Rebecca analisou tudo à sua volta. O elegante restaurante em que jantava com sua mãe durante a semana, estava repleto de pessoas bem vestidas entrando e saindo, mas nenhuma de fato que a cativasse o suficiente entre as mulheres e homens. A moça se manteve quieta brincando com o garfo na carne de cordeiro. Gertrudes arqueou a sobrancelha analisando sua filha. A iluminação era bem tênue parecendo ser a luz de velas, mesmo vinda do elegante lustre. A música agradável. E como estavam do lado de dentro, a central de ar soprava um vento frio que afastava o calor.
— O que foi Rebecca? — Gertrudes esperou, cansada. — Não gostou daqui, filha?
Rebecca a estudou. A menina loira cruzou os braços e semicerrou os olhos.
— Onde está o papai? — Rebecca a interrogou.
— Viajando a negócios. — Contou Gertrudes. — Por que? Ele não te avisou?
— Então, estão apenas a senhora e Azazel em casa? — Rebecca questionou arqueando a sobrancelha.
— Sim. — Gertrudes respondeu sem se abalar. Rebecca franziu os lábios, com uma ruguinha surgindo na testa jovem.— Filha, você está estranha.
— Mãe, eu nunca me meti nas suas coisas, mas por que o Azazel não envelhece? Por que ele tem a mesma cara de 18 anos atrás? Não acha que eu tenho o direito de saber esse segredo perturbador da nossa família? Se ele está conosco desde que a vovó era viva e também a serviu... — Rebecca deu a deixa a Gertrudes. — É só isso o que quero saber antes que eu surte. — Rebecca exigiu soltando de uma vez, só que num tom que só a sua mãe ouviria mesmo sendo outras de suas explosões. — O que ele é? Um vampiro? Isso explicaria ele lamber meu sangue quando eu me cortava ou feria na minha infância.— Ela argumentou calma demais até com essa possibilidade. —Ele é um...
— Ele é uma herança profana. — Gertrudes comentou cuidadosamente e bem pensativa. — Uma herança que passa só pelas mulheres da família. Há muito tempo por um homem. Mas com o homem não acabou bem.
— Herança... — Rebecca assimilou. — Essa herança vai ser minha?
— Não, de Madeline. — Gertrudes confessou ainda se sentindo injustiçada. Sondou Rebecca, mas não viu revolta alguma por parte dela. — Madeline, ela vai ser a portadora da herança.— Gertrudes foi honesta falando baixo. Rebecca tinha uma linha severa nos lábios agora, contudo, não contestou. — Ele é um demônio, filha. Sei que sabe o que isso significa mesmo que não tenha sido criada na igreja como Madeline foi...
Rebecca a estudou.
— Nossa família tem um pacto com ele? — Rebecca questionou num tom curioso, lembrando-se das festas fantásticas de sua infância que sua mãe e pai davam e nas quais ela se escondia e assistia as coisas mais estranhas que uma criança não deveria ver. Sempre ignorou as orgias, o cordeiro branco sendo morto, os símbolos horrendos e satanistas. Mas agora não podia mais. Não podia mais ignorar. Não quando finalmente havia saciado seu desejo mais profano que era ir para cama com Azazel como via todas as mulheres fazerem na festa.
— Você é uma bruxa satanista então? — Rebecca perguntou tão controlada.
Gertrudes se espantou.
— Sim. — Admitiu calma.
Rebecca apenas respirou fundo.
— É de onde vem nossa riqueza? As pessoas estranhas que iam lá em casa... Seu coven?
— É. — Gertrudes confessou-se.
Por que Rebecca não estava louca como sempre ficava quando não conseguia absorver algo. Por que tão pacífica? Tão...
— Eu não tenho poderes como Madeline... — Rebecca constatou lógica. — A imaginação que ela sempre teve e a terra da fantasia na qual vive, a tornam mais suscetível para esse tipo de coisa e experiência mais espiritual. Por isso não posso ser a herdeira, certo? — Rebecca confrontou Gertrudes.
— É, mas se você quiser... você pode... Eu posso tirar o poder de Madeline e passa-lo a você. Eu sei como. — Gertrudes ofertou.
— Mãe. Não. — Rebecca a respondeu irritada. — Eu quero conquistar minhas coisas sozinhas. — Rebecca bebeu do vinho da taça de uma vez. — Ela vai ter que se deitar com Azazel como você se deitava? — Rebecca apertou a taça na mão. — Tem alguma chance de Azazel ser meu pai? Por isso você mandou ele cuidar de mim.
— Não, garota. Por Deus, não. — Gertrudes exclamou horrorizada. A encarou sem graça. — Ele devia cuidar de você, porque eu precisava trabalhar e todas as outras pessoas que mandei cuidaram de você, não conseguiam lidar com o seu temperamento. Só ele conseguiu a proeza.
— Só isso que quero saber. — Rebecca insistiu cruel e com um sorriso amargurado. — Então a Madeline não vai se deitar com ele?
— Só se ela quiser. Mas no acordo que ela e eu fizemos, ela só tem que usar o pingente. Este aqui. — Gertrudes mostrou o pingente a Rebecca que era um enorme diamante em formato de coração que era sustentado por uma corrente grossa de ouro e que quando soltava caia no meio dos seus seios fartos. — Se ela usar o pingente e sustentar com o poder dela o corpo físico de Azazel que foi ofertado pela nossa ancestral, isso é o suficiente para ele não querer retaliar nossa linhagem. E ela já tem o próprio demônio dela. Ela fez um pacto para sabe se lá o quê... acredita?
— Hm... e podemos julgá-la por ter feito algo assim considerando a história profana da nossa família? E se ela fez um pacto ou não, isso não é da minha conta. — Foi só o que Rebecca disse ainda insondável para Gertrudes. — Então a Mad não está interessada no Azazel, certo? Ela vai só aceitar o pingente para o pacto não se voltar contra nós?
— É. — Gertrudes confirmou.
— Certo mãe. Não me importo com o que faz, qual a sua religião e tudo. Você sempre foi uma boa mãe e cuidou de mim. Eu só quero que prometa para mim, que não vai mais dormir com Azazel...
— Filha, eu não faço isso há muito tempo. Eu só fazia para os meus pedidos serem mais rápidos e... Só isso. Mas agora, eu não tenho motivos para isso. Se deitar com um demônio... Eu nem sou cristã e só ouvir falar disso já é nojento. — Gertrudes admitiu ainda enojada consigo mesma.
— Ótimo. — Rebecca conseguiu dizer friamente. — Ele ainda tem que me servir mesmo Madeline sendo a líder?
— Ele deve servir toda a nossa linhagem pelo pacto se Madeline o ordenar, mas apenas se ela o ordenar. Eu ordenei que ele servisse a você, mas... bem, a sua prima, ela pode revogar a decisão quando assumir.— Gertrudes explicou.
Rebecca se levantou de imediato.
— Onde você está indo?
Rebecca foi até a mãe e a beijou no rosto.
— Final de semana a gente se vê. Obrigada pelo jantar, mamãe. E pelas respostas que me deu. Sei que deve ter sido difícil. Mas eu não odeio você e nem te odiaria. O que você acredita não muda o fato de que você sempre me criou para ser forte e acreditar em mim mesma e no meu próprio potencial. E eu te amo por isso. Mas eu preciso ir agora. Tenho que resolver um problema que está tirando o meu sono.
— Oh filha... Mamãe te ama muito muito muito. — Gertrudes falou emotiva.
Rebecca sorriu. Beijou a mãe no rosto.
— Tchau mamãe. Final de semana eu volto para casa. Tente não morrer de saudades da sua única filha até lá. Prometo que quando estiver trabalhando, eu pago um jantar grandioso para você.
Gertrudes riu.
...
Madeline abriu a porta da casa na vizinhança simplória. Estava escrevendo para Dantalion, que ficou no quarto dela. A família de Mad, havia ido para uma missa que acontecia no meio da semana. Ficou boquiaberta em ver Rebecca, que entrou como um vendaval. Mad fechou a porta da sua casa novamente. Rebecca segurava seu casaco elegante de pele de urso polar em mãos. Usava um vestido curto bonito e vermelho. O cabelo loiro solto e sandálias de salto alto.
— Eu preciso de um favor, Mad... —Rebecca soltou sem ar. — Será que quando assumir, pode pedir para Azazel continuar a me servir também? E pode por favor, não dormir com ele mesmo que seja para realizar seus desejos mais rápidos e eu... eu vou te respeitar como líder, apenas faça isso por mim. Se tem algum carinho por mim, mesmo nós duas competindo loucamente uma contra a outra, faça isso por mim.
— Para haver competição é preciso que estejamos no mesmo nível, prima. E você já me superou em tudo... — Mad deixou escapar ligeiramente amarga.
— Madeline, por favor... Escute o que eu quero dizer. É importante! Esqueça tudo de ruim e ouça sua prima...
— Ei, calma. — Madeline pediu, preocupada. Encarou a prima horrorizada ao ver o rosto dela cheio de lágrimas e isso a fez esquecer do seu rancor de imediato. — Que foi Becca? — Madeline a questionou docemente e a abraçou como quando eram meninas e faziam as pazes depois de uma briga feia. E Rebecca perdeu a compostura e abraçou Mad de volta.
— Eu não posso perdê-lo agora que eu finalmente o tenho como eu quero. Eu... eu... eu sempre pensei que nunca teria chance, mas naquele dia, ele estava só tão furioso com mamãe e eu me aproveitei do rancor dele contra ela, para fazê-lo ir para cama comigo e...— Rebecca admitiu contra o ombro de Mad, enchendo a camiseta da menina de lágrimas. — Eu o temia quando menina, mas ao mesmo tempo sou louca por ele e isso desde o primeiro minuto em que meu corpo começou a despertar e os hormônios a me dominarem. Não o tome de mim. Ele é tudo o que eu tenho. O único que me suporta, além de mamãe e você. Nem meu pai me suporta e por isso vive sempre viajando.
— Entendi. — Maddie acalentou-a, acariciou os fios loiros e longos que invejava. O afago gentil pegou Rebecca desprevenida e ela tremeu um pouco embalada na sedução inconsciente que Madeline sempre a exerceu. A menina loira deixou o rosto bonito no pescoço de Madeline enquanto tentava recuperar a dignidade. — Eu não vou tomá-lo de você nunca, minha querida. Minha amada. Minha princesa. — Consolou Madeline docemente como quando Rebecca tinha um surto quando eram menores e Madeline dizia aquelas palavras e era quem sempre voltava e se desculpava mesmo estando certa. — Eu só vou usar o pingente para impedir que mamãe e os meninos se machuquem. Apenas isso, minha querida. — Mad explicou séria e compenetrada. — Não tenho outra intenção, juro.
Rebecca ofegou. Os olhos castanhos claros encontraram os escuros de Madeline vendo que era verdade.
— Você fez um pacto. — Acusou Rebecca com diversão. — Está conseguindo o que quer?
— Aos poucos. Nem todo mundo tem sua inteligência e beleza como armas, prima. Eu precisei apelar para poder competir contigo. — Mad admitiu sorrindo levemente e a atmosfera pesada da sala se desfez.
Rebecca gargalhando a tocou no rosto e ofegou um pouco.
— Cê sabe que isso não é verdade. Você sempre pode competir comigo, só não se esforçou para isso. Sempre preferiu a sua parte artística e dar valor aos sentimentos do que estudar.— Rebecca soltou e colou mais o corpo ao de Madeline. — E você também é bem linda. Eu amava te pentear e maquiar.
— Só porque queria que eu fosse mais uma de suas várias bonecas. — Madeline constatou irritada.
— Hm... não. Não era bem isso não. Agora você já tem idade para entender, Mad. Não era uma brincadeira inocente. — Rebecca admitiu colando mais o corpo ao de Madeline e suspirando. — Naqueles momentos, só eu podia tocar em você e te vestir e te dar banho.... a desculpa perfeita era você ser minha boneca.
Os seios de ambas, acariciando um ao outro com sua maciez, enquanto as duas ofegavam uma contra o pescoço da outra. Madeline tremeu quando sentiu o beijo de Rebecca em sua bochecha e pescoço. A moça tremeu um pouco sentindo a mão dela deslizar pela sua coxa.
— Não brinque assim comigo, maldita. — Mad a repreendeu. — Você sempre é má e...
— Era fofo como você sempre se desculpava sendo que estava certa. Desculpa, mas era tão fofo que eu te provocava de propósito. — Rebecca admitiu, selou os lábios nos de Madeline sem se controlar. Mad segurou o rosto de Rebecca e aprofundou o beijo gentilmente, pegando a loira de surpresa. Rebecca apenas aprofundou encostando a língua na de Madeline deixando sair todo o tesão acumulado por ela e pelo proibido que ela era.— Você sempre foi fofa mesmo quando eu era perversa com você. Esse seu lado masoquista sempre me intrigou e atiçou.
Madeline sentiu as mãos de Rebecca subirem sua camisa e soltou um som contra o pescoço dela, sentindo uma das mãos irem ao seu seio e acariciar o mamilo. A puxou pelo cabelo loiro e deixou os lábios próximos aos dela, negando com a cabeça. Rebecca a mordeu no pescoço e chupou a pele que estalou. Madeline mordeu o lábio inferior. Tocou as coxas de Rebecca tremendo e a menina a incentivou com as mãos na dela.
— Porra. Se já fez o que tinha que fazer, vá embora. Minha mãe vai chegar daqui a pouco. — Mad argumentou angustiada, as bochechas coradas e com o rosto nos seios da outra.— Ela vai ficar irritada se ver uma cena dessas, depois do pacto que eu fiz e com você sendo sangue do meu sangue e outra garota ainda por cima.
Rebecca lambeu os próprios lábios.
— Então você queria algo mais, doce Madeline? — Rebecca quis saber. — Estou bonita hoje? O que acha?
— Você sabe que é bonita sempre. Precisa mesmo que eu constate o óbvio, maldita? — Revidou Madeline. — Pare de me atormentar. Eu prometo que só vou usar o pingente. Vou continuar as ordens para Azazel cuidar de você e obedecer suas ordens. E nunca vou me deitar com ele. Agora, pare de me provocar e volte para sua universidade.
— A gente se vê, Mad. — Rebecca se despediu ainda atordoada que foi correspondida com tanto ardor. — Não quer ir final de semana lá para casa? A gente pode brincar de boneca... — Rebecca ofertou com um sorriso.
— Você já tem alguém. E eu tenho alguém. — Mad argumentou.
— E se não tivéssemos? — Rebecca quis saber.
— Então a resposta seria sim. Agora que já conseguiu o que queria como sempre, vá embora. — Ordenou Madeline.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Luise
🤣🥰
2022-10-14
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