Conversas profundas

Mais tarde, no terceiro dia de preparação da peça, Madeline apenas analisava a moça que seria Lilith, declamando seus diálogos com os lábios crispados. As palavras de Ryan reverberavam pela cabeça dela. Enquanto o foco de luz estava na bela menina com uma peruca ruiva cujos fios iam até a cintura. Ryan se aproximou novamente como a serpente que tentou Eva no paraíso. Ele sentou-se na poltrona ao lado de Mad.

— Você acredita em vampiros?  — Ryan questionou do nada.

Madeline achou a conversa aleatória muito bem-vinda, considerando que, pensava que ele iria provocá-la sobre Lilith novamente. Mad tomou um suspiro, deu de ombros e o analisou tirando os olhos da menina da peça com muita boa vontade e deixando os olhos encontrarem os verdes cor de esmeralda dele.

—  Se um demônio nos respondeu nas nossas malditas preces desesperadas para sermos grandes... Acredito até em anjos.  O que dirá em vampiros!— Mad deixou escapar.

O rapaz deu um sorriso misterioso.

— Então, acredita?! Legal Legal! Eu também. Tenho vontade de conhecer  ou me tornar um. — Ryan confessou, relaxando na poltrona e a analisando. — Deve ser legal viver eternamente e não envelhecer...

Mad revirou os olhos.

— Nunca ouviu: “ Cuidado com o que você deseja?” O que? Viver eternamente bebendo o sangue de outras pessoas e as matando para que você possa viver? Você é idiota? Quem desejaria essa maldição para si?

— Ora, Maddie! — Ele testou o apelido, para ver se ela ia reclamar, mas ela nem ligou e ele continuou ou o corrigiu e apenas se focou nele como se dissesse “ estou ouvindo, fale! Me convença.” Ele gostou dela ser tão atenta as pessoas não somente quando as avaliava para os papéis da peça, mas ser realmente algo dela “ouvir.” — Pessoas morrem no mundo o tempo inteiro. Eu seria piedoso ao matar e escolheria só aqueles que querem morrer. Quer dizer, não sei. Falando assim só por cima parece algo só estético que soa legal viver para sempre e brincar de Deus tirando vidas. Mas se acontecesse mesmo, e eu tivesse que matar para sobreviver, com toda a certeza a moral pesaria na decisão de tirar uma vida ou não. — Ryan confessou e mirou o teto do teatro da escola bem pensativo. — Você deve enlouquecer às vezes por matar, perder sua humanidade e por ver todos os que ama morrer se viver eternamente. Mas esses são ossos do ofício. Acho que é por isso que quero ser ator... Eu posso ser várias seres, pessoas e... Espero algum dia interpretar um vampiro. Acho que você e eu somos parecidos nisso, você também vive várias vidas ao escrever suas personagens.

Mad o estudou, negando com a cabeça, mas impressionada com a profundidade dele e com os assuntos que ele trazia à tona. Ele era muito bonito, o cabelo escuro ia até os ombros suavemente, era longo, mas não tanto. O corpo esguio e elegante com poucos músculos. Ele era bonito demais para ela. Ryan tirou os olhos do teto e deixou pairarem nela por um tempo e sorriu. Os olhos de ambos se encontrou com compreensão mútua que a agitou.

— Autora... — Ele a chamou respeitoso. — É por causa de criadores como você que posso viver outras vidas. Eu te agradeço por seu dom  de criar outros mundos e realidades. E por me escolher como seu querido Dantalion. É uma honra sabendo o quanto você quer que ele seja bem interpretado. — Ryan comentou rindo um pouco.

— É por causa de pessoas como você, que podemos ver  meras palavras tomarem vida e serem interpretadas. Obrigada também pelo seu trabalho duro. — Mad foi gentil e sorriu para ele.

Ryan analisou o sorriso que ela o cedeu, o jeito que chegava aos olhos escuros e profundos dela e era tão real e cortante por chegar a alma das pessoas e ser radiante como o sol, mesmo ela sendo sombria como ele. O coração dele bateu rápido. Ele desviou o olhar, com os olhos verdes abertos ao máximo.

— Seu demônio é muito ciumento com você? — Ryan quis saber, passando a mão pelo cabelo escuro dele e o jogando para trás. — O meu é comigo! E ele odeia que eu fique com outras pessoas.

— Eu sou uma ferramenta que Dantalion usa. — Mad deixou escapar tristemente e os olhos dela se encheram de lágrimas. A fragilidade dela  deixou  Ryan consternado. Era tão óbvio que ela estava apaixonada. — Devo ser útil a ele como ele é para mim. E por isso ele deve sentir posse como você disse. E bem, não é como se eu tivesse muitos pretendentes.

— Ah, você é linda. — Ryan falou casual. Mad o estudou debochada com um sorriso amargo nos lábios dela. Ryan sentiu a raiva dela por ele agora. Ele se ajeitou na poltrona, tocou Mad no rosto e a fez olhá-lo. — É verdade. — Ele insistiu. Mad desviou o olhar. — Ei, olha aqui para mim. Você é linda autora! — Ele garantiu sem hesitar se perdendo nos olhos escuros e profundos dela. — Você, só não tem uma fila de pretendentes como Samanta e Katherine, porque homens se intimidam com mulheres poderosas como você. E não duvide nunca que você é poderosa. — Ryan deixou escapar sem acreditar que ela não visse a si mesma. — Aquelas mulheres que sabem o que quer, sem ter que mostrar uma parte do corpo para isso... Elas os assustam. Porque eles sabem que essas que não apelam ao corpo, são as que tem a mente mais afiada e julgadora. Que elas se veem especiais como são. Um pedaço de carne pode ser comido por qualquer predador. Mas quando o predador tem uma presa real que é mais inteligente que ele, ele desiste de tentar e vai a carne que já está exposta e pronta a ser comida. É essa a mecânica do mundo.

— Isso é muito sexista. — Maddie comentou contrariada.

— Madeline, é a verdade. — O garoto admitiu e deu de ombros. — Machista ou não, é a verdade. O seu demônio só veio porque você é especial e diferente. — Ryan contou a ela, sussurrando no ouvido dela. — É assim que eles fazem... Não é qualquer um que pode fazer o pacto não! Essa baboseira de não se ter nada e ficar rico da noite para o dia, não existe. O universo não funciona assim.— Explicou a ela. — Você tem que ter algo divino a ofertar em troca para o inferno. Nem toda alma vale à pena. — Explicou-a. — Seu demônio e o meu, nos escolheram porque nós temos a fagulha divina dentro de nós e temos acesso a ela, nossas almas são sensíveis. Não estamos perdidos em futilidades como os outros, queremos nos mostrar ao mundo não por ego, mas porque queremos compreensão e aceitação desesperadamente. Queremos não nos sentir sozinhos. E essa é a perdição do artista, mostrar sua arte ao mundo buscando ser visto apenas não se sentir sozinho e diferente. Para se sentir aceito. E é por esse dom que os demônios podem se mostrar também para a humanidade, por isso precisam de nós, porque não querem ser visto como monstros com chifres, mas como seres que caíram e não têm a chance de voltar para casa. A chance que nós humanos temos através do Cristo por mais horrendas e imperdoáveis sejam nossas ações.

— Você é assustador! Sabia disso? — Mad disse com os olhos brilhando. — Mas é por isso que sinto que seremos bons amigos. — Ela abriu um enorme sorriso.

Ryan sorriu de volta.

— Eu senti a mesma coisa, autora.

Capítulos
1 Prólogo
2 Mãe infernal
3 A peça chave
4 Fome
5 Medo da solidão
6 Familiar
7 O gato preto
8 Bruxas
9 Herança
10 Visitas
11 Uma bruxa apaixonada
12 Proposta
13 Desejos desmedidos
14 Pequenas vitórias
15 Começo
16 Um novo amigo?
17 Conversas profundas
18 Relação complicada
19 Sentimentos contraditórios
20 O irmão
21 Bonecas
22 Canção da meia-noite
23 Uma nova forma de escuridão
24 Família perturbada
25 Corrupção
26 A toalha maculada
27 Perdição
28 Conversas
29 Confronto
30 Ryan
31 Um trio inesperado
32 Missão
33 Te amo e te odeio
34 Vampiros
35 A profanidade do sangue
36 Humanidade
37 Um toque de luz nas trevas
38 Noiva?
39 Proposta
40 Daniel
41 Pedido
42 Jantar
43 Dinâmica familiar
44 Rebecca e Azazel
45 Se entregue totalmente
46 Uniões fadadas
47 Truques sujos
48 Um só
49 Medidas e desmedidas
50 Orgia
51 Bruxas da luz e das trevas
52 Pacto com o demônio da Luxúria
53 O padre
54 Correndo para a luz
55 Novo receptáculo
56 Nova casa
57 Nova vida
58 Vivendo juntos
59 Vampiros
60 Presente
61 Despertar
62 A peça
63 Apaixonados
64 Aniversário
65 Dia das bruxas
66 Dança com a morte
67 Livre arbítrio
68 Passos no escuro
69 Thanatos
70 Primeiros passos
71 Conversas aleatórias
72 Como fogo e ar
73 Reflexo
74 Sean
75 Revelações
76 Mammon
77 Prenúncio do Apocalipse
78 Confronto
79 Filho
80 Crianças
81 Nosso filho nesse mundo
82 Uma mãe e um filho
Capítulos

Atualizado até capítulo 82

1
Prólogo
2
Mãe infernal
3
A peça chave
4
Fome
5
Medo da solidão
6
Familiar
7
O gato preto
8
Bruxas
9
Herança
10
Visitas
11
Uma bruxa apaixonada
12
Proposta
13
Desejos desmedidos
14
Pequenas vitórias
15
Começo
16
Um novo amigo?
17
Conversas profundas
18
Relação complicada
19
Sentimentos contraditórios
20
O irmão
21
Bonecas
22
Canção da meia-noite
23
Uma nova forma de escuridão
24
Família perturbada
25
Corrupção
26
A toalha maculada
27
Perdição
28
Conversas
29
Confronto
30
Ryan
31
Um trio inesperado
32
Missão
33
Te amo e te odeio
34
Vampiros
35
A profanidade do sangue
36
Humanidade
37
Um toque de luz nas trevas
38
Noiva?
39
Proposta
40
Daniel
41
Pedido
42
Jantar
43
Dinâmica familiar
44
Rebecca e Azazel
45
Se entregue totalmente
46
Uniões fadadas
47
Truques sujos
48
Um só
49
Medidas e desmedidas
50
Orgia
51
Bruxas da luz e das trevas
52
Pacto com o demônio da Luxúria
53
O padre
54
Correndo para a luz
55
Novo receptáculo
56
Nova casa
57
Nova vida
58
Vivendo juntos
59
Vampiros
60
Presente
61
Despertar
62
A peça
63
Apaixonados
64
Aniversário
65
Dia das bruxas
66
Dança com a morte
67
Livre arbítrio
68
Passos no escuro
69
Thanatos
70
Primeiros passos
71
Conversas aleatórias
72
Como fogo e ar
73
Reflexo
74
Sean
75
Revelações
76
Mammon
77
Prenúncio do Apocalipse
78
Confronto
79
Filho
80
Crianças
81
Nosso filho nesse mundo
82
Uma mãe e um filho

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