Naquela manhã de segunda-feira, Madeline analisou o professor Evans e os meninos e moças do grupo de teatro sentados em círculo no palco. Todos a analisavam como estivessem vendo um ídolo. A menina pigarreou e apenas analisou-os de volta forçando-se a sorrir e soar sociável, coisa que estava bem longe de ser.
— Foi você quem escreveu a peça? — O rapaz de cabelo escuro perguntou com o papel que era uma cópia da peça de Madeline em mãos e se levantando do chão sob o olhar atento dos outros atores. Ela o reconheceu como Ryan. O menino do clube de teatro, conhecido por ficar com garotas e garotos. Ele estava analisando Madeline com um sorriso de canto bonito. Ele começou a ler em alto e bom tom. — “Eu sou a perdição da humanidade? Por que essa alcunha sombria só pela minha existência longe da Graça da qual fui concebido? Eu só caminho solitário no mundo, esperando pelos chamados raros que fazem em meu nome daqueles que serão companheiros em troca dos meus poderes. Meu nome é Dantalion e eu caí com Lúcifer. Humanos culpam os demônios por suas desgraças, mas eu apenas as assisto como alguém passivo e não ativo nelas. E percebo, o quão sujo e escória são essa raça, por nem assumirem sua própria culpa. Sempre o Diabo como desculpa para seus atos mais horrendos, tão horrendos que não podem explicar de um meio natural e por isso o sobrenatural numa mãe que afoga os próprios filhos num rompante de loucura momentânea chamado de possessão demoníaca. Eu amo assisti-los provando que não são dignos de terem sido feitos pelo meu progenitor. Progenitor, porque Pai é íntimo demais para se tratar de um ser que só me criou. Deus e Diabo. Preto e Branco? As palavras distorcidas de um livro? Humanos! Essas patéticas criaturinhas correndo atrás do próprio rabo e buscando um sentido de significância. Eles me fazem rir. Querem sempre tudo tão claro e transparente, mas nunca percebem que estão na escuridão e podem ser no máximo cinza, se tentarem alcançar a luz de sua alma. Porque tudo no mundo é Luz e Trevas, opostos que se complementam e será assim até a Segunda vinda do Filho do Homem. Pois, ninguém é totalmente bom e ninguém é totalmente mau. A humanidade inteira caiu e só foi redimida pelo sangue de um masoquista, que desceu do céu e de toda sua glória e, derramou sangue por um câncer incurável, que por milhares de anos, só fica maior e maior e, mais e mais nocivo. O esforço de Yeshua foi comovente. Eu O amava como a um irmão, mesmo estando abaixo dele no céu. E quando vi o sangue caindo da cruz meio que me comoveu. Eu pensei: "Que desperdício! Eles não merecem você." A humanidade é um câncer que só cresce e cresce! E queridos e queridas, acordem! Evoluir nesse caso não é bom quando se é um tumor maligno. ”
O garoto terminou de ler e a mirou, extasiado. Ele engoliu em seco, sentindo arrepios pela sua própria interpretação.
— De onde você tirou isso, autora? — Ele exigiu sem ar, a estudando com fascínio e devoção.— Você tem noção... O que é a série Lúcifer perto disso? Brincadeira de criança. Um filho renegado por um Pai e tentando fazer o bem quando sua alcunha é a maldade... Tá, tem sentido. Mas isso aqui, você tem noção da complexidade disso aqui?
— Perturbador, não é? Perturbador de uma forma genial e estética, não é Sr. Willians? — O professor Evans o indagou.
— De onde tirou isso? — O menino exigiu dela basicamente. — O demônio aqui, quer dizer, caído... — Ele se corrigiu porque a alcunha demônio era poderosa demais. — eu pesquisei o nome na internet... É uma entidade da Goetia. Você estuda ocultismo? — O garoto quis saber.
— Bem, não estudo ocultismo. Eu só vi o nome dele na internet também, num site de ocultismo. E eu só usei palavras para ilustrar o pensamento de outro alguém com quem senti intimidade que acabou por ser um caído. — Madeline admitiu. — A peça foi formulada por mim, mas a história não é minha. É de Dantalion. É o ponto de vista dele e não o meu. Uma história que senti que valia a pena ser contada. E ele sempre foi persuasivo falando na minha cabeça. — Ela especificou calma. O menino desconhecido a mirou com fascínio. — Esses são os pensamentos dele, não os meus. Eu só sirvo de receptáculo para ele.
— Ainda é humilde e bem criativa em dizer que foi inspirada pelo próprio Caído.— O professor Evans a elogiou e deu tapinhas nas costas dela rindo. Mas o menino sentiu algo com as palavras dela, sentiu a verdade. — Haha. É ainda mais assustador quando fala isso, sabia? Torna tudo ainda mais assombroso. Esses meninos são influenciáveis, senhorita Delacour. — O professor basicamente pediu para que ela não repetisse aquelas palavras de um modo mais sútil. Mas para bom entendedor, meia palavra basta.— Pessoal, essa é a Madeline. A colega de vocês que escreveu a peça: Longe da Graça. Ela vai me ajudar na seleção dos atores para cada papel. Sendo ela quem criou, deve ter uma ideia de qual personagem se encaixa em vocês. Palmas para ela.
Não diga mais que eu te inspirei a escrever tudo isso. Se eles levarem na ficção será aceitável, uma interpretação que imita a realidade. Mas se souberem que são fatos... Você vai ser crucificada e odiada por ter feito um pacto comigo.
...
Outro dia exaustivo de aulas dissecando cadáveres e no fim a noite pintava o céu. Rebecca suspirou exausta. Mas pelo menos seu corpo estava relaxado o que ajudava um pouco em sua mente. Só de lembrar do corpo sobre o seu, ela sentiu calor e uma vontade desesperadora de voltar para casa mesmo ainda não sendo final de semana e que fosse demorar para ser novamente. Caminhava pelo caminho de concreto no belo jardim da grandiosa universidade Loyola. As luzes mais distantes e os postes no caminho enquanto ia até o dormitório da fraternidade que se chamava As Betas.
— Então, eu e o Daniel fomos até o fim. — Irina terminou de contar. Era uma garota de pele cor de caramelo e os maiores olhos verdes que alguém poderia ter. Tinha o cabelo curto num corte joãozinho escuro e usava piercing na orelha e no nariz. O vestido preto e elegante colava-se ao corpo esguio de modelo.
— Foi bom? — Rebecca fingiu prestar atenção na amiga por cortesia.
— Bem, foi até certo ponto. Ele não se importou muito com o meu prazer. — Ela resmungou, negando com a cabeça. — Homens. — Irina comentou repreensiva. — Acredite em mim, com mulheres é bem mais certeiro sua chance de satisfação. Mas e você... continua a santa Rebecca? Ouvi dizer que esse final de semana, convidou o Anthony para sua casa... Rolou algo só para maiores? Ele disse para todo mundo que você gemeu bem alto. Mas eu quero ouvir de você porque ele tem caráter questionável.
— A gente só se beijou e eu o mandei ir embora. — Rebecca comentou e deu de ombros. — Mas ele pode dizer o que quiser por aí. Não faz diferença na minha vida.
— Você é tão estranha, seus pais são os mais ricos da região. Mas você não curte sua juventude. Só estuda e estuda. — A menina repreendeu revirando os olhos. — Se quiser experimentar algo com uma mulher, bem, eu estou disponível.
Rebecca sorriu. Tocou o cabelo de Irina e selou os lábios nos dela e aprofundou o beijo charmosa antes de afastar.
— Eu sei bem que está. — A menina loira disse se divertindo.
— Você sempre me provoca assim, maldita. — Irina reclamou. — Mas nunca vai até o fim comigo e isso é cruel. — Irina parou de falar olhando para alguém atrás de Rebecca. — Uau! Miga do céu! Quem é aquele cara gato e pedaço de mal caminho? Ele está olhando para você.
Rebecca se virou para trás, um leve rubor tomou a face dela que Azazel viu a brincadeira entre ela e Irina. Analisou Azazel caminhando até ela, surpresa, por ele estar sem o habitual terno de mordomo: usava uma jaqueta de couro, uma camisa vermelha, calça jeans e coturnos. O cabelo dele estava curto e ele segurava os embrulhos que era comida que Gertrudes mandava para Rebecca. Ele se destacava.
— Oi. — Irina o cumprimentou divertida.
Azazel fez um aceno de cabeça educado a moça que o recebeu. Avaliou Rebecca que apenas o estudava e encarava. Ele ficou irritado agora que foi completamente ignorado quando seguiu uma ordem dela, mesmo ela não sendo a líder da família.
— Sua mãe mandou isso para você, Rebecca. — Ele notificou mais enfaticamente estudando a moça loira com ligeira irritação pela falta de reação dela e a estendendo as sacolas que foram pegas por Irina, já que Rebecca não se moveu. Se sentiu ridículo agora por ter cortado o cabelo só porque ela pediu.
— Você cortou o cabelo, Azazel. — Rebecca soltou num grito e surto, ela tapou a boca, tentou suprimir o choque de que ele parecia um adolescente com o novo visual. Ele achou engraçado o jeito que ela agiu depois de se recuperar. — Está lindo. Muito mesmo... — A menina elogiou sem ar e histérica de um jeito bonitinho.
A raiva dele pelo beijo e por ela ter agido tão estranho se tornou cinzas. Azazel absorveu o desejo no olhar dela, sentindo uma onda de poder maior o consumir e sentindo que valeu à pena cortar seu cabelo. Ele arqueou a sobrancelha surpreso com esse pensamento só porque ela o comia com os olhos. Irina apenas sorriu do rosto da amiga. Nunca tinha visto ela cadelinha assim por ninguém.
— Eu vou indo e vou levar essas coisas, pessoal. — Irina falou suspirando cansada dando um adeus debochado com a mão livre. Com a direita carregou a sacola. — Sei quando sou bem-vinda ou não. Até a próxima.
— Foi um prazer, senhorita. — Azazel disse educado a Irina. — E obrigado por carregar as sacolas. — E Irina saiu andando em frente pelo caminho de concreto e rindo da cara de Rebecca.
— Você não gostou que falei com você na frente da sua amiga e por isso ficou sem reação?
Rebecca o puxou, o beijou, o calando e fazendo-o esquecer os pensamentos inseguros que o tomaram. A moça deixou as mãos entrarem na camisa dele e acariciaram o abdômen duro e ela tremeu passando as unhas pela pele dele e o puxou para um beijo ardente. Deixou a mão deslizar pelos fios curtos dele, ofegando como se corresse uma maratona.
— Obrigada, obrigada, obrigada. — Ela agradeceu pulando animada, roçando o nariz no dele gentilmente e sorrindo tão lindamente que ele perdeu o ar. — Você ficou lindo assim, Azazel. Bem lindo. Ahn... eu quero você agora. — Os olhos dela brilhavam, mas ela engoliu em seco e o tocou no rosto o analisando com tanto desejo que ele tremeu com a onda de poder dela que foi furiosa e descomunal. — Sério mesmo. Eu tinha certeza que ficaria lindo de cabelo curto e estava certa. — Ela ofegou e acabou o cheirando no pescoço. — Todas as minhas amigas ficariam loucas se vissem você agora, maldito. Não seja tão lindo, droga! — Colou mais o corpo ao dele e guiou as mãos dele até sua cintura, Azazel subiu a blusa dela e a tocou na cintura nua e a menina tremeu num espasmo e o mordeu no pescoço. — Combinou bem mais com você esse corte. E essas roupas te deixam bem gato. Eu gostei muito. Nunca te vi tão casual assim. Você sempre usava o terno e só te vi poucas vezes sem ele.
— Hm... — Ele recebeu os beijos dela. — Mas estamos no meio da sua universidade, minha bela boneca. Esse tipo de comportamento é proibido aqui.— Foi só o que ele argumentou, acabou sentindo os beijos dela famintos em seu pescoço e perdeu seu foco. Ela segurou o pescoço dele o sufocando de leve e o beijou no queixo faminta e o mordeu, Azazel sorriu um pouco com a libido dela. —Rebecca! — Azazel soltou repreensivo e sem ar, a parando com um puxão no cabelo e a mordeu no pescoço. — Hm... querida. Eu tenho que ir agora. Sua mãe precisa de mim.
— Não. — Ela implorou meigamente. Os seios subiam e desciam rápido contra o peito dele. — Não vai. Eu quero tanto você. — Ela sussurrou essa confissão no ouvido dele. — A casa na fraternidade proíbe garotos, mas as meninas sempre acobertam umas às outras. Eu... eu... só não vai ainda.— Ela o implorou.
Ele tocou o rosto dela.
— Eu tenho uma hora. — Azazel cedeu a ela mesmo que não totalmente, a beijando nos lábios, faminto, pelo gosto da alma dela e aliviando a tensão que sentia de todo os aborrecimentos com Gertrudes. — Não vou poder dormir com você como antes. Tudo bem, minha bela boneca?
Rebecca assentiu, enroscando a mão a dele sorrindo para ele cúmplice e o levando até a casa cor de rosa da fraternidade.
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Atualizado até capítulo 82
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