Capítulo 14 Ângela/Jonathan

Assim que o carro do Jonathan sai, eu me viro para a portaria e duas mulheres fumando me olham cheias de malícia.

— Quem diria que a garotinha santinha ia descolar um gringo? Conseguiu ganhar quanto hoje? — Elas riem feito umas bruxas. Reviro os olhos, e vou andando para dentro do condomínio. — Quando ele enjoar de você, passa meu contato pra ele!

A síndica do condomínio me olha com desdém. — Não aceito programas nesse prédio, somos pessoas honestas. Da próxima vez, manda ele te levar num motel!

Olho para mulher incrédula. "Somos pessoas honestas?" Acredito!

— Aff... — resmungo indo para o apartamento.

Logo que entro, ouço o meu celular tocar. É uma chamada de vídeo da Naty.

— Oi, Naty.

— Até que enfim te achei! Como você está?

— Eu tô bem. Só esqueci de carregar o celular e fiquei offline de tarde.

— Menina do céu! Você atraiu a atenção do senhor Ferraz bonitão.

— Você acha? — dou uma de desentendida.

— Tá de brincadeira? O cara moveu o mundo e o céu te procurando. Ele conseguiu falar com você?

— Sim.

— Só vai me dizer isso? O que ele te disse? — Ela está impaciente.

— Ele veio aqui no meu "apertamento".

— O QUÊ!?

— É uma longa história...

— Como assim uma longa história? Nos vimos ontem, aconteceu tanta coisa assim?

— Sim.

— Vem almoçar em casa amanhã, temos que colocar o papo em dia.

Desligo o celular e fico pensando na minha vida. Um dia eu vou ter que falar a verdade, para Naty, para o Jonathan, não sei se sobrevivo mantendo uma mentira. Mas e a vergonha de tê-los enganados até agora? Que Deus me ajude!

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Não tem nada melhor do que a companhia de uma boa amiga, se tornou uma pessoa de extrema importância na minha vida. Ela mora com os pais, o que é estranho para mim, já que o pai dela é o meu chefe na escola. Mas o professor Hélio Soares, é um homem muito atencioso e diplomático.

Sentada na cama com as pernas cruzadas, Naty me olha atentamente, enquanto conto a minha última semana.

— Deixa eu ver se entendi, você conheceu ele através da filha dele, que é sua aluna?

— Sim.

— Pensei que tinham se conhecido na boate.

— Não...

— Como você conseguiu sair da sua zona de conforto, e no mesmo dia que foi numa boate, saiu para beber com o pai da sua aluna num bar e ainda acabou na casa do homem? — Naty está incrédula.

— Na hora não parecia tão errado, igual tá parecendo agora, saindo da sua boca... ele foi tão atencioso e divertido. Me senti bem na companhia dele, e quis me arriscar e ter um momento de alegria. Me senti tão viva, sabe?

— Se apaixonou, Ângela?

— Me apaixonei... é isso! — Finalmente admito em voz alta.

— Estou feliz por você amiga, não imagina como desejei esse dia, que finalmente pudesse se abrir e viver a sua vida sem medo de ser feliz. Só falta ficar com o bonitão de vez. Se ele se declarou, não espere muito para se entregar. Precisa desfrutar das maravilhas do sexo!

— Naty!? Como pode dizer uma coisa tão bonita e pura, e depois me jogar essa negócio de sexo de novo.

— Faz parte, querida. Os homens podem nos oferecer mais do que uns beijos e amassos. — Ela sorri maliciosa.

— Você não presta! — jogo um travesseiro nela.

Jonathan

— Esqueceu do amigo? — Julius fala no telefone.

— Tive um final de semana cheio. — Respondo deitando no sofá, enquanto Isabella brinca com uma caixa de Lego, ouvindo músicas infantis.

— Por acaso, tem a ver com uma certa morena de olhos verdes, com quem saiu da boate na sexta-feira, sem nem mesmo se despedir de mim? Isso porque disse não estar à procura de mulheres.

— Ela é professora da minha filha, apenas fui gentil com ela.

— Sério?! Não parecia ser professora enquanto olhava para ela.

— Quando eu vi ela pela primeira vez, também não acreditei. A gente tem uma visão diferente das professoras. — dei risada.

— Falando sério, você tá saindo com a professora? — Ele parecia incrédulo.

— Eu fui com ela para um bar, aquele bem calmo, bebemos e nos divertimos muito. No final ela estava bem bêbada...

— Você embebedou a professora? Dessa vez você foi longe demais, não?

— Não é o que parece, Julius. Não fizemos isso com maldade, foi uma diversão mesmo, um conhecimento...

— Sei...

— No final, eu a trouxe para minha casa e coloquei ela para dormir no quarto de hóspedes. — Falo um pouco mais baixo, evitando que Isabella me ouça.

— Tá querendo dizer, que não "traçou" a professora?

— Não fala assim Julius, ela é diferente...

— Tá apaixonado, cara?

Suspiro.

— Estou... perdidamente apaixonado. — confesso.

— A gente tá falando de amor à primeira vista?

— Acho que sim, porque só faz uma semana que eu a conheci.

— Caracas! Tá me dizendo que finalmente vai aprofundar os sentimentos e até envolver a Isabella pelo meio?

— A Isabella já está envolvida, ela gosta muito da Ângela.

— Desculpa perguntar, mas e a Nicole?

— Terminei com ela.

— Você pensou em tudo... seus pais já sabem?

— Não. É muito cedo para envolver meus pais nisso.

— Sabe que eles não vão gostar disso...

— Não me importo, a vida é minha.

— Sendo assim, quem sou eu para contrariar?

— Ela vai dar aulas particulares de desenho, para Isabella.

— Tô vendo que ela vai é dar aulas para você. Quem é que muda assim, do dia para noite? Vai virar um pau mandado!

— Cala boca, Julius!

— Vou passar no seu escritório qualquer dia, e conversamos direito sobre esse negócio seu com a professora.

— Ângela, não fala professora, me faz sentir um pervertido...

— Boa sorte em conquistar a professora da sua filha! — Ele dá risada.

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