Minha mãe entrou no meu escritório, sem nem mesmo bater na porta. Sua expressão nervosa, naqueles olhos delineados como uma gata, me causam arrepios até hoje.
— O que você fez, Jonathan!? — Ela me fuzila com os olhos.
Reviro os olhos e coloco outra dose de uísque. Hoje sou um homem, tenho que enfrentar a fera, nem que para isso eu tenha que beber.
— Não me olhe assim, Jonathan! Como pôde terminar com uma menina tão boa quanto a Nicole? — Ela fica repetindo meu nome o tempo todo, foi assim desde que era criança.
— Mãe... por favor... — murmurei bebendo meu uísque.
— Filho, quando vai cair na real que precisa se casar, ter uma família, não pode ficar um pai solteiro o resto da vida! — A loira perfeitamente vestida, se senta na minha frente, e agora mantém uma postura maternal. Quando ela diz: se casar e ter família, na verdade é ter um bom status na sociedade, não tem nada de "amor pela família".
— Quer que eu saia casando com todas, como o papai? Não vou prosseguir num relacionamento, onde não tem sentimento, só alívio sexual! Se um dia eu me casar, vai ser pra valer! Não para um mero status de vida, como o papai.
Minha mãe suspira, ela é a prova viva de um casamento fracassado, já que depois dela, meu pai deve ter se casado pelo menos umas quatro vezes, e ela nunca mais se relacionou com ninguém.
— Filho, nem tudo na vida é amor... as vezes temos que nos contentar com menos, para não passar a vida sozinhos e desamparados.
— Não é o que eu penso, mãe. Não vou me casar, nem me relacionar profundamente, sem um sentimento verdadeiro. Acho ridículo ficar se casando tantas vezes. Eu quero alguém que aceite ser mãe para Isabella. Até lá, minhas relações serão estritamente fora da minha casa.
— Certo... não direi mais nada... é melhor falar com a Isabella. Mas não acredito que sua relação tenha acabado. Tem uma ligação com a Nicole, só não se deu conta ainda. —Minha mãe sai do escritório, frustrada, mas sua última frase tem muita determinação.
Viro o restante do líquido na boca, pensativo. Sou muito céptico em relação ao amor, talvez seja por isso que meus padrões são tão altos.
Vou até o quarto da Isabella, onde ela já está trocada de roupa e brincando com algumas bonecas. Dou dois toquinhos na porta e digo: — Podemos conversar, princesa?
Imediatamente ela me olha e fica com a feição recaída. Quem sabe o que se passa na cabeça dela? A última coisa que quero é deixá-la confusa ou insegura em relação ao meu amor por ela.
Aproximo-me, sento no chão ao seu lado. Acaricio o seu rostinho de anjo e sorrio. — Filha, o papai não está namorando...
Isabella me interrompe. — Mas porque aquela mulher falou que você era namorada dela?
— Um mal entendido, querida. Já conversei com ela e resolvemos. Se um dia eu namorar de verdade, será a primeira a saber.
— O senhor promete? — Ela tem os olhos desolados.
— Prometo, filha.
Ela estende a mão e deixa o dedinho evidenciado. — Promessa de dedo mindinho?
Sorrio e entrelaço o meu dedo mindinho com o dela. — Promessa de dedo mindinho. Então, abraço-a com carinho, tentando fazê-la sentir que, daria minha vida por ela.
— Papai? Quando vou começar as aulas de desenhos com a professora Ângela?
Com tudo que aconteceu, nem lembrei de aula de desenho, mas ouvir o nome "Ângela" fez todo meu corpo estremecer e o coração saltou no peito.
— Ângela vai ver um dia e depois nos avisa.
— Ah...
— Agora vamos descer, que a vovó está nos esperando.
Volto para o escritório, enquanto minha mãe fica com a Isabella.
Envio algumas mensagens e dou um jeito de ter o contato da Ângela. Envio várias mensagens, ela não me responde, nem mesmo visualiza. Ligo para ela e dá na caixa postal. Começo a ficar apreensivo, o que será que aconteceu para ela estar offline?
Passo a tarde toda tentando conversar com a Ângela e não consigo comunicar-me. Minha mãe foi embora, fico assistindo com a Isabella e tentando ligar para Ângela. Então resolvo ligar para a amiga dela, a Nataly. Para o meu desespero, ela também está tentando falar com a Ângela e não consegue.
Sem saída, vou até Nancy e peço para ficar com Isabella.
— Claro. Algo urgente?
— Eu vou atrás da Ângela. Ela não me respondeu as mensagens, não consigo falar com ela... estou preocupado... Pode chamar o Francisco pra mim?
— Vou chamar.
Subo para o quarto e troco de roupa rapidamente, desço e já encontro o Francisco me olhando, desconfiado.
— Quero que me leve até onde a Ângela mora.
— Senhor, com todo respeito, não acho que seja um lugar que deva ir uma hora dessas...
— Porque?
— É na periferia da cidade e, um lugar de muitos malandros e pessoas mal-encaradas e perigosas.
— Chama um segurança.
Sem gostar muito, Francisco assente e vai. Dou um beijo na testa da Isabella, que já está cochilando no sofá e vou para o carro.
Francisco deixa claro apenas com sua expressão facial, o quanto está insatisfeito com minha decisão.
Quando chego no conjunto de apartamentos que a Ângela mora, eu fico chocado. Já foi estranho andar por esses lados da cidade, mas o lugar onde ela mora é horrível. Estou quase dando razão ao Francisco. As pessoas que me olham, parecem mal-humoradas, quando não têm um olhar sombrio, chegam a me dar calafrios.
Morar num lugar assim, faz Ângela correr risco de vida todos os dias. Na verdade, acho que qualquer um corre risco de vida nesse ambiente. Entro na portaria do "condomínio" com maior facilidade, nem mesmo ligam para Ângela e muito menos perguntam minha procedência.
Caminho pelo lugar mal iluminado um tanto hesitante. Todos me olham maliciosamente. O cheiro é ruim, quase como esgoto, sujeira, paredes encardidas... uma calamidade.
Quando finalmente chego no apartamento, bato na porta, ainda prendendo o fôlego e com o coração na mão. Acabei deixando meu motorista e segurança esperando no carro. Sozinho as pessoas me olham desconfiadas e ameaçadoras, imaginem com uma escolta?
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Silvete Feijoli
se o pai dela a encontrar, esse lugar é facinho dela ser pega por ele, parece está bastante vulnerável
2024-11-11
4
Aurisia Ivo da Silva
🤔🤔🤔🤔
2024-09-12
3
Selma Ribeiro Moura
Nossa! 🫣
2024-06-27
8