Era quase fim de semana, e minha mãe mandava eu me arrumar, pois ia me levar em um lugar especial, depois que meu pai chegasse. Eu a encarava sério e com os pensamentos distantes do mundo. Meu pai ia me ver, eu não sentia nada ouvindo isso! Será que eu deixei de gostar dele? Eu me martirizava pensando nisso.
_... E você vai ver o Hugo! Você gosta tanto dele, isso não vai ser bom, vocês dois juntos novamente? (Minha mãe me dizia empolgada comigo).
_ Hmmm... (Eu nem sabia do quê ela falava).
_ E que roupa você vai querer usar para ir ver seu pai? Essa xadrez ou essa florida? (Minha mãe mexia em minhas coisas estranhamente enquanto eu pensava no irlandês).
Já havia um tempo que ele não aparecia aqui em casa, eu havia mandado ele embora, eu não queria que aquele estúpido perdesse amigos andando comigo! Eu havia prometido minha mãe que iria tomar meus remédios para ver meu pai, ele tinha dito que gostava de mim e que estava triste por não me ver, e que se eu estivesse doente quando me visse iria ficar doente também! Então eu me esforçava para não deixá-lo triste e doente por minha causa.
Tomando meus remédios eu me senti um pouco melhor, e comecei sentir muita falta do irlandês. Minha mãe me levava na escola, e podia vê-lo lá, mas agora ele estava no time de futebol e nem falava comigo, só me via de longe e falava comigo as vezes na sala de aula. O irlandês estava diferente, ele tinha amigado com todo mundo do time de futebol, e quase não tinha tempo pra me perturbar. Eu sentia que ficaria bem com ele longe de mim, já que eu havia o pedido para se afastar! Mas eu estava sentindo sua falta, mesmo que isso fizesse bem a ele, eu me sentia um pouco mais sozinho na escola sem o irlandês me enchendo o saco.
_ A terra te chama, e está mandando o Murilo escolher qual roupa vai ir no encontro com o pai dele! (Minha mãe estalava os dedos dela em minha frente e me assustei com aquilo).
_ Eu deixei o irlandês triste mãe? Ele foi embora e agora eu só fico sozinho na escola de novo! Eu não queria deixá-lo chateado andando comigo, mas sinto a falta dele! (Eu olhava sério para minha mãe que mexia nas blusas em minha cama).
_ O seu amigo não quer falar com você? (Ela me encarou séria).
_ Eu mandei ele ir embora, e ele foi! Eu quero que ele volta, mas como faço pra amigar com ele? (Eu a encarei confuso).
_ Ah Murilo, é só falar para ele vir te ver! Vocês não se veem na escola? É só dizer isso para ele! (Ela me deu um sorriso alegre e eu não entendia nada).
Parecia que ela ficou feliz, quando disse que queria falar com aquele estúpido de novo! E eu nem sabia porquê sentia falta dele, eu não precisava do Díoman!
A encarava sério enquanto ela falava muitas coisas e eu nem sabia do quê minha mãe dizia. Eu não queria sair de casa, Díoman estava se afastando de mim, por eu ser diferente, eu não queria que meu pai nem meu irmão sentisse vergonha de mim. Então deitei na cama e cobri a cabeça com o travesseiro, queria sumir. Como me sentia um fardo, um doente e esquisito por não conseguir ser normal.
_ Murilo o que foi? Você não estava feliz agora pouco, querendo fazer amigos? (Minha mãe tirou o travesseiro de mim e me olhava séria).
_ Eu quero sumir! Não quero ser doente e esquisito! Todo mundo me odeia e se afasta de mim por eu ser estranho! Eu não gosto de mim, ninguém gosta! Eu me odeio mãe! (Eu falei com ela sério).
_ Para com isso Murilo! Eu já não te disse que te amo! Seu pai está vindo aqui com seu irmão, para te verem pois sentem saudades sua e você fala essas besteiras! Como ninguém te ama? Quem não te ama? (Minha mãe dizia frustada comigo).
_ Todo mundo! A Maria Alice, o irlandês, as pessoas da escola! Ninguém gosta de mim, e o irlandês só anda com a equipe de futebol e não fala mais comigo! Eu sinto falta dele mãe, mas o mandei embora e ele se foi! (Eu dizia para ela me sentindo perdido e sozinho, queria conta pra ele que meu pai ia me ver e queria que ele tivesse comigo).
_ Eu não já te disse para falar com ele pessoalmente, já que vocês se veem na escola! Ou liga para ele, o telefone está ali! Não precisa ficar chateado por causa disso, ele gosta de você! (Ela me encarou séria).
_ Mas mãe, eu mandei ele ir embora! Ele foi embora e me odeia agora, como vou dizer pra ele que quero que ele venha ficar comigo? Ele não gosta mais de mim! (Eu a olhava chateado).
_ Pode parar com essa besteira! Pega o celular e liga para seu amigo e escolhe logo essa roupa! Eu não tenho tempo para seus luxos, Murilo! (Ela dizia irritada comigo).
Eu fiz o que minha mãe dizia, eu morria de medo quando ela ficava brava. Ela ficava muito furiosa e falava sem parar com muito ódio, e eu tinha medo do seu olhar assassino que ela me olhava, quando ficava brava. Depois que peguei o celular entreguei a ela, eu tinha o meu, mais eu só usava para ver desenhos, ligar para ela, ouvir o Díoman me ligando e mandando mensagens, e fazer dever da escola.
A minha mãe pegou o telefone e ninguém atendeu, então eu peguei o meu e de pra ela, assim Díoman atendeu ele.
_ Que foi, docinho? (Ele havia me chamado de docinho na frente da minha mãe e eu fiquei vermelho de vergonha).
_ Docinho? Quem está falando? É Díoman? (Minha mãe falou muito brava com ele).
_ S-senhora Michelle! Pensei que fosse o Murilo, está tudo bem? (Dava para sentir que a graça dele sumindo, só pelo tom de voz que o irlandês mostrava).
_ Meu filho quer falar com você, mas está com vergonha por ter brigado contigo! Ele quer ser seu amigo de novo e fica chorando pelos cantos dizendo que está com medo de você não querer ser amigo dele! (Ela falava calmamente enquanto me detonava para ele).
_ Isso é mentira! Eu não fico chorando pelos cantos, mãe! Eu nem quero ser amigo dele! (Eu me irritei com ela, falando aquilo para ele completamente vermelho).
_ Agora está fazendo drama! Mas pode vir aqui para falar com o Murilo, porquê se não ele vai chorar dizendo que você não quer ser amigo dele! (Ela dizia rindo me encarando e me envergonhando).
_ Murilo quer me ver? É que eu estou ocupado hoje! Para ser sincero, o fim de semana todo! Quem sabe outro dia nos veremos na escola! Ou ele me manda mensagem e falarei com Murilo! (O irlandês não gostava mais de mim, ele me rejeitava e mentia na cara dura).
_ Quem sabe semana que vem se você estiver livre, vocês possam brincar juntos! Assim vai deixar o Murilo mais alegre, já que ele está com um rosto bem chateado agora olhando para mim! (Minha mãe dizia aquilo, me encarando sorrindo e me envergonhando).
_ Mãe! Eu não estou triste por causa do irlandês! (Eu estava sim).
Eu estava envergonhando com aquilo, e minha mãe continuava falando muitas coisas com aquele estúpido. Eu não sabia do que falavam, mas eu só ficava imaginando o pior, não queria o irlandês irritado comigo e voltasse ser meu inimigo, por minha mãe chateá-lo.
Olhando para ela eu peguei o telefone de sua mão assustado, e desliguei ele e minha mãe me deu uma fuzilada com seu olhar.
_ Por que você fez isso? (Brava ela me encarava).
_ Ele não quer falar comigo! Você não pode o forçar gostar de mim, se não ele se irrita comigo de novo, mãe! Não quero que o irlandês se sinta obrigado a ficar comigo, por sua causa! (Eu a encarei sério).
_ Se você fizer isso de novo, eu te dou um tapa na sua fuça! Não já falei que não é assim que se resolve as coisas! (Ela olhava pra mim irritada).
_ Desculpa! (Cabisbaixo a respondi revoltado).
_ Agora pega a roupa logo Murilo, eu ainda tenho que trabalhar! (Ela me mostrava as camisas novamente e eu nem lembrava daquilo mais).
_ Eu não quero sair! Eu não vou, o pai não quer me ver, só tá vindo porquê você mandou! Ele acha que estou doente, mas não tou! Eu tou bem! (Eu a olhei assustado e pensativo).
_ Ele vai vir te ver e trazer seu irmão também, Murilo! Claro que seu pai quer te ver, você não é um fardo pra gente, eu não já te disse isso! Para de pensar coisas bobas, meu filho! (Ela mexeu nas blusas e pegou a xadrez e me entregou).
_ Você acha que ele gosta de mim mesmo, mãe? (Eu olhava a blusa confuso).
_ Se ele não gostasse, não perguntaria de você! (Assim minha mãe pegava outras coisas enquanto falava).
_ E por que você não deixa ele ficar perto de mim, se ele me quer do seu lado? (Minha mãe me deu uma encarada amarga).
_ Murilo, não começa! Ele já está vindo te ver, isso já não é bom? (Ela olhava séria pra mim).
_ É... (Eu sabia que ela não ia me contar nada, então deixei pra lá e me encolhi em um canto enquanto ela se arrumava para trabalhar).
Depois ela se despediu de mim e me deu umas folhas para eu desenhar pro meu pai. Ela sabia que eu gostava de fazer isso com ele quando criança, mas ela havia esquecido que eu tinha crescido e provavelmente ele ia me achar um esquisito se fizesse isso de novo. Então pela janela eu via a rua sozinho e me encolhia vendo a monotonia dela.
Então peguei meu celular e tinha visto que não havia tirado do contato do irlandês. Encarando seu número eu vi sua foto de perfil, havia acabado de ser atualizada, ele não estava mais olhando para frente sério, estava olhando um pouco pro lado sorrindo. Havia trocado aquele capuz marrom gigante e estava de regata larga de novo! Não dava para ver na foto, mas era a regata branca com alças compridas que ele usava e mostrava tudo, pois eu já havia visto ele usando ela um vez, quando estava na escola e vi seus mamilos aparecendo, junto de suas tatuagens!
Ele tava tão diferente na foto, estava sorrindo, nunca havia notado que seu sorriso era estranhamente bonito! Ele parecia um ser de outro planeta, todo descabelado mais era bonito! Seu olhar misterioso e assustador é intensamente sério, e mais intrigante quando sorrir!
E o pior de tudo que olhando mais de perto a foto, parecia que aquele estúpido estava com alguém, tinha uma sombra junto dele, o irlandês tinha tantos amigos, seria difícil saber de quem era aquela sombra que o fazia sorrir! Isso me deixou um pouco desconfortável ao vê-lo sorrindo para uma pessoa qualquer naquela foto! Como aquilo me incomodava! Eu queria vê-lo e saber de quem era aquela sombra! Talvez eles tivessem comunado a fazer algum mal a alguém e por isso ele sorria na foto tão suavemente bonito daquele jeito!
Então peguei meus remédios e tomei, e depois fui pra rua. Eu não ia ficar em casa sozinho, mesmo que minha mãe havia mandado eu ficar! Andando pelas ruas ia saber o que aquele idiota estava tramando, e o motivo dele não querer me destruir de novo! Não havia sentindo ele sorrir daquele jeito, se não estivesse planejado nada de mal! Andando pela rua passei na venda e comprei um malboro, mas havia esquecido de levar o isqueiro, então passei na rua em direção da escola, onde geralmente escondia alguns fósforos, pois eu sabia que esquecia sempre o isqueiro, então guardei eles bem escondido em um buraquinho de uma parede.
Enquanto eu tentava pegar um, o puxando, vi do outro lado da rua Díoman e o Marcelo do time de futebol juntos, eles jogavam juntos, mas não sabia que eram amigos também. Então os encarando de longe no beco, vi eles virando a esquina e nem me notaram ali. Provavelmente estavam fazendo planos malignos contra alguém, e como eu os vi, os segui, pois ia impedir esse absurdo!
Marcelo era um pouco menor que o irlandês, e era bem mais forte que ele. Moreno, dos olhos castanhos e cabelos cacheados, Marcelo era bem notado no time, por ser um dos melhores jogadores da escola, isso fazia todo mundo gostar dele.
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Atualizado até capítulo 142
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