09

 Jennifer Dunnes

E mais uma vez eu estava babando por David Peterson. Sinceramente, não me arrependo de tê-lo trazido. Esse lugar ficou por muito tempo sendo meu e já estava na hora de dividir com alguém. Por alguma razão, senti necessidade de compartilhar com ele. Não sei quanto tempo ele vai ficar por aqui, mas esse ambiente tranquilo vai lhe dar a paz que precisa e ele parece combinar com esse lugar.

Dobrei sua camisa como uma distração, para não ficar encarando-o, mas sabia que era uma coisa totalmente inútil. Ele atrairia meus olhos até se estivesse vestido como um palhaço. Vi algumas cicatrizes em suas costas que não havia visto antes, e reparei que tinha também nos braços, provavelmente feridas que ele tinha adquirido na guerra. Eram como arranhões e penso que pode ter sido com faca. Tremo com esse pensamento. Um toque leve em meus pés faz olhar para água e seu sorriso sedutor me desmancha.

— Não vai entrar? — ele pergunta e cresço meus olhos.

— Não mesmo! Ainda estou tentando acostumar meus pés com a água, imagina o corpo todo.

— Não está tão fria Jenny, deixe disso e me acompanhe. — David insiste, mas nego com a cabeça. — Vai mesmo me deixar aqui sozinho?

— Você pulou porque quis não te obriguei a nada!

— Um mergulho, só isso... Apenas dê um mergulho.

— Já disse que não. — recuso firme e mordo meu lábio para não rir de sua expressão abatida.

— Ok! Pode pelo menos me ajudar a sair daqui?

David me oferece sua mão e fico na dúvida se pego. Ele não seria capaz de me puxar, seria? Sua expressão de anjinho esperando que o ajude me põe em dúvidas, mas acabo por ficar de pé e pegar sua mão com força, é quando noto um irritar em seus olhos e um sorriso nos lábios.

Ele não vai me derrubar... De repente sou arremessada contra a água gelada da cachoeira. Prendo minha respiração e meu corpo encolhe com o frio. Subo de volta a superfície e ouço o som da risada de David. Não consigo nem a admirar tamanha minha raiva. Estou literalmente molhada!

— Não acredito que fez isso! — rosno e escuto sua risada diminuir. Isso mesmo David! Não ria de mim.

— Não tive alternativas. — diz calmo e fito-

o incrédula. Ele não teve alternativa? — A água nem está tão gelada Jenny.

— Não está tão gelada? — repito um pouco mais alto.

David me olha atentamente, pouco cauteloso. Ele deve ter visto e encarado homens raivosos, mas nada como eu. Ele nada em minha direção, sem se importar com minha fúria. Oh não querido, estou realmente irritada!

— Melhor ficar onde está! — dou um aviso duro que é prontamente ignorado. Homens! Por que nunca nos escuta?

Resolvo nadar para a cachoeira mantendo a distância, passo pela queda d'água e subo para a pequena caverna existente. Esfrego minhas mãos e assopro querendo um pouco de calor. Meu corpo treme na tentativa de aquecer com os pequenos espasmos, enquanto vejo David se aproximar com precaução atravessando a queda d'água.

— Volte para a água Jenny, devagarzinho seu corpo se acostuma com a temperatura.

— Impossível! Não vê que estou tremendo? Você foi maldoso... Por que fez isso? — indago e seu olhar se abaixa.

— Foi infantil da minha parte, me desculpe. — ele pede, mas continuo calada. — Posso resolver o mal que causei?

— Como? Pretende acender uma fogueira? — murmuro hostil.

— Seria um pouco difícil, além do que iria demorar. — brinca e fito-o sério. Ele arfa e se aproxima da margem. — Volte para a água, vai ficar doente parada aí vestindo essas roupas molhadas.

— Vou esperar o frio diminuir um pouco e depois volto para a superfície. — digo e vejo seu rosto em repreensão.

— Vai adoecer se ficar aí em cima Jennifer, além do mais, qual a lógica de se secar e molhar de novo? Apenas volte para a água, por favor.

Reviro os olhos e reprimo a vontade de dizer que isso é culpa dele. Talvez seja até bom mesmo que eu fique doente e ele com peso na consciência. Mas devido às circunstâncias e ele estar certo, mergulho de novo para sair daqui. Retraio meu corpo quando a água me engole e respiro fundo, nesse instante David se aproxima me prendendo contra ele e a rocha atrás de mim me pondo em nervosismo.

— O que está fazendo? — sussurro afetada.

Seu rosto se encaixa na curvatura do meu pescoço me fazendo sentir sua respiração quente e acelerada. Consigo sentir seu cheiro e seu corpo emanar calor próximo ao meu.

— Te aquecendo. — ele explica murmurando em meu ouvido.

— Dessa maneira? — indago em um fio de voz fechando meus olhos e ele ri sem jeito acariciando minha pele.

— Como prefere que eu faça?

Suas mãos deslizam pelo meu corpo e sua cabeça sai do encaixe. Abro meus olhos vendo os seus me encararem de perto. Já não há mais raiva em mim e estou quase agradecendo por estar aqui, tão perto dele. Isso está muito agradável! Os olhos azuis vasculham meu rosto e suas duas mãos em minhas costas, me puxam para colar por inteira em seu corpo. Descanso uma mão em seu peito enquanto ergo a outra afastando os cabelos de sua testa. David parece apreciar meu toque buscando por mais ao fechar os olhos e o único pensamento que tenho é que quero beijá-lo, porém não sei se sou capaz de pedir de novo.

— Jenny... — ele sussurra e meu sangue corre aumentando minha frequência cardíaca.

— Sou eu. — murmuro boba e ele sorri levemente me vendo outra vez.

— Ontem à noite você me fez um pedido.

Minha respiração acelera com sua declaração e desço minha mão encaixando em seu pescoço. Sorrio envergonhada por ele jogar isso na minha cara, mas tudo bem, eu encaro.

— Eu me lembro disso.

— Eu sei que lembra como também deve saber que eu não pude fazê-lo. — seu olhar está feroz e deito minha cabeça.

— Eu dormi. — murmuro com toda essa excitação.

David desliza um dedo pela minha garganta subindo pelo meu queixo parando em meus lábios. Seus olhos estão em promessa e mergulho uma de minhas mãos na água segurando sua cintura. David arfa suspirando e sorrir outra vez.

— Mas está acordada agora Jenny, e eu costumo fazer o que me pedem.

Seu dedo se afasta dando lugar aos seus lábios e suspiro ao sentir eles se moldarem aos meus. Ele tem o gosto de café e quando sinto sua língua roçar no interior de meus lábios, eu sei que jamais vou esquecê-lo. Ele é rude e carinhoso e me sinto tranquila em seus braços. David me explora, devora e mordisca me levando ao delírio.

Minha mão viaja pelo seu corpo quente e sensual e ele faz o mesmo me apertando em lugares tão precisos fazendo meu ventre contrair de desejo. Separo nossos lábios em busca de ar, mas David não parece sentir tanta falta já que decide percorrer meu pescoço e meu colo.

— David... — o chamo sem saber o que exatamente quero.

De repente ele interrompe de forma brusca fitando algo atrás de mim. Quero dizer para ele continuar de onde paramos mais sua expressão séria e assustada acaba com o momento. Mexo-me notando que ele me pressiona cada vez mais nas pedras.

— David! — murmuro alto chamando-o e meu som assusta um animal que estava escondido em algum canto da caverna.

Ele saiu voando da fenda para fora e o movimento rápido assusta o homem a minha frente que me esmaga ainda mais na parede de pedras fazendo doer meus ossos.

— Foi apenas um morcego David, é comum em lugares escuros. — digo, mas ele continua a observar. Circulo seu rosto com as mãos obrigando-o a me ver e quase choro com seu olhar perdido. — Não está em perigo David, foi apenas um bicho. Agora pode, por favor, se afastar? Está me machucando... — peço e num instante ele já está longe de mim. Respiro fundo tendo o ar de volta aos meus pulmões e noto a culpa em seus olhos quando o vejo. Não David!

— Melhor voltarmos, está tempo demais na água. Você pode pegar um resfriado. — diz cansado e apenas aceno.

Quero conversar com ele sobre seu pequeno surto, mas penso que não será bom fazer isso agora.

Por que tinha que acontecer? Estava tudo tão bom. Passamos pela cachoeira até chegar à superfície da terra. Assim que saio da água o vento me arrepia. Minhas roupas pingam e é provável que comece a tremer em instantes. Vou em direção ao cavalo, mas uma mão me interrompe.

— Troque de roupa, pegue minha camisa, deixe que eu pego o cavalo. — murmura preocupado e tenho vontade de abraçá-lo, porém ele foge de mim me restando apenas sua camisa.

Tiro o short, a blusa e até mesmo o sutiã deixando apenas a calcinha. Faço tudo rápido enquanto David está de costas. Visto sua blusa seca sentindo o cheiro de seu perfume bem evidente e abraço a mim mesmo fechando os olhos por segundos antes de voltar. David ainda está de costas quando me aproximo.

— Não vai sentir frio? — pergunto vendo seu calção pingar e seu corpo ainda molhado.

David gira sobre os pés e me admira com sua blusa. É desse olhar que gosto embora o sorriso esteja fraco e pouco perceptível.

— Estou bem, não se preocupe. — ele diz e

tento me aproximar, mas ele se afasta. — Melhor irmos.

Quero protestar, mas opto outra vez por não fazer isso. Acho que ele quer espaço e vou lhe dar isso por algum tempo. Dirijo-me ao cavalo e monto esperando que ele suba. Junto minhas roupas a minha frente e início nossa volta, agora mais dolorosa. Não foi assim que imaginei meu dia.

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Comments

Vilza de Souza

Vilza de Souza

Esse cara já esta me dando nos nervoso.

2023-11-03

1

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