Quando as aulas da quarta-feira terminam, fico tão ansiosa, que guardo os livros toda atrapalhada. Não saber o que me espera na casa do Jonathan, me deixa aflita.
Isabella vem toda sorridente até mim. — Não vejo a hora de mostrar a minha casa para a senhora e aprender a desenhar!
— Estou ansiosa também, Isabella.
— Olha o Francisco! Vamos professora?
Pego na mão da menina, o motorista, parece menos desconfiado desta vez. Ele abre a porta para mim e a Isabella.
— Boa tarde, senhor!
— Boa tarde, senhorita!
Ajudo Isabella se sentar no assento do carro e prendo o cinto de segurança. É difícil esconder meu nervosismo, mas tendo uma criança do lado, tudo fica mais fácil. Isabella conversa muito comigo, o que me deixa mais confortável.
Na casa, a Nancy me recebe com gentileza, e primeiro vai ajudar a Isabella se trocar. Eu vou junto e enquanto a Nancy ajuda ela trocar sua roupa, ela fala das suas bonecas, brinquedos e livros favoritos. O quarto da menina, é perfeito, um sonho de princesa! Com certeza somente o quarto dela é maior que meu apartamento inteiro.
— Antes de começar a aula, vamos almoçar, devem estar famintas.
— Eu tô com fome! — Isabella exclama.
Descemos e almoçamos. A Nancy é uma pessoa muito boa, conversando com ela sinto toda ansiedade ir embora, ela me faz ficar bem à vontade e de alguma forma ela me lembra minha mãe. O interessante é que sempre que lembro dela, é do momento da sua morte, mas com Nancy, recordo dos melhores momentos que vivi com minha mãe.
Ensino alguns conceitos básicos do desenho para Isabella. Ela ficou bem atenta e agora tenta desenhar uma borboleta.
— Quando estiver desenhando, não precisa forçar o lápis no papel, você pega de leve, se por acaso quiser mudar alguma coisa, fica mais fácil de apagar.
— Tá bom.
Ficamos por uma hora desenhando, até que eu noto que ela está cansada. — Vamos parar por aqui, na próxima aula continuaremos.
— Não... eu quero mais... — Está visível que ela já está cansada, mas ainda assim insiste em continuar.
Observo uma certa tristeza nos olhos dela. — O que foi Isabella, parece triste. Não gostou da aula?
— Eu gostei sim, eu quero aprender mais! — Ela tenta me animar.
— Eu sei que gostou, mas é cansativo ficar muito tempo numa coisa só. Foi bem legal o que fizemos hoje, agora continuaremos a semana que vem.
— Mas se a aula parar, você vai querer ir embora... E eu quero que fique mais tempo comigo... — ela murmura com os olhos baixos.
— Oh, querida! Seu pai pediu para eu esperar por ele. Ainda tenho um tempinho com você. O que quer fazer? — Abraço-a com carinho.
Identifico-me com ela, vivi com uma mãe, mas sem um pai. Tinha uma vida bem solitária em casa, já que minha mãe tinha que trabalhar muito para nos sustentar.
— Pode ser de bonecas?
— O que quiser, querida.
Ela me puxa para a parte dos brinquedos de seu quarto e começa a pegar as bonecas. Brinco com ela, e dou muitas risadas da criatividade dela.
Jonathan
No escritório, lendo as propostas de investimento deixadas na minha mesa, fico a lembrar que a Ângela está em casa, quero me adiantar aqui, para ir logo a minha casa.
Para minha surpresa, Julius entra no escritório de repente, sem nenhum aviso prévio, coisa de amigos.
— Falei que vinha essa semana, achei um tempo agora.
Olho para ele por cima dos papéis que leio e digo: — Podia ter avisado pelo menos.
— Está menosprezando seu velho amigo de todas as horas?
— Sabe que estou trabalhando Julius, quero ir mais cedo pra casa hoje.
— Vai ter visita hoje? — Julius senta na cadeira de rodinhas e roda pelo escritório como um moleque sem juízo.
Nem respondo e tento retomar minha leitura.
— Quem é? — Ele continua a rodar na cadeira, retirando completamente minha concentração.
— Dá pra parar? — aponto para cadeira e um tanto mal-humorado.
— Que ranzinza! Não me respondeu, quem é a visita? — Ele agora me olha nos olhos.
— Ângela...
— A professora gostosa?
— Já disse para não falar assim dela.
— Vai até ficar com "ciuminho"? — Ele debocha.
— O dia que você se apaixonar por alguém, veremos se vai gostar de usar esses jargões.
— Aff! Mal-humorado?!
— Não. Só com pressa.
Julius se cala, mas mexe em tudo no meu escritório. Os quadros, as TVs, o computador e até na caneta tinteiro.
— Desisto! — Jogo os papéis na mesa e chamo a secretária pelo telefone. Julius me olha satisfeito.
— Qual é o seu problema? — Pergunto encostando-me na cadeira e relaxando os músculos do corpo.
— Sua secretária é muito gostosa e sempre me dá mole. Assim que termina de falar, a Ellen entra no escritório.
— Pois não, senhor.
— Guarda essas propostas para amanhã, vou sair mais cedo hoje.
— Certo. — Ela retira os papéis da mesa enquanto Julius a olha descaradamente.
— Obrigado, Ellen, está dispensada por hoje.
— Agradeço.
Levanto-me da cadeira e pego meu paletó e minha pasta.
— Eu já vou, cara.
— Pensei que íamos nos divertir conversando hoje...
— Deveria ter avisado, acha mesmo que vou trocar de ficar com a Ângela em casa, para ficar com você?
— Magoou! — Julius coloca a mão no coração.
— Nada que já não tenha feito. Sem contar que já me trocou só por diversão barata.
— O negócio é arrumar um amigo novo, porque você já vi que foi laçado.
— Se for para bebedeira e mulherada, não conte comigo!
— Brincadeira, sei que não bebe durante a semana. Só estava por perto e passei pra dar um, oi.
— Eu sei... sabe que minhas portas sempre estão abertas pra você, mesmo em horários inconvenientes.
Saímos do escritório, e nos despedimos no estacionamento. Julius é totalmente impulsivo, vai onde o vento leva, faz o que quer e nem se preocupa com as consequências. Um amigo de infância, daqueles que não conseguimos largar, um irmão.
Entro na minha casa ansioso, para ver as meninas da minha vida. Encontrei elas no quarto da Isabella.
Seguro o riso ao ver que Ângela está num "penteado" que provavelmente, foi a Isabella que fez, cheia de "xuxinhas" e "presilhas" coloridas no cabelo. No rosto uma maquiagem completa e "perfeita" com todas as cores.
— Papai! Estamos brincando de cabeleireiro!
— E você é a grande cabeleireira? —Pisco para Ângela.
— Sim. Como minha cliente está?
— Mais linda, não dá!
Ângela ergue a sobrancelha e estreita os olhos, um tanto pretensiosa. — Acho que tem outro cliente, senhorita Isabella.
— Seja bem vindo, senhor, pode se sentar. — Minha filha fala com tom de autoridade.
Sem saída, me sento ao lado da Ângela. Enquanto a Isabella se distrai nos apetrechos de cabeleireiro, eu sussurro no ouvido da Ângela: — Senti saudade de você.
Ela sorri e responde no meu ouvido:— Eu também!
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Silvete Feijoli
oh drama 😅😅🤣🤣😂😅
2024-11-11
2
Silvete Feijoli
, cafajeste 😅😂😂🤣🤣🤣😂😅
2024-11-11
0
Cida Pereira
que lindo 💖💖💖 parabéns
2024-09-14
2