Perspectiva de Kelly
Assim que vi Lost e Marina saindo de manhã cedo, notei que a linha entre a minha razão e a emoção partiu-se e um sentimento difícil de engolir se espalhou sobre o meu corpo: o ciúme.
Eu não queria crer que aquele desconhecido que entrou na minha vida de maneira inexplicável pudesse agora estar apaixonado por minha vizinha.
Com raiva por notar que aquele encontro dos dois ia ficar pior a medida que se conhecessem mais, deixei escapar um palavrão e bati com força na mesa.
Minha vontade era quebrar tudo pra extravasar toda a minha frustração.
"Que idiota que eu sou!"
Mesmo sem vontade, saí de casa e segui para a praia. O desejo de ficar só estava sendo tentador, mas talvez ao ajudar minha tia Lena, eu melhoraria.
A senhora, ao me cumprimentar, abriu seu singelo sorriso e perguntou por Lost.
— Cadê seu nam... — Ela se interrompeu e corrigiu. — Seu amigo, minha filha?
Pensei rápido no que eu podia dizer, mas só de lembrar onde realmente ele estava, senti uma dor dilacerando meu coração frágil.
— Ele... Ele foi visitar a família... — Menti.
— Ah, que bonito! Sabe, filha, a cada dia tenho gostado mais desse rapaz! Trabalha tão bem com telhado! Já até espalhei para todos daqui. Caso precisarem de algum conserto ou reforma, é só falar com Lost.
— Obrigada, tia! — Esforcei-me a fingir um sorriso alegre. — Ele vai ficar feliz.
—Bom, filha, meu conselho é que engate logo um compromisso com ele, pois quando passa, as mulheres suspiram!
— Ah, mas não me importo não! Ele é só meu amigo, tia!
Ela ficou me observando depois me revelou, chateada:
— Até quando vai ficar mentindo pra mim?
— O que a senhora tá falando?
— Sobre o Lost! No dia do meu aniversário ele confessou que vocês namoram. Claro que fiquei surpresa, pois essas modernidades de hoje sem casamento ... mas, bem, são outros tempos.. Daqui a pouco estaremos na década de noventa.
"Ah, claro! Namorado de mentirinha!" Pensei com ironia. Imagino quando descobrir que ele e Marina estão juntos.
— Bom, tia... Por isso não falei antes. Vamos providenciar tudo o mais rápido possível
— Assim é que se fala! — Minha tia ficou entusiasmada. — Agora coloca logo esse rapaz na palma de sua mão. Não deixa ele ficar de ti-ti-ti com outras mulheres.Fica de olho.
Engoli em seco. Mesmo que não fôssemos namorados, eu já estava agindo como se fosse. Imaginava até o que ele e Marina estavam fazendo naquele exato momento.
O que aconteceu na praia das gaivotas outro dia, era só a reação involuntária do corpo dele. Não tinha esperanças.
Minha tia continuava a dar conselhos sobre meu suposto namoro. Eu me senti totalmente recuada.
(Vou mudar de assunto imediatamente. Lá vai...)
— Tia, Felipe eu sei que hoje está trabalhando no shopping e Marcela, não vem?
— Daqui a pouco. Ela precisou ir ao mercado. Venha, vamos falar com Luna.
Entrei na cozinha e cumprimentei a cozinheira Luna. Ela era baixa, branca e cabelos encaracolados. Casada a dez anos, tinha um filho e também morava próxima à praia. Como ela era muito divertida, consegui me distrair um pouco, no entanto quando Marcela chegou, uma espécie de ansiedade tomou conta de mim e aproveitei para contar o que estava acontecendo entre Lost e Marina.
Ela ouvia, atenta e quando terminei ela me interrompeu:
— Eu te falei, Kelly! Agora, se você tinha esperanças com Lost...
— Esperanças? Imagina! — Disfarcei meu desapontamento. — Estou só comentando! Eles são livres podem fazer o que quiser. Até dei uma cópia da chave para ele ficar mais à vontade.
Marcela não conteve a risada. Depois, com astúcia, falou:
— Sei não, Kelly ... Você está me parecendo triste hoje. Percebo pela sua voz e seus ombros caídos. Tem certeza que não está se apaixonando pelo mendigo?
— Não mesmo! — Exclamei, exaltada.
— Tem certeza? Sinto cheiro de clima no ar entre vocês dois. Já percebeu como você olha pra ele ? Até suspira!
— Tá imaginando coisas, Marcela.
Inclusive, após o evento, vou até sair com as meninas, você não vai?
Marcela me olhou pasma:
— Eu?! Prefiro curtir com meu marido! Vocês são solteiras, aproveitem...
— Exatamente! Quero aproveitar tudo o que tenho direito.
— Tá bom...Só me faz um favorzinho...
Inocentemente, perguntei:
— Qual?
O sorriso zombeteiro veio junto com a fala:
— Só não leva outro mendigo pra casa!
E entrou na risada. Só ela, pois não gostei do que ouvi.
— Hum, engraçadinha.
O dia na praia transcorreu como de costume e à tarde, quando voltei para casa, eu me arrumei para ir para o trabalho dos finais de semana.
O evento era um aniversário infantil.
Como depois desse evento eu ia sair com as companheiras de trabalho, achei prudente escrever um bilhete para Lost , avisando. Deixei na geladeira.
Horas mais tarde, no aniversário infantil, as últimas crianças se retiravam com seus pais do local. Mais um trabalho concluído.
Nesse momento, Marcela veio se despedir:
— Já vou amiga! Divirta-se!
— Tudo bem, obrigada ... Não conta pra Felipe, tá? Você sabe que ele pode encher minha paciência com a história de que mulher não deve andar sozinha.
— Sei, sei, mas você sabe que ele age assim porque se preocupa com você. De qualquer forma, não vou dizer nada. Juizo, hein? Tchau!
Mais tarde, na festa, percebi que mesmo com toda a euforia do lugar e com homens bonitos me convidando a todo momento para dançar, a única coisa que não saía da minha cabeça era Lost, então resolvi que devia tirá -lo da minha cabeça.
Uma boa tequila me faria aliviar dos meus problemas.
Não demorou muito para eu entender, ainda num resquício de sobriedade, por que eu devia ficar longe da bebida, mas pelo menos, eu me sentia mais livre, bem livre e dançando como se não houvesse mais nada nessa vida, aproveitei o momento.
Enquanto eu me jogava na dança, meus pensamentos se embaralhavam ao lembrar do homem que estava mexendo com minhas atitudes e despertando sensações desconhecidas.
A agonia de pensar que naquele momento , ele se satisfazia nos braços de Marina me impulsionava a beber mais. Queria esquecer da existência dos dois.
Então dancei e bebi, sem parar.
Até que uma silhueta conhecida começou a chegar cada vez mais perto de mim. Estreitei os olhos e como estava tonta foi mais difícil identificar, mas assim que ele deu boa noite, percebi que chegou a hora de jogar minhas frustrações naquela pessoa tão inconveniente.
— Boa noite, Luís! Onde está Rute?
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Cida Pereira
mulher boba não tô gostando dessa história.
2024-12-09
1
Anilda Alves da Cruz
Lost venha salvar essa maluca /Facepalm/
2024-08-09
1
Beth Silva
Kelly com essa criancisse dela e também com a insegurança que tem vai acabar sozinha. pega logo o lost logo
2024-07-09
2