Com o filme na pausa, fico pensando se devo atender a porta uma hora dessas. Da mesma forma que é perigoso atender, também é não verificar. Apreensiva, coloco a corrente de segurança na porta, mas ainda não abro.
— Quem é?
— Sou eu, o Jonathan Ferraz!
O coração só falta saltar para fora do meu peito. Abro a porta tão afobada, que acabo esquecendo a corrente.
— Desculpa... — Fecho a porta e tiro a corrente.
Abro de novo, Jonathan está bem apreensivo, com as mãos no bolso e todo desconfiado. — Então, vai me convidar para entrar?
Saio do meu transe, mas ainda estou embasbacada. — Entre logo! Como pôde vir aqui? É perigoso para você...
Dou espaço para ele entrar e logo em seguida fecho a porta, trancando todas as fechaduras e cadeados.
Ele me olha um pouco assustado, mas logo se acalma e suspira. — Tentei conversar com você, mas não me atendeu, não viu minhas mensagens... fiquei preocupado... — seus olhos estão cheios de ansiedade e tensão.
Lembro-me que nem mesmo mexi no celular desde que cheguei em casa. Vou até a bolsa e certifico-me que o celular está sem bateria.
— Está sem bateria. As vezes eu não ligo para o celular... esqueço completamente... — explico pegando o carregador e conectando na tomada.
Jonathan percorre os olhos pelo pequeno apartamento, um tanto observador. — Bem diferente do que eu vi lá fora...
— Como assim?
— Nada... — ele deu com ombros. — só achei o lugar bem limpo e aconchegante aqui. Ao contrário do que eu vi lá fora...
Dou risada. — Não é porque os outros são relaxados e "porcos" que eu deva ser também. Se me der bem nesse novo emprego, talvez procure um lugar melhor... por enquanto, é tudo o que eu posso pagar.
— Claro, no lugar que vivemos, não é as "paredes" que importa, mas o que fazemos do ambiente para tornar um lar. — Ele está tentando me impressionar?
— Não é muito grande, mas pode sentar no sofá. Quer beber alguma coisa? Já vou avisando que não tenho nada sofisticado e caro, mas prometo oferecer com carinho!
Ele dá risada. — Eu não quero nada, obrigado.
Jonathan senta-se no sofá e fica me encarando, então me dou conta da situação.
— Porque veio aqui, Jonathan? — Sento-me ao seu lado.
— Já disse que me preocupei. E a Isabella, quer saber quando vai começar as aulas de desenho...
— Pode ser de quarta-feira à tarde? De qualquer forma, não precisava perguntar pessoalmente, uma hora eu te responderia.
— Se não tiver problema, pode ir com a Isabella da escola para minha casa. Eu precisava vir, não te conheço para saber se me responderia. Está muito hesitante.
— Tudo bem... é só cuidado... — abaixei a cabeça, sem coragem de encara-lo.
— Qual o valor das suas aulas?
— Pelo que eu pesquisei, varia muito... como não tenho experiência vou cobrar $50 a hora.
— O quê? Só isso? Eu quero que dê três horas de aula e vou pagar $200 a hora.
Duzentos reais!? O que ela está pensando?
— Acho muita coisa, Jonathan... E três horas pode deixar a Isabella entediada e cansada.
— Ângela, minha filha gosta de você, eu gosto de você. Não precisa ficar o tempo todo ensinando ela a desenhar, deve ter outras coisas que podem fazer juntas... — Jonathan sugere, pensativo.
— Jonathan, não precisa me pagar para ter um tempo com sua filha. Seria um prazer pra mim, ter um tempinho com ela, se é o que deseja.
Ele sorri aliviado. — Ainda assim, vou pagar você. Não rejeite, disse querer mudar desse lugar e sei que precisa.
— Tudo bem, mas pode ser a metade do preço que me ofereceu.
— Depois vemos isso... eu quero conversar sobre o nosso beijo também...
Ele é muito direto. Suspiro, como vou explicar para ele que não deveríamos nos envolver?
— Foi um erro, Jonathan... — meu coração está apertado.
— Como assim um erro? Não gostou? — Ele fica indignado.
— Não é isso... eu gostei, sim, mas...
Jonathan me interrompe: — Não tem "mas" Ângela, eu quero conhecer você. Ou só foi eu que senti que foi o melhor beijo da minha vida?
É claro que não, Jonathan, eu também senti isso, mas não dá...
— Jonathan, vamos ser realistas, você é um bilionário de sucesso, famoso, lindo... como vai querer uma simples professora, que mora na periferia? Nunca daria certo. — Apelo à realidade.
— Para com isso, Ângela, sou eu quem decido quem eu quero na minha vida. No momento meu coração só chama por você.
— Minha vida é complicada...
— Você mesmo disse, que sua vida não tinha "graça", agora diz que é complicada?
— Não é tão simples assim, você não vê o tamanho da diferença social das nossas vidas?
— Estou vendo que quem está se importando demais com isso, é você, e não eu.
— O que você quer de mim, Jonathan? — ele me deixa impaciente.
Jonathan se aproxima, fazendo todo meu corpo reagir, meu mundo parar e nem sou capaz de pensar mais.
— Eu quero que você me aceite na sua vida, abra seu coração para mim, eu me apaixonei por você, Ângela.
Ele está tão próximo, que todo meu corpo treme, não consigo encará-lo, baixo os olhos desolados.
— Ângela, olha para mim, e diga que não sente nada por mim, que eu vou embora e prometo ter uma relação estritamente profissional com você, de professora e pai da aluna.
Como eu vou mentir para ele? Como vou enganar o meu próprio coração? Será que eu não mereço ser feliz uma vez na vida? Mas custo de quê? Baseado numa mentira? Colocando nossas vidas em perigo?
Jonathan leva a mão no meu queixo, e levanta meu rosto delicadamente, obrigando-me a encará-lo.
Olhando os seus olhos azuis, que me fitam, consumindo minha alma, não tenho forças para resisti-lo, ou mesmo mentir sobre o que sinto. Meu corpo trêmulo e ansioso, denuncia o sentimento que aflorou em mim de forma arrebatadora.
Mais uma vez eu me entrego, para o beijo que eu sei que está próximo de iniciar.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Jaqueline De Oliveira
linnnndo D+
2024-11-21
2
Silvete Feijoli
todo emocionado 😅😅😂🤣🤣😂😅
2024-11-11
0
Silvete Feijoli
facilita pra ele Angela, vai 🤣😂😂😅😅😅😂😂🤣🤣😂😂😅
2024-11-11
0