Abstinência

Se passou um tempo, e preso dentro de casa o menino não saía para nada. Não era mais alegre como antes, havia se afastado de todos. Quando comia era a força, não tinha ânimo para nada.

Até quando Díoman ia o ver, o garoto o rejeitava. No começo ele dizia algumas palavras o mandando embora, depois não se ouvia mais nada. Com o passar do tempo, e mais preocupada Michelle ficava, ele gostava de andar com Díoman, nem isso ele queria mais.

_ Eu não sei mesmo! Ele ficar assim e não conversa mais comigo! Eu não lembro se o chateei! Ele não me escuta quando o pergunto se foi eu quem o deixou triste, mas Murilo não responde! (Chateado Díoman falava com Michelle).

_ Não foi ninguém da escola? Vocês andam sempre juntos, talvez ele te disse algo? Você não lembra? ( Michelle falava pensativa e frustada com tudo aquilo).

_ Não senhora, Michelle! Ele só ficava triste debaixo da arquibancada, depois descobri que estava acontecendo com ele, mas parece que ele havia ficado bem! Aí ficou assim do nada, nem falar comigo ele fala, e nem na escola vai mais! (Chateado o rapaz dizia aquilo).

_ Eu sei, a secretaria ligou me perguntando porquê ele anda faltando, nem eu sabia que ele não estava entrando na escola! Eu sempre deixo ele ir sozinho para aprender andar na rua com outras pessoas, e sempre ele saía quando estava em casa! Não sei porquê ele está fazendo isso, estou tão preocupada com meu filho! (Desesperada ela dizia aquilo ).

Passando a mão no rosto, em frente ao prédio de Michelle, o garoto olhava para o quarto de seu amigo pensativo.

_ Talvez se o pai de Murilo estivesse aqui, ele se abriria com seu pai! Pobre docinho! (Sem se dar conta ele chamou seu amigo de docinho na frente da mãe dele).

_ O que você disse? (Stevie o encarou séria).

_ Me desculpe, eu não queria chamá-lo de docinho! ( Assustado o rapaz a encarava).

_ Não é isso, é o que você disse antes disso! Do pai dele! O Murilo fala do Dantes para você? (Ela encarava ele um pouco intrigada).

_ Dantes, é este o nome! Ele sempre diz que quer vê-lo e foi ele quem fez vocês terminarem! Murilo diz coisas estranhas quando fala do seu pai! Ele sempre fala que não deveria ter nascido, pois fez seu pai ficar deprimido ao tê-lo! Mas ao mesmo tempo ele diz que seu pai era muito alegre quando brincavam juntos! Isso não é controvérsio? (O rapaz falava descontraído olhando para janela de Murilo, com esperança de vê-lo).

_ Ele fala isso? (Chateada Michelle Stevie passou a mão em seu rosto).

_ Fala sempre! Eu já falei com ele que isto é mentira! É só coisa de sua cabeça! Ele pensa em muitas coisas, então deve ser alguma mistura de pensamentos e ele pensa que é lembrança! Ele sempre fala que você disse isso para alguém! (Díoman a olhou fazendo gestos mostrando que aquilo é cisma de Murilo).

_ Aí meu Deus! O Murilo entendeu tudo errado! Não é para ele ficar ouvindo conversa dos outros, e ainda entende errado! (Desesperada Stevie dizia aquilo).

_ Então é cisma dele mesmo? Ou é verdade em partes? (O rapaz a encarava curioso).

_ Olha, o Murilo ele não consegue prestar atenção em alguma coisa por mais de 3 minutos! Então com certeza ele ouviu a conversa que tive, só que prestou atenção em partes! E a parte que ele não entendeu deduziu do seu jeito! Por isso que ele está desse jeito! (Chateada ela dizia aquilo com o rapaz).

_ Mas como vai conseguir fazer ele ficar de novo feliz? Ele não quer falar comigo e nem você senhora Michelle! (O irlandês olhava a janela entristecido).

_ Eu vou falar com ele, caso ele não queira falar comigo você vai lá e fala algo para motivá-lo, já que o único amigo que ele trás para casa é você! Então ele gosta de você, e talvez você consiga trazer meu menino de volta o que ele era! E você fala sobre o pai dele também! (Ela falava preocupada com aquilo e ressentida).

_ Mas eu nem sei as suas histórias! O que sei é o que ele diz, e você disse que ele não entende as coisas! Como vou ajudar não sabendo também! (Desesperado o garoto olhou pra ela).

_ É claro que vou deixar a parte com você! Eu jamais deixaria meu filho ouvir coisas pela metade e sem explicação! (Ela o encarou séria).

_ Ok! (Sem graça o rapaz disse cabisbaixo).

Conversando com o rapaz Stevie disse o necessário para ele, em busca de fazer seu filho sorrir novamente e tirar Dantes da cabeça, já que Dantes viajava e só chegaria depois e ficaria com o menino durante um mês direto.

E assim se programou para falar com ele, mais em vão o menino o encarava sem vida. Só ficava debaixo das cobertas, sem comer e sem ânimo para nada. Só tomava banho por ser arrastado por sua mãe. Arrasada com situação de Murilo, ela então pediu ajuda ao irlandês, no qual o menino citava ele as vezes em casa. E assim o Díoman entrou no quarto escuro e ficou do lado do garoto que estava pálido e encolhido.

_ Eu vim lhe ver! Você faltou à escola novamente então vim lhe ver! (Assim Díoman se aproximou do garoto que olhava pro nada e passou a mão em seu rosto, para ver se ele reagia).

O quarto ficou em um completo silêncio, mesmo com Díoman falando estranhamente com o menino, que nem o encarava.

_ Você deve ir na escola, estoubcom saudades! (O rapaz olhava para Murilo sorrindo).

_ Não quer falar comigo de novo? Eu sinto muito por lhe fazer ficar triste! Quero tanto lhe ver do meu lado novamente! (Assim o menino ia passar a mão no cabelo de seu amigo, mas Murilo o impediu pegando em seu braço).

_ Você merece pessoas que não te desconfiguram como amigo e que te fazem sorrir e não fugir o tempo todo! (Murilo falava com um tom melancólico e sem vida e depois virou para a parede tampando a cabeça).

Assim a coberta que lhe cobria na profunda escuridão e melancolia presente no quarto, chamava atenção do irlandês que ficou estagnado ao mesmo local vendo aquela cena.

Depois subiu em cima do menino que estava virado na parede e o destampou, com a fresta da coberta que viu solta na cama. Assim Murilo o olhou, e o rapaz deitou de seu lado e os tampou.

_ Eu sinto frio também! Se importa se me deitar com você? (O rapaz falava empolgado estando do lado de seu amigo).

_ Você vai cair! E vai se machucar por minha culpa! (Assim Murilo virou para ele).

_ Então me segura ou se espreme mais no canto! Ou caíremos juntos! (Díoman enfiou seus braço debaixo de Murilo e o abraçava animado).

_ Melhor você ir embora irlandês! Você não ganha nada ficando aqui! Eu sou esquisito e você é bem diferente de mim! (O garoto o olhava sem graça).

_ Mas eu gosto de você! Quero ficar com você! (O irlandês passava a mão no rosto triste de Murilo, preocupado com ele).

_ Mas eu não! Quero ficar sozinho! Você não entende que sou esquisito e só atrapalho as pessoas! Daqui a pouco ninguém vai querer andar com você, porquê você fica vindo em mim! (Assim o garoto o empurrou da cama e se encolheu).

_ Mas... (O irlandês no chão o encarava triste).

_ Vai embora irlandês! Não quero que você seja estragado por mim! Eu não mereço sua amizade! Eu quero ficar sozinho! Só me deixa... (Cabisbaixo e encolhido Murilo falava com Díoman).

_ Eu não irei lhe abandonar, mesmo que você não me queira agora! (Assim Díoman passou sua mão em Murilo e levantou a cabeça do garoto o encarando chateado, pela atitude dele).

Assim o garoto com o rosto levantado olhou seu amigo melancolicamente, e tirou a mão dele de seu rosto. Deixando mais chateado Díoman que tentava animar o garoto, mais em vão, e assim se retirou do quarto para não piorar a situação.

Com os dias passando, mais Stevie se preocupava com garoto, que agora nem levantava da cama para fazer coisas simples. Assim ela acabou fazendo algo que não faria se estivesse tudo bem em sua casa.

Com o telefone na mão ela ficou entre a cruz e a espada, pois sabia que seu filho precisava de ajuda e sabia também que o que ele precisava, era o que ela não queria em seu lar. Foi assim extremamente receiosa e preocupada discou o número, e a linha caía em caixa postal, até ela lembrar do cartão que estava em uma das cartas que lhe foi enviada para seu filho e ela havia pegado e guardado, assim pegando o número que tanto queria e o discando, houve um pouco de esperança em meio suas preocupações. Podendo assim falar com quem queria.

_ Oi? (A voz do outro lado falava parecendo que estava ocupada em algo).

_ Dantes? (Receiosa Stevie falava com o pai do garoto).

_ Stevie? É você Stevie? (Do outro lado da linha Dantes falava confuso com a ligação inesperada).

_ Sou eu, Dantes! Preciso falar com você, é urgente! Você esta muito ocupado essa semana? Não pode voltar para a casa e vir ver o Murilo, ele não esta bem! (Desesperada ela falava pelo telefone com ele).

_ O que aconteceu Stevie? (Preocupado o homem falava do outro lado da linha).

_ Eu não sei o que fazer, ele está doente! (Entristecida ela dizia desesperada Dantes).

_ Como assim doente Stevie? Se acalma e me fala devagar! (Ele dizia sério a ela do outro lado da linha).

_ Ele está igual a você! Doente, entende? (Ela não sabia nem o que dizia a Dantes).

_ Como assim doente? Ele está usando drogas, Stevie? (Confuso Dantes falava a ela).

_ N-não! Deprimido, ele está deprimido! (Ela falava aborrecida aquilo com ele).

_ Como assim deprimido, você me diz que ele sempre está bem e está feliz! Você me fala que ele não tem nada e agora está deprimido? O que você fez com ele Michelle? Eu fico fora por um tempo e agora vem falar que ele está deprimido do nada? (Irritado Dantes conversava com ela).

_ Vai ficar murmurando, ou vai vir aqui? Se você não quer vir aqui, ver o MEU filho, então fique aí! Mas não se faça de vítima, porquê você sabe que você não merece vê-lo! ( Enraivada ela falava com ele).

_ Não me venha com essas desculpas Michelle! Você sabe que tou fazendo, pois envio cartas pra você direito mostrando que estou bem e tenho capacidade de ver o meu filho! Você sabe que estou em putro estado trabalhando, e que e difícil eu largar tudo para ir aí! E se estiver acontecendo alguma coisa com ele a culpa é toda sua! (Ele debatia com ela do outro lado da linha enxuriado).

_ Vá pro inferno Dantes! (Ela dizia com sangue nos olhos próximo de desligar o telefone).

_ Mãe! É meu pai na linha? (Se arrastando pelos corredores o garoto falava com ela fraco, mais pegando na parede para ter força ao chegar nela).

_ Você se levantou! Como? Está tão pálido! (Ela falava com o telefone na mão).

_ É o Murilo! Eu quero falar com ele Michelle! Eu ouvi a voz dele, e não minta pra mim! Eu quero saber como ele está mesmo Michelle! (Dantes dizia atento ao telefone).

_ É meu pai, mãe? Eu quero falar com meu pai! Por que você não me deixa ver ele? Por que você é tão má! (Extremamente melancólico Murilo falava com sua mãe).

Com o telefone na mão, ela se sentia perdida, queria evitar que o Murilo se envolvesse com seu pai na sua frente. E do outro lado não queria ver seu filho deprimido pelos cantos, em busca de seu pai e se sentindo abandonado por causa disso.

_ Mãe, deixa eu falar com meu pai! (Murilo a olhava piedosamente).

_ Não demora! (Ela entregou o celular o seu filho, feliz ao a vê-lo em pé).

_ Pai! Não quero que você venha! Não quero te prejudicar de novo, como fiz no seu casamento com a mãe! Não precisa se preocupar comigo, e nem sentir obrigado a vir aqui por minha causa! Eu não quero te ver triste de novo, por ter um filho doente e esquisito que te deixa deprimido! Eu quero te ver feliz de novo, e você nunca mais vai se chatear comigo! Eu prometo, que você nem vai lembrar de mim e você vai ficar feliz com meu irmão! (O garoto falava fraco, mas animado ao saber que seu pai estava no telefone o ouvindo).

_ Do quê você está falando Murilo? Você não me entristece! Eu jamais ficaria feliz ouvindo isso do meu filho, está me entendendo? Eu não quero ficar sem um filho, ainda mais o meu mais velho! Então se arruma que vou te ver, eu sinto sua falta Murilo! Fica arrumado daqui alguns dias eu chego aí e te busco para a gente ficar juntos! (Dantes falava preocupado com o garoto).

Assim o garoto desligou o telefone e o colocou sobre a mesa, e foi pro seu quarto sem dizer nada. Ele vivia em um loop de pensamentos que o culpava o tempo todo, e mesmo assim sentiu algo, quando seu pai disse que ia vê-lo, talvez um pouco de vigor.

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