Madeline analisou a tela do notebook editando o segundo capítulo que havia escrito para Dantalion bem concentrada. O tempo inteiro sentiu a mão dele em seu ombro. O peso parecia mais real do que antes. Notou que o via agora sem precisar de objetos com reflexo, pegou a mão dele e a beijou. Dantalion deixou a mão livre passar pelo cabelo curto dela gentilmente como resposta e sorriu-lhe minimamente como se orgulhoso.
Batidas na porta do quarto, a fizeram parar de escrever e ele sumiu. Por que ele sumiu se ninguém além dela podia vê-lo? Estranho. Após bater, sua mãe entrou sem cerimônias. As batidas eram só um aviso caso Madeline estivesse fazendo algo inadequado.
— Seria pedir demais que você estivesse estudando, não é? — A mãe dela disse severamente lançando um olhar e vendo: “Capítulo 2”. Madeline suspirou fechando o notebook, envergonhada. — Largue esse computador e essas fantasias inúteis. Desça! Seu pai encontrou algo no trabalho dele que pode interessar você.
Madeline assentiu com a cabeça.
O nome da mãe de Mad. Ângela. Era ruiva natural com alguns fios grisalhos, possuía uma estatura fina e super frágil, um corpo em forma por ser bailarina. Parecia uma menininha. Madeline sentia o olhar de desprezo que sua mãe a lançava por estar dez quilos acima do seu peso ideal. A menina suspirou. Tirou os óculos, que eram mais para descanso na leitura e na escrita e massageou as têmporas. Moveu os lábios “Me desculpe, eu termino depois. Prometo."
Tudo bem. Espero que fique contente com sua surpresa.
Às duas desceram a escada juntas. Madeline prendeu o ar vendo o gato, que era uma bolinha preta de pelos. Mas o irmão mais novo de Madeleine, já estava com a surpresa dela em mãos. Madeline conteve a raiva dentro de si, de Sean estar tocando em seu bebê. O gato era um filhote ainda. Tão pequenininho. Os olhos intensos eram verdes e a miraram como se a reconhecessem. Madeline sentiu o ciúme a dominar ao ver Sean segurando seu bebê. Foi quando o gato ficou arisco, arranhou o menino que o jogou no chão e o gatinho foi até Madeline que o acolheu de imediato. E a moça lançou um olhar homicida a Sean por largar o gato no chão sem cuidado algum. A mãe de Madeline correu até Sean, analisando o machucado que o gato causou e vendo o sangue escorrer do arranhão.
— Bem, Sean... não jogue o gato assim. — O pai de “Mad” repreendeu.
— O maldito me arranhou, pai. Queria que eu fizesse o quê? — O menino gritou se fazendo de vítima.
— Ele ainda é um filhote, deve estar assustado longe da mãe. — Explicou o senhor Jonh com paciência e bondade. — Filha, encontrei esse gatinho perdido. Bem, os outro e eu, procuramos a mãe dele em todo lugar da madereira, mas ele estava sozinho e eu sei como você ama gatos. E sua mãe e eu nunca te deixamos ter um. Agora você tem idade o suficiente. — O pai de Madeline a informou com um sorriso, cortando o olhar homicida de Madeline ao próprio irmão.
O olhar matador de Madeline, não passou despercebido pela mãe dela, que abraçou Sean protetora como se sentisse a fúria doentia de Madeline. Uma lâmpada estourou na cozinha. Pá. O nariz de Sean começou a sangrar. Era comum o nariz dele sangrar, então não houve tanto alarde por parte do pai de Madeline.
— A cabeça para cima, filho. Como a mamãe ensinou. — Ângela aconselhou, ajudando o filho, tentava fazer o sangue parar.
O barulho horrendo da lâmpada ainda era audível, a fiação se desfazendo. A mãe de Madeline a estudou com acusações mudas. A menina a estudou confusa, abraçando o gato e o beijando protetora e maternal. A mãe dela a encarou horrorizada e fascinada ao mesmo tempo. Ângela viu a sombra atrás da filha e viu o ser que a estudou de volta com um sorriso.
Olá, me lembro de você bem. Você não serve para a bruxaria Ângela. É por isso que nenhum de nós escolhemos você, quando tentou nos conjurar tão desesperadamente usando o grimório da família. Mas Madeline, como Gertrudes, é um talento nato, sabia? Como é invejar sua própria filha e se esconder de nós atrás da cruz porque é fraca demais para conjurar seu próprio poder? Eu sou aquele que abrirá as portas desse mundo a sua filha. Você era só uma bailarina fracassada e que abusava da técnica porque no fundo sabe que nunca teve talento para nada. Mas essa menina... Ela é tão poderosa quanto sua avó era. Ela é a bruxa Delacour escolhida pelo céu e pelo inferno.
— Madeline Delacour, pare de olhar o seu irmão assim ou eu vou te levar o padre Adam agora mesmo para você se confessar. Confessar o que fez. Prostituta de Satã.— A mulher disse traiçoeira encarando a filha. — O que? Quer explodir a cabeça dele como fez com a droga da lâmpada, esposa de satã?
Madeline achou graça agora. Arqueou a sobrancelha, impaciente e um jarro se quebrou perto de sua mãe. O gato se acolheu mais a Madeline ronronando dengoso.
— Sua filha está possuída pelo diabo. — Ângela disse pegando o crucifixo e o mostrando a Madeline. — Vá de retro, Satanás.
Madeline gargalhou alto.
— Ah, mamãe... você não tem ideia tem? Satã não aceita qualquer uma para ser sua esposa.
— Ângela, pare com suas loucuras de bruxas. Madeline não provoque sua mãe assim!— O pai de Madeline pediu cansado e exausto. — Ângela não é só porque sua filha não vai mais a igreja que é uma bruxa. Deixe ela em paz, pelo Amor de Deus. Implica com ela por tudo!
— Ela é como a Gertrudes em tudo, em tudo. Maldita hora! Maldita hora em que a coloquei nesse mundo! — Ângela cuspiu furiosa na cara de Madeline. O nariz de Ângela começou a sangrar também, e o sangue do nariz foi até a cruz. — Ela vendeu a própria alma, Jonh. Você tem noção disso? Ela está com o demônio. — A mãe dela acusou limpando o sangue. — Cheia de fantasias e loucuras na cabeça. Você sabe... sabe, que... Gertrudes via o homem. O homem... E agora, ele está do lado de Madeline. As duas são amaldiçoadas.
O pai de Madeline lançou um olhar a Ângela de “ cale-se”! A mulher se calou horrorizada com o olhar intimidante dele. Era um olhar poderoso.
— Cuide de Sean e de si mesma e para de cuspir essas besteiras idiotas da sua família esquisita. — O pai de Madeline ordenou cansado. Então encarou a menina. — É o seu presente de dezesseis anos, minha menina amada. — O pai de Madeline foi até ela e a beijou na testa. — Não sei porque me lembrei do quadro do seu quarto do escritor medonho que você gosta e soube que esse pequeno tinha que ser seu, Maddie. Seu próprio gato preto. — O pai de Madeline afagou o gato e o pequeno roçou a cabecinha na mão do homem.
— Obrigada, papai. — Mad agradeceu com o gatinho em mãos, e os olhos cheios de lágrimas. O gato aconchegou-se nela.
Madeline apenas suspirou comovida.
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Atualizado até capítulo 82
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