Perspectiva de Lost
Apos o episódio constrangedor entre mim e Kelly nas dunas, ela me evitava e aquilo só aumentava minha frustração, pois a cada dia o sentimento que eu estava nutrindo por ela, aumentava.
O final de semana chegou e como prometido, fui com Marina visitar a família do ex dela.
Pegamos um ônibus e Guto dormia no colo dela. Tratei de socorrê-la
— Você não está cansada? Posso segurá-lo...Se não se importa.
Ela assentiu, agradecida e me entregou o menino que ainda resistiu um pouco, mas logo em seguida adormeceu novamente.
Marina me olhou de lado e falou:
— Você está tão sério, o que foi?
Senti um aperto profundo. Talvez falar sobre o assunto atenuaria minha dor.
— Estou pensando em Kelly. Acho que não tenho nenhuma chance com ela.
— Ora, por que não?
— Ela me evita o tempo todo...
Marina me olhou com pesar.
— Fica assim, não ... Tenha paciência. É que Kelly ultimamente não teve sorte com namorados e esse último então era um escroto.
Fiquei apreensivo. Será que o fato de ter visto Luís na praia com outra, mexeu com os seus sentimentos? E se ela ainda gostasse dele?
Continuei a desabafar:
— Fico me perguntando o que tenho que fazer para conquistar o amor dela. Será que é mais fácil eu recuperar a memória do que ser digno do amor de Kelly?
Marina apoiou a cabeça dela no meu ombro, amigavelmente .
— Você já está fazendo, Lost. Depois de hoje, vamos ver a reação dela. Caso você perceber que não está dando certo, vai ter que se declarar.
— Acho complicado eu me declarar assim do nada. Se não for recíproco, é provável que ela me expulse de lá, então estou ferrado. Posso ficar sem abrigo e sem meu anjo da guarda.
Marina riu.
— Que romântico você é... Conheci você outro dia, mas desejo sinceramente que se tornem namorados. Espero que ao recuperar a memória, não me venha com outras namoradas.
—Duvido muito que sinta algo assim por outra pessoa. Ela é diferente.
Marina me olhou nos olhos.
— Olha, não é porque Kelly é minha amiga, mas ela é incrível! Ela é meiga e sempre está disposta a ajudar quem precisa.
— É verdade e sou prova disso.
— Pois então...
Continuamos a conversar e momentos depois, chegamos.
A família de Frank, o ex de Marina, morava num lugar tranquilo, sem muitas casas e rodeado de verde.
Dona Suzana, a mãe de Frank, abriu a porta. Era uma mulher baixa, gordinha e negra. Ela olhou para Marina, depois para mim. Disfarçando a surpresa rapidamente, ela chamou a atenção de Guto, que já havia acordado.
O menino gritou:
— Vó, cheguei!
Ela se esbanjou num sorriso.
— Meu netinho! Ai, que saudade! — E pegou do braço de Marina.
Logo em seguida, acenou:
— Venham, venham, todo mundo tá aqui!
Havia muitos familiares espalhados pela casa e todos perguntavam quem eu era.
— Ele se chama Lost, meu vizinho.
Essa frase foi dita repetidas vezes e a reação era um misto de admiração e desconfiança. Ouvi até uma das irmãs de Frank perguntar se eu era o namorado dela.
Marina me olhou e apenas sorriu. Não respondeu nem não, nem sim.
Suzana, mãe de Frank, era uma mulher muito extrovertida e deixou-nos à vontade.
Guto se juntou às outras crianças e brincava, enquanto Marina conversava , descontraída.
Pelo que pude perceber, ela era bem acolhida na família de Frank, então fiquei encucado: qual era o problema? Por que ele não assumiu o filho?
Sentei-me no sofá e comecei a assisti a TV. Passava notícias sobre o jornal local e fiquei na expectativa de falarem algo sobre mim, mas a única informação que achei importante, foi sobre uma entrevista da companhia Lancaster. Um dos assessores falava com otimismo sobre o avanço das negociações com os comerciantes da praia da União.
Ele citou até a reunião que teriam dali a duas semanas. Lembrei-me de Kelly. Uma notícia daquela a irritaria na certa, pois a intenção dela era persuadir os comerciantes a mudarem de ideia sobre a venda dos seus imóveis.
Suzana, ao me ver, sorriu e disse:
-m— O almoço já será servido daqui a alguns minutos.
- Obrigado!
Ela sentou perto de mim.
— Você e Marina se conhecem a quanto tempo?
— A pouco tempo...
— Ah, sei. E estão namorando?
Percebi que por trás da pergunta havia ansiedade.
— Estamos nos conhecendo...
A senhora comprimiu os lábios ,chateada.
— Eu tinha esperança de que Marina e meu filho voltassem para criarem o filhinho deles, mas pelo visto estæ cada vez mais difícil.
— Marina me falou que foi ele quem terminou o relacionamento, após saber da gravidez.
— Por que é idiota! Não quer compromisso! No fundo, acho bem feito que Marina trouxe você aqui. Devia ter assumido a família.
— Também acho.
A mulher estranhou minha resposta, mas não comentou nada.
Na hora do almoço, tudo trancorria normalmente quando Frank chegou. Era negro, alto e com olhos castanhos e ameaçadores, que pousaram em Marina, depois em mim.
Um clima de tensão pairou no ar e todos ficaram em silêncio.
A mãe dele, constrangida, foi até ele.
— Filho, que surpresa, pensei que não viesse.
— Mudei de ideia.
Nesse momento ouviu -se a voz de Guto:
— Papai!
O menino correu ao seu encontro e Frank amenizou a fisionomia fechada. Eu achei graça disso, pois todos os homens que estavam ali presentes também foram chamados de pai.
Ele pegou o menino nos braços e dirigiu -se a todos , friamente.
— Bom dia a todos!
Frank falou, fixando em Marina.
Ela não respondeu.
—Venha almoçar filho!
— Já almocei, mãe! Eu vim só olhar o Guto.
Ele falou assim e levou o menino para outro cômodo da casa.
Marina fez menção de levantar, mas eu a impedi. Cochichei.
— Nao faça isso. Ele tá com ciúmes.
Ela aquiesceu e ficou quieta.
Após o almoço, novamente a família se dispersou. Numa oportunidade Frank começou a conversar com Marina. Estava sério e gesticulava.
Quando Marina voltou, havia um sorriso satisfeito nos lábios. Ela disse:
— Vou me despedir do pessoal, por favor me acompanhe.
Nós cumprimentamos a todos e fomos embora.
Enquanto, caminhávamos até a parada de ônibus, ela virou para mim, entusiasmada:
— Deu certo! Amanhã ele vai lá em casa. Disse que quer falar sério comigo. Pela conversa que tivemos, entendi que não quer que o filho seja criado por outra pessoa que não seja ele
— Boa! Esse é um ótimo sinal, Marina!
— Espero que sim. Agora só falta você e se Deus quiser vai dar tudo certo!
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Anilda Alves da Cruz
tomara que dê certo com os dois casais em um final feliz ☺️
2024-08-09
1
Angel Caldas
Gente a Marina está ajudando pra o Lost e a Kelly ficarem juntos, ela gosta do pai do Guto!
2024-06-07
1
Patrícia
acho que Marina é do bem.....só acho 😬😬😬😬
2024-05-13
2