado até capítulo 98
Comments
🌟🔮mari $tan🌟🔮
Nada como um clichê requintado e diferenciado, amo
2024-11-19
0
Elizabeth Fernandes
Iniciando a lê 20/11/2024
2024-11-21
0
Jucelia Oliveira
colocar fotos deles fica mais interessante
2024-10-05
1