Capítulo 17 Jonathan

Porque Ângela é tão dura consigo mesma, e não se permite ser feliz comigo? Ela sente a atração, meu cuidado e paixão, mesmo assim, não se entrega totalmente.

Abraçado com ela, sinto as lágrimas molharem minha camiseta.

— Oh, Angel! O que te aflige e atormenta tanto assim? — Beijo o topo de sua cabeça.

Quando finalmente se acalma, ela sorri fraco. — Podemos conversar em outro lugar?

Dou-me conta que ainda estamos no corredor, próximo do quarto da Isabella.

— Vamos para sala então.

Ela senta no sofá pensativa, eu me sento ao seu lado e seguro sua mão.

— É uma longa história... eu não sei se estou pronta para falar do meu passado, Jonathan...

Levo a mão trêmula e fria para minha boca e dou um beijo. — O que eu posso fazer para que confie em mim?

— Não é só questão de confiança... quando eu te contar, vamos ter um segredo, que vai ter que levar para túmulo, para minha segurança, e também para a sua segurança. — Ela está séria aterrorizada.

— Está me assustando, Angel...

— Meu nome verdadeiro é Rebeca Camargo. Fui dada como desaparecida há seis anos no Rio de Janeiro. — Eu pisco várias vezes e tento não aparentar minha surpresa.

— Sou filha do Rodrigo Torres, um dos maiores traficantes do Rio. Ele que matou a minha mãe, pelo menos é o que os policias disseram, mas nunca provam que foi ele. Minha mãe ia fugir comigo, porque ele queria me entregar a outro traficante, para fazer um casamento de negócios. Mas antes de fugirmos, ele pegou minha mãe em casa e a matou. Minha mãe fez eu prometer a ela que fugiria e não ia deixar meu pai me pegar... então, aqui estou eu... uma estranha, que às vezes, nem eu mesmo consigo me identificar... mas pelo menos não fui descoberta pelo meu pai.

Ela me olha com os olhos marejados, mas tenta sorrir como se não se importasse. Estou atônito, como ela pode passar por tudo isso sozinha?

— Nem sei o que dizer, Angel... eu sinto muito!

— Me entende agora? Nossa relação é um perigo, não posso me expor, estaria me sentenciando, e a você também. Não sabe como meu pai é perigoso... foi capaz de matar a minha mãe para me encontrar, imagina o que pode fazer com você... com a Isabella... eu não posso colocar vocês em risco de vida... — Ela chora desesperadamente.

Eu a abraço, não tenho a menor chance de deixá-la escapar das minhas mãos.

— Calma, meu anjo, eu vou dar um jeito nisso... vou proteger você com a minha vida se for preciso.

— Não fala assim... sabe que sua vida é nos holofotes da mídia, ao contrário do que minha vida tem que ser...

— Eu tenho recursos, Angel, posso dar toda proteção e segurança que precisa, só precisa me permitir ajudar.

— Eu gosto de você o suficiente para não prender a sua vida a mim, Jonathan.

— Essa escolha sou eu que faço, Ângela! Quer abandonar todo esse sentimento que nos envolve? E a Isabella?

— Você não vê Jonathan!? A minha vida coloca a de vocês em risco! Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a vocês, por minha culpa! Se descobrem que tenho uma identidade falsa, posso ir até presa.

— Eu pago advogados para você, e provariam que fez tudo por segurança... não vou deixar escapar de mim, Angel. Estou envolvido demais com você. Eu a quero aqui, comigo. — coloco a sua mão no meu peito.

Ela me olha aflita, os olhos ainda mostram tormento. — Jonathan... por favor...

— Assim como não descobrem a identidade da mãe da Isabella, posso fazer de tudo para que não descubram a sua. — Ela me olha confusa e pensativa. — Eu não vou desistir de ter você comigo. Vou te levar no seu apartamento hoje, pense bem no restante da semana, e sábado nos vemos. Quero te levar para jantar, e conversamos melhor sobre tudo isso. Certo?

— Tenho escolha?

— Não tem. — Falo com determinação.

Ela suspira e coloca as mãos no rosto.

— Quando eu quero uma coisa, não desisto até conseguir. O que direi de uma garota, que chegou me arrebatando desse mundo? Sinto algo por você, que nunca senti antes, Angel. Lá no fundo eu sei que você é o maior investimento que farei na minha vida, além da Isabella. Não duvide de mim, tenho um tato muito bom para investimentos! — Tento quebrar o clima tenso.

Ela acaba sorrindo. — Me considera um investimento?

— Daqueles que dá lucros a longo prazo.

Ela finalmente se tranquiliza e continua me olhando e sorrindo. — O que eu faço com você, senhor Ferraz?

— Aceita minha proposta de investimento, e teremos lucros altos e benéficos!

Ela dá risada e meu coração fica aliviado de ver o seu jeito mais relaxado e descontraído.

— Como consegue me fazer sentir assim? Como se meus problemas fossem inexistentes?

— Vai ser sempre assim, Angel. Comigo, vai sempre se sentir, amada e segura.

— Esse investimento está me prometendo muito, como poderei recusar? Vamos tentar...

Estreitamos a mão um do outro num cumprimento e sorrimos.

— Não vai se arrepender.

— Espero estar a sua altura, Jonathan...

Dou outro abraço apertado nela. — Você está acima, Angel...