19

Wallace Della Mont

Depois que a Laís dormiu, eu estava inquieto demais para descansar. Cobri-a com cuidado, dei-lhe um beijo e sussurrei em seu ouvido:

— Amor, eu volto logo.

Saí e fui até a comunidade para ver de perto o que estava acontecendo. Havia rumores de que o local havia sido invadido. Fiquei observando de longe e vi um homem se aproximar de uma criança. Ele disse algo, e ela respondeu, mas não consegui ouvir as palavras devido à distância. De repente, o homem deu um tapa tão forte na criança que ela caiu no chão. Aquilo acendeu uma chama de fúria dentro de mim.

Sem pensar duas vezes, corri em direção ao homem. Antes que ele percebesse, já estava no chão, derrubado por um chute que desferi com toda a minha raiva. Ajoelhei-me para ajudar a criança e, ao olhar para ela, reconheci quem era: a pequena Alicia, que todos os dias ia à minha casa. Eu já havia criado um vínculo com ela, levando-lhe salgadinhos e doces.

Ela estava machucada. Assim que a levantei em meus braços, cerca de dez homens apareceram, avançando em minha direção. Comecei a lutar, ainda segurando Alicia, quando uma voz familiar ecoou ao fundo. A distração me custou caro: recebi um golpe tão forte que minha visão escureceu por um instante. Mesmo assim, continuei lutando com toda a força que tinha. Minha camisa branca estava imunda, e pensei na Laís. Ela ficaria preocupada se acordasse e não me encontrasse.

Com raiva e determinação, desferi socos consecutivos até que todos os homens caíram ao chão, derrotados.

De repente, uma voz grossa e furiosa perguntou:

— O que está acontecendo aqui?

Eu ainda estava de costas quando o homem continuou, gritando:

— Quem você pensa que é? Ninguém entra no meu território para me desafiar e sai vivo! Vou te matar!

Ele se apresentou como Kendrick Miller, e a fúria em sua voz era palpável. Quando me virei, vi um homem forte e tatuado, segurando um facão. Em um movimento rápido, arranquei a arma de suas mãos, dei-lhe um soco no rosto e encostei a ponta do facão em seu pescoço.

— Não me interessa quem você é — disse, com voz firme. — A única coisa que importa é que você está mexendo com as pessoas que eu amo. Você tem três dias para sumir daqui e deixar essa comunidade em paz. Se não fizer isso, eu vou atrás de você, nem que seja no inferno, e arranco seu pescoço, seu desgraçado.

Ele olhou para mim, assustado, e gritou:

— Wallace Della Mont!

Fiquei surpreso. Como ele sabia meu nome? Havia algo familiar nele, mas toda vez que tentava me lembrar do passado, uma dor de cabeça insuportável tomava conta de mim, quase me levando à loucura.

Enquanto isso, vi minha sogra na porta de casa. Ela correu em minha direção, abraçou-me e começou a chorar.

— Me perdoe — disse ela, entre lágrimas. — Quando pedimos que você fosse embora, não sabíamos que nossa filha iria seguir você. Estávamos todos assustados e pensamos que você era o problema. Mas aqueles ataques não eram para te pegar; era para nos amedrontar e nos expulsar, para que eles pudessem tomar conta da comunidade e nos escravizar. Por favor, volte. Sinto sua falta, e sinto muita falta da minha filha. Toda a comunidade sente. Nos perdoe.

Abracei-a e respondi:

— Fique tranquila. Não vou permitir que ninguém machuque vocês. Entendo o medo que sentiram. No lugar de vocês, teria feito o mesmo.

O homem, Kendrick, havia fugido, mas eu não me importei. Já havia dado meu recado. Voltei para casa, onde a Laís ainda dormia.

Cheguei cansado e ferido, mas antes que pudesse tomar um banho e fazer um curativo, ela acordou.

— Onde você estava? — perguntou, com voz preocupada.

Tive que contar a verdade. Ela se aproximou, deu-me beijos carinhosos e insistiu em cuidar dos meus ferimentos, que felizmente eram leves.

— Tenho tanto medo de que algo aconteça com você — disse ela, chorando.

— Não se preocupe — respondi, acariciando seu rosto. — Eu sei me cuidar.

Beijei seus lábios e fomos tomar um banho juntos. Enquanto a água corria, eu não conseguia parar de pensar naquele nome: Kendrick Miller. Por que ele parecia tão familiar?

No dia seguinte, fomos trabalhar. Eu preferia que a Laís ficasse em casa, pois ela estava se esforçando demais. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me mais tranquilo tendo-a por perto.

Assim que chegamos ao restaurante, um rapaz se aproximou de mim com um sorriso.

— Senhor Wallace — disse ele. — Sei que o senhor tem passado por muitos problemas. Soube que acordou do coma, mas não se lembra de muita coisa. Por isso, vim trazer isso.

Ele entregou-me uma pequena caixa. Ao abri-la, vi uma chave.

— O que é isso? — perguntei, confuso.

— É a chave do seu cofre no banco — explicou ele. — O senhor me pediu para guardá-la com cuidado, mas depois do acidente, tudo mudou. Só agora descobri que o senhor acordou e está trabalhando aqui.

Fui ao banco e, ao abrir o cofre, encontrei um laptop, um pen drive, dinheiro, barras de ouro e alguns documentos. Perguntei ao rapaz de quem era tudo aquilo, e ele respondeu:

— É seu, senhor Wallace.

Voltei ao restaurante, mas não conseguia me concentrar. Tentei acessar o laptop, mas ele estava protegido por senha. Guardei tudo em uma bolsa, decidido a descobrir o que aquilo significava.

Enquanto isso, a Laís servia as mesas. De repente, vi seu rosto mudar de expressão. Corri para segurá-la antes que caísse no chão. Ela havia desmaiado.

Levei-a imediatamente ao hospital. Após uma longa espera, o médico saiu com um sorriso no rosto.

— Parabéns — disse ele. — Você vai ser pai.

Uma onda de alegria e medo tomou conta de mim. Como poderia criar um filho sem saber quem eu era? O que eu havia feito no passado? Por que estavam tentando me matar? Tudo isso me aterrorizava, pois eu não queria colocar minha família em perigo.

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