Os corredores da escola de Nova Orleans eram de um piso marrom horrendo, compostos nas laterais com armários verdes e sem graças pregados contras as paredes amarelas se descascando. O mascote da escola era um gato preto e nos jogos um pobre nerd se vestia com a roupa fedorenta. Madeline estava no seu último ano. A moça baixa caminhava até a sala dezessete, depois de ter pego seus livros no armário.
As meninas belas bajuladas e líderes de torcida com seus uniformes e mini-saias pretas com detalhes amarelos, estavam como sempre atravancando o corredor. A moça rangeu os dentes.
Nunca quis ser bela como Katherine e Samanta, que precisavam expor os corpos para ter atenção. Talvez só magra e sarada como elas, porque esse era o padrão que o mundo aceitava. Sim, querer ser magra não era inveja. Era só um desejo seu. Mas comer era bom! Isso era algum crime?
Apenas suspirou. Só existia quando escrevia, essa era sua sina. Mas era uma boa sina até. Ser uma mulher e ser reconhecida pela sua inteligência e não aparência. Mesmo que as pessoas não valorizassem escritores desconhecidos, seus poucos leitores a faziam feliz porque a compreendiam.
Era mais uma invisível, passando por ali, tentando não tombar em ninguém.
Foi quando Viu o hall de medalhas, o analisou com fria amargura vendo as com o nome gravado de sua prima na olimpíada de matemática com amargor: Rebecca Delacour. A ferida interna da inferioridade apenas aumentou, sangrava por dentro e ardia como se tivessem jogado sal. Não queria ser invejosa ou má. Desviou o olhar com lágrimas nos olhos.
Quando viu seu reflexo no vidro do armário de vidro, onde estavam contidos os prêmios e medalhas da escola novamente, notou, agora, com os olhos escuros arregalados, o homem ao seu lado. Os olhos vermelhos, os chifres e o cabelo prateado da visão. A altura intimidante. De novo, conteve o grito, tapando a boca.
Por que o drama? É cansativo. Acostume-se logo, Madeline. Não surte sempre que me ver, vai ser ruim para você. E seus colegas já não precisam de fortes motivos para te irritar, precisam?
Madeline suprimiu o susto, engolindo em seco e com a mão pequena em seu peito tentando normalizar a respiração. Já havia até se deitado com ele, mesmo que numa visão. Vê-lo não era nada mesmo. Devia parar de surtar por nada.
“Desculpe, mestre.”
Tudo bem. Agora, concentre-se em mim. Na aula de literatura de hoje, haverá um momenro de escrita criativa. Escreva o que eu mandar e assim um passo para a estrada do sucesso será dado. Confia em mim?
“Não. Mas confio que quer que sua voz seja ouvida por milhões.”
Garota esperta. Você me surpreende. É mais sagaz do que eu pensava.
— Madeline. Você está parada na frente desse hall de medalhas faz cinco minutos. Está tudo bem? — A diretora perguntou com a mão no ombro dela. — Algum dia, quem sabe… você não consiga uma medalha dessas para escola como sua prima.
Madeline sentiu a raiva a dominar. Fechou a mão em punho. Uma lâmpada do corredor estourou. Madeline analisou a lâmpada com surpresa. E a diretora com lamento.
— Vou resolver o problema da lâmpada. Mas pense no que falei, querida. — Aconselhou a diretora, dando tapinhas no ombro de Madeline, se retirando murmurando por causa da lâmpada.
A hipocrisia dessa velha me enoja. Ignore-a! Nem sempre talento é aplaudido e reconhecido com medalhas, Mad. Os melhores artistas sempre foram apreciados depois de mortos e considerado párias. Mas esse não vai ser o seu caso. Ainda em vida vou te dar o reconhecimento grandioso que merece!
Madeline só percebeu agora que o sinal já tinha tocado. E que todos já tinham ido para suas respectivas salas. A voz dele estava mais nítida que qualquer outro som na sua cabeça. Era estranho e excitante. Parou de encarar o reflexo dele. Do ser exótico e demoníaco que a atiçava como uma serpente.
Madeline acabou por voltar a caminhar em direção a sala. O que foi mais fácil graças a falta de pessoas. Mas a vontade de morrer por se sentir inútil voltou com uma força surpreendente.
Espero que não pense que medalhas medíocres fazem diferença para você. É a escola que ganha fama e não você. Não importam nada no caminho que quer seguir.
“Está tentando me consolar, Duque?”
Não, sim… talvez.
Se você se matar só por isso, eu perderei o maior talento que já encontrei em centenas de anos. Suas palavras têm poder! Algumas coisas nesse mundo não valem seu tempo. Foque-se em mim somente. Se foque em sua escrita, acredite em si mesma e não espere validação do mundo, pare de se comportar como alguém inútil. Todos temem alguém especial. E você é alguém especial. Eu escolhi você como minha profeta infernal, mesmo no inferno, profetas são respeitados.
“Eu agradeço a honra então, meu duque.”
Madeline disse. Sentiu um beijo em sua testa. Mesmo que não houvesse nada a sua frente, era uma pressão suave em sua testa.
Me torne Carne através do Verbo, minha mãe infernal! E todos os seus sonhos vão se realizar, Madeline. Te mostrarei o caminho que você tanto quer de riqueza e poder em troca. Se conseguir me conceber através das suas palavras e me materializar nesse plano como algo além de uma entidade, você conseguirá meu respeito. E se o conseguir, o mundo estará aos nossos pés.
“Como desejar, meu duque, serei uma serva fiel.”
Você e eu faremos desse mundo nosso palco e todos vão nos aplaudir. Então pare de pensar em se matar e pense num modo criativo de atingir suas metas. Hoje você vai escrever uma peça.
“ Uma peça?”
Sim. Sua peça será escolhida para ser encenada pelo clube de teatro. Por isso o professor de literatura quer dar um momento de escrita criativa. Os aspirantes a atores querem uma nova peça porque cansaram de Shakespeare e precisam de algo original para os olheiros das universidades. Sua chance.
“ Nunca escrevi uma peça, meu duque”
Agora é o momento de experimentar coisas novas. Eu guiarei você nesse campo desconhecido.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
SevenKun
serasa que a autora tbm fez pacto? plot twist eiiinn kkkkkkkkkkkkk
2023-08-31
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Rafa_Malf0y
oii,eu tô gostando muito❤
2022-08-24
1