Prisão

— Você tem razão, filha. Agora vamos falar da festa.

— Bem, mamãe, sobre a festa eu não sei nada, pois Douglas quer fazer surpresa. A Alcateia está preparando tudo e confio neles.

— Ele ainda está bravo com você? — Perguntou Ramón, preocupado de que o Alfa possa machucar sua filha.

— Não papai, ao contrário, ele foi muito compreensivo. Acordei em seus braços e nem percebi quando chegou. Tem mantido o decoro e sempre é muito suave no trato comigo. Não podemos esquecer que ele ficou na floresta, rodeando o castelo onde eu estava presa, por dois anos. — Explicou ela.

— Sim, podia ter ficado totalmente selvagem e o lobo tomado o controle. — Confirmou Ramón.

—  A força do laço de companheiros, com a presença forte de sua luna, mantiveram ele são, e no controle. — Concordou Heili. 

— Agora só preciso descobrir o que está acontecendo na cidade, pois com o supremo, de conluio com o juiz e os doutores cientistas, é de se desconfiar. — Disse Heili.

— É, mas com certeza Douglas já deve estar investigando, não passe a frente dele novamente. Tire o dia para descansar e se alimente bem para estar preparada para o dia de amanhã. — Sugeriu Heili.

— A senhora tem razão, mamãe, vou subir e descansar, ainda sinto meu corpo fraco. — Concordou Marina.

**

Na cidade, os membros da Alcateia de Douglas, comentavam entre si, sobre a luna, pequena, mas poderosa e sobre o Alfa não ter gostado da intervenção dela, antes mesmo do acasalamento. Parecia uma menina inexperiente e o povo se dividia entre aceitá-la ou rejeitá-la. Alguns argumentavam que não cabia a eles rejeitá-la, que era tarefa do Alfa e podiam esperar para conhecê-la primeiro.

Assim, com essa animosidade, a Alcateia preparou a festa, uns felizes por seu Alfa ter encontrado sua companheira e outros aborrecidos pela morte do beta e dos guardas, embora nenhum deles tivesse encontrado sua companheira e formado uma família, tinham pais e irmãos. Mas não relaxaram na arrumação, pois tinham em mente o festejo à lua e não ao Alfa e sua luna.

A clareira no meio da floresta, estava limpa e começava a ser enfeitada, com fitas e fileiras de extensões de lampadazinhas coloridas nos troncos das árvores e ao redor da clareira, a fiqueira estava preparada no centro e uma plataforma foi posta em um dos cantos, enfeitadas com flores naturais. Nesta plataforma o Alfa e sua companheira fariam seus votos e logo em seguida a fogueira seria acesa e começariam os festejos.

Havia muita comida sendo preparada em um galpão especial e mesas estavam sendo montadas para serem servidas. Além das carnes assadas na brasa, tinham muitas tortas, bolos e doces em compotas. Tudo estava ficando lindo e todos torciam para que não chovesse e nem nevasse, pois o inverno já se aproximava. 

O dia findou e Douglas voltou para dormir com sua fêmea. Novamente, Marina não percebeu sua chegada, só acordou ao amanhecer, apoiada em seu peito e já não achou estranho. Levantaram-se e não demoraram muito a descer, pois vários convidados chegariam para a festividade. A casa estaria cheia, sem contar com todos os lobos que já haviam chegado para vistoriar o território e fazer a segurança.

Ramón se reuniu com Douglas, com o arquiteto e o engenheiro, para verem o projeto da Alcateia e por onde começariam. Estavam todos entretidos com seus projetos, a família foi chegando aos poucos assim como os amigos, quando dois batedores chegaram trazendo notícias. Foram direto ao Supremo, se inclinaram em respeito e Ramón os deixou à vontade.

— Venham até o escritório, vamos conversar lá. — Ramón pediu para trazerem refrescos para eles e foi, com Ramón, para o escritório tomar ciência do que os batedores encontraram.

Os homens esperaram todos estarem atentos e aproveitaram o mapa do território, sobre a mesa, para marcar três pontos afastados, dentro da floresta.

— Nesses três pontos, encontramos uma construção estranha, pareciam pequenas cabanas, mas ao verificarmos bem, tinham uma construção subterrânea. Ouvimos sons de ranger de dentes, rosnados e gemidos. Não entramos, pois não sabíamos se tinham guardas ou algum dispositivo de alarme e armas no local. — Informou um deles.

— Também verificamos que há estradas de terra no meio da mata  imperceptível a quem não souber que existem. Também notamos que não haviam veículos no local, ou seja, quem dirige o local não devia estar lá, ou alguém leva e trás quem fica lá.

— Eu sei bem o que é e quem são os responsáveis. Estou investigando a muito tempo e nunca consegui provar, por não achar os locais onde estão fazendo suas experiências. — Disse Douglas.

— Como assim, Douglas? — Perguntou Ramón.

— Por enquanto, sei da participação do juiz, do casal que estava usando esta casa e é amigo do juiz e com o sequestro de Marina, parece que o tal supremo Dario, também está envolvido. — Informou o Alfa.

— E o casal não está preso?

— Não, por causa do Juiz. Mas já sabemos que o casal faz experiências genéticas. São geneticistas especializados em mutações genéticas e por aí vocês imaginam o que estão fazendo. — Informou Douglas.

— Precisamos acabar com isso imediatamente, a peeira tem sofrido já a algum tempo sem conseguir identificar porquê, devem ser os lobos que estão presos, sofrendo nas mãos desses estrumes humanos.

— Será que dá tempo de livrarmos todos, antes da festa? — Perguntou Douglas.

— Com a ajuda de Soraya e da peeira, sim. Vamos. — Sairam do escritório e logo encontraram as duas juntas com as outras fêmeas, cercando Marina, opinando sobre as vestes e a arrumação dos cabelos.

Eles saíram do local, dirigidos pelo supremo, que mentalmente, chamou sua luna e Soraya e também convocou o beta Leonardo, para que viesse e trouxesse a equipe de segurança. Soraya e Heili chegaram e foram informadas sobre o que estava acontecendo. Soraya abriu um portal no local indicado pelos batedores e todos passaram.

Logo em seguida, o Supremo recebeu a mensagem de seu beta de que estavam prontos e logo outro portal foi aberto e Leo chegou com sua equipe, foram divididos em três grupos e dois deles foram para os outros locais, para vigiarem e impedirem alguma fuga. Ramón organizou tudo, mas quem entrou no local foi o delegado, que estava paramentado, pois iria à delegacia.

Observaram bem o local e o casebre não mostrava nada de diferente, até que entraram e viram outra construção, de alvenaria com portão de ferro e tranca com cadeado, por dentro. Soraya abriu o cadeado e sentiu que havia magia envolvendo o local.

— Tem uma magia de proteção no local. Conheço bem essa magia, esperem, vou desfazê-la.

Ela disse algumas palavras e repetiu três vezes e uma fumaça verde se espalhou pelo lugar, ficou branca e por fim, sumiu.

— Pronto, podem entrar.

O delegado foi na frente e desceram uma escadaria longa, e entraram em um corredor com várias portas. Era tudo muito bem construido, bem acabado e claro, com lâmpadas de led embutidas e as portas tinham abertura eletrônica, as quais Soraya deu um choque na caixa de eletricidade e abriram-se todas, causando um burburinho de pessoas que sairam pelas portas e se depararam com o delegado armado e lobisomens por toda extensão do corredor.

— Fiquem todos parados. Quem é o responsável? — Os funcionários naquele local, estavam todos de jalecos brancos e os da última sala, tinham luvas ensanguentadas nas mãos e foram paralisados por Soraya.

— Sou eu, delegado, deixem os funcionários sairem, eu me responsabilizo por tudo. — Falou um homem vestido de branco, com os cabelos também brancos, que saira da primeira porta.

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Comments

Valquíria Moreira Santana

Valquíria Moreira Santana

Não tem como prender um juiz?

2024-05-11

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