Na manhã seguinte, com os raios de sol irritantes penetrando a janela, Madeline acordou com batidas violentas na porta do seu quarto. Ah, era fim de semana! Por que tinha que acordar cedo?
— Se está fazendo algo inadequado com o caído, se prepare logo. Eu vou abrir em vinte segundos. Seu pai e irmãos não estão em casa.
Madeline coçou os olhos, abriu os olhos, assustada. Sentiu o peitoral quente no qual apoiava seu rosto, beijou o peito pálido dele que parecia o de uma estátua, antes dele se afastar. Madeline deixou escapar um lamento por ser tão bom ficar aconchegada nele.
— Não vai, mestre.
— Hoje eu estou irritado. — Ele comentou por alto. — Lembre-se, eu sou o único com quem deve partilhar seu afeto e cama.
Dantalion estava pensativo, tocou o rosto dela e beijou-a nos lábios, saiu debaixo dos lençois dela e se colocou de pé e a estudou por um tempo. E sumiu sem dizer nada.
Ela conteve um gemido de tristeza fazendo um beicinho, abraçou o gatinho que estava mais elevado na cama, por causa da almofada cor de rosa. Ainda injuriada por Dantalion ter a deixado sozinha.
A porta do quarto foi aberta pela mãe de Madeline.
— Se arrume logo. Advinha quem está aí para vê-la? — A mãe dela começou sarcástica.
— Sei lá, mãe. Não sou advinha. Quem? — A menina perguntou sem interesse.
— Ora! A outra esposa de Satã. — Respondeu Ângela com amargura. Encarou ao gato preto de Madeline com um suspiro e orgulho. — No caso, a sua maldita tia. Já colocou um nome nessa coisa? Já a alimentou com sua energia? Ele parece um pouco maior.— A mãe dela constatou apontando para o gato. Madeline assentiu horrorizada que sua mãe soubesse tanto.
Ângela foi até o guarda-roupa de Madeline e o abriu, pegando o bonito vestido vermelho de festa e o jogando na cama.
— Vista isso depois do banho. Use as joias que te dei. Calce um par de sapatos de fivela. Vou arrumar seu cabelo. Pareça a princesa que é.
— Não sei. Esse vestido aí é de festa! Foi caro. Papai teve que… — Madeline protestou e analisou a sua mãe. Ela estava estranha porque não parava de sorrir, como se numa piada interna. — Você parece de bom humor, mãe.
— Coloque o nome “Dante” nessa coisa aí, a Divina Comédia é bem sua cara e é meio irônico e afrontoso. E eu sei como você gosta de afrontas, garotinha.— A mãe de Madeline comentou com diversão. — Mostre o seu familiar a sua tia! Nem ela tem um. Ela só tem o pingente e já se sente a última bolacha do pacote. Você já a superou nisso. Demônios só dão familiares a quem consideram poderosos demais e a quem estimam e respeitam profundamente. Parabéns!— Ângela cumprimentou de repente tocando o gato de Madeline e dando um sorriso de orgulho. — E mostre o demônio de primeiro escalão a ela também. Mostre que mesmo sendo minha filha, você tem o dom que eu nunca tive na magia! E nem precisou dela, do coven ou do maldito grimório para nada. Minha bruxa talentosa e solitária. Acho que subestimei muito você.— Ângela arqueou a sobrancelha e analisou Madeline com o que parecia orgulho.
— Mãe?
— Estou te apoiando no caminho das trevas que escolheu. Não era isso que você queria? — Ângela a indagou. Sentou-se na cama da menina e a tocou no rosto, beijou-a no rosto.— Você é a bruxa mais poderosa de gerações. Agora, escute sua mãe. Esfregue na cara da maldita que é você a herdeira do demônio que segue nossa família a gerações. Mostre a ela o seu familiar, mostre a ela o demônio poderoso que tem ao seu lado que supera o maldito do Azazel!
— Mãe! — Exclamou a garota horrorizada! Os olhos de Madeline se arregalaram de susto. — Azazel é um demônio? Mas ele é um mordomo.
— Ele é. — A mãe dela comentou. — Estou do seu lado, mesmo sabendo que vendeu sua alma a outro que não é o de nossa família. — A mulher ruiva deu de ombros. Madeline notou que ela não usava mais o crucifixo no pescoço.— O pingente que sua tia usa, o diamante… — Madeline moveu a cabeça tentando assimilar. — é o que ancora o demônio que serve os Delacour a esse mundo. E o pingente tem que ser seu. Se ela não o entregou a Rebecca até agora, é porque você é quem o demônio quer. Ela quer te apresentar ao coven e inventou um baile de máscaras na data do seu aniversário como desculpa. Trate o mordomo bem e o faça gostar de você. Entendeu?
— Sim, mamãe. Eu… eu entendi. — Madeline tentou compreender.
Eram mesmo bruxas?
— Ótimo, Madeline. — Ângela soltou, a abraçou forte e com os olhos cheios de lágrimas. — Daniel me dará o orgulho de se formar na universidade de engenharia, Sean ainda é um menino. Mas é você que me dará a chance de superar Gertrudes em algo na minha vida. Seja uma bruxa melhor do que ela. Se vendeu sua alma aquele demônio e já está na chuva, agora se molhe! E eu… — Ângela suspirou. — Eu pedi para ter uma garota aos céus. Eu te amo filha. Mas eu sempre te comparei com Rebecca porque sempre competi nisso com Gertrudes, como minha mãe comparava Gertrudes e eu. Foi errado.
— Eu entendi, mãe.
— Ela preparou Rebecca para ser a herdeira, mas agora quebrou a cara. Isso é divertido, Madeline.
…
Madeline desceu a escada com o gato em mãos, beijando-o devotadamente e procurando Dantalion. O vestido vermelho elegante de seda, com o par de sapato de fivela lustradissimo e o cabelo curto molhado e penteado para trás. A pele pálida dela se destacava. Parecia uma boneca. Ângela desceu junto a Madeline.
Quando chegou ao final da escada, o mordomo estendeu a mão a ela. Enquanto Gertrudes a esperava sentada no sofá simplório que compunha a sala.
— Madeline, um prazer te ver de novo! Não nos vemos desde que era uma criança. — Azazel a cumprimentou a estendendo a mão. A menina a aceitou. E ele a beijou como um cavalheiro do século passado.
Esse maldito tocando no que não o pertence!
Gertrudes se mantinha em choque, analisando Madeline com rancor desmedido. A onda de energia vibracional poderosa vinda dela. A raiva a dominou.
— Oi tia, oi Azazel. — Madeline os cumprimentou tímida, mas sem soltar seu gato.
Os olhos de Gertrudes se arregalaram ao notar o gato na mão de Madeline. Gertrudes estudou Azazel com perguntas mudas. E foi quando Dantalion surgiu ao lado de Madeline, visível a todos na sala e então beijou a testa dela.
— Azazel. — Dantalion cumprimentou o outro, abraçando Madeline, possessivo.
— Dantalion, meu duque. — Azazel constatou calmamente e o fez uma reverência. — Ao que devemos a honra de sua ilustre presença?
— Madeline me invocou. — Dantalion respondeu calmo.
E todos na sala observaram Madeline, que se focava apenas no gato preto dela ignorando a onda de rancor poderosa de sua tia.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 82
Comments