Reviravolta

_ Ela é perfeita com os seus cabelos crespos trançados, seu rosto é lindo, seu corpo é maravilhoso! Ela é linda, e você é um irlandês estúpido, chato, que gosta de me atrapalhar em tudo! Fica me ofuscando das garotas, não vê que elas querem me olhar e você fica me atrapalhando? (Ele acenava para uma garota, que não o correspia, então dei um aceno também e ela me correspondeu, talvez ele era louco também e não via que ninguém acenava para Murilo).

_ Viu só, você fez de novo! Você fica me ofuscando da Maria Alice, como ela vai querer me beijar de você fica me seguindo! (Murilo queria um beijo, por isso estava zangado, era fácil de o acalmar, se era beijo que queria eu o dava).

_ Você quer beijos? (Queria ter certeza que era isso, para não me confundir novamente).

_ Claro, quem não quer ser beijado? Vai ser algo tão bom, ela vai me alisar, ou eu vou alisá-la e depois foi a beijar, e ela vai esquecer de todos os outros caras que ela já ficou na escola, ela vai ver que sou incrível e gosto muito de ser romântico! (Ele queria beijar e eu também queria).

_ Um beijo com amassos é muito bom, você já beijou assim? (O disse empolgado).

_ Claro que não, como vou amassar alguém, irlandês? Eu seria preso por machucar alguém! (Eu fiquei feliz, iria o mostrar como aquilo era bom e assim ele não ficaria mais irritado).

_ Sabe, eu penso em ter uma família com ela, eu vou fazer de tudo para ela não me largar e nem me trair, igual a minha mãe fez com o meu pai, e nem vou embora feito o meu pai que levou o Hugo com ele e minha me buscou de volta para ficar com ela e seu namorado estranho, ele não gosta de mim, irlandês! Você me fungando é esquisito, por que está me lambendo? Virou cachorro agora?...Ele disse que tem coisas que atrapalham a vida de uma mulher, que se fossem evitadas a mulher seria mais feliz, ele falou isso olhando para mim...a minha mãe não ouviu, mas eu ouvi... e fiquei muito... Que diabos você está fazendo? (Ele resmungava falando coisas estranhas, então o alisei um pouco para acalmá-lo o cheirei no pescoço, estava tão cheiroso e acabei lambendo e beijando o seu pescoço e ele arrepiou, eu vi quando seus pelos levantaram e ele me encarou estranho).

_ Você está me experimentando, seu canibal! Que ideia é essa de me lamber? Eu não sou comestível, seu esquisito estúpido! Estou todo babado! E agora, como Maria Alice vai me querer assim? Como ela vai me beijar se você me lambeu? Você é maluco? (Me frustrei com aquela conversa idiota, era sempre Maria Alice para lá e para cá).

_ Você só pensa nessa meretriz, por que não procura alguém que goste de você de verdade? Tem gente que lhe deseja todos os dias, e está louco para sentir os seus beijos, até tem sonhos com você, mas você é muito burro para ver! (Eu fiquei vermelho e nervoso).

_ Mentiroso, por que essa pessoa não demonstra então? Em? Por que está fugindo de fininho, seu duende macabro esquisito! (Eu sempre demostro, ele que é sonso e não vê nada, só faltava eu por um cartas em mim alegando que o achava atraente e queria sair com ele, mas Murilo é chucro que só Deus!).

Vira e mexe e lá estava eu tentando parar de pensar naquele idiota branquelo, mas, infelizmente eu não conseguia! Eu estava morrendo de raiva dele e daquela "Maria Alice", era só nisso que aquele imbecil falava!

Aquela garota nem o olhava, todos os dias era a mesma baboseira de sempre, eu fazia carinho nele, dava um presente, o saqueava, eu dava até uns beijos em seu pescoço, mas ele só falava naquela "Maria Alice".

Eu não gosto daquela garota! Ela sempre troca de namorado, uma vez ela me convidou para sair, mas depois que viu que eu gostava da mesma coisa que ela, Maria Alice, parou de me procurar e me provocar. Murilo não merece uma pessoa feito ela, ela jamais o fará feliz, pelo contrário, irá fazê-lo sofrer, e tomara que ela faça mesmo para ele largar de ser trouxa!

Eu estava tentando enganar quem, eu pensava nisso, olhando para a foto que tiramos juntos com a classe toda! Eu não sei porquê, mas tem algo naquele esquisito que me atrai, e já estava na hora de parar de ir atrás daquele garoto e me valorizar, meus pensamentos inúteis me perturbavam ao olhá-lo e meus hormônios malditos e descontrolados me deixava constrangido a maior parte do tempo, eu buscava algo que me fizesse parar com isso, eu não queria ser um homem vermelho pervertido, meus pais morreriam se soubesse que eu estava ficando assim com o nada, talvez me jogassem de volta para o orfanato, ou pior, me jogariam na rua de vez!

Já havia um tempo que estava falando com alguém, era um garoto de outra turma mais velha que a nossa, me viu jogando bola e veio conversar comigo, ele era muito simpático, no entanto um pouco mal educado em questão de higiene, ele comia de boca aberta e as vezes o via tirando caga e aquilo me arrepiava, mas a minha mãe sempre dizia para eu não julgar sem antes conhecer, e conversando com o rapaz, percebi que ele era legal, simpático e gostava de mostrar o que sabia fazer, talvez era para me impressionar, eu gostava de me sentir importante o ouvindo, ele gostava de me fazer perguntas pessoais, e vimos que havia algumas coisas comuns que tínhamos e talvez se fizessemos juntos seria interessante e talvez até divertido.

No início era só conversas fiadas, mas depois, as coisas foram ficando mais interessantes e íntimas, até ele propor que saíssemos para comprar um jogo, ou jogar em outro local com pessoas mais próximas da gente, era óbvio que ele não queria jogar nada, ele queria passar um tempo comigo, eu fiquei de dar a resposta para ele no vestiário, e era isso que ia fazer, iria esquecer o Murilo e conhecer o Lucca!

Após termos jogado, fui ao vestiário tomar um banho. Estava todo suado, nunca tomei tantos banhos na minha vida, como eu tomava no Brasil! Aqui é um lugar quente, na Europa tomava banho umas duas ou três vezes na semana, quando fazia calor, lá eu tomava banho quase todos os dias! Como é um absurdo o uso de água nesse lugar!

Eu refletia sobre isso, enquanto me limpava no chuveiro, junto dos outros que se banhavam também, quando terminei, eu saí de lá, fui até o meu armário pegar os meus pertences enquanto eu me enxugava calmamente, nisso Lucca apareceu e eu o olhei sério e depois sorri disfarçadamente.

_ Pensei no que me disse, será divertido jogarmos em outro lugar, se estiver interessado em ter-me como a sua companhia! (Eu dizia-lhe, enquanto vestia a minha camisa).

_ Sério?! Que ótimo Díoman! Podemos ir ao sábado? Depois do jogo podemos comer algo ou ir em outro lugar de sua preferência! (Quando ele disse jogo, eu fiquei com uma cara de taxo).

_ Poderíamos jogar outra coisa sem ser futebol, e que não sue tanto! Eu não gosto de sair suado! (Eu odiava ter que tomar banho, e tinha que tomar no sábado também, eu já ia tomar banho na sexta!).

_ Pode ser! O que quer fazer no sábado? (Ele dizia empolgado).

_ Vai abrir um clube noturno, como se fosse um grand monde exclusivo para pessoas com gostos peculiares! (Eu dizia sendo discreto, não gostava que as pessoas maldizerem de mim).

_ Quer ir em uma boate gay luxuosa? É isso? (No entanto, Lucca não era nem um pouco discreto, isso fez alguns dos meus colegas nos olharem).

_ Fale baixo! As pessoas podem nos detrair! (Era óbvio que eu tinha medo de ser julgado, na Irlanda, até 2015 era proibido esse tipo de coisas, as pessoas homoafetivas não podiam se quer pensar em se casar, o domínio do conservadorismo lá era e continua sendo prior, e isso me deixava receoso em relação a qualquer outra parte do mundo, ainda mais que eu era adotado, não queria ser abandonado novamente!).

_ Detrair? Que linguagem é essa? (Ele me olhava confuso).

_ Não é relevante! Esqueça! (Eu estava com vergonha de conversar com ele perto dos outros).

_ Você é fofo, vou te pegar no sábado para irmos nessa sua boate "grande mondê" ! Te pego as 21h, pode ser? (Lucca falava muito empolgado, e eu sorri sem graça para ele, quando eu vi Murilo recolhendo as toalhas molhadas).

_ Pode ser, sábado às 21h, lhe esperarei ansiosamente para irmos na boate! Será maravilhoso lhe esperar para esse encontro! (Eu falei aquilo e dei um beijo em sua boca, enquanto olhava o Murilo pegando as toalhas do chão).

_ Você é muito fofo! Vou ficar ansioso também! (Ele passou as mãos em meus cabelos ondulados castanhos escuros se distraindo com o meu rosto).

_ Ei, você não é da minha turma! Não pode ficar aqui, sem autorização do professor, Carlos! (Murilo falou aquilo nos olhando, com uma cara séria).

_ Tá bom guarda fiscal, já estou indo! Falou Díoman te vejo à noite! (Aí Lucca saiu e riu do Murilo lhe dando um tapa na cabeça).

_ Ele puxou o seu cabelo! Você se machucou, irlandês? Aquele idiota, só se acha porquê é mais velho e bate nos mais novos e estúpidos como você! (Aí ele me olhou com aqueles olhos enormes, e parecia preocupado, nem se dando conta que levou um tapa).

_ Ele não puxou os meus cabelos, ele apenas brincou com eles! (Eu dizia a Murilo calmamente).

_ Ele disse guarda fiscal, mas não o entendi direito! Não tem nenhum guarda aqui! Ele deve ter dado uma tragada ou bebido de novo, fica longe de gente assim irlandês, isso é perigoso, e você é muito fácil de ser enganado... Sabe... você parece inteligente, mas é mais burro que eu! (Ele dizia olhando para os lados, como se estivesse procurando algo e eu franzi quando ele falou aquela besteira).

_ Era um termo irônico! Ele não fuma e nem bebe, e você que é meio sonso com as coisas!(Falei sério a ele, e o entreguei a toalha).

_ Irônico? Eu não entendi a piada! E eu aprendo as coisas devagar, não sou sonso, eu te entendo lentamente, mas te entendo! (O seu mundo era tão paralelo, que ele nem se tocava que a ironia era o próprio e ainda afirmava que compreendia as coisas, mesmo sendo óbvias!).

_ Esqueça a piada! (Eu revirei os meus olhos, às vezes a sua desatenção era chata e me irritava).

Nisso, como Murilo me encarava muito enquanto conversávamos, ele se aproximou de mim e eu o olhei um pouco desatento, pois sabia que provavelmente ele havia visto um inseto e estava o seguindo com o olhar, e eu não estava devidamente pronto para mais um assunto confuso e distorcido dele!

Depois disso ele passou as mãos em meus cabelos e os cheirou do nada, os colocando para trás das minhas orelhas, nossos olhos se encararam intensamente e eu fiquei espantado, jamais pensaria que aquele garoto faria isso. Provavelmente ele estava gostando de mim finalmente, então eu sorri animado pra ele, iria desmarcar o meu encontro com Lucca e ia ficar com o meu branquelo esquisito.

_ Que cara estúpido, né? O seu cabelo não tem nada! Mas os seus cílios são enormes e seus brincos saio bonitos! Se eu colocar brincos, com certeza minha mãe vai gostar menos de mim, e aí o namorado dela vai conseguir fazer o que ele quer! Ele não gosta de mim, irlandês, ele é estranho, ele não é como o meu pai, ele fala que sou um atraso na vida da minha mãe, por isso ela vive irritada, eu não queria irritá-la assim! (Aí ele sorriu para mim me debochando e falando mais asneiras, isso me deixou frustrado).

_ Como eu sou um idiota! (Eu fiquei revoltado comigo e com ele).

_ Idiota? Por quê? (Ele me olhava curioso com as toalhas em mãos).

_ Esqueça! (Eu fiquei revoltado com ele).

_ Você é esquisito, irlandês! (Aí ele saiu do vestiário com as toalhas molhadas e eu saí também).

Eu estava irritado o olhando, aquele idiota me iludiu de novo! Eu sempre caía naquele charme estranho dele! Quase perdi a chance de conhecer o Lucca, por causa dele! E para piorar, ele nem se tocava do quê tinha feito, só ficava andando por aí como se o mundo fosse colorido e ele era o centro de tudo! Garoto idiota!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***