Choque e horror percorreram Madeline agora. Sentindo pela primeira vez o perigo do que era um pacto, já que esta foi uma coisa que Dantalion com seu carinho a fez esquecer facilmente. Eram demônios afinal. Era para se esperar o quê? Confrontou sua tia. Os olhos de Madeline estão arregalados.
— Isso é verdade? — Exigiu Mad, trêmula a loira imponente de vestido preto. — Ele pode matar todo mundo da nossa linhagem? — Quis saber num fio de voz.
A loira apenas deu um sorriso resignado e soltou um bufo com os lábios.
— Acha que eu estaria aqui conversando com você se não fosse verdade? — Gertrudes soltou exausta. — Pergunte a sua mãe se não acredita. — Mad mirou sua mãe. Ângela assentiu com a cabeça confirmando a fala da irmã e de Azazel. — Nós parecemos ter o controle, mas por baixo dos panos, nossa família serve a ele e isso há muito muito tempo. E todos que tem o nosso sobrenome nas veias e mesmo que um gota do nosso sangue estão condenados se Azazel não encontrar alguém que o inspire respeito para ancorá-lo a terra. E tudo o que nossa família ganhou ao longo dos séculos no pacto, será desfeito caso ele se irrite o suficiente. Então só faça como ele manda como todos nós. Se aceitou ser uma bruxa...
— Você não pode exigir nada de mim! Se eu fizer isso vai ser pela minha mãe e pelos meus irmãos.— Madeline disparou se irritando.— Até porque se dependesse de você, eu nunca saberia sobre essa herança mágica. Só está aqui me contando porque precisa de mim e porque Rebecca não pode assumir.
Madeline deixou os olhos irem a Dantalion e então pairarem no familiar de ambos nos braços dela. Dantalion mantinha-se neutro, mas Madeline se lembrou das palavras dele sobre estar mal humorado aquela manhã. E sobre ela se vincular a outro demônio. Era por isso? Ela quis tanto se desculpar com ele. Tanto. Tanto. Estava angustiada.
— Faça a festa. — Madeline concordou analisando Azazel. — Eu vou assumir essa herança sombria. — Madeline aceitou e acariciou seu gato. — Mas eu vou só carregar o pingente, Azazel. Não espere mais nada de mim além disso.
— Certo, veremos. — O demônio de belo cabelo escuro respondeu sorrindo satisfeito. Ele tocou o cabelo de Madeline, acariciando os fios com a mão humana do corpo que a primeira bruxa Delacour o cedeu para caminhar na terra. — Isso serve por agora criança. Saber que estarei bem próximo do seu coração como estou do da sua tia, minhas mais estimadas bruxas. — Ele riu.
Madeline analisou a pedra vendo que o pingente transparente caia bem no meio dos seios de Gertrudes. Azazel lançou um olhar a Dantalion e sorriu maldosamente de lado. Um sorriso charmoso e desafiador.
Azazel analisou Dantalion e garantiu:
— Meu duque. Eu serei um ótimo servo a sua protegida. Pode até ser que ela prefira minha servidão ao seu senso de superioridade. Então o que se poderá fazer? Eu sempre soube como servir Bruxas. O seu último e talentoso mago foi há muito tempo. Você lembra de como é?
— Por favor, não o irrite! — Madeline pediu a Azazel, conciliadora. Sorrindo fraco. — Eu que terei que lidar com ele depois.
Azazel acatou beijando-a na bochecha, perto dos lábios vermelhos dela que estavam inchados pelos beijos brutais de Dantalion.
— Certo. — Azazel respondeu suave. Madeline se desvencilhou do toque dele dando passos para trás. — Nós vamos indo agora. Até o Halloween pessoal. — Azazel se despediu de bom humor. — E até seu aniversário, Madeline. — Ele brincou sabendo que o Halloween era no mesmo dia do aniversário de Mad. — Vamos, matriarca! — Ordenou a Gertrudes, impiedoso.
Gertrudes se levantou do sofá, foi até a sobrinha e encarou Madeline.
— Obrigada. — Falou Gertrudes calmamente sentindo o peso em suas costas se esvair. Estava aliviada. — Eu vou compensar você por isso. Ele só tem que ser mantido sobre controle e satisfeito... Então as coisas continuarão a dar certo para nós duas e para toda a família.
— Não fiz isso por você. — Madeline informou azeda. — Na verdade, se mamãe e meus irmãos não tivessem inclusos, eu estava me ferrando para o resto da família.
Ângela sorriu apreciando essa fala de Madeline.
Gertrudes suspirou.
— Não sabia que era tão rancorosa. — Gertrudes deixou escapar realmente curiosa sobre essa parte de Madeline, ela parecia tão dócil antes.
— Você não sabe absolutamente nada sobre mim. — Madeline a respondeu com os olhos sombrios. — Acha que só porque eu era tímida e quieta, eu não tinha muito o que dizer. Mas a realidade é que o meu silêncio é para não perder energia discutindo por coisas fúteis e desnecessárias com quem não merece um pingo do meu respeito. Eu prefiro gastar minha energia preciosa para escrever.
Gertrudes deu um meio sorriso e se afastou se retirando da casa junto a Azazel.
Madelene analisou Dantalion.
Ângela os estudou com a sobrancelha arqueada.
— Proteja minha filha deles. — Ângela pediu suave a Dantalion. — Azazel é manipulador, descontrolado e perigoso. A minha avó se matou porque se recusou a obedecê-lo e ele a levou a loucura, até que ela se jogou do andar mais alto da casa e o crânio dela se rachou contra o chão e isso foi na frente de toda a família como um aviso. Ele sempre foi persuasivo. Você é um demônio como ele, mas pelo menos respeita Madeline o suficiente para a dar um familiar e isso me mostra que quer mesmo protegê-la e mantê-la viva. E sei que o pacto com ela é importante para você.
— Você não está no coven, mas entende mais de bruxaria do que muitas bruxas... — Dantalion analisou dando a ela esse mérito.
Madeline os estudou quietinha.
— Eu estudei tudo mesmo sem poder por em prática. — Ângela o respondeu simplória, com a sobrancelha arqueada. — Eu estudei o suficiente para querer me esconder por trás de uma cruz e escolher ser cristã e que todos os meus filhos fossem criados e batizados para ficarem longe de tudo isso. — Ângela admitiu. — Mas Madeline já vendeu a alma, vou fazer o quê? Não vou usar o crucifixo por agora como forma de deixar você em paz. Mas em troca, Madeline deve ser protegida dele e do Coven.
— Mamãe, pare de falar como se eu não estivesse aqui. Do que está falando? — Madeline exigiu.
— Há feitiços que podem roubar o poder de uma bruxa. E sua tia deve conhecer bem eles. Foi o que ela fez com mamãe, ela roubou o poder da minha mãe. — Ângela comentou e analisou Madelne. — O seu dom é a criação através das palavras. Não, não só através das palavras até os seus pensamentos. — Constatou a ruiva analisando o demônio em carne e osso pela mera vontade de Madeline. —Você é uma escritora e ele sua personagem e filho. O seu dom é o mais próximo da própria Divindade, uma cocriadora e suas palavras tem poder, seu olhar e pensamentos direcionados numa intenção podem causar o caos. Por isso, você tem o domínio supremo sobre todos os aspectos da criação e não só de um como a maioria das bruxas. Azazel está louco por esse poder sabe-se lá para quê. Sua tia pode planejar roubar seu poder quando você despertar como uma bruxa nos seus dezesseis anos e o ceder a Rebecca, assim não precisaria de você.
— Vou proteger Madeline. — Dantalion garantiu.
— Ah, isso. Eu sei que vai. Até porque você precisa dela para ficar nesse mundo por mais um tempo. O inferno deve ser entediante, mesmo não sendo fogo e enxofre. — Provocou-o a mãe de Madeline rindo.
Dantalion se manteve calado.
— Apenas não deixe que os irmãos e o pai da Mad descubram. — A mulher solicitou séria e preocupada pela ruga que se formou em sua testa. — E deixe as almas deles em paz.
— Sim. — Dantalion acatou
— Bem, podem ir fazer sabe-se lá o quê, que os dois fazem naquele quarto sozinhos. — A mãe de Madeline falou tolerante. — Eu vou orar pela sua alma, Madeline. É o que eu posso fazer por você. — A mulher ruiva deu de ombros. — Talvez Deus intercerda.
— Ele não intercedeu na hora que eu precisei. Não preciso que Ele aja agora. — Madeline revidou bem irritada. A mãe dela sorriu pensando que até chateada, Mad era fofinha.
...
Madeline subiu para o quarto dela novamente sob o olhar lamentoso de sua mãe. Dantalion abriu a porta e Madeline entrou com o filhote de gato o colocando na almofada preferida dele e ele dormia.
Dantalion a estudou.
— Desculpe. — Ela o pediu. Tocou o cabelo prateado, pegou a mecha e a beijou lentamente e com adoração. — Eu amo seu cabelo. Parece fios feitos das estrelas. Seus olhos me lembram o último adeus do sol no céu. Seus chifres são como belas cornetas e sua pele é como se feita da lua. Você é tão lindo.
Ele deu um meio sorriso e beijou a testa dela.
— Me lisonjeando assim porque sabe que fezbesteira. Mas eu vou relevar. Você também é linda. — Dantalion garantiu. — E esse vestido te deixa ainda mais linda.
— Não precisa mentir, mestre. — Ela negou rindo e o abraçando.
Começou a dançar valsa com ele mesmo sem música. Dantalion a acolheu em seus braços e suspirou com o abraço dela, beijando o topo da cabeça dela e os fios escuros do cabelo dela. A abraçou mais forte se lembrando do beijo de Azazel no rosto dela.
— Eu gosto da sua manipulação, o jeito que me faz esquecer que o pacto pode se voltar contra mim, como ele fez hoje ameaçando minha família. — Madeline admitiu cansada, enroscando os dedos nos dele e chorando— Gosto que me dê o que eu quero assim. — Ela confessou sem forças. — Eu não resisto a você assim e nem fico com medo. Por favor, não me assuste como ele fez. Eu amei quando me perguntou como eu queria o nosso bebê e quando me protegeu da tia e quase a matou sufocada com aquele maldito colar. — Ela confessou e os olhos dela ficaram rubros.
— Gostou? — Ele jogou com ela. — E como vai me recompensar por isso?
Madeline ofegou tremendo e o beijou pulando no colo dele.
— Eu quero você dentro de mim agora, mestre.
— Quer? — Dantalion a beijou e mordeu o lábio inferior dela sorrindo. — Nosso bebê está dormindo na nossa cama. Devemos tomar banho juntos?
Madeline assentiu sorrindo.
...
Gertrudes analisou Azazel cantarolando enquanto penteava o cabelo dourado dela. Ela suspirou se olhando no espelho que compunha a penteadeira de ouro e os olhos azuis dele se encontraram com os escuros dela pelo espelho. Ele sustentou o olhar intensamente.
— Está feliz? — Ela o questionou.
— O que acha? — Ele respondeu misterioso, ainda passando a escova nos fios dela. Ele os beijou os fios dourados gentilmente e, Gertrudes o analisou confusa.
— Vou cuidar bem de Rebecca agora que o pingente estará seguro com Madeline. — Ele garantiu a Gertrudes docemente. — Obrigado, minha amada.
— Você joga bem, maldito. — Gertrudes confessou e tomou a escova da mão dele. — Se eu ainda fosse a menina de antes, eu cairia no seu charme. Saia agora! Não suporto olhar para você.
Ele sorriu e tocou o pescoço dela com o polegar, acariciando a carne macia e soltou um som de necessidade.
— Se deite comigo só mais uma vez? — Ele pediu a ela, engolindo em seco. — Assim o dia ficará perfeito para mim e eu prometo te satisfazer como seu marido nunca conseguiu.
— Não me importa. — Ela falou irritada. — Suma da minha frente. Eu ainda sou quem te comanda. E eu tenho nojo de você.
— Entendi. — Ele comentou amargurado. — Eu vou me retirar agora, senhora. Com sua licença.
Azazel saiu do quarto elegante e em tons pastéis cuja porta em arco era branca. Caminhou apressado pela casa e o dia lá fora virou uma tempestade sinistra. Ele viu Rebecca se agarrando na sala de estar com um rapaz. As mãos dele se fecharam em punho. Ele parou de andar e analisou a cena com sua frieza habitual. Rebecca se virou e o viu, ela empurrou o moço de cima de si, constrangida.
Azazel entrou na sala.
— Senhorita Rebecca, não disse que traria companhia para casa. Se soubesse teria colocado mais um lugar a mesa para o jantar.
— Ele não vai jantar aqui. — Rebecca disse rápido, tentando se recompor. — Saia. — Ela disse ao rapaz.
— Mas foi você que... — O menino protestou furioso.
— Vá embora. — Ela ordenou impiedosa ao rapaz. — Creio que saiba o caminho. Se não, Azazel pode te acompanhar.
— Você é mesmo inacreditável. — O rapaz bonito disse irritado. — Tá, tanto faz. Você nem é mesmo tão bonita assim.
O garoto saiu pelo corredor com piso de mármore em forma de tabuleiro de xadrez até a elegante porta da frente. Rebecca encarou Azazel. Ela ofegou um pouco e lambeu os lábios.
— Você pode me fazer um favor... — Ela pediu gentil.
Azazel assentiu com a cabeça num sim.
— Escove o meu cabelo como quando eu era criança... — Ela começou com a voz ainda afetada pela respiração pesada dos beijos que deu no garoto. — Está todo bagunçado porque o idiota acha que tem pegada e mesmo que eu vá ao cabeleireiro é só você tem o dom de fazê-lo ficar bonito. — Ela acrescentou vermelha.
— Venha. — Ele a chamou. Estendeu a mão a ela. E Rebecca a aceitou, enlaçando a sua mão a dele e o seguiu para o quarto que era dela.
Ele parou na frente da porta em arco cor de rosa com maçaneta de ouro, esperou que ela a abrisse e ela o fez tremendo e o puxou para dentro.
A moça então fechou o quarto com eles dois dentro, deixando evidente a cama de dossel, cheia de bonecas de porcelana loiras e cobertores brancos de seda, algodão egípcio, babados e renda. O guarda roupa branco antigo, as paredes cor de rosa bebê. Ele a seguiu até a penteadeira cor de rosa onde havia uma boneca de porcelana maior que as outras a qual Rebecca tirou como se envergonhada. Rebecca sentou-se e o entregou a escova dourada.
Ele desfez o cabelo dela cuidadosamente do coque. Os fios lisos caíram até o meio das costas e ele começou a escová-lo concentrado. Os olhos dela se encontraram com os dele no espelho. E a menina desviou primeiro.
— Ficaria bonito se cortasse o cabelo. — Ela comentou de novo, mas dessa vez mais educada. — Você é bonito.
— Vou pensar sobre o assunto, senhorita. — Respondeu-a cortês.
— Eu quero que o corte. — Rebecca repetiu mais impetuosa dessa vez.
— Por que? — Exigiu Azazel.
— Porque eu quero. — Ela exigiu. — Corte!
— Não. — Azazel respondeu sorrindo.
Ela apenas tomou a escova da mão dele e a jogou longe, furiosa. Outro de seus ataques.
Então o estudou perto dela e tocou o cabelo dele acariciando os fios incoscientemente. Ele deixou.
— Ele beijava bem, querida? — Questionou-a Azazel.
— Não. — Respondeu Rebecca ofegante.
— Ah. — Azazel respirou sobre o pescoço dela. — Uma pena. Talvez se você dormisse com ele, parasse de ser tão estressada e...
Ela o puxou pelo cabelo e o beijou furiosa, o calando. Os lábios dela se tombaram nos dele com fúria. Rebecca respirou como se aliviada depois de beijá-lo, ele se perguntou agora por quanto tempo ela suprimiu o desejo por ele. Ela o queria mesmo? Azazel estava surpreso. Ela continuou o beijo sem se importar com mais nada e Azazel a correspondeu em algum momento e derrubou as coisas da penteadeira a colocando sentada sobre ela. Tocando-a nas coxas alvas e as apertando com força.
— Hm... — A menina gemeu trêmula. Ela o tocou como se não acreditasse que era mesmo ele. — Vem. — Implorou a ele. — Me fode aqui!
Azazel abriu os olhos, lambeu o pescoço dela e o mordeu deixando sua marca no pescoço alvo.
— É mesmo isso o que quer? Eu sou só o mordomo em quem dá ordens. — Ele a lembrou de todas as palavras duras que ela o lançou.
— Ordens que você não obedece. — Ela constatou e sorriu para ele.
— Eu basicamente criei você Rebecca. Se sua mãe souber disso, ela vai ficar furiosa.
— Eu não me importo. E você? — A moça exigiu dele.
Azazel sorriu.
— Não. — Respondeu-lhe . — Mas eu terei o controle disso, Rebecca.
— Por mim tudo bem.
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Atualizado até capítulo 82
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