Capítulo 6 Ângela/Jonathan

Sentada na minha cama com o celular na mão, pesquiso a vida de Jonathan Ferraz na Internet. Surpreendo-me com a quantidade de fotos, reportagens, entrevistas e fofocas que esse nome leva na internet.

— Por isso as mulheres se desesperam por ele, Boby. — Falo com meu gato, é tudo o que tenho, estou parecendo uma velha solteirona. — Como se não bastasse ser lindíssimo, herdeiro único, bilionário...

"Miauuuu"

Olho para o Bob, sei bem o que ele quer e acaricio os pelos do animal.

Procurei pela mãe da Isabella, mas não encontrei nada, nem mesmo uma fofoca.

Ouço batidas na porta: — ENTREGA!!!

Atendo a porta e recebo uma caixa grande. Fecho a porta com o pé e coloco a caixa sobre a pequena mesa redonda da sala.

Um vestido midi, preto, simples, mas lindo!

— Naty... — suspiro.

Só então me lembro que tenho que me arrumar, é hoje a noite que sairei com ela.

\*Jonathan\*

Combinei de sair, para boate do meu amigo, o Julius. Nem chamei a Nicole, ainda quero terminar com ela, mas não hoje. Não estou a fim de "ceninha" de mulher chorando falsamente.

Olho no espelho e suspiro, lembrando dos meus sentimentos confusos em relação a Ângela. Não gosto de me sentir assim, como se estivesse fora do controle das minhas ações.

Hoje vou me divertir um pouco, não quero pensar na minha vida por alguns instantes.

Na Boate, sento no bar e sem demora, peço uma bebida. Percorro os olhos pelo lugar, enquanto saboreio o primeiro gole do meu Rum preferido.

Julius se aproxima e diz: — A área VIP tá reservada pra gente! E aí como você tá?

— Oi, Julius! Eu tô bem, já vou pra lá...

— Procurando uma garota pra dar o bote? — Julius sorri com malícia.

— Hoje não, vou só beber, não quero mulher.

— Fidelidade com a Nicole? —El ergue a sobrancelha.

— Não é isso... acho que vou terminar com ela... está me sufocando!

— Se conheço bem o meu amigo, ela quer algo mais sério e você já tá caindo fora. Pensei que gostava dela, já faz quanto tempo que estão de rolo?

— Um ano...

Julius assobia de admiração. — Durou muito então, já ficou com outra mais que um mês? — Reviro os olhos. — Vou receber meus clientes, vai pra área VIP e me espera lá.

Balanço a cabeça e me levanto.

A música está bem alta, algumas pessoas dançam, vou até a área VIP e não acredito no que eu vejo. Sentada ao lado de uma morena de cabelos cacheados, acompanhadas de dois rapazes, ninguém menos do que a Ângela.

Sento-me discretamente e a observo. Está quieta, parece não estar à vontade e olha para os lados a todo instante.

Ela levanta, então perco o fôlego, embora o vestido seja simples, ela está linda, perfeita!

Ela vai em direção ao banheiro, um dos rapazes levanta logo depois, conheço essa tática de rapidinha no banheiro. Mas não quero acreditar que a Ângela seja dessas...

Não contendo minha curiosidade, vou até o banheiro também.

O rapaz está no corredor, quando a Ângela sai do banheiro, ele parecia querer dar alguma investida nela, mas deve ter percebido minha presença, já que Ângela está paralisada me olhando.

— Mundo pequeno, Ângela, quem diria que nos veríamos aqui?

Ela sorri saindo do seu transe. — Pois é... não imaginaria mesmo...

Vamos andando de volta para o lugar e o rapaz fica sem entender.

A amiga dela está aos beijos, vendo constrangimento dela, falo: — Quer se sentar comigo?

— Não sei... não quero incomodar... — Ela está tímida.

— Não é incômodo, assim posso conhecer a professora da minha filha melhor.

Ela sorri e eu estendo a mão apontando um lugar para ela sentar.

Sento-me de frente para ela e vejo a oportunidade perfeita de conhecê-la melhor.

— Vem sempre aqui?

— Primeira vez na verdade... — Para ela estar na área VIP, deve conhecer o Julius.

— É amiga do Julius?

— Quem é Julius?

— O dono da boate. Veio com a amiga então?

— É...

Meu Deus! Ela não se abre comigo, só responde monossílabos.

Ela está bem nervosa, é visível, não sei se é pelo lugar, um problema pessoal... arrisco mais uma pergunta:— Mora sozinha?

— Não... com o Boby.

— Seu namorado? — não consegui esconder uma pontada de desapontamento.

Ela dá risada, e eu fico aliviado de finalmente causar algum efeito nela, embora não entenda ainda.

Olhando a minha expressão de dúvida ela diz: — Boby, é o meu gato! — Ela continua rindo.

— Ufa! — tive que me juntar a ela.

— Tem algum animal de estimação?

— Não.

— Deveria, a Isabella iria gostar.

— Nunca pensei nisso...

Ela está mais calma, mas ainda não parece à vontade no ambiente.

— Se incomoda com o lugar?

— Não... é que não sou acostumada com esses lugares chiques... E não faz meu tipo ficar no meio de muitas pessoas... — Ela abaixa os olhos.

— Posso pagar uma bebida pra você? Ajuda a relaxar os nervos.

— Tá bom...

— O que prefere?

— Não sei... escolhe pra mim.

Chamo o garçom e peço um "Cosmopolitan" para Ângela, um clássico das mulheres e uísque para mim.

— O que gosta de fazer, Ângela? — continuo o interrogatório, mas relaxo na cadeira, para não assustar ela com meu interesse, mas sempre a fitando profundamente, para também não parecer insensível.

— Amo ler bons livros e desenhar... passo minha horas vagas assim. Às vezes assisto um filme, ou uma série... minha vida é bem sem graça...

— Se gosta de fazer essas coisas, porque acha sem graça?

— Aos olhos das pessoas de fora, é sem graça... mas pra mim não... mas as vezes é um pouco solitário...

Olhando fundo nos olhos verdes, dá para ver um certo mistério e melancolia. As bebidas chegam e eu observo atentamente a sua reação ao provar. — E então?

— Gostei, tem um sabor doce e cítrico... é refrescante.

Uma mulher despojada, diferente do que acostumo ver no meu dia a dia. Ela é modesta e linda, não usa jóia alguma, apenas algumas bijuterias simples e discreta. Os cabelos soltos me enlouquecem, quando ela inconscientemente, balança ao redor do rosto perfeito, como um anjo, numa maquiagem básica. Saboreando sua bebida, fica sensual e elegante, mesmo não se dando conta disso. Sinto-me completamente atraído por ela, não só sexualmente, mas um desejo de conhecer os mistérios de seus olhos.

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