Capítulo 19 Conversa Íntima

Jonathan

Eu não quero mais nada nessa vida!

Dançando e sentindo o corpo da Ângela, junto ao meu, parece que tudo que eu tenho, dinheiro, riquezas, casas, carros... se tornaram tão banal. Trocaria tudo isso, sem a menor dúvida, para garantir que a Ângela, ficaria comigo para sempre.

Ficamos vários minutos, apreciando o calor de nossos corpos juntos, o aconchegos de nossos braços envolvidos. Embora minha vontade seja, estar assim pelo resto da noite, nos sentamos de novo.

Olho nos olhos dela e falo:

- Me conta um pouco, de como era a Rebeca?

Ela sorri pensativa, dá um gole na sua bebida e diz:

- Bom, a Rebeca era mais sorridente e tinha muitos amigos na escola. Minha paixão pelos livros veio pela ausência da minha mãe, que trabalhava muito, então desde essa época, eu já tinha os livros por companhia. Era diferente, por mais que minha mãe não estivesse sempre comigo, eu não me sentia sozinha, de alguma forma minha mãe sabia preencher a ausência dela. Eu era feliz, gostava da minha vida...

- Não gosta da sua vida hoje? Pergunto intrigado.

- Pra ser sincera, desde que conheci você, eu sinto que a Rebeca está emergindo dentro de mim. Finalmente, depois de anos vivendo reclusa, solitária e com medo de todos, eu senti a vida, bela e intensa, que está dentro de cada um de nós.

- Não sabe como fico feliz, de saber, que eu estou despertando o seu verdadeiro eu. Falo sorrindo.

- Também estou feliz. Quando tive que sair as pressas do Rio, sem nem mesmo poder me despedir decentemente da minha mãe, eu afoguei a Rebeca junto da identidade que não usaria mais. Foi muito doloroso, eu tinha apenas dezessete anos, tive que me virar sozinha, não tinha como me apoiar em ninguém... eu só não tirei minha vida, porque as últimas palavras da minha mãe ecoavam na minha mente,"seja forte, não desista de seus sonhos". Minha mãe engravidou com dezessete anos, e foi abandonada pelo meu pai, ela conseguiu vencer os obstáculos, me criou sozinha, ela sendo órfã. Seria muita covardia da minha parte, desistir de tudo tão fácil assim, não podia decepciona-la. As primeiras noites eu dormia nas praças e rodoviária, fiquei andando por São Paulo, sem rumo, sem tomar banho, com apenas uma refeição por dia. Até que um dia me deparei com o lugar que moro hoje e aluguei um apartamento... bom, não preciso encher você com minhas dificuldades da vida...

Não tem como não se compadecer dela, meu coração chega estar doendo.

- Não está me enchendo, Angel. Estou tendo uma lição de vida, ao contrário de você, eu sempre tive tudo com muita facilidade...

- Mas ainda assim, se tornou um CEO de sucesso, se dá muito bem nos seus negócios.

- Mas não foi sempre assim... meu pai tinha que ser muito rígido comigo. Depois que eu tive a Isabella, eu me toquei que tinha que ser mais responsável, e me dediquei ao meu trabalho. Acabei descobrindo que gostava do que fazia e me dei bem no ramo.

- Já que estamos abrindo o coração, se importa de falar como a Isabella apareceu na sua vida? Se não se sentir a vontade, eu vou entender...

- Não... tudo bem. A mãe da Isabella é uma garota de programa. Eu sempre pagava ela para diversões. Um dia ela se ofereceu para transar sem preservativo, claro que tive que pagar mais. Disse que era seguro e tomava pílulas anticoncepcionais. E eu feito um bêbado idiota, aceitei. Quatro meses mais tarde, ela apareceu querendo dinheiro para abortar o bebê, que ela insistia que era meu. Fiz um teste de paternidade e bingo! Eu era o pai! Ela insistia em abortar, mas um sentimento tomou conta de mim, e instantaneamente eu amei o bebê. Ofereci o dobro do que ela me pediu, para manter a gravidez e a levei para casa, para garantir que não faria nada que prejudicasse meu filho. Ela me deu um trabalhão, queria beber, usar drogas, fazer programas... mas consegui segura-la, até ganhar a Isabella.

- Não tem medo dela vir atrás da Isabella um dia?

- Ela assinou muitos contratos se abdicando do direito de mãe. Ela chegou a dizer que a coisa mais fácil da vida dela, era se livrar da criança... não acho que virá atrás da Isabella.

- Que coisa horrível... O que diz para Isabella, sobre a mãe?

- Que morreu no parto, ela não toca no assunto.

- Você é um pai maravilhoso, Jonathan! A sua atitude com a Isabella, desde antes dela nascer é linda.

Dou um sorriso para ela e me inclinando na mesa, acaricio o rosto sublime dela.

- Você é uma mulher incrível, Angel! Deveria se manter de cabeça erguida. Quantas pessoas conseguiriam passar pelo que passou, e dar a volta por cima? E você conseguiu! É mais forte do que imagina. Falo com sinceridade.

Esse sorriso, faz a minha vida ser a melhor de todas, como estou apaixonado.

- Vêm dormir na minha casa hoje? Falo implorando com os olhos.

Ela sorri e diz:

- Ainda não, Jonathan.

- Porque? Pergunto decepcionado.

- Conversa com a Isabella primeiro, depois pensamos sobre eu dormir na sua casa.

Por pior que seja, ela está certa, tenho que conversar com a Isabella primeiro, eu prometi para minha filha.

No caminho do seu apartamento, trocamos carícias no carro. Ela se aconchegou no meu peito, e eu com o braço em volta do seu ombro acaricio os cabelos dela. Ela acaricia meu abdômem, fazendo meu corpo esquentar, não sou de ferro.

O momento é agradável e nos sentimos mais unidos, depois da conversa íntima que tivemos. Até parece que faz anos que nos conhecemos. A aperto mais, contra meu peito e dou um beijo no topo de sua cabeça.

Nada mais, passa por minha cabeça, apenas aprecio a presença dela e o seu calor.

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