Masmorra

Marina acordou sentindo uma terrível dor de cabeça e frio. Estava deitada em um lugar frio, duro e escuro. Sentou-se e olhou à sua volta, identificando uma cela, com grades de ferro e estava com algemas grossas ligadas a correntes de prata. Tentou usar magia para se soltar e não conseguiu. Estava presa em uma masmorra, totalmente controlada por feitiços e sua loba impedida de sair, com prata queimando sua pele.

Estava frio, muito mais frio do que os lugares que conhecia. Só não congelou, por ser uma sobrenatural. Não tinha idéia de como chegou ali e nem o tempo que já se passara. Só lembrava de estar no fórum para falar com o juíz sobre seu imóvel e depois mais nada. Levantou-se e foi até a grade, segurou nela e encostando o rosto, com a boca entre duas dela, gritou:

— SOCORRO! TEM ALGUÉM AÍ?

Ninguém respondeu ou desceu até ali e ela continuou gritando, até não ter mais voz e só então, voltou ao suposto leito de alvenaria e deitou, encolhida, tentando se proteger do frio e ficou ali, parada, atônita, sem saber o que pensar e findou dormindo. Não sentia o tempo passar, dormia, acordava, dormia e acordava, até que em uma dessas vezes, quando acordou tinha um pote com comida no chão e um copo descartável com água.

Era um mingau de aveia, que estava gelado,  mas a fome era grande e ela bebeu a água e usou o copo como colher e comeu o mingau. A fome continuava, sabia que tinha emagrecido muito e mal tinha forças para ficar de pé. Ouviu um barulho de portas se abrindo e se arrastou para se apoiar na grade e tentar gritar, mas sua voz não saia.

O local era escuro, mas ficou mais escuro ainda, sem ela entender como. Agora não conseguia ver nada e ouviu o som de algo se arrastando até parecer que estava a sua frente e inesperadamente foi jogada para trás, pela força de um potente jato d'água gelada. Era como as mangueiras dos bombeiros e ficaram batendo nela, por todos os lados, virando-a de um lado para o outro.

Quando a água parou, ela estava estirada no chão, sem forças e uma voz sombria começou a recitar:

— Garotinha burra, vadia, incompetente. Burra! Vadia! Você não merece tanto poder, pirralha imunda e sem valor. Sua mãe matou a minha e vou acabar com voce! — A voz findou de falar com uma grande gargalhada e tudo se apagou para Marina.

Quando acordou novamente, estava seca e vestida com outras roupas, que a aquecia melhor. Um outro pote estava próximo a grade, com outro copo de água.  Ela escorregou do catre onde estava, até pousar no chão, que parecia seco a muito tempo e se arrastou até a comida. Um novo pote de mingau de aveia, esse era salgado e tinha pequenos pedaços de carne. Comeu da mesma forma que da outra vez e tentou voltar para o catre.

Mas as correntes presas as algemas em seus pulsos e tornozelos, foram puxadas e a esticaram na parede, esticando seu corpo na parede, acima do catre e seu rosto foi prensado na parede. Novamente a escuridão e a dor eram seus únicos companheiros, até ouvir que abriram a cela e logo em seguida, sentiu a primeira chicotada, depois outra e outra, ouvindo aquelas mesmas palavras:

— Vadia, burra, imprestável. Bruxa de araque, ômega imbecil. Sofra pela sua mãe.

Até que não ouviu mais nada. Ficou ali pendurada, sangrando desfalecida. Quando acordou novamente, estava rasgada e fedia a sangue seco, mas seu corpo estava curado, só restava as cicatrizes. A dor e a fome eram esyremas e avistou o pote de comida e a água, próximos à grade, mas dessa vez, tinha vidro quebrado por todo o chão e ela estava muito fraca, para tentar afastar o vidro.

Começou a pensar no porque sua família ou mesmo Soraya, ainda não haviam vindo salvá-la. Porquê seu sofrimento não passava, não só esse que estavam fazendo com ela, mas por toda sua vida, sofreu com o descaso e a maldade das pessoas. Justo quando ficou livre e fugiu, pensando que seria livre e nunca mais deixaria  alguém feri-la de forma alguma. 

Mas agora estava ali, se esforçando para resistir e continuar viva, apesar da fraqueza. Não tinha pensado na situação que estava enfrentando, só estava mantendo a vida. Mas estavam, cada vez mais, tentando feri-la profundamente, porquê? Olhou para seu corpo, viu os trapos que a vestiam e com esforço, retirou a blusa e se virou no catre. Segurou a blusa e pousou no chão, usando-a para afasyar os cacos, limpando o suficiente para que pousasse os pés no chão. 

Deixou o pano no chão e foi esfregando, caiu de joelhos e segurando o pano, continuou limpando o caminho e seguindo até chegar no pote. Comeu com as mãos mesmo e beneu a água depois. Não voltou, ficou ali mesmo, escorada na grade e não demorou muito, começou a passar mal. Dores terríveis em seu ventre, a faziam se curvar e depois vomitou todo o mingau que comera.

Sentiu uma aspereza na boca e passou os dedos para tirar e viu que era pó de vidro. Ela se desesperou e mesmo sem forças, gritou, um grito que surgiu das profundezas de seu ser e liberou uma onda, que se propagou, como da primeira vez e todo o local tremeu, mas foi só isso, pois tudo se acalmou e mais uma vez, ela ficou ali desmaiada, caída no chão.

Ela não sabia, mas havia uma câmera, bem a frente de sua cela, transmitindo tudo o que ela estava passando e duas pessoas, neste momento, assistiram o que aconteceu.

— Viu como valeu a pena, mais uma dessas e o selo se quebra por completo.

— Você vai  acabar matando-a.

— Não. Ela é muito mais forte do que pensa. Tá na hora, vamos.

Eles desceram, aspiraram todo o vidro, limparam o local e trocaram suas roupas, injetaram um acesso em seu pescoço e ligaram uma bolsa de soro com tranquilizante. Logo depois saíram, fecharam tudo e deixaram ela lá. Faziam isso sempre, tentando fazê-la acreditar que estava muito mal e se desesperar. Não queriam matá-la, mas fazê-la sofrer.

O que as duas pessoas não perceberam foi que a onda de poder que ela emitiu, fez tremer e falhar o feitiço que mantinha o castelo oculto e qualquer pessoa ou animal que tivesse no perímetro, poderia entrar naquela área e permanecer, mesmo que o feitiço voltasse ao seu funcionamento, ocultando toda aquela área. 

Então, sem que percebessem, alguns animais se encontravam dentro do castelo e começaram a percorrer todo o lugar, procurando uma saída ou comida. O barulho que fizeram chamou a atenção de quem estava ali e a confusão foi armada. Abriram portas e janelas e correram atrás dos animais para que saíssem e não foi uma operação fácil, ate que uma, pegou a varinha, mas ouviu:

— Não! Pode atrapalhar o feitiço que já há na casa.

— Ai, que inferno, porque isso aconteceu, não entendo.

— Não importa, é só tirá-los daqui. 

Acho que essa preguiça é a última.

— Tá…

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Comments

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Quem vai salvar ela não deixa ela sofrer mais 😡😞

2024-05-01

2

New Biana

New Biana

Ela tá sofrendo muito

2024-04-04

3

Vanessa Avilla

Vanessa Avilla

tem foto dos personagens

2023-08-26

2

Ver todos

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