Sophia chegou em casa saltitando. A mãe a recebeu na entrada.
- Como foi a aula meu amor? - Julieta havia conversado com a terapeuta essa manhã\, e conseguiu se levantar. Para ela\, ela ainda estava com vinte e poucos anos e não beirando os quarenta. Viu a menina que Jean havia tido por ela\, e se emocionou. Por que ele foi a trair? Não via que ela ainda era a mesma? E ele que havia mudado?
- Mãe! - Sophia correu até a cadeira de rodas da mãe e a envolveu nos braços. A chuva ainda batia do lado de fora\, mas dessa vez\, Sophia não havia se molhado. No momento que Sophia abraçou a mãe\, a mulher a afastou segurando-a pelos braços.
- Onde você estava? - Sophia ainda sorrindo responde.
- Na casa da prof Carol…
- Mentirosa! - Julieta surta. - Por que todos mentem pra mim?! Sou só uma inválida?! - Sophia se assusta e arregala os olhos.
- Mãe…
- Você está com o cheiro do seu pai! - Sophia abre a boca e a mulher estreita os olhos. - Onde o viu? - Sophia enche os olhos de lágrimas\, então ergue o rosto redondinho e os olhos castanhos brilham. Julieta naquele momento viu desafio nos olhos dela. - Se não me responder… - Julieta pega a menina pelo braço e aperta.
- Mãe\, tá me machucando!
- Então me fala! - Sophia sacode o braço tentando se soltar\, ela sabia que se contasse à mãe\, ela a proibiria de ir à casa da professora.
- Não! - Sophia grita e Julieta se descontrola\, dando um tapa no rosto da menina\, que grita\, em seguida com os olhos escorrendo com lágrimas leva a mão à bochecha.
- Sophi! - Julieta leva as mãos à boca\, chocada com o que fez. A menina não fala apenas encara a mulher que está pálida. - Veja o que fez eu fazer! Isso é culpa do seu pai! Aquele …
Sophia corre para o seu quarto e não ouve o que a mãe diz. Se atira na cama grande de seu quarto e chora a plenos pulmões.
Carlos presencia o que acontecera, mas então Julieta chora e ele se compadece. - Senhora…
- O que é Carlos?
- Ela é só uma criança. Não a trate assim ou…
- Ela é minha filha! - A mulher encara Carlos com raiva. - Saia! - Carlos ajeita a postura e se retira.
Ana chega na escola e procura por Sophia com os olhos, mas não vê a menina, por fim vai dar a sua aula. No recreio, ela a vê sentada com os amigos.
- Oi\, Sophi… - Ela cumprimenta a menina sorrindo. Mas então se assusta com a bochecha vermelha da garota. - Meu bem\, o que houve com seu rosto? - Sophia leva a mão na bochecha e força um sorriso.
- Um mosquito me mordeu e eu cocei.
- Tá feio isso\, hein… - Ela acaricia a bochecha da pequena\, que está quente. - Venha\, vamos passar uma pomadinha. - Ana levou-a até a enfermaria e passou uma pomada. - Prontinho… - Sophia se gruda no pescoço dela e aperta. - Tudo bem\, meu amor? - Ana alisa as costas da menina\, que assente.
- Vou sentir saudade até sexta. - Ana sorri.
- Mas daí nos vemos sexta e sábado.
- Minha mãe não vai deixar eu vir sábado.
- Por que ela não deixaria? - Ana acaricia os cabelos soltos e quase lisos da menina.
- Estou de castigo. - Ela baixa a cabeça e morde o lábio.
- Castigo por quê?
- Minha mãe sentiu o cheiro do meu pai em mim… - Ana franze o cenho. - Daí eu não contei onde vi ele\, aí ela me colocou de castigo\, e é só estudos e casa. - Sophi diz segurando o choro\, e olhando para baixo. Ana ergue o rosto dela\, e as lágrimas escorrem pela bochecha fofa.
- Seu pai vai dar um jeito para se verem mais. - Sophia nega.
- Eu vi a minha mãe falando com uma mulher\, e ela disse para a minha mãe que meu pai não tinha chance de ficar comigo. - Ana curva os lábios para baixo. Essa situação estava afetando a Sophia demais. A mãe e o pai deviam conversar e não deixar a menina nesse fogo cruzado.
- Vamos fazer assim… Eu vou lá pedir para a sua mãe deixar você vir na festinha.
- Jura? - Sophi olha com um sorrisinho se formando.
- De dedinho… - Ana ergue o minguinho e Sophi gruda com o seu\, então a abraça novamente.
Depois do fim da aula, ainda sentada em seu carro, Ana liga para Jean.
Jean passou o dia com o coração apertado. Parecia que algo ruim estava para acontecer, e ele tentava se acalmar e dizer a si mesmo que era só nervosismo. Ligou para o advogado que disse que já tinha entrado com o processo, para o mais rápido possível, pois a criança estava sendo afetada. Mas ainda não era o suficiente. Já era fim de tarde quando seu celular toca e ele vê o nome de Carol na tela.
- Jean\, como está? - Ana engole seco\, não devia estar se metendo naquela situação\, mas não podia ignorar\, ainda mais suspeitando que talvez Sophia fosse a menina que ela pariu anos atrás. Por mais que sua cabeça dissesse que não\, seu coração gritava para investigar mais.
- Estou angustiado\, mas bem. E você? - Jean se escora para trás na cadeira. A voz dela era como um bálsamo\, causando uma paz quase instantânea.
- Estou bem\, porém preocupada.
- O que houve? - Jean se levanta da cadeira e segue para fora da sala\, abanando para as secretárias dizendo que ia embora. - Aconteceu algo com a Sophia?
- Eu não sei\, mas pelo que ela mesmo me disse\, está de castigo.
- Castigo? - Jean paralisa. Em seus sete anos de vida\, Sophia nunca ficava de castigo\, no máximo olhava com cara feia para ela\, às vezes até a repreendia\, mas castigo?
- Parece que a mãe dela sentiu o seu cheiro nela\, e a questionou\, mas ela não quis contar onde o viu\, e acabou de castigo.
- Vou ir lá\, imediatamente! Quem ela pensa que ela é? Julieta vai me ouvir!
- Bem\, ela é mãe\, deveria tentar conversar numa boa com ela\, entrarem num acordo… - Ana se preocupa em causar mais confusão\, então ouve o homem quase gritar no telefone.
- Ela não é nada dela! Não tem direito nenhum! - Ana se cala. - Eu sou o pai dela!
- Jean! - Ana engole seco\, e pressiona uma das têmporas. - Se chegar lá desse jeito\, só vai conseguir que o afaste mais… Sophi também comentou de uma conversa que ouvir da mãe com uma mulher\, que deve ser advogada\, dizendo que as chances de você conseguir a menina\, são poucas\, então\, se a quer\, faça as coisas do jeito certo. - Ela ouve o homem esbravejar.
- Eu vou ficar louco!
- Espere até sexta\, e fale com o advogado. - Ana respira fundo\, pensando no que estava fazendo da vida.
- OK\, você está certa. - Jean esmurra o volante do carro. - Vamos nos falando.
- Certo. - Desligam.
Jean rola na cama, pensando em sua menininha, e na voz doce e preocupada da prof Carol. Aquela voz… algo estava errado! Ele sentia-se íntimo daquela voz…
Ana passou boa parte da noite pesquisando sobre acidentes, sobre CEOs, sobre os nascimentos de sete anos atrás, até que encontrou. Manchetes de jornais.
“Jean Paulo Clarence e sua esposa Julieta Bragança Clarence sofrem acidente de carro, a mulher fica em estado vegetativo.”
“Jean Paulo Clarence, maio CEO de hotelaria recebe o prêmio de o mais novo bilionário da América Latina.”
“Jean Paulo Clarence aparece com uma criança por volta de 4 anos e a esposa em evento beneficente.”
Ana arfa, seu coração descompassado, a ansiedade a fazendo ter falta de ar. Eram muitas coincidências, não podiam ser só coincidências… Ela fica em transe…
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 77
Comments
Suna
essa coitada ainda ta paralisada no passado, n imagino o inferno que deve ser acordar de um coma depois de anos e ver que se passou mt tempo... bizarro
2024-08-10
1
Solange Maria Martins
ele se apaixonou
2024-01-26
1
Josi Gomes
TÃO RICO E AINDA NÃO ENCONTROU UMA BOA CASA NA MESMA VIZINHANÇA DE CAROL
2023-08-23
0