13

 Jennifer Dunnes

Acordo, mas continuo de olhos fechados. A noite de ontem foi perfeita. Sei que o que fizemos ontem não foi sexo, mas se o que ele me proporcionou foi daquele jeito, imagina quando me tornar sua.

Abro meus olhos finalmente e olho para o lado que ele dormiu. Não está. Sento na cama e faço uma careta para o incomodo em minha mão. Devo ter dormido em cima dela. Passeio minha vista pelo meu quarto e tudo parece igual, se não fosse a cama bagunçada e minha nudez, diria que tudo não havia passado de um sonho. Mas sei que não foi. O sol já está alto e pelo silêncio presumo que ele já deve estar longe. Pego o travesseiro usado por ele e inspiro o perfume que ficou.

Confesso que tinha esperança de que ele

ficasse depois de ontem. Eu acreditei que meu amor pudesse curá-lo, mas ele não foi adepto a isso e no fundo, compreendo que era uma ideia tosca. Olho em volta sentindo o lugar grande demais, depois que ele esteve aqui e deito de novo fechando os olhos lembrando-me da noite maravilhosa que tive. Toco meus lábios parecendo sensíveis e suspiro, vou sentir falta. Poderia ir atrás dele, mas não seria sensato. Se ele precisava ir, não vou interrompê-lo, afinal de contas ele prometeu que voltaria.

Para minha sorte, estamos no século vinte e um, onde existe tecnologia, mas não quero ligar para a mãe dele e pedir seu telefone, então vou esperar ele me ligar. Esses dias serão difíceis, mas tenho que ser forte e me controlar para não desabar, no entanto, meu coração parece não concordar querendo chorar pela falta dele.

Levanto e me troco depois de fazer minha

higiene. Tenho que ajeitar a sala e a cozinha, minha mãe sempre disse que homem na cozinha é sinal de bagunça. No corredor me deparo com a porta do seu quarto e o pensamento de que ele ainda possa estar aqui me anima. Ele não falou que horas iria. Abro a porta devagar e me desanimo em segundos, o interior está limpo e intacto, mas o cheiro evidente dele se faz presente. Dou meia volta respirando fundo, não posso ser fraca.

Foi surpreendente chegar à sala e ver tudo limpo. Sem sinal de velas, pratos sobre a mesa ou qualquer rastro que lembre ontem. A cozinha também se encontra impecável, com tudo em seu devido lugar, me encostei à parede e sorri com o que David fez, um verdadeiro cavalheiro. O alívio tomou parte de mim em saber que minha manhã não seria martirizada com lembranças. Parece que minha mãe estava errada, nem todos os homens fazem bagunça na cozinha.

— Jenny? — a voz de minha mãe alta e escandalosa ecoa pelas paredes e franzo o cenho. O que ela faz aqui tão cedo?

— Mamãe? — saio da cozinha a encontrado na porta da sala.

— Não vai me dar um abraço? — ela pergunta e sorrio indo ao seu encontro.

— Pensei que viria só daqui uma semana. — digo tomando-a em meus braços e nos dirigimos para o sofá.

— Fiz tudo o mais rápido possível, Milena me pediu que ficasse de olho em David, ela quer todos os possíveis relatos de como ele vai, coisa de mãe. Falei que ela podia conversar com você, mas não leve a mal o que ela disse, pois vocês são jovens e Milena pensou que você pudesse acobertálo. — disse um pouco receosa e abro um sorriso. — Bem, ela está certa. — digo, porque sei

que se ele me pedisse para não falar nada eu não falaria, a não ser que eu achasse que fosse algo bastante sério.

— Você e suas maluquices, mas me diga, onde ele está? Ainda dormindo?

Mexo-me no sofá desconfortável e meu riso diminui sobre o olhar de minha mãe. O quanto devo contar a ela?

— David voltou para casa mãe, ele achou melhor ter um tratamento por lá.

— Achei que um ambiente tranquilo iria ajudá-lo, Milena parecia ter certeza no telefone. — diz confusa e suspiro acalentando-a.

— Só que aqui era tranquilo demais mãe, chegando a ser semelhante com os lugares que ele teve que passar.

— Oh, entendo... E por que você parece triste? — olhei para minha mãe e pisquei com sua pergunta.

— Não estou mãe. — levanto e beijo sua testa. — É bom ter você aqui de novo, mas tenho trabalho a fazer, mais tarde lhe passo tudo o que ocorreu na fazenda.

Os cavalos parecem ansiosos quando passo por eles, apenas um funcionário escova-os e me aproximo.

— Posso me juntar? — ele se assusta quando indago, mas depois acena sorrindo.

Pego um escovão e vou para uma das baias. A lembrança de David aprendendo a preparar um cavalo vem em cheio. Sorrio com a lembrança e continuo o processo de escovar sua pelagem. Vários eventos nos levaram a uma cama comigo nua e ele me dando prazer. Queria ter tido forças para continuar acordada, e de alguma forma, retornar o prazer que me deu, mas o dia foi cansativo e o orgasmo me tirou tudo que restava.

Tenho vontade de brigar com meu coração por ter se apaixonado. Podia ter esperado mais um tempo antes de se entregar totalmente, talvez ele não volte nunca mais. O que ele deve sentir por mim? Será amor ou apenas carinho? Talvez goste de mim. Ele não teria negado o seu prazer se não gostasse.

Travo uma luta com meu interior enquanto termino com os cavalos para em seguida alimentar os patos. O dia passa e estou de volta a casa, mamãe me espera preocupada e percebo que não almocei. Droga! Eu nem sequer senti fome.

— Vive do sol agora, filha? — brinca sarcástica, mas noto o tom de repreensão em sua voz.

— Desculpa mãe, esqueci. Na verdade, nem senti fome.

— Está doente? Geralmente você costuma ter fome, ficou sem comer enquanto eu estava fora?

Não pode fazer isso, Jennifer.

— Não, mãe. — me apresso a responder. — Não estou doente e nem fiquei sem comer. Esqueci da refeição apenas hoje, é que acabei me entretendo com os cavalos e os patos, não vi a hora passar.

— Hum, Milena ligou para falar sobre David.

— ela conta e ergo a sobrancelha.

— E ele chegou bem? — pergunto como quem não quer nada, afinal é uma pergunta comum e que todos fariam certo?

— Chegou. – diz e aceno.

— Que bom! Bem, eu vou tomar um banho.

— aviso.

— Tudo bem, depois volte, fiz bolo de chocolate e sei que você gosta. — notifica e sorrio escondido. Ela sabe que adoro chocolate.

Ficar sobre os olhares de uma mãe nunca é legal, ainda mais quando ela percebe que você está escondendo algo. Puxei diversos assuntos sobre como está a fazenda Solar e ela foi apenas monossílabas com as respostas. Ninguém pode enrolar uma mãe. Elas são as únicas que nos conhecem melhor que nós mesmos.

— A senhora podia perguntar logo de uma vez. — murmuro partindo outro pedaço de bolo.

— E a senhorita podia falar logo de uma vez, mas se quer que eu pergunte... O que houve entre você e David nessa semana? — questiona e interrompo a garfada.

— Nossa, a senhora sabe ser direta.

— Eu vejo sua cara toda vez que falo do David e essa volta dele para a cidade está muito estranho.

— Mas o que lhe disse é verdade mamãe, David quer um tratamento para seus ataques... Ele teve isso duas vezes quando estava aqui. — explico e vejo o rosto dela cair preocupada, continuo rapidamente. — Esse é um dos motivos, porém, não foi o que fez ele realmente querer partir.

— E o que fez querer partir?

— Não me machucar. — suspiro. — Acabamos nos aproximando esses dias. Café da manhã, alguns almoços, jantar, tudo juntos... E também tinha os afazeres e as conversas do lado de fora da casa. Ele me contou sobre suas lembranças da guerra evitando os desastres, e eu falei sobre a fazenda. — paro, respiro e continuo. — Não sei se a senhora sabe, mas existe uma cachoeira aqui perto, nós fomos, estava tudo muito silencioso e calmo, e de repente um bicho apareceu... David se assustou, pensou que era alguém e tentou me proteger com seu corpo, só que ele estava praticamente me esmagando com seu peso. Foi aí que ele decidiu voltar para casa. Eu tentei fazê-lo mudar de ideia, dizer que eu estava bem, mas não adiantou.

— Ele poderia machucá-la de forma mais grave. — minha mãe murmurou e confirmei.

— Foi o que ele disse. O problema é que sinto falta dele e não faz nem um dia que ele foi embora. — admito e vejo-a sorrir.

— Se apaixonou?

— Depois dos fracassos que tive em namoros, não achei que meu coração iria bater por alguém assim de maneira tão rápida. — choramingo, ela se levanta para me abraçar. Rodeio meus braços em sua cintura e deito minha cabeça em sua barriga.

— É que amor a gente não escolhe minha menina. — sorrio, agora sei disso. — Bom, termine de comer esse bolo, vou pegar um pouco para mim também, porque ele está com uma cara boa.

Sinto-me mais leve depois de lhe contar tudo.

Ela não toca mais no assunto e agradeço por isso. Querendo ou não, tenho que me restabelecer e continuar acreditando que ele vai voltar. Foi o que me prometeu e sendo um cara honrado, não será capaz de negar.

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