Capítulo 7 Ângela

Jonathan conseguiu me fazer rir e ficar mais à vontade em poucos minutos. Consegui me livrar da paranóia de que meu pai está me vigiando aqui, pelo menos enquanto estive com ele, por alguma razão me senti protegida.

Termino a bebida que ele escolheu, é deliciosa, principalmente para mim, que me contento só com vinhos baratos do mercado.

— Posso te levar pra um lugar mais calmo, tenho certeza que vai gostar. — Jonathan me convida.

— Eu não sei... vou falar com a Nataly.

— É a Nataly Soares?

— Sim. Somos amigas da faculdade, ela que me ajudou a entrar na escola do pai...

— Se conheço bem o Hélio Soares, você mereceu o cargo. Ele é super minucioso nas suas escolhas.

— Talvez...

— E então, vamos sair mesmo? — Eu o encaro hesitante. — Prometo ser um cavalheiro!

— Vou aceitar, estou gostando da sua companhia. Deixa eu avisar a Naty.

Levanto-me e vou até a Naty. — Eu vou sair com o Jonathan.

— Não me leve a mal amiga, mas quando vi você se divertindo com o bonitão, te deixei sozinha, mas não te abandonei. Aproveite e não faça nada que eu não faria!

— Essa fala é minha! — dei risada.

Ela faz uma careta e me dá um beijo na bochecha.

Entro no carro luxuoso, além do motorista, tem um segurança o acompanhando. Andamos por uns vinte minutos, começo a ficar apreensiva. Como fui aceitar sair com esse ricão? Se ele for um pervertido? Pode me matar e tem dinheiro para sumir comigo rapidamente!

Paramos num bar, bem afastado da cidade. Saímos do carro e ele me ofereceu o braço. Relutante, eu aceito. Apesar do lugar afastado, é muito luxuoso e tem pouquíssimas pessoas. Um som alegre no fundo, nada que irrita os ouvidos, mas que dá uma sensação de paz e tranquilidade.

Sentamos no balcão, Jonathan me olha e pergunta: — O que gosta de beber?

— Me pegou! Eu gosto de tomar vinho em casa, enquanto faço uma leitura. Mas em bar, eu não tenho costume... na faculdade eu fui em alguns, mas só bebidas que cabiam no bolso, sabe...

Jonathan sorri e diz: — Vou te ensinar a beber de verdade.

— Está querendo se aproveitar de mim? Me deixando bêbada?

— Não... só vou te mostrar as bebidas que as mulheres gostam num bar.

— Bebidas? Escolhe apenas um tipo.

— Certo. Uma tequila caprichada, meu amigo! — Jonathan fala ao barman, que coloca duas doses da bebida, sal e fatias de limão.

Olho intrigada e observo ele. — É assim que se faz! — Ele coloca uma pitada de sal nas costas da mão e segurando uma fatia de limão na mesma. Ele lambe o sal, bebe a tequila de uma vez e chupa o limão em seguida. Faz em uma rapidez e naturalidade impressionante!

— Sua vez! — Ele diz fazendo uma careta, provavelmente do ácido do limão.

— O que faço primeiro? — fico perdida olhando tudo na minha frente.

Ele me entrega o limão, pega a minha mão, coloca o sal nas costas dela e diz: — Tem que ser rápida. Lambe o sal, bebe a tequila de uma vez e chupa o limão.

Dou um sorriso, e um pouco ansiosa, faço a sequência de uma vez.

— Isso! O que achou?

Dou risada e digo: — Bem excitante!

Ele sorri e diz: — Mais uma?

— Pode ser! — já estava eufórica.

Há anos que não me sinto assim, livre, feliz, tudo que eu quero é curtir o momento com o Jonathan. O barman coloca mais duas doses, Jonathan me olha e diz: — Vamos ver quem termina primeiro!?

Preparamos tudo, e no momento de fazer a sequência, acabo fazendo tudo ao contrário. O sal cai da minha mão quando eu chupo o limão antes de beber a tequila.

Jonathan cuspiu parte da sua tequila, vendo a minha afobação. Caímos na risada.

— Você fez tudo errado!

— Você cuspiu no balcão senhor Ferraz!

Pedimos outra dose: — Sal, tequila e limão. — repito para não errar a sequência.

— Isso mesmo, pronta? — Jonathan pergunta com um olhar desafiador.

— Pronta!

Dessa vez fizemos certo, mas acabamos juntos.

Observo o sorriso encantador do Jonathan, ele me fez rir, como a muito tempo não ria. Fez desaparecer todo medo e complexos meus. Ele tem uma alegria contagiante, me sinto em outro mundo com ele. Mas tão logo volto para mim. O que eu tô fazendo? Ele é um bilionário lindo, e eu, uma simples professora substituta, com uma falsa identidade. Como fui deixar me levar desse jeito?

— Aconteceu alguma coisa? — Jonathan pergunta preocupado.

— Não... me desculpe... as vezes me perco nos pensamentos...

— Vamos fazer outra brincadeira. Nome de um filme. — Jonathan sugere pedindo mais tequila.

— Não conheço...

— Bom, um de nós fala um tema, e o outro tem que falar o nome de um filme que combina com o tema. Se não conseguir, bebe uma dose de tequila. — Ele tira o celular do bolso e coloca o cronômetro. — Quinze segundos para falar. Eu começo. Vou pegar leve com você. Guerra!

Ele liga o cronômetro e eu digo rapidamente: — Pearl Harbor!

— Venceu! — Jonathan bebe mais uma dose de tequila.

— Sua vez!

— Prepara o cronômetro! Um clássico!

— O Vento Levou! — Ele fala vitorioso.

— Peguei leve com você também... — Falo fazendo o ritual da tequila.

Ele dá risada e diz: — Preparar... mafioso!

— O Poderoso Chefão!

— Gosta de filmes de mafiosos?

— Sim. Você não?

— Os meus preferidos, Poderoso Chefão, é o melhor.

— Está me enrolando para não beber sua tequila? — provoco.

— Não... — Ele dá sinal para o barman, que acaba deixando uma garrafa de tequila.

Damos risadas e ele toma sua dose. — O tema é... cartas!

— Querido John!

— Uau! Gosta de filmes românticos?

— É bom um pouco de romantismo às vezes.

Dou outro gole de tequila e sinto que já passei do meu limite. — Tem outra brincadeira que não envolve beber? — Solto uma gargalhada ao ouvir minha voz embargada.

Ele se aproxima e diz: — Que tal, verdade ou desafio?

— Não somos adolescentes na escola, senhor Ferraz! — Não consigo parar de rir.

— Com certeza! — Ele está me encarando com uns olhos azuis todo bobo.

Estamos rindo feito bobos, e não é só pelo excesso de álcool, estamos felizes, gostamos da companhia um do outro. Somos como duas almas livres, que apreciam a proximidade.

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