O ser com uma elegante túnica azul marinho e longo cabelo prateado que ia até a cintura caminhou ligeiramente apressado pela ponte, onde abaixo havia um rio cristalino, que levava ao castelo elegante que parecia ornado em vidro ou gelo. Chegou no jardim cheio de chafarizes, parando e se curvando respeitosamente para Lúcifer. Lúcifer estava com sua tela em branco desenhando os primeiros traços do que Dantalion supôs ser sua nova criação.
— Tem estado no plano terrestre por muito tempo. — Analisou Lúcifer pacificamente com o carvão nas mãos brancas, que se moviam agilmente pela tela, mãos tão brancas que pareciam de uma estátua de gesso. — Algo interessante por lá, Dantalion? — Havia um meio sorriso nos lábios de Estrela da manhã.
— Sim e não, senhor. — Dantalion respondeu respeitoso. — Interessante para mim, mas nada empolgante para o senhor.
— Uma profetisa não é interessante o suficiente para mim, Dantalion? — A pacifica expressão de Lúcifer era inquietante para aquele que o assistia. Os olhos azuis celestes que pareciam um pedaço do próprio céu, saíram da devoção que tinham com a tela para fitarem severamente o demônio a sua frente. Dantalion inquietou-se com a firmeza daquele olhar sádico e perverso, mesmo parecendo tão bonito. — Uma que escolheu o inferno ainda por cima. Porque pelo que eu ouvi, a bruxa talentosa te invocou sem quaisquer selos. Ela foi burra ou extremamente respeitosa, eu me pergunto. Confiar nos de nossa laia a ponto de nos tratar com respeito e não usar das armadilhas de Salomão é no mínimo ingenuidade ou muita sagacidade por massagear nosso ego em nos mostrar tanto respeito e confiança.
— Foi acidental. Ela é impulsiva, majestade. Estava furiosa e só fez o que mandaram na internet. Não se preparou direito como um mago de alto escalão faria. — Dantalion respondeu.
— Ah, a ofensa disso. Então uma pirralha que não tem conhecimento mágico que a categorize como uma bruxa, usou de um reles feitiço na internet e chamou um de nós? E mesmo assim... o cheiro de magia fortíssimo na noite que te invocou era outro patamar. O cheiro doce de sangue virgem como oferenda e o delicioso de uma alma marcada para ser Dele se ofertando a um de nós. — Lúcifer comentou com um meio sorriso e começou outra vez a desenhar. — Não é só você que a quer, Dantalion. O outro lado também gosta da garota mesmo ela tendo se ofertado a nós tão desesperadamente. Ela é uma profeta afinal. E profetas não são nossos. Apesar do livre-arbítrio, não é só você disputando a alma evoluída dela. Não perca essa alma. Oferte tudo o que ela quiser.
— Sim, majestade. Eu não irei perdê-la.
— Você... como ela trata você? — Lúcifer indagou. — Tem um senso de superioridade por ser tão talentosa magicamente? Deve ter. Você deve ser um bom escravo para ela.
— Não é assim que funciona nossa relação, ela me trata com respeito. — Dantalion respondeu.
Lúcifer o analisou.
— Ela se subestima e não vê o próprio talento. — Comentou Dantalion.
— A faça sentir o gosto do poder então. Mostre a ela o que é liberdade e poder. Faça ela desejar por mais e mais. — Lúcifer aconselhou. — Liberte-a da concha da inferioridade na qual você e eu vivemos por tanto tempo. A faça ansiar esse poder e esquecer-se daquilo que a limitou por tanto tempo.
...
Madeline terminou de escrever a peça no horário do professor de literatura que era o último do dia e entregou os papéis a ele, que os recebeu desinteressado e os colocou junto a outra pilha de folhas. Então a moça deu um suspiro satisfeito. Sua parte já havia sido feita. Agora era esperar o demônio jogar os dados do destino.
Bom, Mad. Agora vamos para casa.
Mad saiu da sala de aula, obediente. Caminhou pelos corredores apressadamente e finalmente saiu rumo ao estacionamento e foi para a parada de ônibus. O rubro do entardecer dava lugar a tons mais escuros com o sol se despedindo. Ficou sentada no banco esperando o ônibus escolar surgir assim como outros alunos que dependiam do transporte como ela. No ponto de ônibus, ela tirou um espelho de maquiagem de dentro do bolso da frente da mochila e analisou seu reflexo. Viu o elegante ser nele e deu um sorriso inconsciente. Os olhos de ambos se encontraram. Os rubros dele contra os escuros dela. A garota corou fortemente. Não via a hora de chegar em casa e ir para frente do guarda-roupa se olhar no espelho de corpo inteiro.
...
Assim que a moça chegou em casa, ignorou seus pais e irmãos, foi correndo para o seu quarto e se trancou. Madeline respirou fundo várias vezes antes de ir para a frente do espelho de corpo inteiro do seu guarda-roupa branco e o ver refletido lá. Os olhos dela se demoraram na bela figura dele. O cabelo prateado até a cintura, a túnica elegante, os chifres, os olhos rubros, a altura que era muito alta para a dela. Ela se sentou na cama, vendo o reflexo dele se sentar ao seu lado. As garras dele no cabelo dela. Reclinou a cabeça no peito dele e permitiu o afago.
Escreveu a peça. Está empolgada por isso? Se é por essa razão, devia ter dito aos seus pais.
Madeline assentiu somente fechando os olhos. Analisou o mundo dentro do espelho satisfeita. Sobreviveu a esse dia sem querer morrer, por causa dele. Nem quando acreditava em Jesus se sentia completa assim.
— Você quer que eu escreva mais um capítulo para os seus pensamentos hoje, meu duque?
O demônio apenas enroscou o pescoço dela com a mão pálida, os dedos, onde as unhas eram as garras pretas horrendas. Madeline deixou, o assistindo. Dantalion a ergueu e lambeu o pescoço dela e rasgou a blusa da menina.
Depois você escreve para mim.
A menina assentiu em acordo. Analisou os dedos da mão pálida e fantasmagórica tocarem sua pele e não conteve os sons manhosos. Dantalion a aconchegou mais a si, se divertindo com o desejo descomunal que causava nela quando ela devia repudiá-lo por ele ser o que era, a sentou em seu colo e com a menina nua da cintura para cima, contemplou a visão dela no espelho.
Não sente mais medo em me ver refletido e junto a você?
— Eu sentiria medo se partisse. — A menina comentou por alto. — Mesmo que seja só sombras o que me traz, pelo menos preenche o vazio. Gosto da sua companhia.
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Atualizado até capítulo 82
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