Cheiro de café

Olá meus queridos leitores. De cara, venho me desculpar pela demora, vinha terminando alguns outros trabalhos, e me atrasei. Mas a partir de hoje, todos os dias sai capítulo novo. Obrigada pelas leituras e interações, vocês são demais.

Ana observa o homem beber outro copo de uma só vez, então deixa o seu de lado. Pois pelo jeito ele teria de sair carregado dali.

- Não vai beber? - Jean questiona\, a encarando. Reparava como ela era bonita\, os cabelos longos com mechas recaíam sobre os ombros\, os olhos amendoados\, davam a ela um ar de inocência\, e a boca bem delineada fazia-o quase salivar.

- Não. - Ela responde tirando-o do devaneio. - Eu não costumo beber.

- Vou beber então. - Ele toma a bebida toda e Ana conversa com ele.

- Quem sabe o senhor\, quer dizer\, você\, deveria descansar hoje\, colocar a cabeça no lugar… - Ela baixa o braço dele\, que estava se erguendo para chamar o garçom para pedir outra bebida.

- Como ficarei sem minha pequena Sophia? - Jean se deixa levar pelas lembranças. - Eu me casei com Julieta com 18 anos. Éramos tão felizes. - Ele sorri\, lembrando-se das vezes em que eles fugiam da escola para namorar. - Eu a esperei por mais de 15 anos. - Jean baixa a cabeça\, e seu peito parece arder no peito. Ana não sabia o que dizer\, sentia-se compelida a confortá-lo\, mas nem sabia nada sobre ele\, ou sobre o casamento dele.

- Porque teve de esperá-la 15 anos? - Jean retorce a boca.

- Ela ficou em coma\, por conta de um acidente. - Ana leva a mão à boca.

- Sinto muito.

- Eu também senti\, e fiz tudo que podia\, inclusive ter Sophia. - Ana apenas assente\, sem entender\, e de repente pensa que a menina é adotada\, mas não questiona.

- Venha\, vou te levar para a casa.

- Eu não tenho mais casa. - Jean diz com a voz amarga. Ana coloca a mão no ombro dele.

- Logo as coisas se ajeitam. Não há nada nesse mundo que não tenha solução. - Jean a encara. - Só a morte. - Ele dá um meio sorriso.

- Você está certa. - Ele levanta o braço e pede mais dois drinks.

- Jean! - Ana o repreende e ele sorri para ela\, e que sorriso estonteante era aquele? Sentiu sua barriga arrepiar. Ele se aproxima dela sorrindo\, e ela pode sentir o hálito dele com o cheiro da bebida.

- Vamos brindar a vida\, prof Carol. - Ana ri e balança a cabeça. Aquele drink ela bebe\, e brinda com ele.

- A vida! - Ele diz.

- A vida! - Ela repete.

Ana não bebeu mais depois daquele drink, apenas tentava convencer Jean a ir embora. Ele disse que ficaria em um hotel, mas ele ainda não havia checado as vagas em nenhum.

- Jean! - Ana resolve se impor\, não iria passar a noite ali\, com o homem se embebedando. Ainda mais que ele mesclava\, entre relembrar histórias do passado com a esposa\, chorar e brindar a vida. - Chega! Vamos! Eu te levo para um hotel.

- Posso passar na sua casa segunda-feira? - Ele a olha com os olhos vermelhos. - Para ver Sophia.

- Claro que pode! - Ana responde compadecida. - Agora vamos\, o senhor já bebeu demais. - Jean balança a cabeça rindo.

- Nunca vai deixar de me chamar de senhor? - Ana ri.

- Força do hábito\, Jean. - Ele sai cambaleando\, e ela o apoia nela. - Viu só\, se estivesse sozinho era capaz de lhe roubarem. - Jean sente uma tontura forte. Não era de seu feitio beber\, e quando o fazia pegava logo.

Ana pagou a conta, visto que o homem não conseguia nem pegar a carteira no bolso. Precisou pedir ajuda de um guarda para ampará-lo, pois ela era pequena perto dele. Era óbvio que ele não conseguiria dirigir, então levou-o até seu carro e o sentaram no banco da frente do passageiro. Ana agradece o segurança, e segue para a direção. Olha o homem, e chama-o. - Jean… Jean… - Sacode-o pelo ombro, mas parece que ele dormiu.

Jean sentiu uma tontura forte quando se levantou e quase caiu, sentiu o corpo da professora se colar ao seu, ao passo que o ampara. De repente, ele mal via o que se passava, as coisas pareciam girar e sumirem de suas vistas. Conseguiu perceber que ela pagou a conta, e praguejou a si mesmo por beber tanto. Depois disso, ele não saberia mais dizer o que aconteceu.

Ana o sacudiu e chamou até que desistiu. Dirigiu até sua casa, e colocou o carro na garagem. - Certo. - Olhou o grande homem em seu carro, praticamente desmaiado e suspirou. Com toda a força que tinha conseguiu tirá-lo do carro. Ele tinha momentos de lucidez.

- Você é linda\, Carol. - Ele sorri. - Me lembra alguém.

- Obrigada. - Ana fazia força para levá-lo até o quarto.

- Sua boca…

- Jean\, dá pra calar a boca! - Ana se irrita com o homem.

- Você me lembra Sophia. - Ana ri e balança a cabeça. Então consegue o deitar na cama\, e ele apaga.

Ana toma um banho morno, prepara um chá para si e outro para Jean. Coloca a xícara no bidê ao lado da cama e uma cartela de analgésicos, pois pelo estado dele, acordaria com uma dor de cabeça daquelas. Pega uma manta, um travesseiro, e segue para o sofá. Deita e pensa sobre como a vida era engraçada.

Em um dia estava sozinha e entediada, no outro o pai de uma aluna dormia em sua cama. Ri e vira-se de lado, fechando os olhos e logo em seguida caindo no sono.

Na manhã seguinte, Jean acorda com a cabeça latejando. Demora alguns minutos para se lembrar do que aconteceu, e quando se lembra se senta na cama. - Droga! - Olha para os lados, ele não se lembra de ter ido para um hotel, e aquele quarto não parecia de um hotel. Se olha e está com a mesma roupa de ontem. Levanta e abre a porta do quarto, sentindo um cheiro forte de café recém passado. Fecha os olhos sentindo o aroma, e segue para onde julga ser a cozinha, e de onde vem o cheiro.

Ana acordou cedo, como de costume, preparou um café e comia uma fatia de pão integral, quando viu o homem despenteado e estonteantemente lindo sair do quarto. Sorriu.

- Bom dia\, Jean. - Jean a olha e os flashes da noite vem em sua mente. Eles brindando\, ela o amparando\, ele tendo vontade de beijá-la.

- Bom dia. - Diz sério. Passa as mãos no rosto. - Me desculpa por ontem.

- Não sei do que está falando. - Ela sorri e estende a mão para a cadeira a sua frente. - Sente-se\, tem café novinho e pão. - Jean anda devagar até a mesa\, mas antes pergunta.

- Posso usar o banheiro?

- Claro\, porta do fundo do corredor. - Jean vai ao banheiro e lava o rosto. Em seguida enxágua a boca e faz xixi\, pois estava muito apertado. Por fim\, sai do banheiro\, sentindo-se um pouco mais digno de sentar a mesa. Senta-se a frente dela e serve-se de café.

- Hummm… perfeito! - Ana sorri.

- Meu pai quem me ensinou.

- Mande lembranças a ele. - Ana apenas assente. - Mais uma vez\, me perdoe pelo vexame. - Ana balança a cabeça e enruga a testa.

- Esqueça isso\, você precisava daquele momento. Não posso imaginar como deve estar sendo difícil. - Ana não podia mesmo\, mas ela era empática por natureza.

- Obrigado. - Jean observa os traços delicados da mulher\, e não consegue entender\, porque ela lhe parece tão familiar. Por fim\, desiste de tentar lembrar. - Eu já vou indo\, preciso achar um lugar para ficar.

- Certo. O que precisar\, tem meu telefone. - Ela se levanta com ele. - E segunda\, pode passar aqui para ver a Sophi. - Jean faz uma careta\, sentindo o seu peito novamente apertar. Apesar de evitar estar em casa\, saber que não pode ver sua menina o estava corroendo.

- Ok. - Sai da casa de Ana sentindo-se sozinho e deprimido. Mas ele daria a volta por cima. E recuperaria a sua filha.

Sophia passou a noite de sexta chorando. A mãe se trancou no quarto e a deixou sozinha na sala. Uma das empregadas que deu janta para ela, e a levou para o banho.

- Eu quero o meu pai\, Dona Lidi. - Ela pede à mulher que a olha com piedade.

- Logo eles se resolvem pequena\, é coisa de casal. - Sophia deitou-se sozinha naquela noite\, e abraçou seu coelhinho de pelúcia. Fechou os olhos e tentou dormir\, mesmo que a dor em seu peito fosse grande e inimaginável.

O sábado passou de arrasto, ela ficou o dia todo batendo na porta do quarto da mãe, mas ela apenas mandava que a deixasse descansar. Por fim desistiu e ficou no sofá da sala, olhando os desenhos que passavam, mas em sua cabecinha, só voltava a cena de seu pai a abraçando e dizendo que logo se veriam. Mas sua mãe dissera que ele não poderia mais vê-la. Por que eles estavam fazendo aquilo com ela? Sophia encolheu-se no sofá. - Eu prometo me comportar melhor, papai do céu. - Ela fecha os olhos. - Traz meu paizinho de volta…

Mais populares

Comments

Maria Socorro Netos

Maria Socorro Netos

E Julieta, tu é uma mulher mau o homem ficou uma vida inteira esperando tu acordar e tu acordar uma cobra 🐍

2024-10-13

1

Suna

Suna

quando a Julieta vai embora da fic? 😍💕

2024-08-09

2

Corine Gueniévre

Corine Gueniévre

totalmente perdida, coitada

2024-02-24

2

Ver todos
Capítulos
1 O acidente
2 A proposta
3 Grávida
4 Sophia
5 Reencontro
6 A secretária
7 Acabou!
8 Mojito de cerveja
9 Cheiro de café
10 Mancha de estrela
11 Filhos
12 Descobertas
13 O coração chama
14 A verdade
15 Dane-se a sanidade!
16 Marca
17 Contato
18 Acidente
19 Ana acorda
20 Os caminhos da vida
21 A raiva muda as pessoas
22 Apaixonados há mais de sete anos
23 De volta pra casa
24 Coração apertado
25 Matador profissional
26 Finalmente paz
27 Diego Pavinskost
28 Lorena Gravetti
29 Acordo
30 No avião
31 Confiança
32 Jantar
33 Bebedeira
34 Um trabalho
35 Supermercado
36 Cordão do amor
37 Padaria
38 Sequestro
39 Renan
40 Investigações
41 Uma nova junção
42 Quarto bagunçado
43 Quase
44 Poema
45 Clareando
46 Tentar
47 Avião
48 No meio do nada
49 O amo
50 Água
51 Encontrados
52 Acordando
53 Culpa
54 Yan e Isabelle
55 Enorme
56 Indo para a Rússia
57 Cardan
58 Café da manhã
59 Agradecimento
60 No Brasil
61 Só ladeira a baixo
62 Ligação para a polícia
63 Perdão
64 Contato entre irmãs
65 Batom vermelho
66 No escritório
67 Banheiro vazio
68 Bolívia
69 Gatilhos e terror
70 Smirnov-Pavinskost
71 Seguranças
72 Dói
73 Reconectando
74 Nada mais faltava
75 Passando mal
76 Jordana Village
77 Uma nova relação
Capítulos

Atualizado até capítulo 77

1
O acidente
2
A proposta
3
Grávida
4
Sophia
5
Reencontro
6
A secretária
7
Acabou!
8
Mojito de cerveja
9
Cheiro de café
10
Mancha de estrela
11
Filhos
12
Descobertas
13
O coração chama
14
A verdade
15
Dane-se a sanidade!
16
Marca
17
Contato
18
Acidente
19
Ana acorda
20
Os caminhos da vida
21
A raiva muda as pessoas
22
Apaixonados há mais de sete anos
23
De volta pra casa
24
Coração apertado
25
Matador profissional
26
Finalmente paz
27
Diego Pavinskost
28
Lorena Gravetti
29
Acordo
30
No avião
31
Confiança
32
Jantar
33
Bebedeira
34
Um trabalho
35
Supermercado
36
Cordão do amor
37
Padaria
38
Sequestro
39
Renan
40
Investigações
41
Uma nova junção
42
Quarto bagunçado
43
Quase
44
Poema
45
Clareando
46
Tentar
47
Avião
48
No meio do nada
49
O amo
50
Água
51
Encontrados
52
Acordando
53
Culpa
54
Yan e Isabelle
55
Enorme
56
Indo para a Rússia
57
Cardan
58
Café da manhã
59
Agradecimento
60
No Brasil
61
Só ladeira a baixo
62
Ligação para a polícia
63
Perdão
64
Contato entre irmãs
65
Batom vermelho
66
No escritório
67
Banheiro vazio
68
Bolívia
69
Gatilhos e terror
70
Smirnov-Pavinskost
71
Seguranças
72
Dói
73
Reconectando
74
Nada mais faltava
75
Passando mal
76
Jordana Village
77
Uma nova relação

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!