Capítulo 16 Ângela

Jonathan riu de mim, mas não faz ideia de como está muito mais engraçado.

— Caprichou, Isabella! Seu pai está um arraso! — provoco.

Nancy aparece na porta, e segurando o riso avisa que o jantar está pronto.

— Já vamos. — Jonathan começa a tirar os apetrechos do cabelo.

— Porque está tirando, papai?

— Não posso tirar? — Jonathan olha confuso.

— Não! Só para dormir.

Coloco a mão na boca para não soltar a risada que estou reprimindo a um bom tempo. A cara dele é a melhor!

— Tá bom...

Descemos com os nossos cabelos e rostos lindos! Na última moda!

O jantar foi prazeroso, alegre cheio de risos e conversas gostosas.

Mais tarde, depois de brincarmos mais um pouco com a Isabella, chegou a hora dela tomar banho para dormir, ela me chamou para ajudar escolher um pijama.

Eu fico impressionada, só com a quantidade de pijamas que a menina tem, e o closet?

— Que tal esse? — Pego um pijama cheio de corações.

— Eu gosto desse!

Depois que Nancy a ajuda no banho, ela vai até os livros de uma prateleira do seu quarto.

— Pode ler um livro pra mim? — Ela fica olhando os livros.

— Claro, de qual gosta? — Ajudo a procurar um livro.

— De vários, mas esse é o meu preferido para dormir!

— "A Casa Sonolenta", bem propício para dormir. Vai ser esse então?

— Sim. — Ela vai para cama.

Nancy ajeita a cama da menina, ela deita e me chama: — Professora, pode vir ler na minha cama?

— Pode me chamar de Ângela, querida.

— Posso chamar de Angel?

A voz do Jonathan ecoa pelo quarto, junto de seu perfume, de quem acabou de banhar-se.

— Angel! Gostei! — Isabella exclama.

Dou um sorriso.

Jonathan se senta ao lado da filha, ele está lindo e cheiroso, com cabelos úmidos, camiseta e calça de moletom. Perco-me nos cuidados dele com a filha, ele é um sonho de homem.

— Não vai ler pra mim, Angel? — Isabella fala apontando para o outro lado da cama vazio.

— Claro... — Falo sentando ao lado dela, sendo observada por dois pares de olhos azuis.

Isabella deita a cabeça no travesseiro e segura a mão do pai.

— Era uma vez, em uma cidade distante, uma casa sonolenta. Onde todas as pessoas dormiam...

Eu termino a leitura, e Isabella está quase dormindo.

— Boa noite, Isabella. Durma com os anjos. — Dou um beijinho na sua testa.

Quando eu vou me levantar, ela me segura, colocando a mão na minha perna. Mantenho-me ali, observando os olhinhos dela pesarem, até se fecharem por completo. O som suave, ressonando, denuncia que dormiu.

Olho para o Jonathan, ele beija a testa da filha, e a cobre melhor. Nos levantamos e saímos do quarto, ele fecha a porta e diz sussurrando no meu ouvido: — Não sabe como desejei te beijar o tempo todo!

A voz grave e tentadora no meu ouvido, a respiração cálida, fazem todo meu corpo se arrepiar.

Fito os olhos sedutores dele, que expressam atração abrasante.

Suspiro profundamente, quanto mais próximo dele, mais estática eu fico. Ele tira todo meu ar, me arrebata desse mundo, fico em transe, não consigo nem mesmo falar uma palavra, só pensamentos confusos passam pela minha cabeça.

🎶Não te conheço tão no fundo pra entender

O que você diz em silêncio Suponho tantas coisas, mas não sei, se é a minha vontade inventando a sua Será que a gente tá pensando o mesmo?

Não tem ninguém para nos testemunhar

E o que acontece entre nós

É coisa nossa

A gente se encontra nas mesmas idéias, de vida, de gente e desconstrução

No espaço que existe entre a raiva e a risada

E rir com você dos problemas me parece bom

Será que a gente tá querendo o mesmo?

Só tem nós dois aqui, pode dizer Se eu também tava na sua cabeça É que você nunca sai daqui não, não...🎶

Jonathan

O mundo parou, só vejo a Ângela, esse sentimento me exaure, estou mais que perdido nos olhos verdes e misteriosos. Posso ouvir nossos corações bater freneticamente, numa sintonia latente.

🎵 Seu olho me encarando

E eu implorando seu beijo em silêncio

A nossa volta o mundo congelado, esperando o momento Já nem me lembro mais a quanto tempo

Eu te quero aqui dentro

Só de pensar que vai acontecer Eu não sei se eu aguento

E quando eu tento decifrar eu vejo Qual o tamanho desse sentimento Adormecido e preservado Nessa geleira do tempo

Cada minuto que te vejo é pouco Pra essa vontade que explode aqui dentro Qual o poder da colisão de dois corações desatentos?...🎵

Eu a beijo, devoro os lábios, a boca, a língua, mesmo que esteja me afundando num mar de mistérios, eu quero me imergir nela.

Estou completamente à mercê desse sentimento! Eu a quero, a desejo! Faço qualquer loucura para ter ela nos meus braços para sempre.

Ângela

Jonathan me prende contra a parede com seu corpo robusto e forte, como se temesse que eu fuja dele. Suas mãos espalmadas, apoiam na parede com força, impedindo qualquer tentativa de sair da sua presença. O beijo é surreal.

Ele me pega no colo e entrelaço minhas pernas em sua cintura. Com suas mãos grandes e firmes, ele me segura pelo quadril e aperta, involuntariamente arfo na boca dele.

Embora esteja consumida por esse momento, afasto nossos lábios devagar e o encaro. — Vamos devagar, Jonathan...

— Claro... me desculpe... — Jonathan apoia nossas testas.

Acaricio o rosto dele, como estou apaixonada! Ele me coloca delicadamente no chão.

— Fica comigo essa noite?

Foi uma pergunta? Porque soou como uma afirmação.

Olho para ele, e dou um sorriso.

— Sabe que não posso...

— Por quê?

— Tenho que cuidar do Boby.

— Se realmente for esse o problema, peço para o Francisco ir cuidar dele.

Dou risada. — Sabe muito bem que seu motorista tem pavor de ir para aquelas bandas. Imagina cuidar de um gato desconhecido!

— Não tem uma vizinha que possa cuidar dele?

— O problema não é só o Boby, eu tenho que tomar banho, me trocar, me preparar para aula de manhã, eu não tenho nada aqui. E o que a Isabella vai pensar amanhã?

— Coloca uma roupa minha... eu quero ficar com você, Angel, a Isabella gosta de você, ela não vai ficar brava... — Jonathan insiste.

Coloco as mãos no seu rosto aflito. — Um outro dia, Jonathan.

— Eu vou respeitar você, vou devagar nessa relação. Mas a verdade é que eu quero ter você comigo todos os dias. Não estou falando de sexo... quero sua companhia, sentir seu cheiro, te olhar e fazer você feliz! — Posso sentir a sua sinceridade.

Meu coração virou cera e se derreteu, as lágrimas saíram dos meus olhos, mesmo que eu tentasse segurá-las.

O que ele está fazendo comigo?

— Espero que sejam lágrimas de alegria, Angel...— Jonathan limpa minhas lágrimas com as costas de sua mão.

Eu balanço a cabeça em sinal positivo e ele me abraça. A verdade é que eu também quero estar com ele, mas é tão complicado... quando vou ter coragem de falar do meu passado para ele? E o medo de estragar essa relação que mal começou, e me faz sentir tão feliz e protegida, como agora, aconchegada nos braços dele.

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