Ana Carolina chegara na escola, e fora direto para a sua sala de aula. No intervalo das crianças, ela resolveu passear pelo pátio, dar uma observada em sua mais nova aluna. Viu Sophia de longe, sentada em um banco e algumas crianças estavam próximas a ela, todas riam e conversavam mas ela não. Ela estava séria os olhava com olhos chateados. Estranhou a atitude e se aproximou aos poucos até ouvir a conversa deles.
- Minha mãe\, prometeu me trazer na festa junina.
- Meu irmão\, vai vir também. - Um aluno a viu se aproximando.
- Oiii prof Carol…
- Oi\, meu amor. - Ela acolheu o menino que lhe dava um abraço.
- Tudo bem Sophi? - Ela perguntou a menina cabisbaixa.
- Tudo prof. - Ela responde com um sorriso fraco. Ana então se acoca ao lado da menina.
- Parece tão triste\, aconteceu algo?
- Ah\, eu queria vir com meus amigos na festa junina\, mas não tem ninguém para me trazer.
- E sua mãe?
- Ela não pode\, nem o meu pai. - Sophia encerra o assunto\, e Ana não insiste\, afinal elas ainda mal se conheciam.
Ana passou os próximos dois dias pensando na menina. Mas na manhã seguinte, ela conheceria um pouco mais dela, e veria como poderia ajudá-la. Preparou sua sala, com flores frescas, várias atividades de leitura e contagem, para fazer uma triagem do que Sophia já sabia. Alguns jogos, balas e chocolates. Uma criança motivada era uma criança mais feliz.
Jean bufava, em direção ao quarto de Sophia. Justo hoje as duas babás resolveram faltar. Julieta o ligara em meio a uma reunião, dizendo que não conseguia fazer Sophia levantar, e que ele fosse levá-la a aula de reforço. Abriu a porta do quarto da menina com força.
- Sophia! - Gritou\, fazendo a menina dar um pulo da cama. - Vamos\, se arrume que tem aula de reforço\, hoje.
- Ah paizinho eu não quero levantar. Tá frio… - Ela se cobre até a cabeça e Jean trava os maxilares.
- Sophia\, eu não vou falar de novo\, e você não vai querer que eu vá aí… - Sua voz soa ameaçadora\, e a menina assusta-se.
- Tá bom\, pai. - Ela levanta-se emburrada\, batendo os pés. Jean coloca uma roupa em cima da cama\, mas ela passa reto.
- Sua roupa está aqui.
- Mas eu não quero essa!
- Vamos Sophia\, estamos atrasados!
- Mas pai\, que aula de reforço é essa? - Sophia cruza os braços petulante.
- Com a professora Carol. A diretora disse que você não está aprendendo as coisas\, como os outros. - Sophia fecha a cara.
- A professora é uma chata! Ela só fica fazendo a gente repetir as coisas.
- Ela pede para repetir porque ainda não aprenderam! - Jean defende a professora. - De qualquer forma\, essa prof Carol\, não é a sua professora\, certo?
- Não\, ela é da turma do lado.
- Ela vai te ajudar a aprender mais rápido. - Sophia bufa.
- Tá bom.
Jean anda rápido pelos carros da cidade, já eram 9:30 e ainda não estavam na casa da professora. Pegou o celular e enviou uma mensagem, dizendo que logo chegariam. Logo ela respondeu que não tinha problema. Cerca de mais 10 minutos ele estacionava em frente a uma casa simples mas muito bem cuidada.
Uma mulher sai de dentro da casa, e seu coração falha uma batida. Seu corpo escultural chama a sua atenção, o sorriso enorme no rosto, o faz fraquejar. Os olhos amendoados, a boca carnuda, os cabelos castanhos com mechas loiras, que iam até abaixo dos ombros, iluminavam ainda mais o seu semblante.
- Bom dia\, Sophi. Bom dia\, senhor Clarence. - Ana ergue os olhos de Sophia para o homem\, e seu sorriso falha. Ele era lindo. Tinha os cabelos negros\, os olhos verdes\, com espessos cílios escuros. Um rosto másculo\, com uma barba rala\, e um furinho no queixo. Devia ter por volta dos 35 anos\, os ombros largos e fortes\, se delineando mesmo por cima do paletó.
- Bom dia\, prof. - Sophia diz desanimada.
- Nos desculpe o atraso. - Jean estranha a sua própria voz\, que sai meio rouca. - Uma garotinha dormiu mais que a cama hoje.
- Não tem problema\, às vezes é bom\, não é mesmo\, Sophi. - Ela pisca para a menina que sorri.
- Certo\, 11:30 venho buscá-la.
- Ok.
- Depois me passe os valores por mensagem\, e seu pix\, que faço o depósito.
- Claro. Obrigada pela confiança.
Jean sai dali com o coração aos pulos. Tentara se manter firme, mas só faltou babar em frente a mulher. Que professora era aquela? Enquanto dirigia, relembrava-a, e ela não lhe parecia estranha. De onde será que a conhecia?
Ana iniciou, com um jogo, para relaxar o clima tenso que percebeu entre pai e filha. Ofereceu um achocolatado a menina que aceitou. Por fim, perguntou a ela o que ela achava mais difícil na escola.
- Ah\, eu acho tudo muito chato. Ter que ficar sentado olhando para aquele quadro verde sem graça.
- Você sabe\, que quando eu era criança eu detestava estudar? E eu também achava tudo muito chato. - Ana revira os olhos enquanto fala e faz Sophia rir. - Mas um dia eu conheci uma professora\, que me inspirou.
- É mesmo? - Sophia se interessou pela história
- Simmm. E foi ela que me fez querer ser professora também.
- Que legal. - Sophia diz um pouco mais animada. - Eu até queria gostar de estudar\, meu pai ficaria mais feliz e minha mãe não brigaria com ele\, por eu ser burra.
- Mas você não é burra! - Ana a interrompe. - Eles disseram isso?
- Não\, mas eu sei que pensam. - Ela fala como se fosse uma miniatura de adulto e Ana se surpreende\, afinal a professora dela relatou um comportamento de criança mimada e birrenta.
- Bem\, me diga. Você sabe ler?
- Não\, e pra falar a verdade\, nem tenho interesse. - Ana ergue as sobrancelhas.
- Ok. - Sophia a encara\, pois ela esperava um sermão da importância da leitura e tudo mais. Mas Ana entendia de criança\, e ela começaria mudando esse desânimo dela. - Vou ler uma história para nós\, o que acha?
- Qual história? - Sophi se anima. Amava ouvir histórias.
- O livro do Bosque encantado. Já conhece?
- Nunca ouvi falar. - Ana vê os olhinhos amendoados da menina brilharem. Ela pega um enorme livro de fantasia de sua estante e o abre. Chama Sophia para deitar no sofá\, e começa a leitura.
- Era uma vez… - Depois de ler alguns capítulos\, finge estar com sono. - Aiii\, eu cansei de ler… amanhã eu continuo.
- Não prof\, continua\, está na melhor parte! - Ana olha para ela.
- Ah\, lê um pouco para mim!
- Mas eu não sei ler… - Sophi faz cara triste.
- Então semana que vem lemos mais. - Ana olha a hora - Seu pai deve estar chegando. - Assim que diz\, ouvem a buzina do carro.
Sophia se levanta e passa como um furacão pelo portão. - Pai, hoje lemos uma história fantástica, não vou aguentar até sexta-feira que vem! - Jean sorri para animação da garotinha. Acena para a mulher bela e sorridente, e segue para sua casa.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Maria Socorro Netos
ETA,ele vai lembrar dela 😅
2024-10-12
1
José Nicolas Bonfim Ferreira
assim não vai conseguir nada
2024-03-09
1
José Nicolas Bonfim Ferreira
não desconta sua raiva nela
2024-03-09
0