— Vim a esse muquifo em paz! — Gertrudes notificou, exausta.
E a loira tomando um profundo suspiro, se apossou de seu lugar no sofá novamente crispando os lábios carnudos em desgosto. E analisou Madeline com os olhos escuros. Então seu olhar se voltou a sua irmã:
— Como já te disse, Ângela, eu vou dar um baile de máscaras em homenagem a sua filha e então irei passar a ela a joia da família perante o coven.
— Agora Madeline é útil a você, não é? — Ângela constatou com um sorriso peçonhento e os braços cruzados rente ao peito.
Dantalion as assistiu intrigado. Caim e Abel… o que eram aqueles dois irmãos perto dessas duas?
— Como é precisar daquela que você tratava igual lixo em? — Ângela provocou a irmã.
— Lixo? Sua filha vivia passando as férias lá em casa e usurfruindo… — Gertrudes ia revidar.
— Por favor! — Exclamou Ângela rindo como se não acreditasse. — Quando a convidava para sua casa nas férias, era só porque queria esfregar sua riqueza na nossa cara e porque ninguém além de Madeline conseguia aguentar os chiliques de Rebecca. Madeline não vai ser a sucessora e nem usar o diamante enquanto você não a tratar dignamente!
Madeline estava surpresa que sua mãe tomou partido por ela. Ângela estava a surpreendendo muito no dia de hoje. Ainda tentava absorver de que a família de sua mãe era mesmo de bruxas e que elas tinham um pacto com uma entidade demoníaca. Parecia enredo de filme.
— Não quero sua joia ou entrar para um maldito coven! — Madeline recusou. — Estou bem só com Dantalion. — Madeline informou impiedosa com os lábios no pelo macio de seu bichano, que dormia agora nos braços dela. — E eu já tenho um acordo com Dantalion. Ele vai me guiar até o que eu quero. Dê essa porcaria de joia e de reconhecimento a Rebecca! — Madeline ordenou, impetuosa. — Se era só isso… como mamãe disse, a porta da rua é a serventia da casa. Vaza daqui!
— Acha que não tentei dar o pingente a Rebecca? Acha que não sei que minha filha é mil vezes melhor e mais disciplinada que você? — Gertrudes rosnou se levantando e gritando na cara de Madeline entre dentes. Ângela se colocou na frente de Madeline. Dantalion se moveu com o intuito de punir Gertrudes, mas Madeline fez que não com a cabeça e só o beijou no rosto como se o pedisse para não se envolver e ele a estudou e obedeceu.— Insolente! Você tem ideia do quanto me frustra estar aqui para cumprir o capricho de Azazel? Porque o maldito bateu o pé no chão de que é você a sucessora.
— Eu não quero essa maldita joia! — Madeline recusou. — Some daqui!
— Quem tiver a joia controla a riqueza da família, Madeline. — Gertrudes insistiu desesperada e apelativa. — Você sempre invejou Rebecca… sua chance de ser rica e…
— Eu vou conseguir meu próprio dinheiro e isso com minha escrita! Eu tenho um ser poderoso comigo, tia. Ele vai me abrir as portas nessa área!Não quero nada de você! Engole todo esse dinheiro maldito!— Madeline retorquiu arisca
Ângela encarou sua filha, surpresa, por compreender só agora que ela não fez o pacto pelo dinheiro em si, mas para que as portas fossem abertas a ela através da escrita que ela amava. Apesar dos meios sobrenaturais ainda soava estranhamente digno, pelo menos mais do que o que sua família fez por gerações. Como se o demônio de Madeline fosse mais um agente literário do que uma lâmpada mágica que concedia desejos como era Azazel, que exigia a cada mês e lua cheia a morte de uma ovelha e sangue humano e virginal. Bem, Ângela sabia que Madeline gosta de dinheiro sim e sempre que ia a casa de Gertrudes voltava deslumbrada. E sim fez um pacto para ser rica, mas isso através do seu talento e se deu conta de que era porque Madeline também tinha seu orgulho e não queria que fosse sem merecer, iria dar algo ao mundo em troca e não apenas exigir a riqueza e o poder como os Delacour faziam a gerações. Ângela avaliou que quando tinha a idade de Madeline, queria tanto ganhar de Gertrudes invocando um ser das trevas poderoso, que acabou se esquecendo do que realmente amava que era a dança. Admirou a filha mesmo sabendo que ela estava errada em vender sua alma. Mas pelo menos ela fez para abrir portas para o que amava e não por mera ganância. Madeline deve ter ficado muito ferida por todas as comparações com Rebecca e pela falta de confiança em si mesma, entrou em tamanho desespero que fez o pacto.
— Agora, saia da minha casa! — Madeline ordenou assustadora. — O que é um muquifo para você, é o lar que meu pai consegue pagar trabalhando honestamente. — Rosnou Madeline orgulhosa. — E minha mãe tem três filhos para cuidar e um deles é criança e faz bagunça! Ela não tem empregados como você madame. — Madeline soltou se curvado debochada.
Os olhos de Ângela se encheram de lágrimas. Ela quis abraçar Madeline agora e não soltar nunca mais.
Azazel analisou Madeline com admiração muda. Então era assim que ela defendia a família?
— A joia é necessária para que eu não me volte contra sua descendência, Madeline. — Azazel tomou a palavra educado e conciliador.
O mordomo deu passos até Madeline e a tocou no rosto afagando a bochecha dela como quando ela era menina. Sempre gostou dela e sempre a quis. O jeito quieto e sonhador, a força espiritual mesmo sendo tão sensível. Madeline que parecia irredutível a príncipio, o analisou assustada com essa revelação.
— Mas… — Madeline tentou falar.
— Digamos que eu não sou tão formidável e submisso quanto aparento, minha criança. E posso deixar as pessoas loucas se não me dão o que eu quero. É preciso que alguém seja meu conjurador e o portador da minha joia, alguém espiritualmente poderoso que lidere o coven. Sua tia está a cada dia mais fraca! Você é única opção! Sempre tivemos um vínculo você e eu. Eu sempre compreendi você. — Azazel sussurrou no ouvido dela.
E isso a recordou dos momentos da infância dela, onde corria até ele quando passava as férias na mansão, e Azazel sem dizer nada deixava os dedos deslizarem pelos fios negros e grandes dela na época e os trançava enquanto ela chorava por Rebecca ter quebrado um vaso em uma de suas crises. Então ele pegava a mão machucada dela e lambia o sangue. E depois a enchia de doces e contava várias histórias para animá-la. Algo dentro de Madeline se derreteu.
— Mas já tenho um pacto e até um bebê com o Duque. — Madeline recusou-o gentilmente, mesmo que sentindo o coração bater rápido com as recordações de sua infância.
— Oh querida… Isso não importa para mim. — Azazel garantiu ainda persuasivo. — Se não aceitar a joia, vai haver um banho de sangue em cada pessoa da linhagem Delacour, inclusive sua mãe e irmãos.— Azazel garantiu doce como quando ela era menina, mesmo sendo ameaças. E ele se lembrou de quando a assistia na mansão toda envergonhada e vislumbrada com o luxo e pensou que a desejava loucamente, queria sentir o gosto da alma dela. Tocou Madeline no rosto e a menina o assistiu quieta e respeitosa. — Se não usar o pingente, sua família inteira vai morrer! E se restar alguém vivo, vai enlouquecer. Eu não sou um cachorrinho dócil, querida. Eu sou um demônio! E sua tia quando me obrigou a cuidar da mimada da Rebecca esgotou muito da minha paciência. Mas o bom é que eu pude conhecer você.
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Atualizado até capítulo 82
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