Ângela não me sai da cabeça. Não sei se é algo nos olhos, ou em sua atitude meiga e carinhosa com a Isabella, que mexeram comigo. Quero vê-la de novo, e a apresentação dos dias das mães, vai ser a oportunidade perfeita para vê-la melhor.
Levo a Nancy comigo, ela cuida da minha filha como se fosse dela, ou como se fosse sua neta, a julgar pela idade e por ter cuidado de mim.
Como a apresentação é do dia das mães, não vejo muitos homens por aqui, mas de mulheres está cheio, muitas se juntaram ao meu lado e ficam puxando conversa.
Meu interesse está somente em uma mulher em especial, a Ângela, que graciosamente ajuda as crianças se arrumarem no palco.
Na minha cabeça, fico imaginando mil formas de me aproximar dela, preciso conhecê-la, tem uma coisa lá no fundo do meu coração, que não me deixa quieto e em paz.
— É a babá da sua filha? — Uma das mulheres perguntou, mas estou concentrado demais para responder.
— Pode se dizer que sim. — Nancy responde e me encara desconfiada.
A apresentação foi linda! As crianças cantaram uma música vestidas de chefe de cozinha, colocavam coisas num Caldeirão, os sentimentos e cuidados de uma mãe (assim era a música).
Quando a apresentação termina, levanto atrás da minha filha e, claro, da Ângela também.
Um bando de mulheres me rodeiam, impedindo minha passagem. Onde eu fui me meter?
As crianças brincam no pátio.
E eu sei que Ângela me observa sendo sufocado pelas mães das crianças, elas perdem a compostura. Meus olhos se encontram aos seus, suplicando para que ela me salve.
Ela se aproxima com um sorriso debochado.
— Com licença, senhoras, tenho que conversar com o senhor Ferraz. A respeito da sua filha.
As mulheres a olham com desdém, como se o nível delas fossem superior, mas se acalmam e afastam aos poucos. Ela nos direciona para um lugar mais vazio.
— Obrigado! Me tirou de um sufoco! Estou te devendo essa. Ou realmente quer falar sobre a Isabella?
— Não, só te aliviei essa. Isabella ficou feliz por ter vindo. É um gesto admirável da sua parte. — Ela sorri.
— O que não fazemos por amor! —Olho para as mulheres ao meu redor, que me olham sem parar. — Ela dá risada.
— O senhor atrai muitos olhares curiosos. Além da beleza notável, acho que toda mãe se atrai por um pai que se preocupa com a filha.
— Acha minha beleza notável? Tem filhos? — pergunto curioso.
— Sim e não.
Por alguns segundos fica um silêncio constrangedor. Ela fixa os olhos nas crianças brincando, e eu não tiro os olhos dela. Logo a Isabella aparece, nos interrompendo do silêncio.
— Estou feliz que tenha vindo, papai. — Ela abraça minhas pernas.
— Estou feliz por vir. Você se saiu muito bem! Estava linda!
Tenho que a pegar no colo e dar um beijo na sua testa.
— Onde está a Nacy?
— Por aí... eu acho... vou procurar ela. — Isabella desce do meu colo e sai correndo.
Encaro-a profundamente, quero conversar com ela, mas Ângela abaixa os olhos timidamente.
— A Isabella quer que você ensine ela desenhar. Você dá aulas particulares? Gostaria de contratar você para ensinar minha filha a desenhar. — Fui direto, sempre a melhor opção.
Ela parece chocada. — Eu!? Não sou professora de desenho...
— Mas desenha muito bem, e não é professora?
— Sim... mas nunca ensinei ninguém a desenhar...
— Gosto da sua sinceridade, Ângela, ainda sim quero contratá-la. Minha filha gosta muito de você e dos seus desenhos. Não estaria interessada?
Ela desvia os olhos e fica pensativa.
— Se é o que a Isabella quer, posso fazer isso. Só não tenho lugar para dar aulas. Meu apartamento é minúsculo.
— Pode ensiná-la na minha casa. Vou te dar meu cartão e combinamos um dia da semana para ir em casa ensinar a Isabella.
Coloca a mão no bolso traseiro da calça e pego logo um cartão, não vou perder a oportunidade, um passo foi dado.
— Escolhe uma tarde da semana que for melhor pra você ou pra Isabella. Me avisa e diz seu preço.
— Vou dar uma pesquisada, aí eu te ligo avisando. — Ela pega o cartão da minha mão.
Pego o cartão de volta e coloco meu número privado.
— Me liga ou envia mensagem nesse número. É pessoal, e eu mesmo atendo.
— Tá bom.
Fiquei admirado de como reagi com a situação, e do quanto estava empolgado com a história de aulas particulares na minha casa. Seria loucura? Ela é uma desconhecida, tecnicamente...
Isabella chega com Nancy.
— É minha professora, a Ângela.
— Prazer Ângela, a Belinha fala muito de você e os seus desenhos. Sou a Nancy.
— Prazer Nancy, Isabella é muito gentil.
— Acho que a sua professora vai aceitar dar aulas particulares de desenho pra você, princesa! — Já falo com a Belinha para evitar da Ângela desistir.
— Sério "profe"? — Os olhos azuis da menina brilham.
— Acho que sim. — Ela sorri hesitante.
— Vai ser na minha casa?
— Sim!
— Legal! Vou ser uma desenhista profissional!
— Com certeza vai, querida! Tenho que ir para o meu posto, a gente se vê por aí. — Ela sorri e volta para as crianças.
As mulheres não parecem ver nossa conversa com bons olhos. Mas no meu coração, tudo o que desejo é conhecer mais dessa mulher.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Josete Lima
bela história, Amando ler 😍
2025-02-13
1
Marisa Correa
ammmanndooo
2024-10-13
2
Cida Pereira
coisa feia melhores casadas dando em cima de homens.
2024-09-14
2