Ana Carolina ganhou alta na manhã seguinte. Resignada, e depressiva, se atirou no sofá de casa, ainda com o homem que a ameaçou no dia anterior em mente. Nem o atropelamento serviu para distrai-la do principal problema. Arrumar dinheiro, para a dívida gigantesca de seu pai. Em meio a seu desespero, lembrou das inúmeras propostas que a vizinha que tinha um bordel lhe fazia. Engoliu o choro e ergueu-se. Falaria com ela. Ainda era virgem, quem sabe poderia leiloar sua virgindade pelo valor da dívida! Já tinha ouvido coisas parecidas.
Seu pai já havia saído, disse que iria procurar o homem para conversar, mas Ana duvidava muito que conseguisse algo.
Andou vagarosamente até a casa da esquina, onde a mulher, conhecida como Charlotte, vivia. Sentia-se um boi, indo para o abate. Mas antes mesmo de alcançar a casa da mulher, um carro de luxo preto, parou-se a seu lado. O vidro escuro baixou, e um homem de meia idade a encarou.
- Senhorita Ana Carolina Quebert? - Ana engoliu seco. Seria outro cobrador?
- S-sim… - Respondeu temerosa.
- Entre no carro por favor\, tenho uma proposta para lhe fazer. - Ana pensou\, se devia correr\, ou gritar\, mas então uma voz no banco de traz do carro soou\, falando com o senhor de meia idade.
- Diga a ela\, que é uma proposta que pode resolver todos os problemas dela.
- Todos? - Ela perguntou ao senhor\, tendo ouvido o que o homem\, que ela não via disse.
- Entre\, se não quiser\, não lhe obrigaremos. - O homem lhe responde. E ela resolve tentar. O que seria pior que morrer\, ou se prostituir?
Ela abre a porta de trás do carro e engole seco vendo o homem grande e forte, sentado. Ele possuía os cabelos escuros, o maxilar quadrado marcado, e um leve furinho no queixo.
- Obrigada\, senhorita Ana. - O homem fala e sua voz grave levemente rouca\, faz Ana arrepiar-se inteira.
- Qual a proposta? - Diz ao homem\, que tinha o rosto coberto por uma máscara preta\, que lembrava-lhe inadequadamente do Batman. Fazendo-a sentir um misto de confusão\, tendo medo e achando graça.
- Preciso de uma pessoa para me dar um filho.
- Tô fora! - Ana\, diz interrompendo o homem\, e pela pouca luminosidade de dentro do carro\, foi capaz de ver o homem\, travar os maxilares e seus olhos\, deveras claros\, escureceram.
- Preciso de uma barriga de aluguel\, estou disposto a pagar até 1 milhão de reais. - Ana abriu a boca e viu um leve sorriso passar pelos lábios do homem.
- UM MILHÃO? - Ela quase grita.
- Mas teremos um acordo\, muito bem escrito em um contrato. Você fará uma fertilização in vitro\, recebendo os meus espermatozoides\, emprestando assim o seu útero e usando os seus óvulos\, não terá acesso a criança depois de ela nascer\, nem mesmo poderá contar a alguém sobre ela. - Ana fica congelada.
Demora alguns minutos digerindo o que o homem disse. Com um milhão de reais era capaz de terminar de pagar a faculdade, pagar a dívida de seu pai, e até se mudar daquele bairro perigoso. Sua cabeça girava enquanto ponderava os pós e os contras. Seria uma enorme mudança! Seu corpo mudaria, seu psicológico, tudo! Era uma decisão muito perigosa. Estava com seus recentes 19 anos, deveria tomar uma decisão dessas? Enquanto pensava, algo lhe chamou a atenção logo à frente.
Um carro parou em frente a sua casa, e atirou seu pai, quase desmaiado, cheio de hematomas, no chão. Seu coração parou.
- Pai! - Gritou tentando sair do carro\, mas as portas estavam travadas. - Abre\, é meu pai\, ali. - Ela aponta\, em direção do senhor caído no chão\, e o homem ao seu lado diz.
- Aceite! E o levo para o hospital agora mesmo. - Ana Carolina o encara desesperada. - Toda a gestação será acompanhada pelos melhores médicos\, e o dinheiro cai na sua conta no minuto em que disser sim! - Ana não tinha muitas opções\, seria feito uma fertilização nela\, não precisaria transar com ele\, nem com ninguém e ganharia muito mais\, do que se decidisse se prostituir a vida inteira.
- Está bem! Eu aceito. - Ela diz ofegante\, controlando as batidas do próprio coração. O mascarado assente e comanda o motorista para ir até a casa mais a frente.
Ana Carolina é ajudada pelo motorista a colocar seu pai no banco de trás, onde senta-se a seu lado, enquanto o mascarado senta-se na frente. O caminho até o hospital não demora muito. Ana fica de queixo caído ao ver que foram levados para o maior e mais famoso hospital da cidade, mas nada diz, afinal o homem disse que pagaria tudo, e pelo que ela faria para ele, teria de pagar mesmo!
Jean depositou o dinheiro para ela, e combinou de se encontrarem na semana seguinte, quando ela começaria a fazer todos os exames solicitados. Depois daquele dia, ele pediu para uma advogada ficar responsável dos trâmites do contrato. Assim não haveria enganos.
Exatos 7 dias depois, ela liga para o seu número pessoal, o qual havia deixado com ela.
- Estou pronta. - Disse seca.
- Vou buscá-la. - Mas ele resolveu mandar apenas Carlos\, seu motorista\, ir buscá-la. Precisava conversar com Julieta.
Naquele dia Jean ficou segurando a mão de sua esposa. Pedia-lhe força e perdão. Ele contava que conseguiriam realizar aquele sonho. Teriam um bebê. Ele chorou, ali com ela, mesmo depois de anos sem derramar uma única lágrima.
Ana Carolina disse a seu pai que tinha conseguido um trabalho em outra cidade, não queria que ele soubesse o que ela iria fazer. Pagou os devedores, e implorou a seu pai que não se metesse mais com aquele tipo de gente. Ele jurou que nunca mais iria, e questionou-a de onde tirou o dinheiro, mas ela apenas disse que foi um empréstimo de um amigo. O mascarado prometeu um apartamento, e uma enfermeira 24 horas por dia. Queria saber de cada mínima coisa que acontecesse com ela.
O dia chegou tão rápido que Ana não havia ainda assimilado a ideia de engravidar. Deitou-se naquela maca, e nunca sentiu-se mais sozinha na vida. Sentia as lágrimas enquanto a médica fazia o procedimento.
Tudo foi muito rápido, e quando se deu conta já estava no seu novo lar. Pelo menos pelos próximos 9 meses.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Emily Oliveira
Não acho que ela vai abrir mão da criança não
2024-03-09
3
Emily Oliveira
O que você vai fazer resumindo tudo.... e culpa do vício dele em jogos.
2024-03-09
0
Emily Oliveira
Nossa,,,, fiquei até sem reação.
2024-03-09
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