liberdade

Douglas não se deixou levar por aquele homem vil, sem respeito pela vida e se achando um deus que podia fazer tudo o que quisesse. 

— Supremo, por favor,  procure e liberte os prisioneiros. Soraya, você pode prender todos e levá-los para fora, daquele jeito especial que você faz — virou-se para o doutor. —  Agora somos nós, doutor. Onde está sua esposa? — Perguntou o delegado.

— Ela não está aqui. 

— Tudo bem, vire-se. O senhor está preso por prática ilegal de pesquisas genéticas, tudo que disser…blá blá blá, entendeu não é? Agora ande para fora.

Douglas levou ele até Soraya, que os juntou aos outros que já estavam paralisados do lado de fora. Heili já havia entrado na última sala e costurava a fêmea que havia sofrido um exame interno e tinha o abdômen aberto.

— Calma querida, chegamos a tempo e você ficará bem. Não chegaram a cortar nada por dentro. Fique tranquila. — Heili conversava com a fêmea, que era apenas uma jovem, para acalmá-la, agradecendo por, pelo menos, ela estar anestesiada.

Ramón encontrou em uma das portas, uma escada que levou a outro corredor, cheio de celas e vários machos e fêmeas aprisionados. Havia uma pequena sala no início do corredor, que parecia um escritório e lá encontrou o dispositivo que abria as celas, antes de abri-las, liberou sua dominância, para que todos soubessem que deviam se controlar.

Heili sentiu a dominância do Supremo e deixando a peeira se manifestar, uivou, avisando que também estava ali.

— Minha mãezinha. — Falou a jovem, olhando com adoração para sua libertadora. Lágrimas encheram seus olhos e escorreram pela lateral de seu rosto. — Chamei tanto pela senhora e aqui está, obrigada por vir nos socorrer.

— Oh, querida, eu ouvi, mas só agora descobrimos onde era este lugar. Graças a minha filha Marina. Você a conhecerá e serão amigas. Agora fique tranquila, já estou terminando. 

Com as celas abertas, o Supremo foi passando por elas e verificando o estado de todos, liberando os que estavam bem e ajudando os que estavam em estado precário, devido às experiências que passaram nas mãos dos cientistas. Vários machos ajudaram e todos saíram dali.

O delegado Douglas, recolheu todos os dados necessários para provar a culpa daqueles homens e depois quebrou tudo e Soraya colocou fogo, incendiando o lugar.

— Não, não façam isso, são anos de pesquisa desperdiçados — gritava o homem, que logo foi calado por uma raivosa Soraya. 

— Você não tem escrúpulos mesmo! Tá pensando o quê, que vai sair dessa vivo? Lêdo engano, nós também sabemos ser cruéis, maníaco. — Falou ela, vendo que o homem finalmente percebeu que havia perdido e se contorcia, tentando escapar.

O fogo cresceu, mas não dava para ficar parado olhando, precisavam ir terminar com os outros locais e libertar os prisioneiros.

— Terminamos aqui, mas precisamos continuar. Com certeza a esposa cientista responsável, deve estar em um dos outros locais. — Disse Douglas.

O Supremo deu ordens para que os guardas da equipe ficassem cuidando dos prisioneiros. Soraya abriu um portal para a casa de Marina e os feridos foram levados para lá, incluindo a jovem operada, Heili preferiu ir junto aos outros locais. Falou mentalmente com suas filhas e pediu que cuidassem dos enfermos.

Soraya verificou a localização do outro laboratório e abriu o portal, passaram o Alfa, o Beta e os Supremos. Procederam da mesma forma, prendendo os cientistas e libertando os encarcerados, mas só no terceiro, encontraram a cientista responsável e ela não estava praticando ciência e sim abusando sexualmente de um dos machos, que claramente se sentia enraivecido, pois estava algemado e acorrentado em uma maca.

Eles a arrastaram para fora e Soraya abriu um portal, por onde fê-los passar e encontrar com os outros prisioneiros. Ela mesma levou a cientista nua até seu marido e a mostrou a ele.

— Olha aqui a sua esposinha querida, encontramos ela abusando de um macho bem "grande" se é que me entende. — Depois de jogar a mulher ao lado dele, liberou a fala do homem.

— Sua vagabunda desnaturada, transando com um daqueles animais, você não presta. Adúltera. — Gritou o cientista.

— E você, seu porco, pensa que não sei de suas escapadas? Você é pior do que eu, além de ser ruim de cama. — A mulher cuspiu nele.

Soraya achou melhor contê-los e conjurou roupas para a mulher, que tentou se levantar e foi imobilizada pelo poder de Soraya. Os dois ficaram lado a lado, se fuzilando com o olhar. Soraya ouviu um dia, um frade recitar:

"Aquele que está sujo, suje-se mais".

Essa é uma verdade e ali estava a prova. Ela voltou para onde estavam os outros, a tempo de ver os prisioneiros do.lado.de fora e Heili cuidando fas fêmea, que estavam nuas, uma inclusive estava prenha e pela atitude protetora de um dos machos, o filhote era dele.

Novamente o fogo lambeu tudo e todos estavam cansados, olhando as chamas subirem. Precisavam voltar e Soraya também não aguentava mais abrir portais, já havia despendido muita energia e não tinha como manter um portal aberto para tantas pessoas. O Supremo então decidiu pedir ao seu bando, que corressem em forma lupina e buscassem os carros que haviam na cabana, mas Douglas teve outra ideia.

— Vou mandar trazerem um ônibus.

Se conectou com sua Alcateia, que logo mobilizou os que trabalhavam na área de transporte e imediatamente atenderam ao Alfa. 

— Eles já estão vindo. — Relatou o Alfa Douglas.

— Desculpe, Alfa, esqueci que esse é o seu território. — Pediu o Supremo Ramón.

— Somos família, tudo e para o bem.

Heili então resolveu contactar Marina, precisava que ela abrisse o portal, não dava para manter segredo em um momento de tanta precisão, não precisava que ninguém visse. Passou as coordenadas para Marina e ela abriu o portal. Ninguém a viu, mas todos gostaram de ver aquele portal se abrindo e Heili passou primeiro e todos a seguiram, passando de bom grado e saíram na varanda da cabana, não encontrando ninguém para recebê-los.

— Quem abriu o portal? — Perguntou Soraya.

— É melhor deixar quieto, Soraya. — Murmurou Heili, no ouvido da feiticeira.

Logo Marina apareceu e foi falar com Douglas e seu pai.

— É muita gente para acomodar, pensei em usar as celas lá embaixo, para os enfermos, mas tem que tirar aquelas grades, eles não merecem isso. — Sugeriu ela.

— Excelente idéia, vou pedir a alguns ferreiros que venham. — Dessa vez ele usou o celular, pois os ferreiros estavam trabalhando e não convinha falar com eles mentalmente, com a possibilidade de humanos perceberem.

Com essa parte resolvida, o Alfa enviou o ônibus que levava os recém libertos para a sua cabana  na floresta e liberou também as que estavam vazias, para que todos fossem acomodados. Mas como ele não conhecia esses machos e fêmeas, apesar de estarem desnutridos e portanto fracos, pediu que alguns guardas vigiassem o grupo, até que ele pudesse fazer uma triagem deles.

Já havia passado a hora do almoço e já findava a tarde, Douglas precisava verificar o local da festa e se arrumar e o tempo estava curto. Tinha somente duas horas para fazer tudo.

Então correu, entrando pela floresta e deixou seu lobo sair e correr até a Alcateia. Olhou tudo, cumprimentou quem ainda estava por ali e viu que tudo estava lindo, sua fêmea iria amar tudo aquilo. Seguiu para a cabana, chegando junto com o ônibus.

Ele correu para se vestir antes das fêmeas descerem e recebeu a todos, perguntou de onde vinham, se eram todos da mesma Alcateia, se tinham um líder e com as informações, delegou funções e organizou as moradias. Pediu às fêmeas da Alcateia que ajudassem as fêmeas que chegaram e gostou que foram bem receptivas. Depois das festividades, cuidaria da triagem de forma mais efetiva. Seu foco agora era o acasalamento e precisava estar bonito e cheiroso para sua fêmea.

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