Ana saiu de casa próximo as 18 horas. Ela já havia chorado tudo que tinha para chorar. Ela não era culpada de nada. Não tinha porque ficar sofrendo pela maldade dos outros. Juntou os seus cacos e foi visitar o seu pai no cemitério.
Ficou ali horas conversando com ele, pedindo forças, questionando algumas coisas, ela não entendia porque a vida era tão injusta com ela. Sua mãe a abandonou e agora ela era proibida de ter qualquer contato com a filha, mesmo que apenas como prof.
Saiu dali passava das 23 horas, seu celular já estava sem bateria e os seus olhos inchados mal viam na escuridão da noite. A neblina alta a impedia de ver com clareza, mas mesmo assim ela sentou ao volante do carro e saiu rumo a sua casa. Se ele quisesse, ele que se mudasse! Ela não iria embora da casa e do bairro que morou por anos, pensava zangada.
As ruas estavam úmidas pela cerração, poucos carros nas ruas e as lágrimas que ainda insistiam em cair a fizeram se distrair. Um ônibus que vinha em uma rua perpendicular a dela, o motorista estava cansado, estava levando o ônibus para a garagem e ignorou um sinal fechado, colidindo com o carro de Ana.
Ana sentiu o corpo sacudir, o carro ser jogado longe e capotar, uma, duas, três vezes. Ela perdeu a noção do tempo, ouvia as sirenes, gritos, sentiu seu corpo ser retirado do carro, sentiu eles fazendo força em seu peito, em seguida choque, e outro e depois outro. Então apagou.
Jean via amanhecer quando o seu celular tocou.
- Olá bom dia\, aqui é do hospital público da cidade. - Jean sentiu o peito apertar.
- Sim?
- Por acaso o senhor conhece uma … Ana Carolina…
- Quebert? Meu Deus! Conheço! O que houve? - Jean se levantou e começou a arrumar a carteira e ir em direção ao quarto de Sophia.
- Ela sofreu um acidente no início da madrugada… - Jean arfou parando a frente da porta do quarto da filha.
- Encontramos um cartão seu na carteira dela.
- Estou indo praí! - Jean desliga e acorda Sophi.
- Bom dia papai.
- Bom dia\, meu amor\, como você está ?
- Estou bem… - Sophia se espreguiça e observa o pai correndo pegando roupas para ela.
- O que houve\, pai?
- Nada meu amor. - Jean força um sorriso. - Vou te deixar na casa do Carlos\, dona Lorena vai ficar com você e depois a leva na escola. - Sophia franze o cenho.
- Porquê?
- Porque o papai precisa ir trabalhar e…
- Mas hoje é sábado! Não tem escola e nem trabalho - Sophia protesta. Jean respira fundo. Tinha esquecido de como aquela garotinha podia ser difícil quando queria.
- Meu amor… - Sophia o olha com aqueles olhos amendoados e Jean mareja os olhos. - O papai fez besteira… e precisa que você o ajude…
- Não posso ficar com a prof Carol? - Sophia se levanta séria\, preocupada com o pai.
- Não\, porque é com ela que o papai precisa resolver umas coisas. - Não diria a ela do acidente\, ou sabia que ela ficaria nervosa.
- Tá. - Sophia o ajuda a arrumá-la e ele a leva para a casa do motorista e amigo sem nem mesmo dar café da manhã.
Jean chega ao hospital e pergunta na recepção pela moça.
- Só um momento por gentileza. - A moça digita\, digita e então o responde.
- Ela está em observação. Chamarei um médico para conversar com o senhor. - Jean aguarda até que um homem mais velho vem em sua direção.
- Olá\, o que é da paciente?
- Namorado. - Jean nem pensa\, apenas diz.
- Ela sofreu um acidente no início desta madrugada\, foi bem sério\, o carro capotou… - Jean sentia uma náusea. Era culpa dele\, era culpa dele… só isso que ele pensava.
- Pelo amor de Deus me diga logo\, como ela está?
- Precisou de uma cirurgia …
- Cirurgia? - Não podia ser… ele via as coisas de quase 20 anos atrás passando em sua mente\, como se fosse naquele momento. Julieta desfalecida naquela cama\, em estado vegetativo…
- Teve um trauma na cabeça e precisamos aliviar a pressão intracraniana. - Ele arfa e abre a boca tentando puxar ar. - Mas ao que tudo indica\, ela está se recuperando. Nas próximas horas deve acordar… - Jean cai de joelhos\, segurando a cabeça entre as mãos. Ele chora como um menino. Ele a amava\, amava tanto que chegava a doer\, ele não podia perdê-la\, não podia…
O médico o encaminhou para a ala de acidentados, e o levou até o quarto onde ela estava. Tinham outras pessoas no mesmo quarto e ele enlouqueceu.
- Vocês sabem quem eu sou? - Depois de uns gritos\, levaram ela para um quarto particular no andar de cima. Jean acariciava o rosto da mulher\, tinha pequenos cortes e alguns roxos.
Ele sabia o que devia fazer, assim que ela acordasse contaria tudo a ela, que ele não mandou ninguém atrás dela, e que a amava. Que queria-a como mais que mãe de Sophia, a queria como mulher. Como a sua mulher!
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Josi Gomes
TRAUMA NA CABEÇA, SÓ FALTA ELA PERDER A MEMÓRIA, TOMARA QUE NÃO
2023-08-23
5
Izabel Francisca de Souza
mais capítulo pó favor
2022-12-23
1
Marciacristina Pereira De Oliveira Conceição
e qual e a história com o mesmo enredo aí agente lê então o outro já que o dela não tem continuação
2022-12-22
0