Jennifer Dunnes
Estava em seus braços outra vez, sentindo o sabor de seus lábios, provando sua boca. Estávamos tão necessitados um do outro que revezávamos a tomada de ar. Minhas mãos percorriam seus braços enquanto ele aproveitava meu corpo. Meu ventre se contrai em lembrança da nossa última noite e sorri parando o beijo sagaz. Tenho um plano em mente e nada irá me parar. Não foi à toa que preparei há dias esse encontro, desde o momento em que minha mãe recebeu o convite de casamento de Gael e Meg.
Não foi difícil trazer Milena, a mãe de David, para meu lado. Com apenas uma conversa por telefone, eu soube que David tinha sua própria casa e que suas sessões estavam indo bem, a partir daí, fiquei por dentro dos progressos dele e que mesmo sem dizer, ele sentia minha falta. Não acreditei quando ele quis total afastamento, tentei entender, mas não consegui. Minha mãe disse que lhe desse um tempo e depois do convite de casamento do irmão de David, estipulei o tempo em um mês. Milena foi a meu favor me ajudando com meus esquemas. Só assim pude entrar na casa dele e preparar uma surpresa.
Só que surpresa tive eu, quando me deparei com um cachorro da raça pastor alemão. Não sei se foi sorte ou ele apenas simpatizou comigo, mas por milagre não me atacou. Talvez Milena soubesse que ele era bonzinho e por isso não avisou, mas outra vez, para minha surpresa, Milena não sabia que David tinha um cachorro e o fato dele não ter falado nada se resumia para mim, que tem o animal faz poucos dias.
Enfim, tirando a parte de conhecer a mãe do
David de maneira sorrateira, ela foi muito prestativa em me receber nos fundos da casa, ou melhor, mansão. Não queria que ninguém me visse antes dele e acabasse com a vontade de ver seus olhos admirados e levemente assustados, sentir o coração trabalhando rápido e ouvir as palavras bobas saírem de sua boca. Como exatamente agora.
— Deus, se isso for sonho, me deixa mais um tempo dormindo. — murmura enquanto acaricia meu rosto. Sorrio sem jeito enrolando meus braços em seu pescoço.
— Não é sonho, eu estou mesmo aqui. — fito seus olhos notando um brilho diferente. — Eu não aguentava mais de saudade.
— Nem eu, amor. Eu te amo tanto! Nem sei como fiquei tão longe de você. — fala rapidamente e travo diante de suas palavras. David não parece se arrepender das palavras e me alegro por isso.
— Me ama? — indago e escuto seu suspiro.
— Amo. Amo demais, eu te amo muito. — sussurra ao mesmo tempo em que sorri e beijo-o com todo o amor que eu sinto.
Nunca pensei que um eu te amo fosse doer tanto. Não porque é ruim, mas sim, porque ouvir essas palavras de alguém tão importante parece não caber em meu peito chegando a explodir de felicidade. Uma lágrima cai em meu rosto e ele interrompe limpando. Seguro sua mão que está em minha face e busco seus olhos azuis agora mais escuros.
— Eu planejava dizer isso primeiro, mas você tem que ser apressado. — brinco e me seguro para não rir junto com ele.
— Diga. — ele ordena sereno ainda com um sorriso brincando nos lábios. — Eu quero ouvir, diz pra mim.
— Acho que você tem que me fazer um favor antes. — digo sendo atacada por seus olhos desconfiados e cerrados.
— Qual favor?
— Primeiro vamos descer, não falei com ninguém da sua família, apenas sua mãe, ela que me ajudou em tudo por sinal e depois vamos para sua casa. Aliás, você tem um cachorro e sua mãe não sabia. — sigo falando tendo-o nas minhas costas. Andamos com dificuldades, mas ter seu corpo no meu é bom.
— Um amigo do exército me deu faz pouco tempo, três dias para ser exato, Mike está aposentado como eu. Ele não te estranhou? — pergunta interessado e dou uma pequena risada.
— Não, eu costumo encantar as pessoas, e os animais estão incluídos nisso.
— Posso ver, mas espera... Esteve na minha
casa? — ele questiona e apenas puxo-o de volta à festa.
Ele com certeza está melhor que antes. Posso notar a leveza com que anda pela festa. Claro que ainda fica atento, mas nada que possa se ferir ou a alguém. Ele me leva até o casal com troca de olhares e noto que são os donos da festa.
— Gael, Meg, está é Jenn...
— Jennifer? — Gael interrompe o irmão surpreso e sorrio tímida.
— A mesma Jennifer pela qual você ficava chorando pelos cantos de saudades? — uma terceira voz aparece debochada, mas com diversão e olho para David de esguia. Ele chorando?
Duvido.
O rapaz que chegou tinha os cabelos pretos e olhos azuis assim como Gael e David, e presumi que também era seu irmão.
— Sim, para ela ser a mulher de quem falei, e não, para o chorando pelos cantos. — diz com leve irritação e mordo meus lábios para não sorrir.
— Olá, Jennifer! – a voz feminina e alegre chama minha atenção. — Fico feliz por ter vindo a minha festa e por estar te conhecendo. — diz me abraçando rapidamente e olha para David sorrindo. — Ela é linda, David. — fala gentil e sorrio agradecida.
— Obrigada, desculpa o atraso, não pude ver o casamento, aliás, parabéns pelo casamento e pelo bebê. Formam um casal lindo.
— Eu realmente gostei dela, David! Não faça nenhuma besteira. — Meg ralha para David que assente fingindo medo.
— Não farei nenhuma besteira. — seus olhos viram para mim com suavidade — Vamos? Tem que conhecer minha irmã e meu pai.
— E eu aqui? — o segundo irmão reclama e sorrio lhe dando a mão.
— Sou Jennifer, conhecida por Jenny e você?
— Noah, conhecido por ser o mais bonito dos irmãos! — vangloria e noto que tudo isso é parte de sua diversão.
— É bonito, mas prefiro o David. — me aproximo mais ousada e murmuro baixo. — Ele fica muito sexy quando a temperatura aumenta, sabe?
— Tem uma encrenca nas mãos parceiro! — ele avisa com as sobrancelhas arqueadas e libero uma risada. David me afasta e tento saber quem vai me apresentar agora?
O casal sentado em uma mesa afastada parece estar enfrentado uma briga, só que ele continua satisfeito, saboreando seu champanhe. Pelas contas e pelo casal ser jovem, a mulher deve ser a irmã de David, mas do contrário, ela não é nada parecida, talvez alguns traços como a irritação sobre os lábios finos em linha dura. Lembro de David falar que ela é diferente na aparência.
— Rose? — ele chama e ela suaviza os olhos e retribui com um sorriso fraco. Noto o rapaz ao seu lado levantar os olhos e me olhar diferente. — Quero que conheça Jennifer, minha namorada.
Fico feliz com o título, assim como o leve brilho em seus olhos ao me olhar.
— Oh! Jennifer é um prazer te conhecer, David falou tão bem de você. — diz sem sair do lado do rapaz e aperto minha mão na de David que devolve na mesma força. Ele também não gosta do homem com sua irmã. Sorrio esquecendo por enquanto o idiota do lado.
— Ele me falou muito bem de você também, só esqueceu de dizer que é tão linda. — digo e ela sorri dessa vez alegre.
— Mas eu disse, amor! — David reclama em meu ouvido e pisco rapidamente para ele.
— Disse, mas não foi tão expressivo. Você é tão bonita quanto o nome.
— Obrigada, Jenny. — fala meu nome com intimidade e imediatamente gosto dela. — Esse aqui é Phil, meu namorado.
— E aí belezinha. — diz arrastado e olho dela para ele. Rose se envergonha e desvia os olhos.
Sinto David apertar minha cintura e seu corpo endurecer. Tento fazer com que não se preocupe relaxando em seus braços. Por que ela ainda continua com ele?
— Como vai? — faço uma pergunta retórica a Phil e rodeio a mesa abraçando Rose em despedida.
— Uma rosa não merece ter espinhos. — sussurro e me afasto sorrindo em compreensão, ela pisca e volto para os braços de David. — Foi um prazer conhecê-la Rose.
Depois de David expressar sua raiva por Phil em diversos murmúrios e de procurarmos seus pais sem acharmos, chegamos à conclusão que ir para sua casa seria o melhor. David disse que era provável que os dois já tivessem ido embora, pois já estava tarde. No carro, suas mãos sempre davam um jeito de me tocar e a cada sinal vermelho, perdíamos o fôlego com cada beijo.
Foi então que de repente, após o sinal ficar verde, uma luz forte atravessou a parte de trás do carro, e fomos jogados para longe com a força do impacto. Meu corpo preso no cinto voou e me senti como uma gelatina, meus ouvidos pareciam surdos, não conseguia distinguir sons, apenas vidros sendo quebrados. Tive rapidamente o vislumbre dos olhos assustados de David enquanto tentava inutilmente controlar o carro.
Não acreditei quando lembranças felizes passaram por minha mente, costumamos ouvir falar disso quando se está perto da morte. Mas não quero morrer. Respiro uma última vez quando minha cabeça bate no teto do carro, só então me entrego a escuridão.
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Comments
como assim? logo agora que eles iam se entender!😢😱
2024-03-31
0
Vilza de Souza
Que MERDA é essa 🤬😡?
2023-11-03
1
Elis
Tava bom demais pra ser verdade.
2023-07-12
2