Capítulo 10 É ela!?

Gabi é a única que sabe sobre o beijo com Gustavo, e até me incentivou a me aproximar dele. Sem perder tempo, ela se levanta e senta ao meu lado, cochichando.

— Não me diga que o Sr. Bianchini comprou sua bebida só por gentileza.

— Gabi!! Ele me beijou de novo. — falo quase tapando a boca para ninguém ouvir.

— E você está aqui como se nada tivesse acontecido? Se fosse eu, estaria lá agarrada no pescoço dele.

— Para todo mundo ver e fofocar? Nem louca! — Solto uma risada para disfarçar o nervosismo.

— Deixa de ser boba, Alice. Se ele te beijou é porque gostou daquele dia. Se joga!!

Ela dá um tapa no meu braço e retorna ao seu lugar.

Conversamos mais um pouco e Letícia avisa que vai embora, Guilherme se oferece para levá-la em casa e eu sorrio para ela, empolgada por saber que vai rolar algo entre eles.

Disfarço e percebo que Gustavo já foi embora também. Gabi me olha com cara de quem diz "eu te avisei".

Olho para o relógio e decido que é hora de ir embora, afinal, não moro tão perto do local onde estamos.

— Gabi, estou indo, amiga.

— Quer que eu vá contigo? — ela pergunta, olhando para o cara que está com ela.

— Não precisa se preocupar, Gabi. Eu levo a Alice em casa. — Rafael se oferece.

— Viu, Gabi? Não se preocupe. Qualquer coisa me liga. Beijo.

— Pode deixar, amiga. Quando chegar, me avisa. Beijo.

Pago a minha conta e saio com Rafael. No táxi, continuamos a conversar e percebo que ele está um pouco chateado.

— O que está acontecendo, Rafa? Aconteceu alguma coisa?

— Eu queria te pedir desculpas, Alice.

— Não entendi. — O encaro confusa, e ele passa a mão na nuca — Por que desculpas?

— Eu meio que tentei te usar para fazer ciúmes na Gabi.

— Ah! — digo, balançando a cabeça negativamente. — Eu nem percebi, Rafa! Desculpa.

— Tudo bem. Eu estou interessado nela, mas fico com vergonha de tentar alguma coisa.

— Se eu fosse você, tentaria se aproximar antes que apareça alguém.

— É, estou perdendo tempo por medo. — ele responde, abaixando o olhar.

— Se livra desse medo e tenta. Só assim você vai saber se dá certo ou não. Vou tentar te ajudar.

— Obrigado. Significa muito.

Não demora e logo chegamos ao meu apartamento. Nos despedimos e ele segue o caminho para casa. Subo as escadas, procurando as chaves na bolsa. Ao abrir a porta e acender a luz, levo um susto.

— Ahh! Gustavo!!! — exclamo, levando a mão ao peito, sentindo o coração acelerado. — Que susto! Como você entrou aqui?

— Desculpa! — Ele se aproxima, visivelmente arrependido — Não era minha intenção te assustar!!

— Pois é, mas assustou mesmo assim! Como conseguiu entrar aqui? Quer me matar?

— Só queria me certificar que chegaria bem.

Enquanto me recupero do susto, vou à cozinha para pegar um copo de água. Gustavo me segue e se desculpa novamente. Definitivamente, ele não está muito bem da cabeça.

— Como entrou aqui? — pergunto, após conseguir me acalmar. — Arrombar portas é seu hobby?

— Meu Deus, Alice! Não! — ele responde, soltando uma risada pelo comentário . — Já morei aqui, ainda tenho a chave. Achei que Mariana tinha te falado sobre isso.

— Não! Ela nunca mencionou muito sobre você, Gustavo. Vocês chegaram a morar juntos aqui?

— É uma história complicada, mas sim, já dividimos esse espaço. Eu sofri um acidente de carro e a Mariana veio me ajudar, acabou ficando aqui comigo por um tempo.

— Então a Mariana é a peça-chave para esse capítulo final do seu coração... Ela, é isso?

— Indiretamente, sim. — ele responde, sem graça. — Ela não teve culpa, pois sempre deixou claro o quanto amava o Lucas. A decisão de tentar conquistar alguém foi minha.

— Ela fala muito bem de você, então de alguma forma você conseguiu ganhar o respeito dela. Mas agora é hora de seguir em frente, Gustavo. — Digo, me aproximando dele.

— Alice... Eu não sei, eu estava bem do jeito que estava todos esses anos... Até você aparecer e bagunçar tudo com aquele beijo tímido. — Ele me olha com intensidade, segurando meu rosto entre as mãos. — Eu me afastei de você e te ignorei todos esses dias, mas te ver saindo hoje toda arrumada me deixou com ciúmes. E vendo aquele cara se aproximando de você, percebi que não adianta tentar me afastar.

E mais uma vez, guiada pelo impulso, nossos lábios se encontram. Gustavo retribui, segurando firme em minha cintura.

Dessa vez, o beijo não tem vestígios de timidez ou provocação. É um beijo meigo e apaixonado. Nesse momento, percebo que não sou a única entregue: também estou apaixonada por esse homem que não é tão gélido quanto aparenta.

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