Eu o encarava confuso, meus sentimentos estavam desordenados, mesmo assim o encarava querendo ficar agarrado nele! Que droga de sentimento era aquele? A falta de remédios me fazia delirar.
_ Que foi Murilo? Você está bem? (Assustado ele falou aquilo).
_ Estou! Você tem que ir embora, é perigoso ficar em um lugar estranho tão tarde e sozinho! (Eu dizia sério pra ele).
_ Meus pais não se importam com isso! Não precisa se preocupar comigo! (Ele falava olhando distante).
_ Mesmo assim irlandês, não quero que você fique andando sozinho na rua! Como vou te derrotar na escola, se você for pego na rua antes? (Eu falei bravo com ele).
_ Você é engraçado! Mas só vou se você estiver bem mesmo! Não vou lhe deixar sozinho sem saber que você está bem! (Preocupado ele acariciou a minha cabeça).
_ Eu estou bem irlandês! Minha mãe disse que ia me passar um remédio para limpar isso aqui! (Cabisbaixo eu dizia a ele lhe tirando a mao, ele smpre foi muito pegajoso era irritante).
_ Então, você não se importa de ficar sozinho aqui, se eu for? Sua mãe vai demorar comprando remédios, eu não quero que você fique sozinho! (Ele falava sério, acho que ele que não queria ficar sozinho também).
Eu o encarei sério, mas mesmo assim eu não queria olhá-lo, então desviei meu olhar do dele. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, meu coração estava com arritmia olhando aquele irlandês estúpido, eu acho que estava morrendo! Será que agora estava enfeitiçado por ele, ou estaria tendo problemas cardíacos me aproximando daquele cara estranho?
Não, eu não aceitava ficar sentindo coisas estranhas perto dele! Era esquisito e eu nunca havia sentindo aquilo antes, então tinha algo errado comigo! E enquanto o irlandês falava, mesmo desviando meu olhar do dele, eu queria lhe dar um murro pra ele ir embora. Seus olhos castanhos claros preocupados, seus cílios enormes eram diferentes, aquele olhar estranho sobre mim. Sua boca era tão chamativa como a de Maria Alice, mas a dele parecia ser mais intrigante, mesmo que a a de Maria Alice sendo muito atraente. E aquele cabelo castanhos escuros desgrenhado, o fazia ser estranhamente bonito? Eu nunca havia percebido que o irlandês é bonito! Bonito? Eu estava louco! Ele era horrível de feio!
_ ... em Murilo? (Ele tava esquisito).
_ Você é feio! Tem os cílios tão grandes que da para me abanar no calor! Você é diferente dos outros com esse cabelo ondulado, e isso é muito estranho! irlandês estranho e feiticeiro, vai embora! (Eu passei a mão em meu rosto curioso em tocar os seus cabelos, eu disse aquilo para ele ir, mas ele não foi).
Timidamente o irlandês me encarou pasmado, ainda mais quando coloquei a minha mão em meu rosto me tampando.
Quando vi ele ficar daquele jeito, senti medo dele se irritar e então tirei minha mão do meu rosto e desviei meu olhar do dele, pois percebi que ele me encarou demais quando passei a mão sem querer nele, talvez eu quisesse passar a mão nele, mas fiz tão rápido que ele nem percebeu.
_ Me desculpa! Eu não queria passar minha mão em você! Só que eu senti vontade de saber se era... mais de perto e acabei colocando...(Assim ele pegou meu rosto bravo e me encarou).
_ Eu lhe acho linguarudo! Com essas pintinhas e seus olhos grandes, parece uma capivara roliça de tantos pelos! Com esse biquinho que só você sabe fazer me faz rir, nem beija-flor tem um bico quão grande feito o teu! Docinho bicudo você também não é muito bonito! (Ele falava tão próximo a mim, e sorrindo).
Com ele próximo a mim, senti vontade de lhe dar um soco ou talvez rir, ou dormir, ou comer, eu queria comer alguma porcaria, estava ansioso de novo, eu estava acelerado o encarando com aquele riso tosco, e por algum motivo eu achava aquele riso engraçado. e não resisti, tentei passar a mao em seu rosto!
Queria saber como era seu beijo novamente, ele fazia isso comigo, mas era a primeira vez que iria fazer com ele, decidi então, iria ser na amizade.
Eu agarrei aquele irlandês, como ele fazia comigo! E eu gostei, pois sentia arrepios o tocando, e ele me olhou assustado. Era bom fazer aquilo com aquele esquisito. Até ouvir alguém abrindo a porta e me assustar com aquilo e me afastei dele.
Era minha mãe que havia voltado, o seu olhar era de alívio ao me ver de pé e do lado de fora do quarto. Como Díoman estava do meu lado, ele estava completamente vermelho me olhando confuso, então o encarei e sorri pra ele.
_ Que bom que você ficou, não gosto de deixar o Murilo sozinho quando tem crises, eu fico tão preocupada! (Minha mãe colocava a sacola sobre a mesa, e eu estava morto de vergonha da minha mãe quando ela chegou daquela forma inesperada).
_ O que estavam fazendo? (Ela disse, e o irlandês ficou mudo, eu desconfigurei ele, pois ele começou a embolar as línguas).
_ Acho que ele tá com fome! (A disse, talvez ela o deixava em paz, já que ele estava desfigurado por minha culpa).
Assim minha mãe aproximou dele e viu se aquele bobo estava com febre, mas sem reação o irlandês a negava com a cabeça. Ele as vezes ao tentar falar, dizia palavras em irlandês e as vezes em inglês britânico, misturando os idiomas que ele dominava, depois ele deu um suspiro profundo e voltou ao normal balançando a cabeça.
_ Eu tenho que ir para casa! (O irlandês parecia ser um bicho de outro mundo, sua voz tava trêmula e tosca, parecia ter se resfriado em um pequeno espaço de tempo).
_ Está tarde, espere um pouco que vou ajudar o Murilo e nós te levamos para casa! (Eu ri, mas o irlandês não parecia empolgado).
_ Eu estou bem, estou de bicicleta, chego rápido em casa! Obrigado! (Vermelho, acho que ele estava realmente começando a ficar doente).
_ Você tem certeza? O Murilo leva a sua bicicleta amanhã na escola para você! (Michelle dizia, mas irlandês parecia não querer olhar para a minha cara).
_ Tenho, eu chego bem rápido em casa! Muito obrigado, dona Michelle! (Ele a respondeu e saiu de casa rapidamente vermelho).
_ O que deu nele? Você está com fome? (Minha mãe me perguntou e eu a neguei confuso com o irlandês, ele estava bravo comigo).
No outro dia arrumei meu cabelo no cabeleireiro e fiz um moicano. Comprei um piercing, era tão maneiro e pedi para me furarem, doeu mais eu fiquei maneiro demais, agora eu estava mudado, estava bem crescido e iria dá um jeito em minha vida.
Eu sonhava muito com meu pai, eu as vezes pensava que estava esquecendo seu rosto, então eu pegava a foto dele e o encarava para me lembrar dele novamente, aí minhas lembranças ficavam mais claras quando o via pelo retrato eu queria ser igual a ele.
Como eu ficava alegre vendo meu pai e o abraçava em meu sonho. Só que do nada meu pai começou a ficar longe, e quanto mais eu tentava me aproximar dele, mas longe ele ficava. Então eu corria em seu encontro, e quando consegui me aproximar dele eu foi encostá-lo, ele se virou e ao invés de aparecer meu pai, era aquele homem segurando a cabeça dele em suas mãos e rindo pra mim! Foi aí que acordei desesperado de novo e suando muito.
Desde aquele dia eu não conseguia dormir, pois sempre sonhava com a mesma coisa a noite, mesmo passando 2 meses. Eu não entendia nada direito do que estava acontecendo comigo, meus sentimentos estavam desordenados, minha cabeça girava mais que o normal. Eu não conseguia comer direito, pois sempre parecia que alguém estava rindo de mim no refeitório. Eu perdi 7 quilos nesse período, por medo de ser maltrado se errasse novamente e de nunca mais ver meu pai.
Eu não conseguia dormir, meus pensamentos gritavam comigo o tempo todo! E eu não conseguia falar com o irlandês, pois ele estava desconfigurado por minha causa, toda vez que me aproximava dele, ele avermelhava e eu não dizia nada para aquele estúpido, ele não ia me entender! E assim em meio todos os meus alvoroços eu me sentia mais inseguro e sozinho que antes, mesmo minha mãe falando que estava tudo bem!
Em casa minha mãe me encarava silenciosamente enquanto colocava a mesa do almoço, e encolhido no canto do sofá eu pensava em meu pai, e do porquê eu não poder vê-lo.
Eu me sentia culpado pela separação de meus pais, eu lembrava vagamente de como era feliz ao estar do seu lado. Ele falava pra minha mãe que eu precisava de fazer tratamento com psicóloga, e não me empanturrar de remédios, pois eu era muito pequeno para tudo aquilo, e minha mãe debatia com ele sobre isso rancorosamente.
Então depois de muito tempo com brigas por minha causa, ele concordou com ela sobre eu fazer tratamento com as pessoas estranhas feito eu. Fui crescendo vendo meu pai se entristecendo com meu caso, pois eu piorava, havendo várias crises conforme eu crescia, e surgindo outros diagnóstico diferentes dos anteriores, mamãe não gostava muito da ideia do psicólogo e meu pai não agradava muito com os excessos de remédios, ele queria que eu fizesse tratamento para diminuir os remédios e me acalmar, eu não falava, eu passei a falar depois dos três anos, só ficava em um canto sozinho.
Ele se deprimia me vendo doente e não vendo melhoras em mim. Então começou a tomar remédios novamente, já que ele havia dado depressão na adolescência, só que minha mãe falava que os remédios não faziam efeitos como o desejado, então meu pai começou fazer coisas erradas por causa disso. Ele não queria me ver doente e não queria que eu o visse deprimido, então fez coisas erradas para me alegrar, mamãe havia feito algo ruim vendo isso em nossa casa e papai descobrindo tudo surtou, pegou eu e meu irmão e tentou nos levar embora, no entanto a minha mãe me trouxe de volta, ela disse que ele não tinha capacidade de cuidar de mim, pois ele também estava doente e que iria processá-lo se nao devolvesse o Hugo, as coisas foram muito tensas e desordenadas.
Eu não entendia aquilo quando era mais novo, mas eu havia descoberto isso recentemente, ouvindo sem querer uma conversa de minha mãe com Jonata, isso salientou um pouco mais o ódio que tenho de mim, ainda mais quando ele jogava em minha cara que sou retardado e dizia que eu não merecia o que tinha! Eu destruí o casamento de meus pais, por ser estranho, e ainda afastei meu pai de mim e agora não posso vê-lo, isso me fazia sentir cada vez pior. Eu não merecia ter nascido, não ia fazer ninguém infeliz, não ia fazer minha mãe ter relacionamentos ruins, o meu pai não ia se deprimir, e estaria com ela agora e todos estariam felizes agora.
_ Fiz a pasta que você ama! Mas você está em órbita e não me ouviu te chamando! (Minha mãe mexeu em meu joelho, me despertando de meus pensamentos para vê-la).
_ Hmmm... (Eu a encarei e nem sabia do quê ela falava).
_ Vem comer, já está esfriando a comida! (Ela me encarava sorrindo).
Então levantei e foi na mesa, eu olhei a comida e a encarei sem ânimo nenhum.
_ Que foi Murilo? Você ainda está com dor no estômago? (Ela falava preocupada comigo).
_ Eu não quero comer! Estou sem fome! (Eu olhava para comida, mas aquilo não me chamava atenção, eu era um fardo para minha mãe e sentia pena dela por me ter).
_ Você não está comendo nada a quase uma semana! Eu já te levei no médico e ele falou que seus exames estão bons! Então por que você não quer comer? Você quer ficar doente? (Michelle me encarou séria).
_ Eu tou sem fome! (Eu dizia um pouco preso em meus pensamentos).
_ Mas você não comeu nada até agora, Murilo! Não comeu quase nada ontem também! Como você está sem fome? (Ela falou espatifada aquilo).
_ Eu estou! Não quero isso! Eu não quero nada! (Então a olhei e levantei da mesa).
_ Murilo, come! Eu não quero te ver doente! Quero te ver forte e saudável! (Assim minha mãe dizia mandando eu voltar à mesa).
_ Eu não quero! Eu não preciso disso! Para que vou comer, se não sirvo pra nada? Então não preciso comer, porquê eu não preciso ficar saudável! Ninguém tá nem aí pra mim, então eu também não tou nem aí! Eu nem gosto de mim! (Enraivado falei com ela e foi correndo pro meu quarto e tranquei a porta).
_ Murilo, não fale desse jeito! Eu me importo com você! Então sai daí de dentro e vem comer! (Minha mãe dizia aquilo brava).
_ Vai embora! Eu sei que você só fica comigo por obrigação e só não me deixa ver meu pai para poupá-lo de mim! Então pode me deixar sozinho também! Eu não quero ser seu fardo! (Eu já tinha escutado isso de algumas funcionárias da escola, do Jonatas e de uns colegas da escola, que eu era complicado de lidar e era como um fardo pra minha mãe, isso me chateou ainda mais depois que ouvi ela conversando com Jonata, afirmando a conversa das funcionárias).
Assim o tempo foi passando e mais afastados das pessoas fiquei, não queria ser mais notado por ninguém! Não queria ser o fardo de ninguém! Eu só ia na escola porquê minha mãe insistia, e nem ia quando ela trabalhava. E a tarde eu ficava preso em casa, eu não precisava mais ir no curso! Eu não ia mais atrapalhar a vida de ninguém!
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Atualizado até capítulo 142
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