As Aventuras De Murilo
Hoje faço 16 anos, sim 16 anos! Sou Murilo, alguns de vocês já devem ter ouvido falar de mim na autobiografia de meu pai, ou não! Tanto faz, quem não me conhece eu sou assim: Tenho 1,68m, sou bem baixo comparado aos garotos da minha idade; tenho sardas feito meu pai, e sou quase tão pálido feito ele! Puxei também suas enormes olheiras roxas, e eu gosto de ser assim!
Da minha mãe puxei seus olhos grandes, mas não puxei os azuis de sua córnea, eu peguei a cor castanha de meu pai também, e a cor do meu cabelo é preto e ele é liso, igual o dele. De tanto falarem que eu era a miniatura dele, eu tentava ficar o menos parecido dele possível quando mais novo. Como eu odiava ser comparado a alguém, e eu nem sou tão parecido com ele assim! Eu tenho o rosto redondo igual da minha mãe e ele é magrelo, diferente de mim, que sou mais cheio! Isso me diferenciava dele, mesmo assim as pessoas ainda falavam que eu era sua cópia!
Eu me sentia irritado com isso, hoje não mais, eu até sinto sua falta. Para quem não se lembra, ele era chamado de Demônio da Noite, meu pai quando era adolescente era um louco! Roubava todo mundo e as pessoas temiam a ele! Mas ele não fazia por mal, ele era drogado! Pelo menos isso é o que minha mãe dizia, e as vezes ele mesmo soltava em umas conversas aleatórias que fazia isso! Eu não acreditava muito nisso no que eles diziam, meu pai era tão diferente do que falava! Era brincalhão comigo e fazia a gente feliz! Até um dia que minha mãe começou a brigar com ele, eu não entendia muito bem sobre o porquê, mas ela brigava com ele quase sempre! E a partir dessas brigas veio o pedido de divórcio, me deixando arrasado juntamente do meu irmão Hugo.
Minha mãe não falou o motivo da briga, ele simplesmente arrumou nossas malas e disse para ela nunca mais nos procurar, mas minha mae conseguiu ficar comigo e eu fiquei confuso. Nessa época eu tinha 11 anos, quase 12 anos. Desse dia em diante, nos mudamos e eu raramente o via, minha mãe não gostava dele perto de mim, e eu me sentia triste com isso! Não havia motivos para ela não gostar dele, ela o amava, então por que não o queria por perto?
No início ele ligava para nós, perguntava sobre mim e conversava comigo direto, se eu soubesse como isso era bom, eu nunca deixaria de atender o telefone por pirraça mesmo! Mas de tanto ele ligar, minha mãe trocou o número do telefone, e acabamos indo para outra cidade! A única coisa que eu recebia de meu pai era a pensão, e as vezes um presente de aniversário, mas ele sempre aparecia nos fins de semana e me levava para algum lugar bem longe da minha mãe.
Minha mãe começou a namorar alguns caras, eles namoravam e terminavam rapidamente. Parecia que os seus namorados me odiavam, talvez seja pelo meu déficit de atenção, ou pelo fato deu ter problemas por causa de ser prematuro e acabei não me desenvolvendo muito bem em várias coisas. Eu sou péssimo em quase tudo, mas eu consigo de forma desordenada perceber algumas coisas! E eu sabia que sentia muita a falta de meu pai, e que o namorado de minha mãe me encarava de uma forma estranha!
_ Murilo? Murilo!? Tá me ouvindo? (Michelle estalava os dedos, enquanto o garoto sonhava acordado).
_ Oi mãe? (Assustado eu a encarei com um copo de café na mão já frio).
_ Meu filho, você não pode ficar em outro planeta com comida na mão, se não você se suja! (Minha mãe me olhava para o café pingando sobre minha calça e apontava para aquilo).
_ Ah! Eu não vi! (Então peguei um pano e começei a me limpar).
_ Você sabe que dia é hoje? (Ela sorriu alegremente para mim).
_ Quarta? (Limpando o café eu me distraía com as ondas do pano).
_ Também! Mas tou falando do dia do mês! (Michele tentava chamar minha atenção, já que eu me distraía fácil).
_ Não lembro! Que dia é? (Então eu a encarei curioso).
_ 26 de Novembro! E sabe o que mais comemora hoje? (Minha mãe me olhava animada).
_ Um mêsversário seu e daquele cara? (A olhando revirei meus olhos).
_ Eu já falei para você o chamar pelo nome! E não gosto de você revirando os olhos assim! Ouviu? (Ela me olhava brava).
_ Aff! O que é então? (Assim levantei da mesa e ia pegar minha bolsa para ir à escola).
_ Seu aniversário, ingrato! Hoje é seu dia, e quero te parabenizar! Parabéns meu ingratinho! (Assim Michelle me abraçou forte).
_ Ah é! Nem tava lembrando, ano passado teve isso também! E os outros anos também! E olha que legal, estamos aqui de novo! Estou radiando alegria com aquele cara aqui, e meu pai não! (Eu sorria com cinismo para ela, minha mãe sabia que eu queria vê-lo).
_ Murilo, não começa! Não sei o que você tem contra o meu namorado! Ele gosta tanto de você! E querendo ou não, ela vai estar aqui hoje a noite! Então se comporta! E para de falar do Dantes! (Ela dizia brava comigo).
_ Tá mãe! Eu tenho que ir para escola! (Com cara de tacho eu a encarei).
_ Vê se não some, eu quero sair com você na hora que você chegar! Vou comprar algo pra você usar, essas suas roupas são muito feias! (Ela me olhava e me deu um sorriso).
_ Não vai dá! Eu fiquei de ir em outro lugar, sabe como é! Eu sou um cara compromissado! (Eu não queria usar o estilo que ela me colocava, era estranho!).
Sempre gostei de camisetas por baixo de uma blusa e uma roupa mais folgada. Ao contrário da galera da escola, que se apertavam e viviam mostrando seus corpos estranhos, dizendo que tinham músculos! Eu sempre achei estranho, talvez pelo fato de não ser padronizado como eles e ser muito baixo e não chamar atenção das garotas, como faziam.
_ Vou te dar um tapa na sua cara, e aí você vai ver o que é compromisso! Esteja aqui depois da escola e sem atrasos, ou eu te busco! (Ela me olhou fuzilando).
_ Tá, eu volto pra casa! (Irritado a encarei e peguei minha bolsa).
Indo para escola, comprei um malboro pelo caminho e o acendi com um fósforo, pois isqueiro mancha o dedo. Eu sentia o cheiro do cigarro que queimava lentamente sobre seus dedos, e me sentia nostálgico.
_ Não sabia que você fumava! Você é muito bonito para ficar fumando! (Díoman me apertou na parede, tirando o cigarro de minhas mãos e colocando na boca e depois me deu um sorriso esquisito).
_ Eu não fumo, e esse cigarro é meu! (Revoltado puxei o cigarro da boca dele).
_ Ei, ei! Está revoltado hoje? Vamos nos acalmar! Está muito cedo para ficar bravo! Bicudo assim, você me seduz! (Ele me puxou pra parede, passando a mão em meu rosto delicadamente e sorrindo).
_ Me solta irlandês! Não sou uma de suas bichas! (Então empurrei o Díoman e ele olhou para mim e começei andar novamente).
_ Qual foi? Hoje você está irritado! Geralmente você é mais calado, menos vermelho! Chamar os outros de bichas, é inadequado esse linguajar! Estou te estranhando hoje! Não quer um beijo? (Assim o rapaz me puxou pelo braço me encarando curioso e tirando novamente o cigarro de minha mão e colocando na boca e soprando a fumaça no meu rosto).
_ Não enche! E eu já falei que isso é meu! (Puxei o cigarro da boca dele novamente, fazendo Díoman me contrapor na parede, deixando meu rosto encostado nela como o de costume).
_ Não gosto que fale assim comigo! Você sabe que isso me irrita! Então não desconta suas frustrações em mim, ouviu? Eu fico triste com você tratando-me assim! (Assim o rapaz passou a mão em meu bolso, vendo o que tinha lá dentro e depois me beliscou e me deu um beijo no pescoço, foi horrível).
_ Idiota! Eu te odeio! Eu não faço parte da sua laia! Seu ladrãozinho esquisito! (Irritado falava impressado na parede, enquanto o outro me roubava).
_ Não fica bravo! Eu já disse que você assim me entristece! E eu não gosto de sentir isso cedo! (Assim Díoman me virou e ficou rosto a rosto comigo, me encarando).
_ Seu merda! Vive me roubando! Quando eu não tiver dinheiro, vai me roubar o quê? (Bravo eu o encarava de volta).
_ Não sei! Quem sabe isso? (Díoman passou a mão em meu rosto e me lascou um beijo animado, desperdicei meu primeiro beijo com aquele cara estranho, eu esperava tanto em ser uma garota que gostasse de mim!).
Assim o empurrei irritado e cuspi! Depois daquilo eu o olhei assustado e frustado com aquilo, queria muito dar meu primeiro beijo na Maria Alice, não em um cara estranho que as vezes falava enrolado, com as mistura de seu idioma com o meu! Eu fiquei muito chateado e irritado com ele! Díoman sempre me provocava, ainda mais depois que chegou no país e viu que eramos da mesma sala. Nunca fomos próximos, as pessoas ficavam em seu redor o tempo todo, por achá-lo diferente. E eu sempre fui excluído em tudo, por não saber de quase nada e não ser bom em nada. Foi aí que ele começou a vir atrás de mim e me chatear, sem motivos algum!
Díoman é irlandês, ele morou por lá até os 9 anos, depois morou na Inglaterra até os 13 anos, onde foi para o Brasil e acabou caindo na mesma cidade que eu moro.
Díoman é alto, 1,87m, tem olhos caramelos e cabelos castanhos escuros ondulados, ele era adotado e sempre se vestia com roupas de tom amarronzado. Ele é rico, mas adorava me provocar me roubar, ainda mais depois que descobriu que eu levava dinheiro para comprar cigarro, me roubava por diversão e depois me dava algo com o dinheiro que havia roubado de mim e com uma dedicatória estúpida no presente, mandando eu não estragar meu corpo com porcarias!
Por ser irlandês, ficava com as pessoas mais populares da escola, as garotas o achava bonito. E por ter grana, muitas pessoas o seguia. Mas o garoto gostava mesmo era de me perseguir, por eu ser baixinho e ter o rosto redondo e pintado.
_ O que deu em você? Já não basta me roubar, agora isso? Por que não irrita outra pessoa? Tem tantas que te perseguem, enche o saco deles! Que inferno viu! (Irritado eu me frustava com ele, enquanto cuspia).
_ Hoje é seu aniversário! Eu tinha que dar-te algo, mas sua grana diminuiu, não se compra nada com 5 reais! Sei que você não irá sair comigo, para dar-te um presente! (O rapaz me encarava e sorria esquesitamente para mim, chegava me arrepiar de terror vendo aquilo).
_ Você me rouba para me dar presente! Qual o seu problema? E como você sabe que hoje é meu aniversário? (Assustado eu o olhei).
_ Ora, muito simples! Eu li seu caderno preto! Você tem a letra muito feia! E não esquece, hoje tem prova de gramática! Do jeito que você é, deve ter esquecido! Mas eu lhe faço lembrar das coisas rapidamente! (Díoman me provocava rodando o cigarro em seus dedos e enfiou na boca).
_ Ladrão! Bisbilhoteiro! Me deixa em paz! (O fuzilando, eu começei a correr, pois estava atrasado para ir à escola).
Andando via que meu relógio apitava, estava duas quadras longe da escola. E como me distraio fácil, Díoman havia novamente roubado meu tempo e atenção.
Percebi também que havia ficado sem o cigarro. Eu não fumava só sentia o cheiro dele, pois lembrava da época que meu pai morava com a gente. Ele fumava quando tinha muita ansiedade, e antes de se separar da minha mãe, quase todos os dias quando me levava na escola tinha um malboro na sua boca. Eu comprava o cigarro só para sentir o meu pai perto de mim, eu sentia muita saudades dele.
_ Ei bold! Quer carona? Eu te levo em minha garupa! (Díoman era insistente).
_ Não, eu tenho pernas e chegarei lá sozinho! (Eu o encarei em sua bicicleta provavelmente roubada).
_ Ah, vamos! Você tá atrasado, porquê não adiantar-lhe as coisas? (O garoto era chato demais, e eu sabia que ele ia me seguir até na escola, mandando eu subir naquilo).
_ Eu vou, mas não encosta em mim! E nem fale comigo! (Assim ele parou e eu subi e sentei na frente, pois não havia garupa e ele começou a pedalar).
_ Sabe, o dia está maravilhoso! Porquê devemos perder o tempo todo na escola? Você irá se dar mal na prova de gramática, e eu já tenho nota suficiente pra passar! Que tal irmos viver o seu dia? (Descontraído ele falava aquilo enquanto pedalava).
_ Tá louco? Eu preciso de nota, cada ponto conta pra mim! Eu estudei muito para isso! (Eu dizia aquilo friamente).
_ Ah é! E o que você sabe sobre a matéria? Sabe de tudo? (Díoman dizia olhando a rua).
_ Muita coisa! Eu... sei muita coisa! Eu estudei! (Para falar a verdade eu nem lembrava daquele exame).
_ É! Você sabe muita coisa, então não precisa preocupar-se com a nota! (Assim ele acelerou a bicicleta, fazendo seu colar de cruz cepa em minhas costas feito chicote).
_ Dói! Vai devagar! (Eu olhei para ele assustado e arrependido por tê-lo escutado).
Ele fingia não me ouvir, e quanto mais pedia ele para parar, mais Díoman acelerava aquela bicicleta. Então passamos da escola e ele ainda gritou quando passamos por ela. E eu fiquei assustado com aquilo, eu tava sendo sequestrado por aquele doente, e o pior, eu aceitei aquilo!
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Atualizado até capítulo 137
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